A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu suas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deste e do próximo ano.
Para a entidade, em relatório divulgado nesta terça-feira, 21, a expansão da atividade brasileira em 2019 será de 1,4%, no lugar da de 1,9% prevista em março. No caso de 2020, a previsão baixou de 2,4% para 2,3%.
Segundo a OCDE, uma recuperação gradual deve continuar no Brasil. "A inflação baixa e a melhora dos mercados de trabalho fornecem apoio ao consumo privado e implementação bem-sucedida das reformas, particularmente a reforma da Previdência, ajudaria a reduzir a incerteza e a aumentar o investimento."
A divulgação do relatório acontece em meio ao Fórum Anual da OCDE, que tem sede em Paris. Nos dias seguintes, haverá o encontro do conselho da instituição, quando temas ligados ao seu futuro são debatidos.
O Brasil é um dos seis candidatos a aguardar a abertura do processo de acessão à entidade, ao lado de Peru, Bulgária, Croácia e de Argentina e Romênia, considerados os primeiros da lista.
Mas o processo tem um impasse. Estados Unidos, de um lado, deixaram claro que não desejam ampliar o número de membros da Organização. Mas Washington já declarou apoio aos governos argentino e brasileiro, que ainda não foi concretizado no organismo multilateral.
De outro lado, a Europa, que não é contrária à ampliação da OCDE, apenas aceita a entrada de membros de fora do continente com a garantia de que ela seria acompanhada do ingresso de um membro da região.
Política monetária, crédito e competitividade
Para a OCDE, o Banco Central do Brasil não deve aumentar os juros antes do ano que vem. "Com a inflação projetada para abaixo da meta em 2019 e 2020, o aperto monetário agora parece improvável antes de 2020 e as condições financeiras devem permanecer favoráveis."
A instituição salientou que o crédito tem crescido para as famílias, mas continua a diminuir para o setor corporativo. Para a organização, os atuais planos de reforma para fortalecer a competição no setor financeiro são um "passo promissor" para reduzir os custos dos empréstimos.
Para a instituição, o crescimento da produtividade será o principal motor de crescimento a longo prazo. O documento divulgado pela entidade aponta que fortalecimento exigirá também mais competição em muitos setores para permitir que mão-de-obra e capital passem para atividades com forte potencial.
"Uma integração mais próxima à economia global aumentaria a eficiência ao expor mais empresas à concorrência estrangeira e melhorar o acesso a bens intermediários e de capital de menor custo", diz a OCDE.
A melhora da eficiência por meio da redução das barreiras internas à entrada e pela implementação de políticas para reduzir custos seria ainda um fator de contribuição, como a flexibilização fiscal ou a melhoria da execução de contratos.
* Com Estadão Conteúdo