Dois presidentes serão eleitos em Brasília em fevereiro e poderão acelerar (ou travar) a votação das reformas
Eleições para as presidências da Câmara e Senado marcam primeiro embate político do ano, mas favoritos têm acenado apoio à agenda de reformas

O Congresso define, no começo de fevereiro, as presidências de suas duas Casas e os contornos desse processo eleitoral se mostram favoráveis ao andamento da agenda de reformas proposta pelo governo Jair Bolsonaro, já que a oposição não parece ter chance.
A eleição das presidências da Câmara e Senado parece assunto de menor importância, mas os donos das cadeiras centrais dos plenários têm muito poder. O principal deles é definir a pauta de votações algo que pode ser utilizado para ajudar ou atrapalhar o governo de plantão.
Presidentes habilidosos conseguem “tirar o pulso” do plenário e, assim, saber qual o melhor momento para votar uma matéria ou articular sua retirada, evitando derrotas do governo ou, propositadamente, impondo esse desgaste ao Executivo.
Os presidentes também influem na escolha das presidências das comissões permanentes, por onde os projetos passam antes de ir para votação. Na Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) é uma das mais cobiçadas e deve ficar com os governistas. No Senado, a CCJ e também a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) são tidas como as mais relevantes. A CAE é a responsável por sabatinar, entre outros, os indicados para o comando e diretorias do Banco Central (BC).
Para um governo com ambiciosa agenda de reformas, um bom relacionamento com os chefes da Câmara e Senado é ponto favorável. Ainda mais quando a grande dúvida de parte do mercado é se o governo Bolsonaro vai conseguir angariar os votos necessários nas duas Casas para votar uma reforma da Previdência, ajustes no sistema tributário, privatizações e outras inúmeras medidas de ajuste microeconômico, como a autonomia do Banco Central.
A construção de maiorias se dará por uma nova fórmula política ainda não testada na prática, já que Bolsonaro se elegeu e montou seu governo sem dar satisfação aos partidos tradicionais, acenando o fim do “toma lá, dá cá”, que nas últimas gestões ultrapassou a barreira de cargos e virou compra de apoio e corrupção.
Leia Também
A Casa do Povo

Começando pela Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) é favorito à reeleição e já conta com apoio de 13 partidos, incluindo legendas que se colocam como oposição, como o PDT de Ciro Gomes e o PC do B, de Manuela D'Ávila.
Conversei com o cientista político e vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha, sobre o assunto e ele nos conta que a candidatura de Maia ficou muito favorável depois que o PSL, partido de Bolsonaro e segunda maior bancada com 52 deputados, fechou apoio a seu nome, o que dificultou candidaturas alternativas do “centrão” e da oposição.
“A esquerda está bem dividida. E acho que existe probabilidade muito boa de o Maia ser reeleito. Esse entendimento com o PSL ajudou bastante. Deixa o Maia com a mão na taça, praticamente”, diz Noronha.
Segundo Noronha, Maia tem experiência e é abertamente favorável à reforma da Previdência o que é um bom indicativo para a agenda de reformas como um todo. O mercado também entende assim, pois reagiu de forma favorável à decisão do PSL sobre o tema.
Maia também já articulou, ainda no governo Temer, um projeto de autonomia do Banco Central e colocou em votação outras medidas microeconômicas como o cadastro positivo. Ele tentou levar adiante uma agenda de propostas econômicas depois que a reforma da Previdência saiu de pauta no governo passado. De início ocorreram atritos com Temer, que também tinha uma agenda parecida, mas depois os dois se acertaram e votações ocorreram.
Cada macaco no seu galho
Bolsonaro se mantém distante do processo, ao menos oficialmente, e se preserva de eventuais desgastes. Gesto comum em Brasília é falar que o “plenário é soberano” e mesma postura está sendo adotada com relação ao Senado, que veremos a seguir.
Maia também sabe da importância disso e já disse, no “Twitter”, que a presidência da Câmara não é de governo nem de oposição. Reforçou a importância da representatividade e avocou a legitimidade da Câmara para debater grandes temas que mobilizam a sociedade.
A presidência da Câmara não é de governo nem de oposição. Quanto mais representativo o comando da Casa, mais indepentente e altivo o Legislativo.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) January 14, 2019
Os demais nomes aventados como candidatos são Arthur Lira (PP-AL), que articula um bloco de oposição com o MDB, também do PP há o ex-ministro da Saúde Ricardo Barros, do MDB aparece Fábio Ramalho ou “Fabinho Pururuca” em função da permanente oferta e iguarias mineiras em seu gabinete. Também do MDB há Aleceu Moreira. A ideia do PP e MDB é dispersar votos para desgastar Maia e haver um segundo turno.
