Home office é aprovado por 80% dos gestores de empresas no país
Das empresas que ainda não adotavam o home office, 65% são de controle familiares e de capital nacional. Os outros 35% são multinacionais, segundo pesquisa
Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou situação de pandemia pelo novo coronavírus, em março, empresas de todos os setores precisaram adaptar suas dinâmicas de trabalho às medidas de isolamento social. Adotaram o trabalho remoto, que não era realidade para 51% das companhias brasileiras até então. Após o choque inicial, 80% dos gestores disserem gostar da nova maneira de trabalhar, de acordo com pesquisa da ISE Business School. "Mudanças que ocorreriam em cinco ou dez anos já estão acontecendo", disse Cesar Bullara, diretor e professor do departamento de gestão de pessoas do ISE.
Segundo ele, a nova realidade veio para ficar. Das empresas que ainda não adotavam o home office, 65% são de controle familiares e de capital nacional. Os outros 35% são multinacionais. Na visão de Amélia Caetano, consultora especializada em trabalho remoto no Instituto Trabalho Portátil, as multinacionais já estavam mais bem preparadas, principalmente do ponto de vista tecnológico, par essa realidade, enquanto as empresas nacionais tinham investido pouco nesse sentido. Para ela, eventos inesperados, como o coronavírus, têm essa capacidade de "antecipar" o futuro.
Para Adriana Santana, diretora de recursos humanos da empresa de nutrição nacional Elanco para Brasil e Cone Sul, o isolamento social tem exigido constante adaptação. "Já trabalhávamos de forma mais flexível na empresa, mas esse é um desafio, porque agora os quatro estão em casa", disse ela, que é casada e tem dois filhos, de 9 e 10 anos.
Para organizar a vida familiar e profissional no mesmo espaço, Adriana disse que foi necessário definir barreiras. "Foi difícil, mas bloqueei algumas horas do dia para momentos com eles. Para meus filhos, foi confuso de repente ter os pais em casa e, ao mesmo tempo, não ter nossa total atenção." Apesar desse tipo de dificuldade, a pesquisa apontou que quase 90% dos gestores consideraram que o trabalho remoto ajudou a melhorar as relações familiares.
Competências
Segundo os dados do ISE Business School, a flexibilidade foi apontada como uma das competências mais desenvolvidas neste período - foi citada por 81% dos entrevistados. A habilidade só fica atrás da resiliência, a capacidade de superar dificuldades, mencionada por 82%. Outras características citadas foram autodisciplina e confiança, além da construção de uma relação mais francas entre chefes e equipes.
Para a especialista em trabalho remoto Amélia Caetano, os gestores precisam se preparar para acompanhar as tarefas e entregas, e não a quantidade de horas trabalhadas. "Muitos líderes se viram nessa nova situação e estão vendo que funciona", ressalta.
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Renato Camargo, líder da empresa de pagamentos Recarga Pay no País, vê algumas dificuldades no trabalho remoto. Para ele, não ter os colaborares por perto dificulta o trabalho. Na opinião do executivo, o momento sensível exige uma nova postura dos líderes. "É preciso cuidar mais da gestão do comportamento e da saúde mental dos colaboradores, reduzindo as preocupações com metas."
Produtividade
De acordo com a pesquisa, 60% dos entrevistados afirmaram que o home office ajudou a melhorar a eficiência e a produtividade. Apesar de os dados apontarem uma tendência positiva, Amélia ressalvou que as pessoas não estão em sua melhor fase de produtividade, pois a imprevisibilidade da pandemia traz angústia e dificuldade emocional. Esses fatores foram apontados como "altos" e "muito altos" das pessoas ouvidas pelo ISE.
Segundo a diretora de RH da Elanco, as empresas devem se preocupar em garantir que os funcionários encontrem um equilíbrio no home office. "Em casa, a tendência é ir ficando, trabalhando mais. As pessoas não podem fazer isso. E o exemplo vem da liderança", completou Camargo, da Recarga Pay.
Sobre a adesão ao trabalho remoto pelos gestores pós-pandemia, Natália de Castro, professora de gestão de pessoas do ISE, disse que a circunstância atual deve mudar o mercado de trabalho. "Ao interpretar os dados do levantamento, temos que ter em mente que é uma realidade ainda em urso. Não é algo que já passamos. Estamos vislumbrando um pouco do futuro", explicou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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