O mercado imobiliário nacional registrou alta de 23,7% no volume de vendas de moradias no terceiro trimestre, na comparação anual, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira (17) pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
Houve uma queda 10,5% no número de lançamentos no terceiro trimestre de 2020. Na mesma comparação, a oferta final registrou queda de 13%. Em relação ao segundo trimestre de 2020, os lançamentos registraram uma alta de 114,1%, enquanto que as vendas tiveram, na mesma comparação, aumento de 57,5%.
Já em relação aos nove meses do ano, houve crescimento de 8,4% no volume de imóveis vendidos em relação ao mesmo período de 2019. Nos lançamentos, houve uma redução de 27,9% comparando os dois anos. A oferta final caiu 13% nessa mesma relação.
Mais vendas, menos lançamentos
O presidente da Cbic, José Carlos Martins, destacou que, como em 2020 se venderam mais imóveis, porém com menos lançamentos, o setor vai precisar "repor" o estoque no próximo ano com construções.
"Como vendemos mais em 2020 que em 2019, teremos que produzir esses imóveis. Essa venda ainda não refletiu diretamente no PIB porque ele ainda vai ser construído", disse o presidente da Cbic, José Carlos Martins, sobre as perspectivas para 2021.
"Vendemos mais, porém lançamos menos, quer dizer que no próximo ano teremos que repor estoque e construir o que vendemos a mais aqui", afirmou.
PIB e desabastecimento
Depois de apresentar retração de 8,1% no 2º trimestre, a construção civil registrou crescimento de 5,6% no 3º trimestre do ano.
Foi a maior alta registrada em um trimestre pelo setor desde o início de 2014. A expectativa é de que o PIB da construção civil cresça 4% no próximo ano.
Para o próximo ano, Martins destacou a importância da manutenção da taxa de juros baixa, com a necessidade de aprovação de reformas, como a tributária, a administrativa e a nova lei de licenciamento ambiental.
Para Martins, a maior ameaça para 2021 continua sendo o problema do desabastecimento e a elevação de preços enfrentada neste ano na construção civil.
Ele destacou que os valores continuam subindo e que isso impacta diretamente nos contratos do setor. "Aí entra com todos desajustes, busca de reequilíbrio, que são custosos, novos prazos atrasam cronograma", alertou o presidente da Cbic.
A entidade destacou que de janeiro a novembro, o custo com materiais e equipamentos, dentro do INCC/FGV, registrou alta de 17,72%. Esta é a maior alta para o período da era Pós-Real.
De janeiro a maio, o custo com materiais e equipamentos, componente do INCC/FGV, aumentou 2,75%. Já de junho a novembro, a alta foi de 14,58%.
*Com Estadão Conteúdo