Algumas palavras sobre liderança feminina e a minha experiência na Empiricus
Peço desculpas por não poderem ler as palavras do Felipe hoje. Ele me pediu para usar este espaço e escrever algumas linhas sobre o que penso de diversidade nas empresas e compartilhar um pouco da minha história na Empiricus.

Assim como vocês, três leitores do Day One, confesso minha enorme insatisfação quando abro meu e-mail em busca das palavras do Felipe e encontro um convidado. Não importa quem seja — não é nada pessoal, gosto de todos que já ocuparam este espaço, especialmente das edições do Bruno Mérola às sextas-feiras — mas, para mim, o Day One do Felipe já é parte da minha rotina diária, como nadar e dormir. No meu caso, tenho o prazer de recebê-lo minutos antes de você, na versão sem template, sem revisão, enviada antes de ser disparado a todos nossos assinantes por volta das 9h30 da manhã — sim, ele escreve tudo aquilo todos os dias, de manhã, religiosamente, na mesa aqui do lado da minha.
Mas o prazer maior vem logo na sequência, quando fazemos o nosso comitê de vendas diário: eu, Felipe, Beto e, mais recentemente, o Caio também. O horário oficial dessa reunião — minha preferida de todas as muitas que eu faço como COO da Empiricus — é exatamente esse: depois do Day One.
Não bastasse tudo isso, preciso confessar que fui contra o nome “Day One” — o mais antigo dos três leitores deve lembrar que esta newsletter já teve outros nomes (não vou escrever aqui, quem souber me manda por e-mail; eu respondo os que acertarem com um presente simbólico da Empiricus). Quando o Felipe propôs a troca para Day One, na época da mudança de escritório para o Pátio Malzoni, achei o nome pouco sonoro; embora eu já adorasse a imagem que ele transmite (todos os dias são Day One mesmo, principalmente na Empiricus), achei que esse não era um bom nome para a newsletter. Por sorte, fui voto vencido.
Dado tudo isso, peço desculpas por não poderem ler as palavras do Felipe hoje. Ele me pediu para usar este espaço e escrever algumas linhas sobre o que penso de diversidade nas empresas e compartilhar um pouco da minha história aqui na Empiricus.
Por que isso interessa a você, leitor? Acredito que como minha história está intimamente ligada à história da Empiricus (trabalho aqui há dez anos, desde quando éramos apenas meia sala na rua Iguatemi; além da Maria, também vi o João Pedro nascer), ela vai te ajudar a entender um pouco mais quem somos nós, no que acreditamos e quem está por trás das ideias que chegam até você todos os dias. Se isso não te interessa, sem crise, semana que vem o Felipe está de volta. Se você está com saudades do Felipe, fica aqui o convite para ouvir o podcast que eu gravei com ele e o Ricardo Mioto.
Comecei em 2010 como estagiária, passei pela área de análise (muito tempo atrás, comecei o Vacas Leiteiras, hoje sob o comando do muito melhor analista Sergio Oba), cuidei do e-commerce nos primórdios, junto com o André Kiss, quando ainda vendíamos apenas cinco assinaturas por dia e comemorávamos cada uma delas (hoje essa área é tocada pelo excelente Rodrigo Gianotto), comecei a área de BI com um Excel e muitos sábados testando fórmulas e tabelas (chega a ser ofensivo chamar aquilo de BI, nem se compara ao que o Alex Campos e o Vinícius Reis fazem hoje em dia) e também criei nossa área de atendimento. Todas essas áreas, com exceção da análise, continuam sob o meu guarda-chuva, e hoje supervisiono toda parte de tecnologia, pós-venda, experiência do assinante e data analytics na Empiricus.
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Acho que aqui já tem algumas coisas legais. Primeiro, que não há áreas femininas ou áreas masculinas na Empiricus , nem deveriam existir em nenhum lugar: homens e mulheres podem atuar onde quiserem, a depender de habilidades e oportunidades. Não acredito em caixinhas fechadas, mesmo quando vêm sob a aparência de elogios: “mulheres são mais cuidadosas, então são melhores na função tal”, ou “mulheres são mais pacientes, então são melhores para fazer isso”. Há coisas que são específicas de mulheres e de homens, mas esses atributos pessoais e profissionais não são um deles, na minha opinião. Há mulheres cuidadosas ou não, pacientes ou não, assim como há homens mais ou menos analíticos. Não é porque sou mulher que sou mais impulsiva, assim como não é porque sou mulher que sou mais generosa.
Ainda assim, me beneficiei ao longo do tempo de conselhos voltados especificamente para mulheres; o principal foi sobre uma diferença muito comum entre mulheres e homens na hora de negociar salários. O estudo (que, sim, generaliza, indo contra o que disse no parágrafo anterior), diz que os homens, em geral, entrariam na negociação acreditando que merecem o aumento, enquanto a mulher, em geral, enfrentaria uma barreira adicional de não acreditar ser merecedora do aumento de salário, o que atrapalharia a negociação. O que posso dizer sobre minha experiência pessoal é que esse conselho me ajudou bastante, e mudei minha forma de encarar essa questão e, principalmente, de valorizar meu trabalho. Deixo essa história aqui porque pode servir para outras mulheres e, por que não, também homens que enfrentem dificuldades na hora de negociar e se valorizar.
Lembro de uma ocasião, há alguns anos, em que precisávamos contratar duas pessoas para o BI. Até então, a área tinha apenas homens, e o Alex me disse que gostaria que essas duas posições fossem ocupadas por mulheres. O motivo era um só: na visão dele, isso faria bem à equipe e à empresa de modo geral. Resultado: entraram a Liliane e a Renata, profissionais excelentes, e a área realmente mudou de cara e deu um salto de qualidade, com uma melhora na dinâmica de trabalho e nas entregas de todos, inclusive dos homens muito competentes que já trabalhavam ali. Veja: certamente havia homens igualmente capacitados a desempenhar aqueles novos papéis. A decisão do Alex aconteceu simplesmente porque ele acreditava que mais diversidade faria bem à equipe, e isso de fato aconteceu. Desde então, acredito que áreas mais diversas são não apenas importantes como essenciais para o resultado da empresa — não sei direito por que, mas sei que é bom. Há estudos sobre isso e, no meu caso, vi acontecer na prática.
Uma segunda coisa que identifico na minha trajetória é algo que ouvi da Paula Bellizia, executiva com anos de experiência em cargos de liderança de empresas como Microsoft, Facebook e Apple. A importância de aliados. Eu acredito firmemente em ter uma postura ativa como mulher que trabalha, não me rebaixar, me enxergar como igual aos meus pares masculinos. Mas não acredito que possamos mudar essa cultura sem a ajuda dos homens — essa luta não é exclusivamente feminina, e não acho que isso é ruim. Não acho possível chegar a um modelo que valorize adequadamente a mulher no mercado de trabalho sem a conscientização e a ajuda dos homens.
Há muitas coisas sobre as quais não tenho certeza e outras que eu acho que acho — além de todos os dias serem Day One, trabalhar há dez anos neste lugar mágico e maluco que é a Empiricus me fez ter cada vez menos certeza e questionar minhas crenças, sempre. Acho óbvio que mulheres e homens no mesmo cargo devem receber igualmente (não sei se tem como discordar disso), mas não sei o que acho da ideia de obrigar as empresas a ter o mesmo número de mulheres e homens em cargos de liderança (de novo: não sei; se você tem um argumento sobre isso para qualquer um dos lados, por favor, me escreva).
Por fim, aqui falando sobre mulheres e investimentos, acredito muito que a melhor parte de investir dinheiro e cuidar do patrimônio, para homens e mulheres, é permitir a liberdade de escolha. Feliz ou infelizmente, a independência verdadeira passa sempre pela independência financeira. Investir melhor e ganhar melhor é crucial, porque permite à mulher ser o que ela quiser ser e gastar dinheiro com o que e onde ela quiser: seja para cuidar melhor dos outros ou de si mesma, seja para comprar mais livros ou sapatos (qual o problema?), e gastar seu dinheiro onde bem entender.
*Este texto foi publicado originalmente como uma newsletter da Empiricus. Para receber conteúdos gratuitos da Empiricus no seu celular, baixe o aplicativo aqui.
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