No ponto crítico do choque do coronavírus nos mercados, o Ibovespa atingiu os 63.569 pontos no fechamento do dia 23 de março. Mas a gestora de fundos Persevera acredita que esse pode não ter sido o fundo do poço.
Diante dos efeitos da crise de saúde na economia, o principal índice da bolsa pode não só voltar às mínimas como até cair abaixo dos 60 mil pontos nos próximos meses, segundo a gestora.
Formada por ex-executivos do Bradesco e HSBC e com R$ 350 milhões sob gestão, a Persevera possui hoje uma posição vendida no mercado de ações brasileiro.
A gestora mantém a visão positiva para a bolsa para o longo prazo e avalia que as quedas de preços observadas desde o início da crise se mostrarão uma oportunidade.
“Temos, porém, uma visão negativa para a bolsa brasileira num horizonte mais curto, de até 6 meses”, escreveu, em carta aos investidores.
Por que vender?
Na análise da gestora, a tese que sustenta a recuperação dos mercados de ações nas últimas semanas mundo afora não é válida na mesma medida para o Brasil. “Temos a visão de que a situação no Brasil é diferente e as perspectivas bem piores.”
Isso porque a pandemia do coronavírus atingiu o Brasil em uma situação muito mais frágil, segundo a Persevera. Logo no começo da crise, a gestora defendeu que o Banco Central fizesse um corte radical de juros para zero.
Para a gestora, a hesitação do BC em agir também contribuirá para que o auge da recessão seja mais profundo e a recuperação, mais lenta.
Não faça o que eu faço
Embora esteja vendida em bolsa, a Persevera não recomenda que o investidor individual faça o mesmo e nem mesmo faça uma redução agressiva das posições em ações.
“Achamos que ele deve prosseguir com cautela nessa classe de ativos, sempre considerando seus limites psicológicos e consciente da possibilidade de que o mercado pode apresentar perdas muito maiores do que quaisquer modelos de risco baseados em experiência passada podem projetar.”
Para a gestora, o investidor deveria realizar compras de forma gradativa e guardar espaço na carteira para se e quando, em um momento futuro, o mercado testar novas mínimas.