IPO da Centauro testa demanda dos investidores pelas ofertas de ações na bolsa
Varejista de produtos esportivos faz primeira abertura de capital do ano. Número de ofertas, incluindo as de empresas já listadas na bolsa, pode chegar a 40 em 2019. Isso com a reforma da Previdência aprovada, é claro
					Depois de um começo de ano morno, para dizer o mínimo, as ofertas de ações prometem esquentar a bolsa nos próximos meses. O primeiro grande teste para o mercado acontece hoje com a definição do preço por ação no IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) da varejista de produtos esportivos Centauro.
Se tudo der certo - o que significa reforma da Previdência aprovada e um cenário externo favorável -, podemos chegar ao fim do ano com até 40 emissões. O número inclui emissões de ações de empresas novas (IPO) e de companhias já listadas, operação conhecida como “follow on”.
Eu já escrevi que o processo de abertura de capital na bolsa é parecido com um casamento de uma companhia em busca de recursos com investidores no mercado. E as ações funcionam como uma espécie de “aliança”.
Como em todo casamento, nem todos têm finais felizes. Afinal, trata-se de um investimento de risco, em um nível até maior do que a “simples” compra de ações de empresas já listadas na bolsa.
Mas nos casos em que a união dá certo, a rentabilidade costuma mais que compensar. Para ficar em um exemplo recente de aberturas de capital bem sucedida, temos o Banco Inter, cujas ações triplicaram de valor em apenas um ano.
Nesta matéria eu dou algumas dicas sobre o que você deve olhar antes de investir em um IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações). Mas antes trago um pouco da expectativa de bancos e grandes investidores para esse mercado.
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Vai engrenar?
Neste ano até a semana passada haviam ocorrido apenas quatro ofertas na bolsa brasileira, todas com ações já listadas: a locadora de veículos Localiza, a resseguradora IRB, da rede de fast food Burger King e a geradora de energia Eneva. Juntas, as operações somaram R$ 6,2 bilhões.
A primeira empresa a efetivamente testar o altar da B3 neste ano é a SBF, dona da Centauro, em uma oferta de até R$ 908 milhões. A definição do preço por ação no IPO da empresa acontece hoje, mas na semana passada já havia demanda para garantir a empresa na bolsa, segundo informações de mercado.
Quem também está na fila e prepara o lançamento as suas ações até o fim deste mês é a Vamos, companhia de locação de caminhões, máquinas e equipamentos do grupo JSL, que pode levantar até R$ 1,276 bilhão.
Se os dois primeiros IPOs do ano saírem do papel, o número de ofertas realizadas já empata com o de 2018, quando houve três aberturas de capital e três “follow ons”.
Privatizações na bolsa
O ambicioso plano de privatizações e vendas de participações em empresas estatais do governo Bolsonaro deve impulsionar a nova safra de ofertas de ações na bolsa, me disse Bruno Boetger, diretor executivo do Bradesco BBI.
O Bradesco fez um levantamento com base na lista de empresas e participações que o governo pretende colocar à venda e concluiu que as privatizações podem render até R$ 500 bilhões aos cofres públicos.
“Podemos ter o melhor ano da década para os IPOs”, disse Boetger, que espera um total de 30 a 40 ofertas neste ano.
Apenas nos próximos dois anos, o governo pode levantar R$ 221 bilhões. Desse total, R$ 57 bilhões devem acontecer com a abertura de capital das estatais na bolsa.
Outros R$ 101 bilhões virão com a venda de ações de empresas já listadas, como as participações que os bancos públicos detém na Petrobras. Só o BNDES possui mais de R$ 45 bilhões em ações da petroleira.
Mas foi a Caixa Econômica Federal quem deu o pontapé inicial com a venda das ações que o banco detinha no IRB na oferta realizada em fevereiro.
A resseguradora, aliás, é outro bom exemplo de que como as privatizações podem ser um bom negócio para quem investe. Desde o IPO, em julho de 2017, as ações do IRB acumulam uma valorização de mais de 280% na B3.
