Olhando através da cebola de vidro
Havia tantas teorias sobre significados nas músicas dos Beatles que em 1968 John Lennon decidiu escrever uma música chamada Glass Onion (algo como “Cebola de Vidro”), na qual ele ironiza os que tentam decifrar as supostas mensagens ocultas nas letras.
Se buscar explicações para canções de rock não faz muito sentido, o mesmo se pode dizer para o comportamento dos mercados — pelo menos desde o início da crise do coronavírus.
Para um experiente gestor de fundos com quem conversei hoje, a injeção sem precedentes de dinheiro na economia pelos Bancos Centrais teve um efeito “anestésico” que torna difícil encontrar causa e efeito para o sobe e desce diário dos ativos.
Mas através dessa camada de euforia que tomou conta dos investidores, os fundamentos que movem a bolsa brasileira e o dólar continuam lá. E eles não são nada bons.
Mesmo com a forte alta das últimas semanas, a bolsa brasileira continua com um dos piores desempenhos globais na crise. No frigir dos ovos (ou das cebolas), a percepção é a de que nossa economia permanece vulnerável.
Ainda assim, a combinação de bolsa em alta, juros baixos e dólar nervoso (mas controlado), pode se sustentar, segundo o gestor. Desde que os ventos externos continuem soprando a favor.
Hoje foi um típico dia em que os mercados não seguiram aquela típica lógica com a qual nos habituamos. A bolsa fechou em queda de mais de 1% apesar da alta em Nova York. Mas o dólar também caiu e voltou a ficar abaixo dos R$ 5,30. Quem traz para você os detalhes das movimentações no pregão de hoje é a Julia Wiltgen.
Quem segura esse PIB (lá embaixo)?
Como esperado, o mês de abril marcou uma forte retração da atividade econômica. Ao menos é o que projeta a Fundação Getulio Vargas. O chamado Monitor do PIB aponta para uma contração de 9,3% em relação a março. O indicador usa dados e métodos semelhantes aos do IBGE, e por isso acaba antecipando o dado oficial. Veja como se comportaram os diferentes setores da economia.
Covid frustra desempregados
O número de brasileiros que estavam desempregados, mas ficaram impedidos de buscar trabalho por problemas pessoais, saltou de 3,3 milhões no trimestre até fevereiro para 4,7 milhões até abril. O levantamento é da FGV, com base na Pnad Contínua. A estatística demonstra os efeitos da covid-19 no grupo de pessoas que procura por emprego. Conheça o perfil desse contingente.
De volta ao jogo
Afastado do Brasil desde a demissão do BNDES, Joaquim Levy está de volta. O ex-ministro da Fazenda será diretor de estratégia econômica e relações com mercados do Banco Safra. Aos 59 anos e com passagens por Bradesco e Banco Mundial, o ‘Chicago boy’ supervisionará a área macroeconômica e responsável por estabelecer relacionamento com o mercado.
O retorno da pauta econômica
O Senado marcou a votação do novo marco legal do saneamento básico para a próxima quarta-feira. O projeto de lei é considerado atrativo para a entrada da iniciativa privada no setor, sendo uma das ferramentas para a recuperação da economia após a crise. Com o PL, a dita agenda econômica volta à pauta do Congresso depois da interrupção pelo coronavírus.
As big techs estão esticadas?
Os papéis de empresas de alta tecnologia estão valorizados demais? Sim. E mesmo assim não param de subir. E como explicar esse desempenho? Bem, de fato, as big techs têm seus méritos e fortes fundamentos (forte geração de caixa, boa administração). Mas não há nada fora desse escopo que justifique essa performance? O Felipe Miranda responde a essa pergunta, com direito a reflexões sobre XP e Itaú. Vale a pena ler!
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