São só garotos: o papel dos homens à causa das mulheres e o impacto nos seus investimentos
Companhias com maior diversidade de gênero demonstram retornos maiores e tendem a ter uma performance superior à média; entenda
Talvez, a princípio, este possa parecer um texto para mulheres.
Um olhar um pouco mais treinado poderia perceber se tratar de algo também voltado aos “apoiadores”, a homens simpáticos às causas das mulheres, em seu ambiente de trabalho e no mercado financeiro — “apoiadores" normalmente são necessários para materializar as demandas das minorias; sem ajuda, sempre fica mais difícil.
De fato, o Day One de hoje se endereça a esses dois públicos. Confesso o desejo de aumentar a participação de mulheres entre os investidores totais da B3 e entre os assinantes da Empiricus. Infelizmente, elas ainda são minoria entre os dois grupos. “Infelizmente” aqui envolve até mesmo um critério objetivo: vários estudos de finanças comportamentais apontam para, na média, um resultado mais positivo das carteiras femininas comparativamente àquelas dos homens. Ou seja, se tivéssemos mais mulheres investindo, o resultado agregado tenderia a ser melhor.
Mas este texto se dedica ainda mais a um terceiro grupo: aos homens que acham que não têm nada a ver com a questão feminina.
Começo com o que já se torna uma tradição às segundas-feiras, com a sugestão para ouvir nosso podcast Empiricus Puro Malte, no Spotify e na Apple. Entre outras coisas, falamos de características particulares de homens e mulheres, que, inclusive, nos colocam, na média, em grande desvantagem.
Estudos gerais em Finanças Comportamentais, tendo Terrance Odean como expoente, indicam que o investidor típico negocia ações com frequência excessiva, concentra demais e realiza lucros rápido demais, enquanto enfrenta grande dificuldade para realizar prejuízos (vem do viés da aversão à perda; ninguém quer tangibilizar um prejuízo, uma dor, ainda que a marcação a mercado já o tenha feito para você). Se você vende o que sobe e carrega o que cai, basicamente está se desfazendo do que vai bem e ficando com o que vai mal. O resultado a longo prazo é que você morre com uma carteira de micos na mão.
Leia Também
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
As mulheres, na média, negociam menos e, assim, arcam com menores custos de transação e se permitem ficar mais tempo com suas posições, deixando exposições vencedoras em seus portfólios serem carregadas por um prazo maior. As mulheres também tendem a ter menos excesso de confiança e mais ponderação em seus investimentos, o que se desdobra em carteiras mais diversificadas e balanceadas, cujas performances são superiores lá na frente.
Há inclusive associações entre o comportamento feminino em Bolsa e o value investing clássico. Rendeu até livro: “Warren Buffett investe como as mulheres”.
Desde que comecei a estudar com mais profundidade o tema de ESG (questões de meio ambiente, sociais e de governança), identifiquei uma série de estudos acadêmicos que refuta o clichê original de que a adoção dessas práticas ensejaria perda de retorno. Mais recentemente inclusive, vários papers indicam uma correlação positiva entre performance das carteiras de investimento e respeito à temática ESG.
Um dos temas ainda incipientes, sobretudo no Brasil, é o W-ESG, a união direta entre tópicos particulares de igualdade de gênero e o ESG mais geral. A questão está entre as prioridades da ONU, por exemplo, como meta para o desenvolvimento sustentável, sendo seu objetivo número 5. Diz algo como: “garantir às mulheres total e efetiva participação e igualdade de oportunidades de liderança em todos os níveis de tomada de decisão, nas esferas política, econômica e administração pública”.
De forma bem simples, para acompanhar a evolução da igualdade de gênero, a ONU monitora dois indicadores principais: i) a proporção de mulheres nos Parlamentos nacionais e em cargos políticos locais; e ii) a participação de mulheres em posição de liderança empresarial. Em termos agregados, os últimos dados disponíveis apontam que menos de 25% dos assentos nos Parlamentos são ocupados por mulheres. Em termos empresariais, a participação feminina em posições de liderança nas empresas do S&P 500 é de apenas 26,5%; em conselhos de administração, suas cadeiras representam 21,2%. Das empresas do MSCI ACWI (índice global de ações do Morgan Stanley), 78% tem menos de 30% de mulheres em seus conselhos de administração e 10% não têm sequer uma mulher sentada no board.
Chamo atenção para uma coisa: esse não é um papo progressista em favor de minorias apenas (embora até pudesse ser o caso; lembre-se de que perseguir igualdade de oportunidades é uma das essências do liberalismo). O ponto por vezes negligenciado sobre o assunto é que uma maior participação feminina, nas diretorias e nos conselhos de administração, traria maiores retornos empresariais e, por conseguinte, performances superiores das respectivas ações listadas em Bolsa.
Companhias com maior diversidade de gênero demonstram retornos maiores e tendem a ter uma performance superior à média. Ao menos dois estudos foram enfáticos nessa questão: “Delivering Through Diversity”, da McKinsey, de 2018; e “When Woman Lead, Firms Win”, da S&P Global, de 2019.
Já o estudo “Women in Business Leadership Boost ESG Performance”, da IFC, de 2019, mostra que uma liderança empresarial feminina está associada, na média, a um incremento de práticas em favor do meio ambiente, reduz problemas de exploração do trabalho e diminui práticas antiéticas. Tudo isso, por sua vez, estaria atrelado a uma melhor performance de longo prazo. O mesmo estudo mostrou que conselhos de administração com ao menos três membros de cada gênero têm uma probabilidade 79% superior de substituir CEOs cuja performance é ruim.
Por fim, outro estudo da McKinsey, batizado “The Power of Parity: How Advancing Women’s Equality Can Add US$ 12 trillion to Global Growth”, estimou que um maior empoderamento às mulheres poderia adicionar US$ 28 trilhões ao crescimento do PIB mundial até 2025.
Em resumo, estamos falando de mais mulheres, mais resultado. Geração de renda e riqueza, dinheiro no bolso.
Estudo da Franklin Templeton, por exemplo, partiu de critérios simples, objetivos e diretos. Basicamente, selecionou empresas cujas lideranças e participação nos conselhos de administração eram superiores a três, e que gozavam de alta pontuação nos critérios de ESG (quartil superior nas três letras). Além disso, suas ações deveriam constar no índice MSCI World Women’s Leadership (grosseiramente, um índice do Morgan Stanley que relaciona empresas com liderança feminina). Então, a partir de um backtest e de critérios de diversificação mínima, chegou a uma carteira entre 30 e 35 ações.
Esse portfólio gerou um excesso de retorno anual sobre o S&P de 3,95 pontos percentuais desde 2015. Seu rendimento anualizado foi de 14,68%, contra 10,73% do índice, para um Sharpe Ratio de 1,08, contra 0,65 do benchmark. Se considerarmos o intervalo de 2017 a 2020, o excesso de retorno pula para 4,47 pontos percentuais anuais.
A conversa é objetiva e, se nos debruçarmos sobre o tema, podemos ter algumas conclusões importantes:
— Se você é um empreendedor ou um gestor de equipe, aumentar a participação feminina em seu time tende a elevar o resultado agregado.
— Se você é um investidor de ações, adicionar um filtro em sua análise que persiga maior participação de mulheres nas diretorias e nos conselhos de administração das empresas pode auxiliá-lo na seleção de papéis vencedores.
— Se você é casado e/ou conta com outra mulher de sua confiança (não me interprete mal, falo de mãe, irmã, tia, filha, amiga), pode delegar-lhe a função de gerenciamento patrimonial.
— Se a B3, a CVM, a Anbima, a Apimec, o Tesouro Direto ou qualquer outra instituição fizer campanhas em prol do aumento da participação feminina em empresas e como investidoras de ativos financeiros, a sociedade como um todo deve ganhar.
Como forma de enaltecer a importância e a superioridade das mulheres, além de tentar dar uma pequena contribuição em favor de seu maior protagonismo, encerro hoje com dois convites.
Na quarta-feira, vou fazer uma Live com a psicanalista Maria Lucia Homem, às 19h. Salve na agenda. Sou um grande fã da Maria, leitor de seus livros e aluno dos seus cursos na Casa do Saber (estou ansioso para o próximo; Jair, você pediu o comentário, então está aqui!) — sou também muito grato por ela ser assinante da Casa. Para mim, ela é uma das maiores intelectuais brasileiras e voz ativa na questão do “feminino”. E, para fechar com chave de ouro: é investidora das boas.
E peço atenção especial para o novo curso da Bettina Rudolph, que vai explorar os mercados mais assimétricos do Brasil e do exterior. A ideia é dar um grande salto, em especial àqueles que já acompanhavam a Bettina desde o início da Sua Jornada Financeira. E se você ainda não a acompanha, acho que vale a pena entrar em contato e conhecê-la com mais profundidade.
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços