🔴TRÊS ROBÔS CRIADOS A PARTIR DE IA “TRABALHANDO” EM BUSCA DE GANHOS DIÁRIOS – ENTENDA AQUI

Naiana Oscar

Naiana Oscar

Naiana Oscar é jornalista freelancer. Formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e com MBA em Informação Econômico-Financeira e Mercado de Capitais no Instituto Educacional BM&FBovespa e UBS Escola de Negócios. Foi subeditora de Economia do Estadão. Trabalhou como repórter no Jornal da Tarde, no Estadão e na revista Exame

ELE TEM UM BANCO SÓ PARA SEU DINHEIRO

Quem é Juca Abdalla, o bilionário mais desconhecido do Brasil e um dos maiores investidores individuais da bolsa

Empresário recebeu herança generosa e multiplicou fortuna após os 70 anos na bolsa de valores, com aposta forte em empresas de energia. Ele é dono de 5% da Eletrobras e 7% da Cemig. E essa foto? É de 2006, estava na urna eletrônica em Roraima, em uma breve passagem pela política.

Naiana Oscar
Naiana Oscar
6 de outubro de 2019
5:23 - atualizado às 10:51

Aos 74 anos, José João Abdalla Filho é o bilionário mais desconhecido do Brasil. Ele não dá entrevistas, não se deixa ser fotografado, e mesmo no mercado financeiro é uma figura que as pessoas sabem que existe, mas a maioria nunca viu pessoalmente. Juca Abdalla, como é chamado, é dono e único cliente do Banco Clássico criado, em 1989 para administrar a herança  deixada por seu pai, um importante, e controverso, industrial dos anos 50 e 60. Na escadinha dos bilhões, portanto, ele pulou alguns degraus.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Juca deu trabalho para editora do Seu Dinheiro, que precisou consultar os arquivos do Tribunal Eleitoral de Roraima para achar uma foto sua. A imagem que está nesta reportagem é a que estava na urna eletrônica quando ele concorreu à vaga de suplente de senador nas eleições de 2006, na chapa de Teresa Surita, ex-mulher de Romero Jucá. E, aliás, informou em sua declaração de bens módicos R$ 379.210,04. As imagens que circulam na internet como se fossem dele, na verdade, são fotos de seu primo.

Hoje, com uma fortuna estimada em US$ 3,1 bilhões, segundo o ranking de outubro da revista Forbes, Abdalla é um dos principais investidores individuais da bolsa brasileira, com participações em empresas  como Eletrobras, Cemig, Petrobras e Engie. No ano passado, em um único dia, ele viu seu patrimônio aumentar em R$ 1 bilhão quando os papéis da Eletrobras subiram 50%, porque o governo sinalizou a privatização da companhia de energia. Os investimentos, em geral de longo prazo, são feitos por meio do próprio Banco Clássico e pelo fundo Dinâmica Energia, preferencialmente no setor de energia, bom pagador de dividendos.

Sua posição entre os maiores bilionários do Brasil oscila conforme a cotação das suas ações. Na última sexta-feira, ele era o nono do ranking da Forbes, à frente de Abilio Diniz, o 10º mais rico - este sim, muito conhecido.

Nos últimos anos, com a patinada da bolsa, Abdalla articulou sua entrada no conselho de administração de algumas companhias. Não obteve sucesso na Petrobras, nem na Eletrobras, mas conseguiu na Cemig. Na Engie e na Kepler Weber, colocou uma pessoa de confiança, o vice-presidente do Clássico e ex-Banco Central, José Pais Rangel. Ainda assim, continua recluso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Uma herança dessas, bicho

Juca Abdalla nunca precisou fazer barulho para ganhar dinheiro. Seu pai, o médico J.J. Abdalla, construiu um império nos anos 50, com mais de 20 empresas, entre fabricantes de papel, de tecido, imobiliárias,  indústria açucareira, de cal e cálcio, de manteiga, além de uma seguradora e de uma companhia de importação e exportação. A mais famosa da lista era a fábrica de Cimentos Portland Perus, comprada de um grupo canadense, nos anos 40, em uma transação que foi tratada pelos jornais da época como fraudulenta. Antes de se tornar um industrial, o paulista de Aparecida chegou a exercer a medicina na Cidade de Birigui, onde enveredou para a política: foi prefeito, deputado estadual e federal.

Leia Também

Os relatos históricos tratam “Abdalla pai” como uma figura polêmica, conhecida pelos funcionários como “o mau patrão”, por desrespeitar as leis trabalhistas. Em 30 anos,  respondeu a mais de 500 processos, foi indiciado por crime contra a economia popular e por apropriação indébita. Em 1969, foi processado e preso, depois que ficou comprovado que suas 32 empresas não pagavam  impostos.

