Senado pode atrasar votação da reforma da Previdência
Prioridade dada por senadores a propostas que dão mais recursos a Estados e municípios acendeu o sinal amarelo na equipe econômica do governo
A prioridade dada por senadores a propostas que dão mais recursos a Estados e municípios acendeu o sinal amarelo na equipe econômica e entre congressistas que apoiam a reforma da Previdência.
O risco já no radar do governo e de técnicos do Congresso é que o chamado “Pacto Federativo” seja desvirtuado e usado como instrumento de fôlego de curto prazo aos governos regionais, sem contrapartidas de ajuste nas contas. Além disso, há o temor de que essa articulação resulte em atraso no cronograma da reforma da Previdência.
A avaliação na área econômica é de que os senadores estão deixando de lado medidas de ajuste e repetindo equívocos passados, engordando os cofres estaduais e municipais sem que o controle de gastos tenha sido feito. No passado, empréstimos foram usados para irrigar Estados e municípios, mas o dinheiro acabou turbinando salários que agora são parcelados devido à falta de dinheiro. Os investimentos, por outro lado, caíram.
Líder do PSD, segunda maior bancada do Senado, o senador Otto Alencar (BA) diz que ele e outros 30 senadores só votarão a reforma da Previdência caso o governo honre o compromisso de votar sete medidas que darão mais recursos aos Estados e municípios. Segundo ele, são “direitos” dos governos regionais. O ajuste, por sua vez, caberá a cada governador ou prefeito, afirma o senador.
“O pacto é importante para os Estados e municípios atravessarem esse período de crise”, afirma Alencar. “Ou libera (dinheiro para Estados), ou União também não faz nada aqui no Senado”, acrescentou.
O líder do PSD comunicou a posição ao relator da reforma, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), em reunião na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Recebeu apoio de outros senadores, como Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Katia Abreu (PDT-TO).
Leia Também
Simone Tebet quer diminuir benefícios tributários de empresas — e recorreu ao mercado financeiro em busca de aliados contra o Congresso
Revisão da vida toda: Como o STF desarmou uma bomba orçamentária deixada no colo do governo
Ajuste
A reforma da Previdência seria uma medida importante de ajuste para os Estados e municípios, cujo principal problema é o gasto com pessoal ativo e inativo. Mas até o momento eles continuam fora do alcance da proposta porque a Câmara dos Deputados os excluiu sob a justificativa de que os governadores não trabalharam pelos votos, jogando o ônus político apenas sobre o Congresso. Esse tema ainda pode voltar numa proposta paralela à reforma, mas dependeria do aval da Câmara, ainda resistente à inclusão de servidores estaduais e municipais.
Por trás da decisão do Senado de avançar com o pacto está a tentativa de assumir protagonismo político, após a Câmara e seu presidente, Rodrigo Maia terem ficado sob holofotes durante a tramitação da reforma da Previdência. Senadores dizem que não querem ser apenas “carimbadores” da Câmara. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), é um dos patrocinadores da agenda do Pacto Federativo.
A orientação no governo tem sido a de deixar que o Senado leve adiante a sua agenda. Mas técnicos veem com reserva os pontos elencados pelos congressistas como integrantes do pacto.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, já sinalizou diversas vezes que apoia um novo “Pacto Federativo”, com uma ideia de desvincular e desindexar recursos do Orçamento, o que significaria mais dinheiro “na ponta”, isto é, para Estados e municípios investirem nos serviços prestados aos cidadãos.
Rol
Mas a agenda do pacto elencada pelos senadores inclui outro rol de medidas, como um repasse de R$ 4 bilhões ainda este ano por meio do Fundo de Apoio às Exportações (FEX), que na prática é uma espécie de compensação à Lei Kandir, que desonera exportações do ICMS.
Há também propostas de adiamento do prazo para quitar os precatórios (valores devidos após condenação definitiva na Justiça) de 2024 para 2028. Como mostrou o Estadão/Broadcast, só a dívida de Estados e municípios com precatórios soma R$ 113,5 bilhões.
A lista ainda inclui a aprovação de propostas que abrem caminho para a divisão do bônus do megaleilão de petróleo do pré-sal e também do Fundo Social, abastecido com royalties, participações especiais e recursos da comercialização do petróleo que é da União.
A prioridade dada pelo Senado a essa ajuda também guarda relação com as eleições municipais, que ocorrem no ano que vem. “Ninguém discorda desses itens, porque vão ajudar os 27 Estados do Brasil. E nós não teremos 2020 se não resolvermos em 2019 esses problemas. Em 2020, nós teremos eleições municipais. Com que cara e situação nós iremos para os palanques pedir a confiança do povo, pedir o voto popular sem termos dado conta de coisas tão pacificadas, sem resolver de fato aquilo que é essencial?”, questionou a senadora Katia Abreu na audiência desta quarta-feira, 14.
Ajustes no calendário
Os impasses entre senadores também alimentam o risco de que o cronograma de votações estabelecido pelos líderes da Casa nesta semana seja prejudicado.
A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Simone Tebet (MDB-MS), garantiu no entanto que os prazos de tramitação da reforma no colegiado serão mantidos. Ela adiantou que o relator da proposta, Tasso Jereissati (PSDB-CE), vai entregar uma versão inicial do parecer no dia 23 de agosto.
A leitura do relatório na comissão está prevista para o próximo dia 28 e a votação do parecer na comissão, dia 4 de setembro.
A senadora afirmou que há um acordo sobre o calendário e que não haverá empecilhos para a tramitação, nem mesmo uma eventual tentativa de obstrução por parte da oposição.
"Pauta importante tem data", disse Simone a jornalistas no período da tarde desta quinta-feira, 15.
Na semana que vem, de terça a quinta-feira, a CCJ fará uma série de audiências públicas. A primeira será na terça, 20, com o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho. Ele virá em outro debate na quinta-feira, 22.
Na segunda, a CCJ foi reservada para uma audiência sobre reforma tributária. O relator da proposta no Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA), cobrou andamento do tema no colegiado paralelamente à reforma da Previdência.
*Com Estadão Conteúdo e jornal O Estado de S. Paulo.
“Valores conservadores são o tema das eleições. Não é economia. Não são valores liberais. Conservadores tomaram tudo”, diz Paulo Guedes
Ex-ministro da Economia acredita que o mundo vive um novo momento de desordem em que os conservadores estão à frente das mudanças
Lula confirma que irá disputar as eleições em 2026: “vou completar 80 anos, mas tenho a mesma energia de quando tinha 30”
Em visita à Indonésia, Lula confirmou que pretende disputar um quarto mandato; pesquisas mostram o petista na liderança das intenções de voto
Brasileiros não apoiam exploração de petróleo na Foz do Amazonas, diz pesquisa — e afirmam que Lula deve proibir perfuração
Levantamento feito pelo Datafolha pressiona governo por definição clara antes da COP30, enquanto Petrobras aguarda liberação do Ibama
Barroso anuncia aposentadoria e vai deixar cargo de ministro do STF
Com a decisão, Barroso encerrará um ciclo de 12 anos no STF
Eleições 2026: Lula mantém liderança em todos os cenários de 2º turno, e 76% querem que Bolsonaro apoie outro candidato, diz pesquisa
Levantamento Genial/Quaest indica resistência à nova candidatura do presidente, enquanto eleitorado bolsonarista se divide sobre o futuro político do ex-presidente
Derrota para o governo: Câmara arquiva MP 1.303 e livra investimentos de aumento de imposto de renda — bets também saem ilesas
Deputados retiraram a votação do texto da pauta e, com isso, a medida provisória perde a validade nesta quarta-feira (8)
Pesquisa Genial/Quaest mostra popularidade de Lula no maior patamar do ano após crise com EUA
Aprovação sobe a 48%, impulsionada por percepção positiva da postura do governo diante de tarifas impostas por Trump
Imposto de renda sobre CDB, Tesouro Direto, JCP e fundos ficará em 18% após avaliação por comissão do Congresso Nacional
Medida provisória 1.303/25 é aprovada por comissão mista do Congresso e agora segue para ser votada nos plenários da Câmara e do Senado
Lula e Trump finalmente se falam: troca de afagos, pedidos e a promessa de um encontro; entenda o que está em jogo
Telefonema de 30 minutos nesta segunda-feira (6) é o primeiro contato direto entre os líderes depois do tarifaço e aumenta expectativa sobre negociações
Lula e Trump: a “química excelente” que pode mudar a relação entre o Brasil e os EUA
Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec, analisa os efeitos políticos e econômicos de um possível encontro entre os dois presidentes
Com Tarcísio de Freitas cotado para a corrida presidencial, uma outra figura surge na disputa pelo governo de SP
Cenário nacional dificulta a nomeação de candidatos para as eleições de 2026, com impasse de Bolsonaro ainda no radar
Comissão do Senado se antecipa e aprova projeto de isenção de IR até R$ 5 mil; texto agora depende dos deputados
Proposta de isenção de IR aprovada não é a do governo Lula, mas também cria imposto mínimo para altas rendas, programa de renegociação de dívidas e prevê compensação a estados e municípios
Senado vota regulamentação dos novos impostos sobre consumo, IBS e CBS, nesta quarta-feira (24)
Proposta define regras para o novo comitê gestor do IBS e da CBS, tributos que vão substituir impostos atuais a partir de 2027
O que Lula vai dizer na ONU? Soberania e um recado sutil a Trump estão no radar
A expectativa é que o discurso seja calibrado para o público global, evitando foco excessivo em disputas políticas internas
Câncer de Bolsonaro: o que é o carcinoma de pele encontrado em duas lesões removidas
Ex-presidente recebeu alta após internação por queda de pressão, vômitos e tontura; quadro exige acompanhamento médico periódico
LCI e LCA correm o risco de terem rendimentos tributados, mas debêntures incentivadas sairão ilesas após negociações no Congresso
Relator da MP que muda a tributação dos investimentos diz que ainda está em fase de negociação com líderes partidários
“Careca do INSS”: quem é o empresário preso pela PF por esquema que desviou bilhões
Empresário é apontado como “epicentro” de fraudes que desviaram bilhões de aposentadorias
STF condena Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão; saiba quais opções restam ao ex-presidente
Placar final foi 4 a 1 para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado
Aprovação de Lula sobe para 33% e chega ao maior nível desde dezembro de 2024, diz Datafolha
O índice de reprovação do petista ainda é um dos maiores entre presidentes desde a redemocratização a esta altura do mandato, mas, na comparação direta, Bolsonaro sai perdendo
Debêntures incentivadas devem continuar isentas de IR, mas LCI e LCA seguem na mira da MP que muda a tributação dos investimentos, diz jornal
Texto deve manter mudanças na alíquota única de IR para ativos tributáveis e na compensação de créditos tributários, pontos que despertam preocupação no mercado