R$ 5,66: risco político e potencial corte na Selic fazem o dólar saltar mais de 8% na semana
O dólar à vista chegou a ser negociado a R$ 5,74 na máxima. A deterioração do cenário político a partir da demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, fez os mercados assumirem uma postura defensiva — e o Ibovespa também sentiu o baque, caindo mais de 5% hoje

Na quarta-feira (22), o dólar à vista pulverizou os recordes e chegou pela primeira vez aos R$ 5,40. Na quinta (23), as máximas anteriores comeram poeira: em apenas uma sessão, a moeda americana saltou mais 12 centavos, chegado a R$ 5,52. E, nesta sexta (24), a rotina se repetiu, com uma nova quebra com folgas: a divisa fechou em alta de 2,40%, a R$ 5,6614.
E olha que o dólar à vista terminou a sessão longe das máximas do dia: no momento de maior estresse, chegou a ser negociado a R$ 5,7484, em alta de 3,97%. Ainda assim, a semana foi marcada por uma escalada intensa no mercado de câmbio — e, dessa vez, grande parte desse movimento pode ser creditado aos fatores domésticos.
Afinal, por mais que o exterior siga cauteloso com os desdobramentos econômicos do surto de coronavírus, vimos uma deterioração intensa dos ativos domésticos nos últimos dias — o desempenho do Ibovespa e do mercado local de câmbio foi muito pior que o visto lá fora.
- Confira a edição desta sexta-feira do Podcast Touros e Ursos! Eu e a Julia Wiltgen comentaram sobre a saída de Moro do governo e as consequências do turbilhão político para os mercados:
E não à toa: o cenário político brasileiro, que já andava árido desde a saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ficou ainda mais turbulento nesta semana — e a tensão atingiu o ápice hoje, com o pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro.
Como resultado dessa forte aversão ao risco, o dólar à vista acumulou ganhos de 8,11% apenas nesta semana — e olha que tivemos um feriado na terça-feira (21). Desde o começo do ano, o salto já chega a 41,12%.
E mesmo a bolsa também sentiu o baque das crise política: o Ibovespa fechou em queda de 5,45%, aos 75.330,61 pontos. Na mínima do dia, chegou a cair 9,58%, aos 72.040,82 pontos, e ficou a um triz de acionar mais um circuit breaker — em março, o botão do pânico foi pressionado seis vezes.
Leia Também
Com a forte baixa de hoje, o Ibovespa fechou a semana com uma perda acumulada de 4,63%; no ano, a queda do índice já chega a 34,86%.
Uma segunda prova da importância dos fatores domésticos é o contraste do Ibovespa com as bolsas americanas: enquanto o mercado local enfrentou forte turbulência após a saída de Moro, Wall Street teve um dia tranquilo — tanto é que o Dow Jones (+1,11%), o S&P 500 (+1,39%) e o Nasdaq (+1,65%) fecharam em alta.

O fantasma do risco político
Desde o início da semana, analistas e operadores chamavam a atenção para o ambiente cada vez mais deteriorado em Brasília, com governo e Congresso distanciados — e a postura do presidente Jair Bolsonaro, participando ativamente de atos anti-democracia, não ajudava a melhorar o clima.
Mas, desde a quinta-feira, a novela ganhou contornos mais dramáticos: começaram a surgir os primeiros relatos de rompimento entre o presidente e Moro, em meio à possibilidade de troca no comando da Polícia Federal.
A conclusão, como todos sabem, ocorreu nesta manhã, com o ex-juiz federal deixando a pasta da Justiça e acusando Bolsonaro de tentar intervir na PF — um desdobramento que já era esperado pelo mercado, mas que, uma vez consumado, trouxe enorme tensão aos investidores.
A priori, a saída do ministro da Justiça não interfere na pauta econômica do governo. No entanto, o que os analistas e operadores destacam é o efeito dominó que esse turbilhão político causa: em primeiro lugar, há um inegável abalo na imagem do governo Bolsonaro, dada a alta popularidade de Moro e Mandetta.
