‘Vejo o bitcoin como um ativo superior a todos os demais como reserva de valor’, diz CEO da Hashdex
Marcelo Sampaio defende que os fundamentos da criptomoeda continuam os mesmos e que mesmo ativos tradicionais sofreram com choque provocado pelo coronavírus

Apesar de ser conhecido como um ativo que costuma ir bem quando o resto do mercado vai mal, o bitcoin passou por um prova de fogo nos últimos dias e decepcionou quem estava aplicado na criptomoeda ao cair mais de 22% neste mês.
Acostumado à alta volatilidade do mercado de criptoativos, Marcelo Sampaio, CEO da gestora Hashdex, admite que o último mês foi difícil para o bitcoin.
Mas defende que a criptomoeda é um "ativo superior a todos os demais como reserva de valor" e que os fundamentos continuam os mesmos. Ele ainda ressalta que até mesmo outros ativos tradicionais considerados porto seguro sofreram impacto do choque nos mercados provocado pelo coronavírus.
“O que vimos agora foi que o investidor teve que vender ativos de melhor performance para não vender as posições deficitárias. Nesse caso, se vê que até o ouro teve problemas nessa crise de liquidez aguda”, disse o CEO da Hashdex.
Apesar de a queda das cotações do ouro ter sido mais pontual e a commodity ter voltado a subir nos últimos dias, o metal dourado também sofreu bastante após a queda de braço nos preços do petróleo.
Na ocasião, assim como ocorreu com o bitcoin, vários investidores optaram por vender posições com boa performance para não ter que se desfazer das perdas.
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Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Sampaio afirmou que a própria estrutura do mercado ajudou a fazer com que a criptomoeda recuasse ainda mais neste momento.
Entre os motivos está o fato de que não há circuit breaker – o "botão de pânico" que trava as negociações por meia hora quando o Ibovespa cai mais de 10% – e que o mercado funciona 24 horas sem parar.
Mesmo com a dificuldade dos últimos dias, o CEO da Hashdex continua otimista e diz que há dois eventos que podem agitar as negociações neste ano: halving [evento que reduz pela metade a recompensa pela mineração do bitcoin, o que diminui a emissão de moeda ao longo dos anos] e a entrada de investidores institucionais, ainda que a regulação possa atrasar a entrada de grandes players.
Além de falar sobre o bitcoin, Sampaio comentou ainda sobre a entrada de dois novos criptoativos no índice criado pela gestora e também sobre a polêmica iniciativa do Facebook de criar uma criptomoeda própria, a Libra.
Hoje, a Hashdex possui R$ 33,23 milhões e três fundos destinados a investimentos em criptomoedas e um deles é voltado para investidores de varejo. O Hashdex Criptoativos Discovery FIC FIM está disponível nas plataformas da XP, BTG Pactual Digital, Guide, Genial, Órama e Modalmais. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
Depois de subir bastante no começo do ano, o bitcoin teve uma queda significativa nos últimos dias. O que explica isso?
Não tem nada a ver com o fundamento. Não há nenhum elemento objetivo para achar que o fundamento mudou. O que ocorre é que a crise de liquidez aguda é mais exacerbada no caso das criptomoedas. O motivo é que não há circuit breaker e tem a questão das alavancagens que torna a questão mais sensível. Exchanges [corretoras] relevantes permitem que os investidores negociem contratos futuros com alavancagem alta e que as garantias sejam liquidadas automaticamente.
O bitcoin era muitas vezes colocado como reserva de valor pelos investidores. Mas depois dessa queda parece que ele perdeu a sua função. Acredita nisso?
Eu acho que a função dele não foi colocada em xeque. Se dermos um zoom, no longo prazo, a criptomoeda tem se desenvolvido, mas o que vimos agora foi que o investidor teve que vender ativos de melhor performance para não vender as posições deficitárias. Nesse caso, se vê que até o ouro teve problemas nessa crise de liquidez aguda.
O que te faria acreditar que o bitcoin pode se manter como uma reserva de valor?
Do ponto de vista acadêmico, uma reserva de valor é um ativo escasso, divisível e super bem documentado. Vejo o bitcoin como um ativo superior em ordem de magnitude a todos os demais. Em termos de divisibilidade, ele é maior do que o ouro, em termos de escassez também por conta da própria estrutura e do halving.
Há ainda a questão da documentação que é algo maior no bitcoin por conta do blockchain e de toda infraestrutura do criptoativo. Mesmo que a criptomoeda seja bastante volátil, pensar nela como reserva de valor ao longo do tempo pode ser uma excelente ideia.
E há alguma perspectiva de quando a criptomoeda deve voltar a subir novamente?
