🔴 +30 RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – VEJA AQUI

Pacto de sangue

Apesar de ainda defender uma postura austera e focada na proteção patrimonial, hoje quero trazer uma outra ideia

24 de março de 2020
10:35 - atualizado às 13:27

Empresários e financistas cobram uma espécie de Plano Marshall, remetendo-nos à Segunda Guerra Mundial. Outros comparam a crise atual com 2008. E há ainda aqueles que encontram precedentes apenas em 1929.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nascido 10 mil anos atrás, como a calvície pode denotar, lembro de tempos mais distantes. Penso em “1917”, o filme de Sam Mendes, uma epopeia em que o herói corre risco de vida, enfrenta a tudo e a todos sozinho, apenas para honrar seu companheiro de guerra. Qual o prêmio da virtude? A própria virtude, nada mais.

Penso também em 1911, quando Freud escreveu “Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental”, em que apresentam-se os conceitos de “princípio de prazer” e “princípio de realidade”. O princípio do prazer se refere às nossas manifestações mais primárias, a busca pelo prazer imediato e espontâneo, e a fuga do desprazer, numa conotação mais crua de hedonismo. O princípio da realidade regula a busca pela satisfação, considerando as condições impostas pelo mundo externo, como se substituísse o princípio do prazer em prol da proteção e da autopreservação.

O investidor está atravessando seu próprio 1917 neste momento. É um MBA de Finanças em um mês, com consequências práticas e objetivas sobre si mesmo. E ele precisa, necessariamente, ponderar os princípios do prazer e de realidade — todos nós gostaríamos de ir para uma abordagem gananciosa e focada em multiplicação de capital já, imediatamente (assim como gostaríamos de continuar a frequentar bares, restaurantes, encontros com amigos, cinemas, teatros), mas o princípio da realidade impõe suas próprias restrições. 

Quando você vê um repique como o de hoje para as Bolsas internacionais, após estas terem atingido sua menor pontuação desde 2016 na véspera, é natural perguntar-se se já não seria a hora de migrar para o risco agressivamente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Diante de uma enorme incerteza e de uma dispersão de resultados possíveis, entendo que não. Quando há risco de ruína envolvido e quando existe chance de perda permanente significativa do capital, sem que saibamos o fundo dessa história (a verdade é que ninguém sabe onde isso pode parar por enquanto), recomenda-se prudência, foco na proteção do capital e na sobrevivência. Você, muito provavelmente, assim como eu, deve estar fazendo isso na sua própria vida pessoal. Gastos foram adiados, decisões de compra postergadas, viagens canceladas, corta aqui, pensa onde vai poder cortar caso as coisas fiquem ainda piores. Não é muito diferente nos investimentos. A teoria clássica de finanças apenas formaliza essa intuição: assumindo que os indivíduos são avessos ao risco (o que parece razoável), a maior incerteza, volatilidade e dispersão de resultados possíveis empurra para a segurança. 

Leia Também

No momento certo, viraremos a mão. E há duas possibilidades para isso. 

Na primeira, os valuations ficam estupidamente atrativos. Ainda há muita incerteza no ar, mas os preços ficam tão reduzidos que o risco de novas quedas pronunciadas é baixo. Ganhamos uma assimetria muito interessante em termos de prejuízo e lucro potencial. A tão defendida margem de segurança de Warren Buffett é obtida por meio de um baixíssimo preço de compra.

Na segunda, o cenário fica muito mais claro, com redução das incertezas e do nível de risco, podendo ser quantificadas as mazelas da crise. Os preços podem até ser mais altos do que os atuais, porque os mercados antecipam qualquer movimento, mas o nível de risco é substancialmente menor. Como o investidor superior pondera adequadamente risco e retorno (não só retorno), ele se dispõe a entrar mesmo um pouco mais caro. Ele perde um pequeno pedaço da primeira pernada, mas entra num segundo momento, com muito menos risco e ainda surfa uma boa parte da alta. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Como tenho tentado transmitir, contrariando a intuição, 70 mil pontos pode ser caro (porque há riscos demais no horizonte) e 80 mil pontos pode ser barato (porque já eliminamos muita incerteza do processo).

Apesar de ainda defender uma postura austera e focada na proteção patrimonial, hoje quero trazer uma outra ideia. Entendo que estejamos próximos de uma das situações acima. Não sei se já posso dizer que enxergo a luz no fim do túnel, mas agora, pelo menos, já é possível enxergar o túnel.

Em termos de valuation, estamos perto de uma zona que considero já contemplar bastante do cenário negativo. A despeito da provável alta vigorosa de hoje para as ações brasileiras, se voltarmos a cair nos próximos dias, chegaremos nos tão falados 60 mil pontos. Isso representa uma queda próxima a 50% do pico, coloca-nos próximos dos fatídicos 10 mil pontos em dólar e enseja uma assimetria muito boa. Algo como 20% para cair contra 70% para subir.