Em segundo, há o isolamento político da chamada 'ala ideológica' da administração Bolsonaro, o que naturalmente dificulta a aprovação de pautas e projetos de interesse do governo — incluindo aí as reformas econômicas, que tendem a ficar cada vez mais escanteadas nesse ambiente belicoso.
E, para finalizar, boa parte do mercado já teme pelo destino do ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem ficado em segundo plano desde o início da crise do coronavírus.
Nesta semana, o anúncio do plano Pró-Brasil de incentivo à infraestrutura no segundo semestre não contou com Guedes ou qualquer um de seus subordinados, o que foi entendido como um claro sinal de desprestígio ao ministro.
E essa combinação de instabilidade política e falta de prioridade às pautas econômicas e ao ajuste fiscal — o programa Pró-Brasil e o auxílio emergencial a Estados e municípios, aprovado pela Câmara, pressionam enormemente as contas públicas — representa o pior cenário possível para os mercados.
E agora, BC?
Falando especificamente sobre o câmbio, também tivemos um segundo fator doméstico influenciando as negociações: a perspectiva de corte agressivo na Selic, conforme sinalizado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Em meio às perspectivas de forte impacto econômico por causa do surto de coronavírus, pressão inflacionária quase nula e baixa nos preços dos combustíveis por causa da queda do petróleo, aumentou a percepção de que havia espaço de sobra para novas baixas na taxa básica de juros, de modo a dar estímulo extra à atividade.
E, de fato, boa parte do mercado começou a precificar cortes de 0,75 ponto na Selic já na reunião do Copom em 6 de maio. Os DIs com vencimento em janeiro de 2021 chegaram a ser negociados abaixo de 3%, evidenciando as apostas na continuidade do ciclo de alívio monetário.
Só que juros mais baixos automaticamente pressionam o câmbio, dada a diminuição no diferencial em relação às taxas dos EUA. E, com o dólar nas alturas e o risco político crescendo exponencialmente desde ontem, aumenta a incerteza quanto à postura do BC.
Tanto é que, nesta sexta-feira, os DIs fecharam em forte alta, tanto na ponta curta quanto na longa. Os vencimentos de 2021 ainda mostram espaço para cortes na Selic, mas com intensidade muito menor:
- Janeiro/2021: de 2,71% para 3,12%;
- Janeiro/2022: de 3,36% para 4,10%;
- Janeiro/2023: de 4,53% para 5,49%;
- Janeiro/2025: de 6,26% para 7,21%.
FII BRCO11 aluga imóvel para M. Dias Branco (MDIA3) e reduz vacância
O valor da nova locação representa um aumento de 12% em relação ao contrato anterior; veja quanto vai pingar na conta dos cotistas do BRCO11
TRXF11 vai às compras mais uma vez e adiciona à carteira imóvel locado ao Assaí; confira os detalhes
Esse não é o primeiro ativo alugado à empresa que o FII adiciona à carteira; em junho, o fundo já havia abocanhado um galpão ocupado pelo Assaí
Ouro vs. bitcoin: afinal, qual dos dois ativos é a melhor reserva de valor em momentos de turbulência econômica?
Ambos vêm renovando recordes nos últimos dois anos à medida que as incertezas no cenário econômico internacional crescem e o mercado busca uma maneira de se proteger
Do Japão às small caps dos EUA: BlackRock lança 29 novos ETFs globais para investir em reais
Novos fundos dão acesso a setores, países e estratégias internacionais sem a necessidade de investir diretamente no exterior
Até onde vai o fundo do poço da Braskem (BRKM5), e o que esperar dos mercados nesta semana
Semana começa com prévia do PIB e tem Super Quarta, além de expectativa de reação dos EUA após condenação de Bolsonaro
Rio Bravo: “Momento é de entrada em fundos imobiliários de tijolo, não de saída”
Anita Scal, sócia e diretora de Investimentos Imobiliários da empresa, afirma que a perspectiva de um ciclo de queda da taxa de juros no Brasil deve levar as cotas dos fundos a se valorizarem
TRXF11 abocanha galpão locado pelo Mercado Livre (MELI34) — e quem vai ver o dinheiro cair na conta são os cotistas de um outro FII
Apesar da transação, a estimativa de distribuição de dividendos do TRXF11 até o fim do ano permanece no mesmo patamar
Ação da Cosan (CSAN3) ainda não conseguiu conquistar os tubarões da Faria Lima. O que impede os gestores de apostarem na holding de Rubens Ometto?
Levantamento da Empiricus Research revela que boa parte do mercado ainda permanece cautelosa em relação ao futuro da Cosan; entenda a visão
LinkedIn em polvorosa com Itaú, e o que esperar dos mercados nesta sexta-feira (12)
Após STF decidir condenar Bolsonaro, aumentam os temores de que Donald Trump volte a aplicar sanções contra o país
Ibovespa para uns, Tesouro IPCA+ para outros: por que a Previ vendeu R$ 7 bilhões em ações em ano de rali na bolsa
Fundo de pensão do BB trocou ações de empresas por títulos públicos em nova estratégia para reforço de caixa
TRBL11 recebe R$ 6 milhões em acordo por imóvel que é alvo de impasse com os Correios — agora o FII está de olho na disputa judicial contra a estatal
Segundo o gestor da Rio Bravo, o acordo “é apenas o começo” e, agora, o fundo imobiliário busca cobrar os Correios e voltar a ocupar o galpão com um novo inquilino
Banco do Brasil (BBAS3) supera a Vale (VALE3) em um quesito na bolsa; saiba qual
Os dados são de um levantamento mensal do DataWise+, parceria entre a B3 e a Neoway
Fundo imobiliário MFII11 mira novo projeto residencial na zona leste de São Paulo; veja os detalhes
O FII vem chamando atenção por sua estratégia focada em empreendimentos residenciais ligados ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV)
Ibovespa renova máxima histórica e dólar vai ao menor nível desde julho de 2024 após dados de inflação nos EUA; Wall Street também festeja
Números de inflação e de emprego divulgados nesta quinta-feira (11) nos EUA consolidam a visão do mercado de que o Fed iniciará o ciclo de afrouxamento monetário na reunião da próxima semana; por aqui, há chances de queda da Selic
Fundo imobiliário do BTG quer vender cinco imóveis por mais de R$ 830 milhões — e já tem destino certo para o dinheiro
Criado especialmente para adquirir galpões da Log Commercial Properties (LOGG3), o BTLC11 comprou os ativos em 2023, e agora deseja gerar valor aos cotistas
GGRC11 ou Tellus: quem levou a melhor na disputa pelo galpão da Renault do FII VTLT11, que agora se despede da bolsa
Com a venda do único imóvel do portfólio, o fundo imobiliário será liquidado, mas cotistas vão manter a exposição ao mercado imobiliário
Fundo imobiliário (FII) aposta em projetos residenciais de alto padrão em São Paulo; veja os detalhes
Com as transações, o fundo imobiliário passa a ter, aproximadamente, 63% do capital comprometido em cinco empreendimentos na capital paulista
Fundo imobiliário Iridium Recebíveis (IRIM11) reduz dividendo ao menor nível em um ano; cotas caem
A queda no pagamento de proventos vem em meio a negociações para a fusão do FII ao Iridium Fundo de Investimento Imobiliário (IRIM11)
Ibovespa sobe 0,52% após renovar máxima intradia com IPCA e PPI no radar; dólar cai a R$ 5,4069
Deflação aqui e lá fora em agosto alimentaram a expectativa de juros menores ainda neste ano; confira os dados e o que mais mexeu com a bolsa e o câmbio nesta quarta-feira (10)
Ouro supera US$ 3.700 pela primeira vez e segue como o refúgio preferido em 2025
Ataque de Israel ao Catar e revisão dos dados de emprego nos EUA aumentaram a busca por proteção e levaram o metal precioso a renovar recorde histórico