O governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, deveria se empenhar em aprovar uma versão mais simples da reforma da Previdência — como aquela proposta pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).
É o que dizem os economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para eles, a atitude ajudaria a destravar demais reformas.
"Será que não seria mais fácil ser menos ambicioso e votar a reforma do governo Temer e virar a página e dar prosseguimento às outras reformas", disse a coordenadora do Boletim Macro, Silvia Matos.
Ela falou durante o seminário promovido em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 12, para analisar os 100 primeiros dias do governo.
Matos mostrou-se preocupada com a busca por uma reforma muito completa, mais complexa, que sofra mais resistência e necessite de mais tempo e articulação para que seja enfim aprovada. "Enquanto isso, paira certa incerteza, prejudica investimentos e tomada de decisão", lembrou.
Para o pesquisador Bruno Ottoni, há o risco de que a prorrogação dos debates sobre o tema faça com que o projeto fique desidratado. "Houve queda da expectativa de crescimento (da atividade econômica) para esse ano, isso tem atraído muita atenção pública e tem diminuído espaço para articulação da aprovação dessa reforma", ressaltou.
O pesquisador Manoel Pires, disse que o governo Bolsonaro erra ao focar na economia perseguida de R$ 1 trilhão para os cofres públicos — que o ministro da economia Paulo Guedes defende que virá com a reforma —, em vez de abordar a necessidade de uma reformulação da previdência para manter a sustentabilidade do bem-estar da população.
"Não tenho dúvida que teria muito mais apoio popular se tivesse sido feita em outra configuração", defendeu Pires, do Ibre/FGV. Ele acredita que a sociedade esteja muito favorável à reforma, mas criticou a proposta do governo Bolsonaro para as mudanças na previdência dos militares.
*Com Estadão Conteúdo