J.J. Abdalla morreu em 1988, aos 85 anos, deixando imóveis, terrenos e alguns negócios para o filho, além de uma ação na Justiça contra o Estado de São Paulo. A família alegava ter sido lesada na desapropriação do terreno de 717 mil metros quadrados que deu origem ao Parque Villa Lobos, na capital paulista. Ali, funcionava um posto de recebimento de cimento da Portland.

Vista do Parque Vila-Lobos, em São Paulo
Parque Vila-Lobos, em São Paulo - Imagem: Wikimedia Commons

No ano seguinte à morte de J.J Abdalla, a Justiça deu ganho de causa à família. Virou uma batalha jurídica, cheia de recursos, até que em 2001 o Estado foi obrigado a pagar uma indenização de R$ 2,5 bilhões, divididas em 10 parcelas anuais. Juca recebeu 70% do valor e o primo Antônio João Abdalla Filho, 30%. Essa foi a maior indenização já registrada no país para casos de desapropriação.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com um valor confortável na conta bancária, Juca Abdalla, formado Economia pela Universidade Mackenzie, de São Paulo, decidiu apostar na bolsa. Um de seus primeiros investimentos, segundo reportagem do Estadão de 2017, foi na antiga Gerasul, que tinha acabado de ser privatizada - e hoje se chama Engie. De lá para cá, o bilionário multiplicou sua fortuna e não pára de ganhar dinheiro. Entre junho de 2018 e junho deste ano, o patrimônio líquido do Banco Clássico passou de R$ 5,8 bilhões para R$ 7,8 bilhões.

Eletrobrás e Cemig, onde Juca detém 5% e 7% de participação, respectivamente, estão entre as principais responsáveis pelo salto. Em 12 meses, período que marca exatamente as vésperas das eleições no País, os papéis das duas companhias registraram uma valorização na casa dos 80%, com a expectativa dos investidores pela privatização.

Briga contra Eike Batista e 'coadjuvante' na política

Mas até os veteranos de mercado financeiro dão suas derrapadas. Uma das últimas de Juca Abdalla foi com a Eneva, empresa que já pertenceu ao grupo X de Eike Batista. Ele aumentou sua participação na companhia elétrica para 16% quando ela estava em recuperação judicial e brigou para ter voz ativa e definir o futuro da operação. Uma reportagem de 2016, da revista Exame, diz que Juca Abdalla questionou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um aumento de capital previsto no plano de recuperação judicial e também tentou barrar o voto de Eike Batista no processo. Além de não ter conseguido o que queria, o investidor teve sua participação diluída na capitalização da empresa. Acabou perdendo mais de R$ 150 milhões nessa brincadeira.

Juca também não chegou onde pretendia quando, em 2006, tentou entrar na política. O investidor, que hoje vive no Rio de Janeiro, candidatou-se a suplente de senador pelo Estado de Roraima na chapa de Teresa Surita, ex-mulher de Romero Jucá, presidente do MDB, e hoje prefeita de Boa Vista. Os dois perderam as eleições naquele ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sobre a vida pessoal de Juca Abdalla pouco se sabe. Ele é solteiro e não teve filhos. É sócio do Country Club do Rio, que reúne a elite carioca, mas gosta mesmo é de estar na Marquês  de Sapucaí no Carnaval. Dizem que ele desfila todos os anos na Beija-Flor. Não costuma gastar com carros importados, nem frequentar restaurantes requintados.  Nunca aparece nas colunas sociais.

Mas já frequentou outras páginas de jornais, além das de finanças.  No início deste ano, o investidor foi denunciado pelo Ministério Público Federal por  sonegação tributária. Segundo os procuradores, entre 2006 e 2008, ele deixou de pagar à Receita R$ 617 milhões. A dívida foi acumulada pela empresa Central de Imóveis e Construções, de Araçatuba. Durante as investigações, Abdalla negou a prática de sonegação. Ele também é réu em um processo na Justiça Federal em Americana, por ter omitido mais de R$ 3 milhões recebidos entre 2010 e 2011 pela empresa Jupem Participações e Empreendimentos.

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
COMOÇÃO

Cemig manifesta-se sobre acidente que causou a morte da cantora Marília Mendonça

6 de novembro de 2021 - 15:27

Colisão com cabo de alta tensão é apontado por testemunhas como aparente causa do acidente, que está sob investigação

Cardápio de balanços

Reta final com IRB, Yduqs, Cruzeiro do Sul, Cemig e Gafisa – Os resultados que podem mexer com o mercado nesta terça

17 de agosto de 2021 - 7:55

Empresas que deixaram para apresentar seus números do segundo trimestre no último dia do prazo ficam no radar dos investidores

Ampliando investimentos

Cemig pretende investir R$ 22,5 bilhões em Minas Gerais até 2025

5 de julho de 2021 - 11:13

Até 2027, serão 200 novas subestações em todas as regiões do Estado de Minas Gerais, sendo que 80 novas subestações já em estão em processo de implantação, e 23 delas estarão em operação ainda neste ano

Estatal investigada

Assembleia de MG designa membros de CPI para apurar atos da gestão na Cemig

25 de junho de 2021 - 7:11

Dentro das investigações estão a contratação de consultorias e assessorias pela estatal mineira sem processo de licitação

possível oferta

Cemig avalia vender participação na Taesa e vê lucro crescer 136,2% no 4º tri

26 de março de 2021 - 19:51

No início do ano, empresa vendeu participação na Light, enquanto no final de 2020 ela foi beneficiada pelo resultado financeiro da Cemig GT

alívio em meio à crise

Zema deve anunciar suspensão de cortes de energia elétrica pela Cemig

18 de março de 2021 - 17:42

Em março de 2020, Zema já havia adotado a flexibilização para o pagamento de contas de luz e água para consumidores de baixa renda e estabelecimentos que ficaram fechados

cara nova

Cemig deixa capital social da Light e leva R$ 1,37 bilhão

20 de janeiro de 2021 - 7:15

Com saída da estatal mineira, distribuidora de energia deixa de ter um controlador e passa a ser uma corporation

oferta na bolsa

Light realizará follow-on para permitir saída da Cemig

7 de janeiro de 2021 - 7:52

Operação, que consiste também em uma oferta para arrecadar recursos para a companhia, pode totalizar R$ 3,2 bilhões

Energia

Promessa de Zema, oferta da Cemig é aguardada pelo setor

26 de dezembro de 2020 - 12:03

Executivo mineiro tem tido dificuldade de avançar com o tema, por resistência do Legislativo e da população

CARDÁPIO DE BALANÇOS

Cosan, CVC e Cemig: os balanços que mexem com o mercado na segunda

14 de novembro de 2020 - 14:41

Companhias revelaram os resultados do terceiro trimestre deste ano, período ainda marcado pelo impacto da pandemia

DINHEIRO PARA O ACIONISTA

Cemig anuncia pagamento de R$ 120 milhões em JCP

23 de setembro de 2020 - 10:44

Empresa vai pagar valor bruto de R$ 0,0790 por ação em duas parcelas, em 2021

fatia relevante

BlackRock passa a deter 15,4% das ações preferenciais da Cemig

8 de setembro de 2020 - 20:58

Ações PN são aquelas que privilegiam os investidores com a compensação em forma de dividendos, em comparação aos acionistas ordinários

de olho nos números

Cemig registra lucro líquido de R$ 1 bilhão no 2º tri, queda de 50,6% em um ano

14 de agosto de 2020 - 21:13

A receita líquida caiu para R$ 5,93 bilhões, de R$ 7,0 bilhões no mesmo trimestre do ano anterior.

Energia elétrica

Aneel retira de pauta reajuste da Cemig e prorroga vigência de tarifas atuais

26 de maio de 2020 - 18:24

Com isso, as tarifas atuais serão prorrogadas até 30 de junho

Compre estas

BTG Pactual recomenda compra de Vale, JBS e Minerva para navegar a crise

19 de março de 2020 - 11:42

Companhias aéreas, varejistas e empresas com dívida em dólar sem proteção à variação cambial devem sofrer mais os impactos da crise, diz o BTG

por enquanto, nada feito

Cemig diz que não há decisão sobre venda de fatia da Aliança

15 de janeiro de 2020 - 8:00

A Vale estaria negociando a compra de ações da empresa; mineradora detém participação de 55% da companhia

Altas e baixas

Azul, Cemig e Petrobras: os destaques do Ibovespa nesta terça-feira

7 de janeiro de 2020 - 16:04

As ações PN da Azul aparecem entre as maiores altas do Ibovespa após a companhia reportar dados operacionais mais fortes em dezembro; Cemig e Petrobras também estão em foco nesta terça-feira

Reta final

Eletrobras, Via Varejo, JBS e mais 15 empresas divulgam balanços nesta semana. Saiba o que esperar de cada um deles

11 de novembro de 2019 - 5:57

Últimos dias de resultados financeiros prometem ser tão movimentados quanto os das semanas anteriores, com dezoito empresas soltando números

fala governador

Privatização da Cemig e outras estatais ocorrerá no momento oportuno, diz governador de MG

25 de outubro de 2019 - 17:15

Zema tratou ainda da situação fiscal do Estado, que classificou como “grave”; para ele, MG é “viável” desde que faça adesão ao regime de recuperação fiscal

Enquanto isso, em Minas Gerais

Privatização da Cemig, Copasa e Gasmig devem ficar para 2020 ou 2021

28 de agosto de 2019 - 14:49

Propostas de privatização fazem parte do plano de recuperação fiscal do Estado de Minas Gerais

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar