O estranho movimento de empresas que ganham valor quando pedem dinheiro para o mercado
Em tempos normais, se a empresa está precisando de capital, os acionistas atuais (e os futuros) estão em posição de vantagem para negociar uma fatia da companhia. Mas o que se vê hoje na bolsa é que tem gente disposta a pagar mais pela ação de uma empresa que precisa de dinheiro…
Olá, seja bem-vindo ao nosso papo de domingo sobre Aposentadoria FIRE® (Financial Independence, Retire Early). Na semana passada, bati num tabu. Escrevi sobre o dilema do perdedor e como você pode lidar com prejuízos que invariavelmente acontecem. Hoje, vou abordar mais um dos novos (e estranhos) fenômenos do mercado: a euforia com aumentos de capital.
Na minha época não era assim
Fui educado numa escola relativamente ortodoxa. A Faculdade de Economia e Administração da USP, diferente do restante da universidade, ainda é um polo de mentes independentes.
Tudo bem que muitas das ideias propagadas com independência na faculdade já deixaram os manuais de economia e ingressaram nos livros de história, mas ainda sim, é uma metodologia clássica, que não foi sequestrada pela ideologia.
Fora as questões mais filosóficas, os fundamentos do mercado de capitais nunca geraram debates calorosos na sala de aula.
Anunciou aumento de capital?
Beleza, as ações vão cair um pouco. É natural...
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Se a empresa está precisando de capital, os acionistas atuais (e os futuros) estão em posição de vantagem.
Cabe à empresa ceder um pouco e captar recursos a níveis abaixo do preço de tela.
Quão abaixo? Varia.
Se a empresa possuir um plano sólido para alocação dos recursos e boa liquidez, entre 2% e 3% de desconto costuma funcionar.
Agora, se a empresa está mais suja que pau de galinheiro, precisa dar bons motivos ao mercado para justificar a emissão. Uns 5% de desconto, no mínimo.
Mas pelo visto, esse princípio também está sendo excluído dos manuais e endereçado aos livros de história.
A moda agora é outra
No último dia 20, a IMC (MEAL3), dona das marcas Frango Assado, Viena e master franqueada do KFC e do Pizza Hut no Brasil, anunciou um aumento de capital.
A empresa está com a maioria de suas lojas fechadas e, há menos de um mês, havia renegociado dívida com credores.
Claramente, a IMC não está em posição de barganha por recursos com o mercado. Neste momento, seu plano é sobreviver, e não crescer.
Ainda sim, no dia do anúncio, as ações subiram quase 5%.
Aconteceu também com Via Varejo e as ações subiram.
Enquanto escrevo essa coluna, especula-se que o mesmo acontecerá com o IRB Brasil, e as ações também sobem em resposta.
O que está acontecendo?
Depois da festa, a ressaca vai ser brava
Ao que tudo indica, os juros baixos deixaram os investidores tão sem alternativas e ansiosos por alocar capital, que eles parecem dispostos a pagar às empresas pelo risco.
Isso não me parece bom.
Consigo ouvir Murakami sussurrando e adaptando um trecho de 1Q84 ao pé do meu ouvido:
“Esses novos investidores… receio que não possuam o saudável ceticismo necessário para perdurar no mercado (...) estão pulando na piscina antes de verificar a profundidade da água.”
Não se deixe enganar; empresas não gostam de vender ações.
Se o fazem, são por dois motivos:
- ou consideram que suas ações estão caras (e vale a pena levantar capital nesse patamar),
- ou porque necessitam desesperadamente de dinheiro.
Eu não sei você, mas eu não fico animado em pagar mais pela empresa em nenhum dos dois cenários.
Claro que, a partir desses dois motivos principais, um milhão de histórias bonitas se desdobram… planos de aquisição, crescimento, inovação… blá blá blá.
Isso é o que eles querem que você acredite; o que os influencers no Youtube e no Instagram vão repetir como robôs, sem se questionar se faz sentido ou não.
Por isso, seja cético com essa festa.
Na Empiricus, temos a maior de equipe de análise do Brasil. Somos quase 40 pessoas mergulhadas no mercado todos os dias.
Por 5 reais por mês, nunca foi tão barato ter um acompanhante em quem você pode confiar para ir à festa contigo.
Um ótimo domingo!
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