Como relações não lineares explicam o mundo
O mundo como conhecemos é muito mais interligado do que você pode imaginar e é repleto de conexões improváveis
Vivemos na era dos dados, Hoje, os dados são a commodity mais valiosa do planeta.
Não à toa, as FAAMGs – acrônimo para Facebook, Apple, Amazon, Microsoft e Google – são avaliadas em mais de 7,1 trilhões de dólares.
Em termos relativos, essas cinco empresas valem mais de 3 vezes o PIB brasileiro e só ficam atrás das economias chinesa e norte-americana, as duas maiores do mundo.
Apesar disso, minha percepção é de que ainda fazemos pouco uso de seu poder.
Como diria o César, meu antigo chefe, dados perdidos em uma planilha de Excel não tem valor.
O valor está na concepção primária de como utilizá-los.
Leia Também
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A sofisticação intelectual tirou de nós, seres humanos, a capacidade básica da observação do que nos conecta.
O mundo como conhecemos é muito mais interligado do que você pode imaginar e é repleto de conexões improváveis. Sua observação atenta nos traz mais respostas do que sofisticados estudos científicos.
Para te ajudar a enxergar isso, vou contar três destas histórias improváveis narradas no documentário Connected, ou “A Era dos Dados”, disponível no Netflix.
E no final vou te mostrar como podemos aplicar isso dentro no universo dos investimentos.
O Sabiá e os homens do tempo
Apresentado pelo carismático PhD em história da ciência, Latif Nasser, o primeiro episódio acompanha o trabalho do ornitólogo Christopher Heckscher.
Estudioso do comportamento das aves, seu trabalho é dedicado à compreensão de como as mudanças climáticas impactam o movimento migratório dos pássaros.
Até aí tudo bem.
A curiosidade é que observando atentamente o comportamento dos sabiás norte-americanos durante alguns anos, com um micro GPS, Heckscher percebeu que essas pássaros migravam religiosamente para o Brasil quando chegava a temporada de furacões.
Só que nem sempre.
Havia anos em que as aves migravam alguns meses antes e ele não conseguia entender o porquê.
Foi aí que decidiu inverter sua análise, buscando entender como o comportamento dos sabiás se refletia em uma temporada climática mais ou menos rigorosa.
E o curioso é que, colocado sua teoria à prova em 2018, Christopher conseguiu projetar meses antes uma temporada mais rígida de furacões que nenhum meteorologista do país havia conseguido prever dias antes.
Moral da história: os sabiás, com um cérebro do tamanho de uma noz, dizem muito mais sobre eventos climáticos futuros do que os sofisticados modelos científicos.
Suas fezes não mentem!
Em uma segunda expedição para lá de curiosa, Latif visita uma empresa de saneamento básico na Inglaterra para entender como as fezes humanas geram valiosos insights.
Bom, partimos do princípio básico de que você pode até dizer para alguém que não bebeu, comeu ou até mesmo não usou algum tipo de droga, mas as fezes, meu caro, não mentem.
Na Inglaterra, alguns cientistas coletam amostras do Rio Tâmisa, que corta a cidade de Londres e desemboca no Mar do Norte, para analisar a presença de substâncias ilícitas. E as conclusões são muito intrigantes.
Por meio dessas coletas, conseguem rastrear ao longo dos anos se a sociedade está ingerindo mais ou menos drogas, ao ponto de observar o consumo de entorpecentes subir aos finais de semanas, justamente quando as pessoas vão a festas e socializam.
E o despretensioso “cocô” vai além, pois gera dados ainda mais poderosos sobre o impacto do que consumimos no meio ambiente.
Bom, como as fezes seguem o curso do rio e desembocam no mar, os entorpecentes diluídos acabam entrando em contato com alguns peixes no oceano.
E o mais curioso é que os cientistas conseguiram notar uma mudança de comportamento de peixes historicamente medrosos, tendo coragem para avançar sob mares, como diria Camões, nunca dantes navegados.
E isso muda toda a dinâmica do ecossistema, pois coloca espécies em risco e, ao longo de milhares de anos, provocam reações em cadeia cuja nossa capacidade de leitura é muito limitada.
Moral da história: até mesmo as suas fezes produzem dados valiosos que falam mais das pessoas do que algoritmos em redes sociais e que podem ser utilizados para orientar políticas públicas. Por isso, tome cuidado com o que ingere (risos).
