O UBS elevou a recomendação da Ser Educacional (SEER3) de neutra a compra, mas ainda prefere a Yduqs (YDUQ3) no setor. A previsão é de continuidade da recuperação das companhias de educação, após uma precificação muito pessimista do mercado em face dos fundamentos de longo prazo.
Após a Ser incorporar maior provisão para devedores duvidosos, maior abandono e menor admissão, o UBS reduziu seu preço-alvo de R$ 35 para R$ 27, com base no fluxo de caixa descontado.
Mas faz a ressalva: "Apesar do aumento da incerteza, vemos uma reação desproporcional na ação, quando consideramos os fundamentos do setor". No ano, os papéis da Ser acumulam queda de mais de 30%, contra uma baixa de pouco mais de 15% do Ibovespa.
Além disso, a instituição vê vantagem na empresa no portfólio de novos programas, programas híbridos e a integração da Uninorte. De acordo com o banco, o rendimento de 9% no fluxo de caixa livre para 2020 e a proporção 3:1 na relação upside : downside fornece suporte adicional a essa visão.
Sobre a Yduqs, o UBS enxerga com otimismo a estratégia adotada sobre o ensino à distância (EAD). No atual cenário, a resolução foi de aumentar a eficiência do EAD em meio à competição agressiva e exposição ao segmento médico mais resiliente. Isso, segundo o UBS, faz a empresa se destacar entre os seus pares.
A aquisição do grupo Adtalem, dono do Ibmec, também ajuda na perspectiva para a Yduqs. O banco mantém a premissa quanto às sinergias da Adtalem, dadas as marcas resilientes e cronograma de integração.
Entretanto, o UBS também cortou o preço-alvo das ações da Yduqs, de R$ 63 para R$ 48. Os motivos são a pressão significativa sobre o papel e a visão de uma recuperação mais longa.
Embora outras empresas possam ter maior potencial positivo, a razão de 4:1 entre upside e downside embasa a preferência do UBS, dados os atuais níveis de volatilidade.
Hoje a Yduqs fechou em queda de 3,63%, aos R$ 37,16, enquanto o Ibovespa avançou 3,18%, para 97.644 pontos. No ano, as ações da companhia caem 20,29%. Fora do Ibovespa, a Ser Educacional terminou o pregão de hoje em alta de 9,47%, aos R$ 18,85, acumulando queda de 31,88% no ano.
Recuperação do setor
O UBS vê uma oportunidade de compra para o investidor de longo termo, citando a
- escala do setor e a geração potencial de caixa,
- consolidação potencial por meio de fusão e aquisição,
- potencial aceleração do programa híbrido e
- o prêmio salarial alto para os formados no ensino superior.
Os atuais níveis de preço de ações de companhias do setor educacional continuarão a sustentar o bom desempenho visto recentemente, segundo o UBS. Isto se deve ao fato de que o preço implicado anteriormente tinha por base premissas pessimistas demais considerando os fundamentos de longo prazo.
"Em nossa opinião, isso compensa a maior dependência da atividade econômica que implica incerteza considerável em métricas como inadimplência (pagamentos em atraso), abandono e admissão, bem como no timing da recuperação", diz o UBS.
Na visão do UBS, a margem da taxa de crescimento anual composta de matrículas e a margem Ebitda das empresas implicadas entre 2019 e 2023 levam em conta que a demanda por educação não se recuperará após a crise, levando à erosão dessas margens.
"Dado o prêmio salarial para ensino superior, a alta escala das empresas, mudança para produtos digitais com margens mais altas e barreiras à entrada, consideramos isso improvável", disse o UBS.