Não há como dizer. Por exemplo, vamos olhar duas semanas atrás. A cotação do bitcoin começou a cair bastante quando o petróleo derreteu. Essa foi a primeira rasgada. O ponto é que se estivéssemos em um mercado de investimentos, a gente teria mais bases para interpretar. Como agora o mercado está no modo "salve-se quem puder", não tem ninguém montando posição. Por isso, a gente vai ter dificuldade em ler qualquer coisa porque todo mundo está desinvestindo e isso dá efeito em todos os mercados.
Diante dessa queda recente, como está a expectativa para o halving que deve ocorrer no mês de maio?
É muito difícil fazer previsões para o bitcoin. Mas quando a gente olha o evento, há uma possibilidade que a cotação do criptoativo suba. O halving é relevante e o mercado tende a precificar isso antes e depois. O motivo é que ele coloca escassez no sistema e ao tornar os recursos mais escassos, a rede precisa se pagar. Sendo assim, ou a rede acaba ou o preço se ajusta e isso é o que tem ocorrido nos últimos anos.
Mesmo estando mais otimista com a criptomoeda, vocês fizeram alguma mudança de posição nos fundos?
Hoje, a gente investe em nossos fundos com base em produtos de renda fixa e no índice de referência que criamos para o mercado de criptoativos, que se chama Índice HDAI. Ele funciona da mesma forma que o Ibovespa ao possuir uma carteira de ativos que é rebalanceada. No caso do HDAI, fazemos o rebalanceamento dos criptoativos a cada três meses e a última vez que fizemos isso foi em março. Na ocasião, passamos de 13 para 15 ativos.
Quais foram os novos ativos que entraram na carteira do Índice HDAI?
Temos uma série de pré-requisitos para que o ativo comece a fazer parte da nossa carteira. Entre eles está o fato de que os criptoativos precisam ter alta capitalização, ou seja, é preciso que o percentual do valor de mercado seja de 0,25% em relação ao mercado total, além do que o volume médio diário de negociação precisa ser no mínimo de US$ 4 milhões nos últimos 30 dias. Diante desses critérios, os dois ativos que entraram na carteira são a Dash e o NEO.
Qual é o maior diferencial desses dois criptoativos?
A Dash (DASH) é uma criptomoeda de transações rápidas que possui como grande diferencial a questão da privacidade, ou seja, ela não deixa rastro [anonimato e segurança são alguns dos seus pilares]. Além disso, há pessoas bastante sérias por trás do projeto. O outro criptoativo é o NEO (NEO). Na prática, ele funciona como um concorrente do Ethereum [é uma plataforma asiática de criação de contratos inteligentes]. Não dá pra dizer que é melhor ou pior que o Ethereum. As duas criptomoedas possuem caras e sabores diferentes.
O recuo recente do bitcoin fez com que especialistas dissessem que esse pode ser o início de uma alt season [período em que as criptomoedas alternativas ao bitcoin superam a criptomoeda]. Como vê o cenário para as alt coins?
Acredito que seja possível porque o mercado é bastante correlacionado. Se o halving tiver um efeito de valorização no mercado como é esperado, existe um cenário hipotético de que as alt coins se mexam mais do que o bitcoin. Vimos esse movimento em 2016 e é possível que ele ocorra novamente.
Por que isso ocorre?
Historicamente, quando o bitcoin dá uma "esticada" de preço, as alt coins se mexem mais. Na prática, essas "esticadas" ocorrem porque muitos projetos são desenvolvidos ou concluídos nos meses seguintes, o que costuma levar à alta desses criptoativos.
Falando agora um pouco sobre grandes eventos que podem impactar o mercado neste ano, há algo além do halving?
Para mim, o grande evento é a entrada de investidores institucionais. Se 1% dos grandes players entrar, isso pode ser muito maior do que o mercado é hoje. Logo, mexeria bastante. Penso que está se criando uma "tempestade perfeita" para que eles entrem no jogo. Hoje, o J.P. Morgan possui uma stablecoin, além do que o Morgan Stanley possui um derivativo de bitcoin.
Mas e toda a questão regulatória que está em discussão há bastante tempo e que não andou em vários países?
Sinceramente, todo mundo que tentou proibir teve que voltar atrás. Pode atrasar, mas é bastante difícil conter uma inovação desse tipo. Hoje, por exemplo, a SEC [a CVM norte-americana] possui uma área de criptoativos que é maior do que dos demais ativos e há ainda o fato de que a China vai lançar a sua própria criptomoeda, o que pode impulsionar outros governos a fazer o mesmo.
E com relação à Libra. Como vê o projeto?
Para mim, o Facebook tem o potencial para ser o primeiro grande caso de uso de criptoativos. Isso porque hoje a melhor alternativa para manter o dólar como reserva global é literalmente o Facebook. Penso que seria mais fácil para os Estados Unidos se eles deixassem uma empresa privada tocar o projeto de uma moeda digital, porque dificilmente eles deixariam de negociar o dólar no país. Além disso, há toda a questão da briga pela hegemonia entre Estados Unidos e China, que poderia ser intensificada com a criação de uma criptomoeda chinesa.
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