Também fazem parte da disputa João Henrique Caldas, do PSB de Alagoas, atual terceiro secretário da mesa, Capitão Augusto (PR-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP), que não teria idade suficiente para ocupar a linha sucessória, pois se exige 35 anos para ser presidente da República, e Marcelo Freixo (Psol-RJ).
Essa eventual dispersão de votos pode levar a disputa a um segundo turno, mas ainda não seria possível dizer contra quem Maia disputaria. Os menos prováveis de chegar lá são Kim e Freixo.
Pelo regimento da Câmara é necessária maioria absoluta de 257 votos, metade mais um dos parlamentares, para definição do presidente. O voto secreto, bastante criticado, também é um fator importante nas disputas. Mas sua razão de existir, mesmo distorcida pelo o "uso", faz sentido, pois evita que parlamentares sejam pressionados ou escanteados pelo governo ou pelo vencedor da disputada no decorrer do mandato de dois anos.
A Casa Revisora

Já no “tapete azul” a disputa mostra uma indefinição, mas Noronha acredita que Renan Calheiros (MDB-AL) é o nome mais forte, ainda mais depois que caiu a liminar que determinava voto aberto na "casa revisora". O presidente do Senado é também o presidente do Congresso Nacional.
Noronha nos lembra que no Senado o princípio de que o maior partido deve indicar o presidente é mais rígido e que mesmo perdendo cadeiras na última eleição, o MDB segue com a maior bancada, com 12 senadores.
Dentro do próprio MDB há outra alternativa, como Simone Tebet (MDB-MS), mas o favoritismo de Renan predomina. Contagem extraoficial mostra que o senador teria 38 votos.
Ainda de acordo com Noronha, o regimento do Senado não é tão explícito quanto o da Câmara com relação às regras de eleição. O texto fala em maioria dos votos dentro da maioria absoluta dos presentes. Certamente será levantada uma questão de ordem no dia da votação para se acertar a interpretação. Se for por maioria simples dos presentes, o quadro favorece Renan.
Noronha lembra que existem campanhas nas redes sociais contra Renan, que têm um punhado de ações tramitando na Justiça, e abaixo assinado por votações abertas. Além disso, Major Olímpio, que é do partido do presidente, se opõe à candidatura de Renan, o que reforça a estratégia de neutralidade de Bolsonaro com relação às eleições.
“Mantido o voto secreto e maioria simples, Renan se coloca como favorito. É preciso observar que o MDB deve continuar controlando o Senado”, diz Noronha.
Também estão cotados para a disputa o veterano Tasso Jereissati (PSDB-CE), Espiridião Amin (PP-SC), Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Alvaro Dias (Pode-PR). Jereissati pode desistir antes da votação e os demais teriam chance de apoiar algum bloco contra o favorito.
Pragmático, Renan também já declarou apoio à reforma da Previdência e disse que não se nega a conversar com o governo.
O ministro Paulo Guedes tem razão: o controle e a transparência do gasto público têm que haver sempre.
Eis a nossa convergência.— Renan Calheiros (@renancalheiros) January 15, 2019
O senador, no entanto, tem histórico de demostrar a “independência da Casa”, e já devolveu medida provisória, em 2015, alegando que o texto, que previa reoneração da folha de pagamento, era inconstitucional e não atendia ao requisito de “urgência”, necessário às MPs.
Outro parâmetro a ser observado sobre a atuação do futuro presidente do Senado é quão expressivas serão as votações que vierem da Câmara. “As matérias podem chegar no Senado com peso bastante alto”, explica Noronha. Algo que reduz a margem para modificações ou imposição de dificuldades pelo presidente do Senado.
