Ministério da Economia ataca tabelamento do frete e chama grevistas de “conspiradores”
Segundo o documento, os caminhoneiros, “ao abusarem do direito de greve, conspiraram, de forma anticompetitiva, para coagir autoridades públicas”

Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (24), a Secretaria de Promoção da Produtividade e Advocacia da Concorrência do Ministério da Economia atacou duas medidas tomadas pelo governo de Michel Temer para enfrentar a greve dos caminhoneiros no ano passado, entre elas o tabelamento do frete.
O documento também chama os grevistas de "conspiradores" que abusaram do direito de "greve" para coagir autoridades públicas.
O documento do Ministério da Economia rechaça a edição das medidas provisórias 831 e 832 de 2018, que foram resultado de um acordo firmado pelo Palácio do Planalto com caminhoneiros para pôr fim à greve que tomou conta do País em maio do ano passado.
A primeira medida reservou 30% do frete contratado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para cooperativas de transporte autônomo, sindicatos e associações de autônomos - o texto previa a contratação dos transportadores sem licitação.
A segunda medida provisória contestada no documento foi a que permitiu à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) fixar um valor mínimo para o frete no transporte rodoviário de cargas.
O texto do Ministério da Economia sustenta que as duas medidas tomadas pelo governo Temer não tiveram "natureza pública, e sim privada, em razão de materializar a vontade dos conspiradores".
"A situação de calamidade por que passou o País naqueles dias colocou as autoridades públicas sem alternativa senão atender às demandas do movimento grevista, ainda que em detrimento do bem-estar social", diz o documento, que alega que as duas medidas "retratam, de forma fidedigna, a coação por que passaram as autoridades do Poder Executivo".
A manifestação do Ministério da Economia é assinada por Roberto Domingos Taufick (assessor do secretário de promoção da produtividade e advocacia da concorrência) e Ângelo José Mont'Alverne Duarte (subsecretário de promoção da produtividade e advocacia da concorrência).
O documento foi anexado aos autos de uma ação da Associação do Transporte Rodoviário de Cargas do Brasil (ATR Brasil) que questiona no Supremo Tribunal Federal a política do preço mínimo do frete.
Conspiradores
Segundo o documento, os caminhoneiros, "ao abusarem do direito de greve, conspiraram, de forma anticompetitiva, para coagir autoridades públicas à edição de legislação que lhes garanta benefícios econômicos, em detrimento do bem-estar social - legislação essa, fruto da coação, que, ao fixar preços, reservar mercados e determinar a participação dos aqui citados no processo de determinação do preço (artigo 6 da Lei 13.703, de 2018) também institucionaliza um cartel".
Ao finalizar o documento, o subsecretário e o assessor da Secretaria de Promoção da Produtividade e Advocacia da Concorrência do Ministério da Economia afirmam esperar "contribuir com o esforço de apuração" das condutas dos caminhoneiros, "tanto para a imposição de sanção administrativa, quanto para a imposição de penalidade criminal".
Nova paralisação à vista? Caminhoneiros insatisfeitos com a alta do diesel ameaçam parar
O preço do combustível nos postos já acumula alta de 96% no governo Bolsonaro.
Caminhoneiros levantam pontos de interdição em rodovias federais
Apesar de os bloqueios terem sido removidos, pontos de concentração persistem em estradas de 13 Estados
Atualização: Caminhoneiros mantêm paralisação em rodovias de 14 Estados e interdição em 5
Segundo a pasta há impedimento nos estados da Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina
Em áudio, Bolsonaro pede a caminhoneiros que liberem estradas
Ministério da Infraestrutura registrava bloqueios em rodovias federais de 15 Estados no último boletim
“Gostaria de zerar o imposto federal do diesel a partir do ano que vem”; afirma Bolsonaro
O presidente também voltou a responsabilizar governos estaduais pelo elevado valor dos combustíveis, que segundo ele, se deve à cobrança do ICMS aos preços dos fretes e às margens de lucro dos postos
Caminhoneiros avaliam eventual paralisação a partir do próximo domingo
Há um descontentamento de parte da categoria com promessas não cumpridas pelo governo Jair Bolsonaro e com as altas recentes do preço do óleo diesel
Líder dos caminhoneiros diz que Petrobras se abriu ao diálogo e fará nova reunião
Categoria mantém indicação de greve para o dia 25 de julho, mas presidente da estatal deixou a porta aberta para a realização de novas reuniões
Bolsonaro se irrita com questão de frete e termina conversa na saída do Alvorada
Antes, ao ser cobrado quais as propostas para atender a categoria, Bolsonaro repetiu que o “maior problema de vocês (caminhoneiros)” é o preço dos combustíveis e os tributos
Em meio a debates sobre alta do diesel, ANTT aumenta o frete em até 8,58%
Pela legislação, a ANTT tem de reajustar os valores do frete a cada seis meses ou quando a variação do preço do diesel for igual ou superior a 10%
Petrobras anuncia novos reajustes para gasolina, diesel e gás de cozinha
Decisão ocorre enquanto governo federal e estadual buscam o culpado pela alta dos preços dos combustíveis no país
Leia Também
-
Dilma Rousseff elegível? STF mantém direitos políticos da ex-presidente após impeachment
-
Empresas e entregadores não chegam a acordo e chances de paralisação de aplicativos de entrega para próxima semana aumenta
-
STF forma maioria e juízes poderão atuar em casos defendidos por parentes; entenda o que está em jogo
Mais lidas
-
1
Uma aposta leva sozinha o prêmio de R$ 40 milhões da Mega-Sena — saiba de onde é o ganhador; Lotofácil e Quina acumulam
-
2
Este fundo imobiliário será liquidado em breve, mas antes fará um pagamento de R$ 31 por cota para os investidores
-
3
CDB de 120% do CDI ou LCI de 95% do CDI? Aprenda a comparar os títulos de renda fixa para saber qual rende mais