Setor aéreo em zona de turbulência
Caro leitor,
Com a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2020, a Gol deu hoje uma palinha do que pode vir por aí para as companhias aéreas brasileiras. Com um prejuízo líquido de R$ 2,288 bilhões - bem pior do que as estimativas, que já eram pessimistas -, a Gol foi impactada principalmente pela alta do dólar, e ainda não tanto pelo coronavírus.
Mas o prognóstico da companhia para o próximo trimestre é sombrio. É justamente nesse período que os efeitos da pandemia vão se fazer sentir com mais intensidade. E o mesmo deve se aplicar para as demais aéreas brasileiras.
O setor aéreo é certamente o mais afetado no mundo pelas medidas de isolamento social e restrições à circulação de pessoas no combate ao coronavírus.
No último fim de semana, o megainvestidor Warren Buffett admitiu ter vendido todas as suas ações de companhias aéreas americanas, por achar que não está claro por quanto tempo as empresas terão que arcar com bilhões de dólares em perdas operacionais por causa da baixa demanda.
Para a Gol, a estratégia agora tem sido cortar custos e preservar caixa, mantendo elevados níveis de liquidez. Em mensagem a investidores e analistas hoje mais cedo, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, buscou afastar as dúvidas acerca da sobrevivência da companhia no curto prazo.
Ele afirmou que a empresa possui capital de giro suficiente para manter suas operações de forma consistente. O Victor Aguiar traz detalhes da mensagem do presidente da Gol nesta matéria.
Cautela pós-feriado
O resultados abaixo do esperado levaram as ações da Gol a figurarem entre as maiores quedas do Ibovespa nesta segunda-feira, com recuo de 10,08%. Trata-se de um desempenho inferior ao do índice, que caiu mais de 2%, para os 78.876 pontos. Já o dólar avançou 1,51%, a R$ 5,52. O dia foi marcado por um ajuste pós-feriado, uma vez que as bolsas que abriram no Dia do Trabalho amargaram fortes perdas. Assim, as negociações hoje ainda ecoaram a crise política em Brasília e os novos atritos do presidente americano Donald Trump com a China. Leia a nossa cobertura completa de mercados.
Quem investiu se deu bem
Mas se as ações das companhias aéreas e de muitas outras empresas estão sofrendo, o mesmo não se pode dizer dos papéis da Marfrig, que têm passado ilesos pela crise do coronavírus: ele subiram nada menos que 28% desde o início do ano, e superam, com folga, os desempenhos das concorrentes JBS e Minerva. Saiba o que explica essa alta.
Ainda no jogo
A Via Varejo trouxe boas notícias aos seus investidores. Segundo comunicado divulgado hoje, as lojas das redes Ponto Frio e Casas Bahia que já foram reabertas têm conseguido manter vendas semelhantes aos níveis pré-crise. E o faturamento não está nada mal, graças a uma mãozinha de um braço estratégico da empresa. Saiba mais.
Recorde
A Petrobras bateu recorde de exportação de petróleo em abril. Em meio à crise gerada pela pandemia, que derrubou as cotações da commodity, a Petrobras exportou 30,4 milhões de barris, média de 1 milhão de barris diários. A empresa não informou o valor exato das vendas, mas disse que o dado “contribui para o reforço de caixa”.
Mais Caixa
A Caixa decidiu ampliar o horário de funcionamento de todas as suas agências de 8h às 14 horas. Desde 22 de abril, 1.102 agências do banco já operavam nesse horário estendido. O objetivo é reforçar o atendimento para o pagamento do auxílio emergencial do governo aos trabalhadores que têm direito ao benefício. A Caixa também está tentando melhorar seu aplicativo, que vem apresentando problemas. Saiba mais.
O braço direito de Ramagem
O novo chefe da Polícia Federal será Rolando Alexandre de Souza, considerado “braço direito” do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, cuja nomeação para o cargo foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal. A nova indicação é vista como uma solução alternativa enquanto Bolsonaro tenta reverter a decisão do STF.
Reprovação sobe, aprovação desce
A chefia da PF foi o pomo da discórdia que levou o ex-juiz Sergio Moro a pedir as contas do Ministério da Justiça. E a saída de Moro já cobra seu preço na popularidade do presidente Jair Bolsonaro. Segundo pesquisa da XP/Ipespe, a reprovação ao seu governo subiu de 42% para 49% após o episódio. A aprovação do presidente caiu, e a expectativa para o futuro do governo piorou, como você confere aqui.
Mais gasto à vista?
A crise da pandemia de coronavírus pressiona por aumento do gasto público, desafiando a equipe do ministro da Economia Paulo Guedes. Com previsão de déficit em R$ 600 bilhões neste ano, o ministério tenta manter o aumento das despesas restrito a 2020. Mas uma série de propostas em análise ou já aprovadas no Congresso promete torná-las permanentes, como mostra este levantamento do Estadão.
Cash is trash?
Uma das maiores discussões sobre investimentos nesta crise é se, afinal, cash is king (o caixa é rei) ou cash is trash (o caixa é lixo). A tese que sustenta a segunda afirmação é de que, com tanta liquidez sendo injetada nos mercados pelos bancos centrais, os preços dos ativos serão inflados sem que, no entanto, a oferta de ativos aumente, resultando numa desvalorização geral das moedas - em resumo, que não sejam os preços dos ativos que estejam subindo, mas sim o dinheiro que esteja valendo cada vez menos. Embora concorde com a segunda ideia em certa medida, nosso colunista Felipe Miranda defende que, neste momento, o caixa é rei sim. E no seu texto de hoje ele explica por quê. Recomendo muito a leitura!
Um abraço e boa noite!
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