Lula vs. Bolsonaro: no ‘vale tudo’ das redes sociais, quem está vencendo? Descubra qual dos candidatos domina a batalha e como isso pode influenciar o resultado das eleições
A corrida eleitoral começou e a batalha por votos nas redes sociais está à solta; veja quem está ganhando
‘Bolsonaro não dormiu ontem’: Lula comemora liderança nas pesquisas e atribui assassinato de petista a presidente ‘genocida’
O candidato do PT afirmou que o presidente não consegue convencer a população mesmo com gastos eleitoreiros altos
Bolsonaro é o candidato com maior número de processos no TSE — veja as principais acusações contra o presidente
Levantamento mostra que o candidato à reeleição é alvo de quase 25% das ações em tramitação na Corte até o início de setembro
7 de setembro ajudou? A distância entre Lula e Bolsonaro é a menor desde maio de 2021, segundo pesquisa Datafolha
Levantamento foi feito após as manifestações do Dia da Independência, feriado usado pelo atual presidente para atos de campanha, algo que nunca tinha acontecido na história recente do Brasil
Um novo significado de ‘imbrochável’: Jair Bolsonaro explica coro em discurso de 7 de setembro
Em transmissão nas redes sociais, Jair Bolsonaro explicou que o coro seria uma alusão ao fato de resistir a supostos ataques diários contra seu governo
Bolsonaro faz discurso de campanha em evento do Bicentenário da Independência e, sem citar Lula, diz que Brasil terá “luta do bem contra o mal”
Ao lado do empresário Luciano Hang, o “Véio da Havan”, e da primeira-dama, Michelle, o presidente Bolsonaro dirigiu-se aos seus apoiadores
Lula para de subir e Bolsonaro oscila para cima na nova pesquisa Quaest
Num eventual segundo turno, Lula continua em vantagem em relação a Bolsonaro, mas estagnou em 51% nas últimas quatro pesquisas
Apenas um candidato à Presidência tem motivos para comemorar a última pesquisa BTG/FSB
Simone Tebet (MDB) foi a única a crescer nas intenções de voto em primeiro turno e venceria Bolsonaro em um eventual segundo turno
Eleições 2022: confira como foi o domingo dos presidenciáveis e as declarações polêmicas
Lula esteve em São Bernardo do Campo, Ciro Gomes participou de caminha em Alfenas e Simone Tebet esteve em Aparecida. Bolsonaro não divulgou a agenda do dia, mas esteve em solenidade em Brasília
Agenda cheia: confira como foi o sábado de Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Tebet — e as declarações polêmicas
Lula e Bolsonaro mantiveram encontros com mulheres — um no Nordeste e outro no Sul do país — enquanto Ciro Gomes participou de caminhadas e Simone Tebet se preparava para evento em São Paulo
Pesquisa Ipespe: Lula é o único candidato que avança — petista segue líder com 44% das intenções de voto; confira os números
O presidente Jair Bolsonaro (PL), o pedetista Ciro Gomes e a senadora Simone Tebet (MDB) permaneceram estacionados em relação ao último levantamento, feito no dia 31 de agosto
Debate influenciou? Pesquisa Datafolha mostra que distância entre Lula e Bolsonaro diminuiu após confronto na TV
Esse é o primeiro Datafolha divulgado após a sabatina do Jornal Nacional e o debate realizado pela Band no domingo (28). Entre os mais beneficiados estão os candidatos que não aparecem sem primeiro ou segundo lugar nas intenções de voto
Bolsonaro diz que governo pode taxar lucros e dividendos para garantir Auxílio Brasil de R$ 600 em 2023
Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, divulgada na quarta-feira (31) prevê valor médio mensal de R$ 405 para o benefício, apesar da promessa do presidente que tenta a reeleição de manutenção do valor reajustado
Bolsonaro deve reforçar vitrine da economia após o PIB, mas Lula tem dois trunfos na manga
Bolsonaro ganha uma carta importante na disputa pela reeleição com PIB acima do esperado no segundo trimestre, mas Lula também tem o que mostrar na economia
E agora, Bolsonaro? Orçamento prevê Auxílio Brasil de R$ 405 e tabela do IR congelada em 2023 — confira detalhes da proposta
Na semana da divulgação do projeto do governo, Lula aproveitou para anunciar um adicional de R$ 150 para cada criança de até seis anos, além da manutenção dos R$ 600 do Auxílio Brasil
Lula e Bolsonaro irão se enfrentar novamente? Depois do desempenho ruim do primeiro ‘duelo’, fugir dos debates pode ser uma boa estratégia para os candidatos; entenda
O debate foi um verdadeiro fiasco para os dois protagonistas da corrida eleitoral, Lula e Bolsonaro; descubra qual dois dois foi o pior e se haverá outro ‘duelo’
Lula mantém ampla vantagem sobre Bolsonaro na Ipec e continua vislumbrando vitória em primeiro turno
Pesquisa do antigo Ibope mostra a intenção de voto em Lula supera a soma da preferências por todos os demais candidatos
Bolsonaro provoca no debate e Chile chama embaixador de volta — entenda por que a relação entre os dois países estremeceu
No debate de domingo (28) na Band, o presidente brasileiro voltou a criticar o apoio do PT a governos de esquerda, como Argentina, Colômbia e Chile; as declarações pegaram mal no país vizinho
Por que fugir dos próximos debates pode ser uma boa estratégia para Lula e Bolsonaro
Campanhas de Lula e Bolsonaro vão avaliar participação em futuros debates e entrevistas na base do ‘caso a caso’
Estaria Ciro tirando votos de Lula? Vantagem do petista sobre Bolsonaro diminui de 9 para 7 pontos na BTG/FSB
Apesar de Lula ter caído dentro da margem de erro, Bolsonaro permaneceu estável na rodada mais recente da pesquisa