Ao mesmo tempo, talvez os próximos dias possam nos trazer maior clareza sobre os impactos do coronavírus na economia. Hoje, as estatísticas anunciadas pela Itália mostram números bem mais favoráveis (se é que podemos falar assim). E começa a ser debatida com mais intensidade a hipótese de relaxamento do lockdown, sobretudo nos EUA, em duas semanas, o que poderia afastar o cenário mais apocalíptico de uma depressão semelhante àquela de 1929. Ao mesmo tempo, a reação de política econômica tem sido brutal e poderemos ver como isso flui pelos agentes econômicos — seja como for, US$ 2,5 trilhões é dinheiro em qualquer lugar do Sistema Solar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Seja pelo parágrafo imediatamente acima ou pelo anterior a ele, podemos estar próximos da virada de mão, no sentido de dar aos portfólios posições de risco muito mais pesadas, atrás de comprar excelentes ativos a preços excessivamente descontados.

Entendo que os três leitores já precisam estar preparados para esse dia. 

Dito isso, para que as coisas possam caminhar bem pelas próximas semanas, como antecipação ao que pode estar por vir, quero hoje propor uma espécie de pacto de sangue.

Se você não perfizer as três condições abaixo — necessariamente as três —, por favor, não siga as potenciais orientações que podem vir nas próximas semanas. Não quer dizer que você seja melhor ou pior do que alguém. É apenas uma questão de perfil. E tudo bem.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para poder dar ouvidos às orientações, por favor, pergunta a si mesmo, desde já, se:

1. Você tolera a volatilidade? Você precisa saber que mosco não opera em Bolsa. Ou até opera, mas apenas em seus dias de extrema sorte, que nada tem a ver com competência. Ninguém vai acertar a bunda da mosca, o ponto exato da virada. Se, metaforicamente, comprarmos, por exemplo, Ibovespa a 60 mil pontos, é muito provável que ele venha a cair mais antes de subir. Se você não topa comprar a 60 mil e ver a coisa indo para 45 mil, por favor, não faça isso consigo mesmo. Em 2015, quando saímos da abordagem pessimista do Fim do Brasil para a otimista primeira Virada de Mão, recomendamos a compra de ações a 44 mil pontos. O índice veio a 39 mil pontos antes de começar a subir e entrar em bull market. Nós, necessariamente, vamos errar o timing da entrada. Porque é simplesmente impossível acertar o timing. Nossa única diferença frente a outros analistas por aí é que nós sabemos disso — e é uma grande vantagem.

2. Você não vai, sob hipótese alguma, precisar desse dinheiro nos próximos 18 meses? Bolsa não pode ser destino de seu dinheiro de curto prazo. Se sabemos que pode cair antes de começar a subir, precisamos dilatar nosso horizonte temporal. Os preços convergem para seus valores intrínsecos, mas eles não têm nenhum compromisso temporal para fazer isso. Se você vai precisar do dinheiro pelos próximos 18 meses, não compre mais ações. Aliás, você não deveria ter nenhum dinheiro em ações.

3. Você sabe que a diferença entre falar e sentir é absolutamente brutal? Você pode ter respondido “sim" às duas perguntas anteriores. Mas, quando viver na pele o negócio, quando sentir o gosto amargo de ter comprado algo por 60 e estar na tela a 45, vai continuar frio e sereno, carregando as posições por, pelo menos, 18 meses?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se você respondeu “não” a alguma das três questões acima, por favor, não me dê ouvidos pelas próximas semanas. Isso é sério. Esteja ciente desde já sobre seu perfil como investidor, pelo seu próprio bem.

Agora, se você deu “sim" para as três e com convicção, seja muito bem-vindo. Estaremos atrás de grandes oportunidades de multiplicação de capital. Em meio a esse cenário de guerra, essa é a proposta de nosso pacto de sangue. Vamos encerrar com Dire Straits e sua “Brothers in Arms”: In the fear and alarm/ You did not desert me/ My brothers in arms (Em meio ao medo e ao pânico, vocês não me desertaram, meus companheiros de batalha).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…

10 de dezembro de 2025 - 19:46

Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje

10 de dezembro de 2025 - 8:10

Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros

2 de dezembro de 2025 - 7:08

A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Bolhas não acabam assim

1 de dezembro de 2025 - 19:55

Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso

DÉCIMO ANDAR

As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora

30 de novembro de 2025 - 8:00

Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado

28 de novembro de 2025 - 8:25

Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros

SEXTOU COM O RUY

Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo

28 de novembro de 2025 - 6:01

A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje

27 de novembro de 2025 - 8:23

Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim

27 de novembro de 2025 - 7:49

Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?

26 de novembro de 2025 - 19:30

Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar