Em busca do próximo Nubank, fundos captam recursos para investir em startups brasileiras
Gestoras que têm no currículo investimentos em empresas que se tornaram “unicórnios”, como Nubank, Stone, Gympass e Loggi, querem levantar até US$ 1,2 bilhão (R$ 5 bilhões)
Em junho de 2013, o fundo argentino Kaszek fez uma aposta que pode ser considerada no mínimo ousada para a época: investir em uma startup com planos de lançar um cartão de crédito no mercado brasileiro chamada Nubank.
O que aconteceu de lá para cá é bem conhecido: a empresa conquistou mais de 12 milhões de clientes com seu inconfundível cartão roxo e foi avaliada em US$ 10 bilhões (R$ 41 bilhões, no câmbio de ontem) na rodada de investimento mais recente.
O sucesso de novas companhias como o Nubank e a proliferação no país dos chamados “unicórnios”, como são conhecidas as empresas que alcançam uma avaliação superior a US$ 1 bilhão, levou a uma onda de captação de recursos pelos fundos que investem em startups.
O Kaszek fechou recentemente a captação de um novo fundo de US$ 600 milhões dedicado a investimentos em empresas de tecnologia no Brasil e na América Latina, conforme eu apurei com fontes desse mercado.
Além do fundo argentino, as gestoras Monashees, Valor e Atlântico estão em processo de captação. Eu procurei os fundos, mas nenhum deles comentou o assunto.
No total, as gestoras podem levantar um total de US$ 1,2 bilhão de investidores brasileiros e estrangeiros. Esse volume fica muito maior se incluirmos na conta os US$ 5 bilhões que o japonês Softbank anunciou que pretende investir na América Latina.
Como o próprio caso do Nubank mostra, virar sócio de uma companhia em estágio inicial é um investimento de altíssimo risco, muito maior do que comprar uma ação na bolsa, por exemplo.
Quando o Kaszek investiu na companhia, a revolução nos hábitos de consumo proporcionada pelos smartphones era apenas uma promessa. Não por acaso, esses fundos são chamados de “venture capital” (capital de risco). Por isso mesmo você provavelmente não vai encontrá-los em bancos ou plataformas de investimento, a não ser que seja cliente de área de gestão de fortunas (private banking) das instituições.
Não são raros os casos em que os fundos perdem todo o capital investido em uma determinada companhia. O segredo do negócio é encontrar, no meio das várias apostas frustradas, um ou mais casos como o do Nubank.
Caça aos unicórnios
Os fundos dedicados a investir em startups no Brasil e na América Latina têm atraído a atenção de grandes investidores em todo o mundo justamente pela boa taxa de sucesso na “caça aos unicórnios”.
No fim do ano passado, o capital comprometido de fundos de venture capital no país era de R$ 16,6 bilhões, o dobro de 2017, de acordo com dados de um estudo da Abvcap, associação que representa os fundos, e da KPMG.
As empresas de tecnologia financeira (fintechs) como o Nubank atraíram 19% dos 211 investimentos realizados pelos fundos ao longo do ano passado. Mas não é só nesse setor que surgem os unicórnios.
Além do Nubank, o Kaszek investiu em outras duas empresas que entraram para o clube das que valem mais de US$ 1 bilhão: a Gympass, de planos de academias, e a Loggi, que trabalha com entregas por motoboys.
Em busca de US$ 250 milhões de investidores para seu novo fundo, o Monashees é conhecido pela descoberta de um dos primeiros unicórnios brasileiros: o aplicativo de transporte 99, que foi vendido no começo do ano passado para a chinesa Didi Chuxing.
Entre as apostas recentes do Monashees está a Fazenda Futuro, startup brasileira de carne com base vegetal, nos moldes da americana Beyond Meat, que abriu o capital recentemente e já vale quase US$ 10 bilhões.
Quem também está em fase de captação é a Valor Capital, que pretende levantar US$ 200 milhões para seu próximo fundo, segundo informações de mercado.
Com escritórios em Nova York e São Paulo, a gestora tem entre as suas tacadas certeiras o aporte na Stone. A empresa de maquininhas de cartão e meios de pagamento abriu o capital na bolsa americana Nasdaq em outubro do ano passado e vale hoje quase US$ 8,5 bilhões.
Ainda é cedo para saber se todos os fundos serão bem sucedidos na temporada de caça aos novos unicórnios. Mas os céticos alertam que, por mais modernas e disruptivas que sejam as gestoras, elas também estão sujeitas à lei da oferta e da procura.
Em outras palavras, com mais capital em busca de oportunidades de investimento, a tendência é que a avaliação das startups mais disputadas aumente, o que reduz o retorno potencial desses fundos.
Para um experiente gestor de fundos que compram participações em empresas com quem eu conversei, outro problema das startups nascidas da era dos aplicativos é que elas ainda não entregaram os resultados esperados.
"Hoje um fundo avalia uma startup em US$ 1 bilhão porque sabe que daqui a seis meses outro fundo vai entrar avaliando a mesma empresa por US$ 2 bilhões", ele disse.
Enquanto o mundo financeiro contar com liquidez abundante, isso não necessariamente é um problema. Mas se a fonte para os sucessivos aportes de capital que essas empresas demandam para manter o crescimento secar ou diminuir, os unicórnios correm o sério risco de entrar em extinção.
Assembleia da Light (LIGT3) é suspensa sem votação do plano de recuperação judicial; veja quando os credores voltarão a se reunir
O documento, que explica em detalhes como a empresa planeja pagar seus credores e quais medidas serão adotadas para fortalecer o caixa, voltará a ser apreciado na próxima semana
Com receita em alta e despesas ‘bem-comportadas’ Multiplan (MULT3) tem lucro recorde no primeiro trimestre
A companhia, que completou 50 anos neste mês, lucrou R$ 267 milhões no período, o maior valor já registrado para um primeiro trimestre
Procurando por dividendos? Dona do Google responde com os primeiros proventos da história do grupo — ações avançam mais de 13%
Vale lembrar que, em fevereiro, o conselho da Meta autorizou o pagamento dos primeiros dividendos da dona do Instagram, Whatsapp e Facebook
Ainda sem privatização, mas com dividendos: Sabesp (SBSP3) anuncia quase R$ 1 bilhão em proventos aos acionistas
Terá direito ao pagamento, que está marcado para 24 de junho deste ano, quem estava na base de acionistas da Sabesp hoje
Dividendos extraordinários da Petrobras (PETR4): acionistas batem o martelo para o pagamento de R$ 21,9 bilhões
O pagamento dos outros 50% ainda este ano também foi aprovada, segundo o Broadcast e a CNN Brasil, mas a decisão sobre a data exata deve sair até 31 de dezembro
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
Os executivos da Vale também comentaram sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre de 2024 e dizem se há chances de distribuição de dividendos extraordinários este ano
Petrobras (PETR4) firma nova parceria para exploração de gás com estatal argentina Enarsa; entenda por que a empresa está na mira de Milei
Em meio aos perigos de nova crise energética, parceria entre Petrobras e Enarsa busca ajudar abastecimento da Argentina
Mais problemas para a Vale (VALE3)? Como a oferta de quase US$ 40 bilhões da BHP pela Anglo American pode afetar a brasileira
Ações da Anglo, que detém reservas de minério de ferro no Brasil, saltavam 13,5% em Londres após o anúncio
Klabin (KLBN11): lucro líquido desaba mais de 60% no 1T24, mas acionistas vão receber R$ 330 milhões em dividendos
O balanço da empresa de papel e celulose trouxe um lucro menor, queda na receita e aumento na queima de caixa. Veja os destaques do resultado
Como a “invasão” dos carros chineses impacta as locadoras como a Localiza (RENT3) e a Movida (MOVI3)
Entrada dos carros elétricos chineses tende a colocar ainda mais pressão sobre as locadoras no momento da revenda dos seminovos; ações acumulam forte queda em 2024
Leia Também
-
Como declarar a NuConta e outras contas de pagamento remuneradas no imposto de renda
-
Cielo, Suzano, Grupo Pão de Açúcar e mais empresas têm vagas para estágio e trainee; veja oportunidades com bolsa-auxílio de até R$ 2,4 mil
-
Temporada de balanços 1T24: Confira as datas das divulgações e horários das teleconferências das principais empresas da B3
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
3
Como a “invasão” dos carros chineses impacta as locadoras como a Localiza (RENT3) e a Movida (MOVI3)