Semestre garantido, mas e depois?
Para Roderick Greenlees, diretor do Itaú BBA, o ano para as ofertas de ações na verdade começou em outubro passado, com a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais.
Somando, então, os dois “follow ons” realizados em dezembro, da locadora de veículos Unidas e da Notredame Intermédica, temos seis operações realizadas além das duas em andamento nesse novo ciclo do mercado.
A expectativa do diretor do Itaú BBA é de que o número de ofertas fique entre 10 e 15 até julho deste ano. Ele não vê grande risco para o cumprimento dessa meta apesar dos ruídos políticos em torno da aprovação da reforma da Previdência.
“Para o segundo semestre o cenário fica mais nebuloso, mas se a reforma for aprovada devemos ter entre 20 e 30 ofertas de ações neste ano”, ele me disse, em uma entrevista por telefone.
Rumo a NY
As projeções dos bancos de investimento, que são os responsáveis por preparar as empresas e depois apresentá-las e vendê-las ao mercado, também considera as ofertas de companhias brasileiras realizadas em Nova York.
Essa tendência ganhou força no ano passado com as aberturas de capital lá fora da empresa tecnologia para a educação Arco e das maquininhas de cartão Pagseguro e Stone. Entre as candidatas a listar suas ações no exterior neste ano estão os bancos digitais Nubank e Agibank.
O fenômeno da listagem de empresas brasileiras em Nova York deve ficar restrito ao setor de tecnologia, que encontra nas bolsas internacionais uma base específica de investidores que não vêm para o Brasil, segundo o diretor do Itaú BBA. “Não haverá uma migração de empresas para fora”, diz.
Vale a pena?
O investimento em ações em processos de IPO divide os investidores profissionais. Um dos gestores com quem eu conversei para esta matéria me disse simplesmente que não entra nesse tipo de operação.
“Por não haver um histórico na bolsa e pelo fato de os donos da empresa terem muito mais informação do negócio do que eu, prefiro ficar de fora”, me disse o gestor, que pediu para não ser identificado.
De fato existem mais riscos no investimento na fase do IPO do que em ações que já são negociadas. Para cada Banco Inter ou IRB existem várias empresas cujo preço só caiu depois da abertura de capital. Isso sem falar nos de companhias que simplesmente quebraram.
Com quase US$ 600 bilhões (R$ 2,3 trilhões) sob gestão, sendo R$ 15 bilhões no Brasil, a britânica Schroders avalia todas as ofertas que vem a mercado, me disse Alexandre Moreira, responsável pela área de renda variável para América Latina da gestora.
Moreira dá algumas dicas para quem pretende investir nas ações de uma empresa durante o processo de abertura de capital com foco no médio e longo prazo.
A primeira resposta que você precisa buscar é a razão do IPO da companhia. Ou seja, porque a empresa quer captar dinheiro de investidores no mercado. Ofertas cujos recursos vão majoritariamente para o bolso dos controladores não costumam ser bem vistas, mas podem se justificar, por exemplo, nos processos de privatização planejados pelo governo.
O gestor da Schroders também recomenda uma análise da reputação do controlador e dos administradores da companhia. “Em vários casos uma simples busca no Google pode ser reveladora”, afirma.
É importante também dar uma checada o histórico de resultados da empresa, e não apenas o último ano, que pode mostrar trazer um crescimento atípico. Essas e outras informações você encontra no prospecto do IPO, onde também estão listados os principais fatores de risco da empresa e da oferta de ações.
Se o passado é relevante, mais ainda é o futuro da companhia que pretende listar suas ações na bolsa. “Analisamos se demanda pelo produto vendido pela empresa vai crescer e se o produto continuará necessário nos próximos anos”, diz Moreira.
A companhia pode passar por todos esses testes, mas mesmo assim o investimento pode não valer a pena se o preço das ações for muito alto, segundo o gestor. Uma forma de saber o valor relativo é comparar a empresa com outras do mesmo setor já listadas na bolsa.
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