O Ibovespa teve mais uma semana positiva e já acumula ganhos de mais de 6% em dezembro
O Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira em leve queda de 0,01%, sustentando-se acima dos 115 mil pontos.O dólar à vista teve um dia de maior pressão e subiu 0,80%
O Ibovespa não cravou um novo recorde de fechamento nesta sexta-feira (20), interrompendo a sequência vista nas últimas três sessões. Foi por pouco: o índice terminou o pregão de hoje em leve baixa de 0,01%, aos 115.121,08 pontos.
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Alguns até podem se mostrar decepcionados com o freio na busca incansável do Ibovespa pelas máximas. Mas a verdade é que não dá para reclamar dos retornos da bolsa brasileira: somente nesta semana, o índice acumulou ganhos de 2,27%; em dezembro, a alta já chega a 6,36%.
Para entender os fundamentos desse bull market, é preciso olhar para o mercado acionário como um filme, e não como uma fotografia. No dia a dia, fatores pontuais podem dar um viés de otimismo ou pessimismo às sessões. Mas o enredo como um todo é bastante favorável à bolsa.
Nos últimos dias, eu já escrevi diversas vezes que o mês de dezembro trouxe consigo uma enorme queda na aversão ao risco por parte dos investidores — alguns poderiam chamar esse movimento de um "milagre de Natal".
Afinal, tudo ocorreu em sincronia: no Brasil, a economia deu sinais de recuperação; no Reino Unido, a novela do Brexit parece próxima de seus capítulos finais; e, nos Estados Unidos, os governos americano e chinês apertaram as mãos e fecharam a primeira fase do tão aguardado acordo comercial.
Com um pano de fundo como esses, é difícil encontrar algum motivo para ficar pessimista. Assim, nada mais natural que esse salto no mercado acionário.
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Lá fora, a situação das bolsas é semelhante à do Ibovespa: nesta sexta-feira (20), o Dow Jones subiu 0,28%, o S&P 500 avançou 0,49% e o Nasdaq teve ganho de 0,42% — os três índices atingiram novos recordes de fechamento.
O mercado de câmbio também passa por dias tranquilos: o dólar à vista até sofreu com alguma pressão hoje, encerrando em alta de 0,80%, a R$ 4,0947 — nada que apagasse o alívio visto no restante da semana, já que, desde segunda-feira, a moeda americana acumulou baixa de 0,31%.
Esse tom mais cauteloso visto nos mercados domésticos se deve ao noticiário local, especialmente à pressão no front inflacionário — por mais que a queda de 0,01% do Ibovespa seja irrisória, ela contrasta com o tom positivo visto nas bolsas de Nova York.
E, no exterior, sinais de solidez da economia dos EUA contribuíram para dar ânimo ao dólar em escala global, facilitando o movimento de correção no mercado de câmbio brasileiro.
Preços em alta
Em destaque nesta sexta-feira, apareceu a alta de 1,05% na inflação medida pelo IPCA-15 em dezembro — no mês passado, o indicador subiu 0,14%. Trata-se da maior elevação mensal desde junho de 2018.
Assim como já tinha sido verificado no IPCA de novembro, o setor de alimentos e bebidas foi o grande responsável pela aceleração na inflação, especialmente por causa da disparada nos preços das carnes — o valor das proteínas animais saltou 17,7% em dezembro.
Com a inflação ganhando força, diminuem as apostas num possível corte da Selic no início de 2020: o Banco Central (BC) até deixou a porta aberta para mais uma baixa de 0,25 ponto na taxa básica de juros no ano que vem, mas que estaria atento aos dados econômicos, sobretudo o comportamento dos preços.
Considerando as pressões inflacionárias, o mercado promoveu ajustes positivos nas curvas de juros durante a manhã, precificando a menor chance de cortes na Selic. Mas, no início de tarde, ocorreu o movimento oposto: os DIs devolveram a alta do início do dia, numa correção após as fortes altas dos últimos dias.
Veja como ficaram as curvas mais líquidas nesta sexta-feira:
- Janeiro/2021: de 4,66% para 4,63%;
- Janeiro/2023: de 6,06% para 5,97%;
- Janeiro/2025: de 6,72% para 6,64%;
- Janeiro/2027: de 7,06% para 6,99%.
Tranquilidade nos EUA
Lá fora, os agentes financeiros mostraram-se bastante tranquilos em relação ao estado da economia americana, o que deu suporte a mais uma rodada de ganhos nas bolsas do país.
Foi divulgada nesta manhã a terceira e última leitura do PIB dos EUA no terceiro trimestre, mostrando um crescimento de 2,1% da economia do país no período — um resultado em linha com as expectativas do mercado.
A solidez do PIB dos Estados Unidos fortaleceu o dólar no mundo todo: o índice DXY, que mede o desempenho da moeda em relação a uma cesta com as principais divisas do mundo, subiu 0,33% nesta sexta-feira.
Tendência semelhante foi verificada entre as moedas de países emergentes: o dólar se valorizou em comparação com o peso mexicano, o rublo russo, o peso colombiano, o rand sul-africano e o peso chileno, entre outras — e o real seguiu o comportamento de seus pares.
Siderurgia em alta
O setor de siderurgia e mineração despontou entre os destaques positivos do Ibovespa. Gerdau PN (GGBR4) avançou 4,82%, Vale ON (VALE3) subiu 1,46% e CSN ON (CSNA3) teve ganho de 0,58%.
Todo esse bom humor se deve aos dados reportados ontem pelo Instituto Aço Brasil (IABr), indicando tendencias mais saudáveis para o mercado. Em novembro, as vendas internas de aço bruto avançaram 0,4% na base anual, chegando a 1,6 milhão de toneladas.
Pode parecer pouco, mas, conforme destaca o BTG Pactual, a venda de aços longos no período foi bastante encorajadora, com um crescimento de 12% em um ano — um resultado que superou as expectativas do banco.
"Essa aceleração mostra que a recuperação que o setor aguardava começou oficialmente, sendo impulsionada em grande parte pela construção civil", escrevem os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner. Por outro lado, as vendas de aços planos caíram 17% na mesma base de comparação.
Considerando a perspectiva de recuperação para o setor, o BTG diz que as ações da Gerdau são especialmente atrativas no atual nível de preço, atribuindo recomendação de compra aos papéis — os ativos da CSN e da Usiminas possuem classificação neutra.
CCR nos holofotes
ccrccrO noticiário corporativo referente à CCR está particularmente agitado: na noite passada, a operadora de rodovias comunicou ao mercado a redução de 5,26% na tarifa de pedágio da NovaDutra, conforme determinado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O noticiário corporativo referente à CCR está particularmente agitado: na noite passada, a operadora de rodovias comunicou ao mercado a redução de 5,26% na tarifa de pedágio da NovaDutra, conforme determinado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O saldo disso tudo é uma reação ligeiramente negativa do mercado: as ações ON da CCR (CCRO3) recuaram 0,84% hoje.
Enquanto isso, fora do índice...
...destaque para as ações ON da Tupy (TUPY3), que dispararam 12,68% nesta sexta-feira — a empresa comprou o negócio de componentes de ferro fundido da Teksid, subsidiária da Fiat Chrysler Automóveis, por 210 milhões de euros — o equivalente a R$ 948 milhões.
Top 5
Confira os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta sexta-feira:
- Gerdau PN (GGBR4): +4,82%
- Tim ON (TIMP3): +3,95%
- Metalúrgica Gerdau PN (GOAU4): +2,64%
- Embraer ON (EMBR3): +1,87%
- IRB ON (IRBR3): +1,83%
Veja também as maiores quedas do índice:
- MRV ON (MRVE3): -3,59%
- Yduqs ON (YDUQ3): -3,18%
- Cogna ON (COGN3): -2,85%
- Marfrig ON (MRFG3): -2,37%
- CVC ON (CVCB3): -2,24%
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