O que seria da Amazônia sem a areia do Saara?
Aqui vai o relato que mais me intrigou. O solo da Amazônia não é nada fértil.
Sim, parece até papo de estrangeiro invejoso, mas não é.
Latif acompanhou alguns cientistas que estudam o movimento da areia do Saara, no coração do continente africano.
Segundo o relato, anualmente, o equivalente a metade do peso da população mundial é transportado do Saara para outros lugares do mundo. E essa areia gera várias reações em cadeia.
Enquanto essa massa de areia sobrevoa o Atlântico e conflita com os diversos furações no meio do oceano, tornando-os muito mais brandos quando chegam em terra firme, leva chuva de substâncias tóxicas para a costa leste dos EUA.
Mas o mais intrigante vem agora.
A massa de areia leva toneladas de areia, todos os anos, para a floresta amazônica.
E isso é interessante, pois as inundações e chuvas abundantes removem nutrientes da floresta, o que a tornaria infértil.
Aí que entra a importância da areia do Saara: como o deserto africano era formado por um rio do tamanho da Alemanha há alguns milhões de anos, os depósitos de ossos possuem nutrientes hoje carregados para o solo e a copa das árvores brasileiras, repondo os nutrientes que ela precisa para gerar grande parte do oxigênio do mundo.
Moral da história: mesmo um pequeno grão de areia do Saara pode ser vital para abastecer o Brasil com tamanha riqueza natural. Há uma interdependência dominante no mundo que somos imaturos demais para compreender, insistindo em conflituosas relações diplomáticas.
Olhe para o que ninguém mais vê!
Como investidor, esse é o maior desafio que tenho tentado perseguir nos últimos anos, com a consciência de que ainda estou bem longe de chegar a relações perfeitas entre causa e efeito ou efeito e causa.
Existem milhares de técnicas no mercado financeiro que criam verdadeiras legiões de xiitas, como adoradores de Warren Buffett e das ondas técnicas de Elliott.
De sucesso, temos exemplos para todas as correntes filosóficas e distinguir o acaso e fatores puramente técnicos por trás de cada uma desses casos é simplesmente impossível.
Por isso, concentro-me em manter distância da opinião das massas.
Há alguns anos não leio as principais notícias antes de começar o dia. Hoje em dia, filtrar as informações verdadeiramente úteis para consumir é uma tarefa para lá de complexa.
Não há uma fórmula certa para ganhar dinheiro no mercado. Existem apenas técnicas que te permitem não cometer grandes erros, mas para superar o mercado você precisa fazer algo diferente.
Desde o ano passado tenho conduzido uma série de curto prazo aqui na Inversa que tem me dado a oportunidade de buscar elementos pouco analisados pelos investidores, para encontrar resultados consistentes investindo em ações de empresas grandes e líquidas.
De lá para cá evoluímos muito, com a certeza de que vamos seguir dedicando tempo e massa encefálica para sofisticar nossos modelos com mais simplicidade, tentando traçar relações improváveis e que, portanto, estão fora do radar.
Devido ao sucesso deste sistema - que deveria ser fechado para poucos investidores - estou reabrindo e aceitando novos investidores para ganhar até 12% ao mês de lucros aqui no Top Trades Ultimate.
É claro que os lugares serão limitados. Por isso, veja aqui se esses 12% ao mês de lucros fazem sentido ao seu perfil de curto prazo.
Se eu fosse você, desligaria dos sites de notícias, de corretoras e relatórios de bancos e começaria a olhar para o céu atrás de um sabiá. E você está com sorte, pois temos alguns desses na Inversa.
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento
Crônica de uma tragédia anunciada: a recuperação judicial da Ambipar, a briga dos bancos pelo seu dinheiro e o que mexe com o mercado hoje
Empresa de gestão ambiental finalmente entra com pedido de reestruturação. Na reportagem especial de hoje, a estratégia dos bancões para atrair os clientes de alta renda
Entre o populismo e o colapso fiscal: Brasília segue improvisando com o dinheiro que não tem
O governo avança na implementação de programas com apelo eleitoral, reforçando a percepção de que o foco da política econômica começa a se deslocar para o calendário de 2026
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano