‘Má gestão levou a maior desigualdade’, diz presidente do Insper
Marcos Lisboa criticou políticas econômicas erradas aplicadas nos anos anteriores.

O aumento da miséria e da desigualdade social, visto após a recessão iniciada em 2014, é reflexo das políticas econômicas erradas aplicadas nos anos anteriores, na avaliação do economista Marcos Lisboa.
Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e hoje presidente do Insper, Lisboa afirma também que o governo Bolsonaro ainda não apresentou um projeto claro para a redução da miséria e da concentração de renda, mas é preciso olhar o longo prazo - fazendo aportes em educação e em programas de cuidados desde a primeira infância. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Em 2014, o sr. alertou que a política econômica da época iria gerar uma crise que levaria a um retrocesso na redução da desigualdade. Foi o que ocorreu?
O engraçado é que, depois, as pessoas ficam fazendo análises, como se o que aconteceu fosse um susto. Mas é simples: a desigualdade caiu enquanto a economia cresceu. Quando o País entrou em crise, pela má gestão da política econômica, a desigualdade aumentou. É possível reduzir os abismos sociais quando a economia estiver crescendo e com políticas que olham para as novas gerações, garantindo que elas tenham acesso a uma educação de qualidade e cuidando das crianças desde o nascimento.
Mas os índices que medem pobreza e desigualdade aumentaram depois da recessão. Por que o problema estaria lá atrás?
É porque, no fundo, a política econômica demora anos para ter impacto. O que estamos vendo hoje é um reflexo da política econômica que foi praticada a partir de 2008. O Brasil colheu uma melhora da desigualdade, pelo crescimento da economia e uma série de políticas sociais feitas até o começo dos anos 2000, como a melhora do mercado de crédito. Antes disso, ainda nos anos 90, foi feito o combate à inflação, que era uma fonte de desigualdade, o câmbio flutuante. Tudo isso permitiu um maior crescimento econômico e o resultado foi a queda da desigualdade no mercado de trabalho e ganhos reais de salário muito altos, sobretudo para os trabalhadores de baixa renda.
E isso começou a mudar com a crise internacional?
Sim, quando vieram as políticas de intervenção, a partir de 2008 (já no segundo mandato de Lula), com o governo defendendo empresas e setores com políticas protecionistas, do crédito subsidiado à intervenção no setor elétrico. Ali se construiu um problema, mas que demora um pouco para dar errado. Em 2015 e 2016, se colheu o desastre que havia sido plantado sete anos antes.
A condução da economia mudou desde 2015. Também vai demorar para gerar resultados?
Sim, porque ainda tem muito capital e mão de obra alocados em empresas e em setores em que o País é pouco produtivo, geram pouca renda e poucos empregos. Uma parte do setor formal do País está quebrada ou quase quebrando, como a indústria de transformação e o setor de óleo e gás. Esse grupo está muito fragilizado e não consegue crescer, porque são empresas ineficientes que não sobrevivem sem a proteção do governo que onera os demais setores. O que cresce é o setor de serviços e o de varejo, que têm porcentual maior de informalidade.
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É como começar a subir uma escada e parar no meio?
Boa parte da queda da desigualdade foi pelo crescimento dos trabalhadores de baixa renda, muito pelos trabalhadores informais. Se a economia cresce devagar, a desigualdade aumenta. Vimos um aumento generalizado da pobreza no País.
A decisão de criar o Bolsa Família foi acertada?
As políticas sociais são importantes para aliviar a extrema pobreza. Não se resolve a desigualdade sem cuidar das novas gerações. Mas, sem dúvida, é preciso combinar políticas compensatórias para os grupos de extrema pobreza enquanto se desfaz as distorções do passado.
No longo prazo, o que pode ser feito para reduzir tanto a pobreza quanto a desigualdade?
Com uma política sustentável de geração de emprego, reduzindo as restrições ao comércio exterior e resgatando os instrumentos de crédito para as empresas. Quando se pensa nessas questões de pobreza e de desigualdade, as medidas muito voltadas para o curto prazo podem ser prejudiciais no longo prazo. Se o governo acha que está melhorando os índices de emprego, ao apostar em determinados setores ou empresas, como foi feito no passado, estará apenas adiando a solução de um problema.
O governo atual tem se preocupado com a redução da miséria e dos abismos sociais?
O governo não tem uma agenda clara para esses temas. Ele se apega a algumas bandeiras que dão manchete nos jornais, como o acordo do Mercosul com a União Europeia, que vai levar dez anos para ser concluído. Mas não enfrenta a redução de impostos, não revê as regras de conteúdo nacional. Muito daquilo que foi feito nos últimos anos precisa ser revisto, mas tem de ser um processo cuidadoso, porque vários negócios foram construídos com regras antigas, e não são sustentáveis sem elas.
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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