Devo, não nego, pago quando puder… Como a reforma
Discussão sobre reforma da Previdência, que será retomada na comissão especial na semana que vem, contempla dois cenários: de reforma bem-sucedida e de fracasso total. E essa segunda opção poderá levar o governo a um calote
Todo jornalista (ou quase) guarda uma mágoa da profissão ou de alguma chefia. É uma sina! Isso deve acontecer com outras categorias, mas espero que não seja o seu caso. É de doer. A minha grande mágoa é ter levado um “furo” de TO-DA a imprensa. Daqui e de fora...
Quando eu era editora de Finanças da Gazeta Mercantil na década de 1980, certa noite, quando retornava para casa, soube que o Brasil havia dado um calote nos credores da nossa dívida externa. Às pressas, voltei para a redação e implorei para que a 1ª Página fosse reeditada. Apesar do momento histórico ouvi um sonoro “Não!” para o meu desespero.
Meu chefe justificou a negativa. Disse que o “nosso jornal” não publicava notícia sem a confirmação de todos os envolvidos...e tínhamos apenas (?!?!) a confirmação do clube de bancos credores. O governo brasileiro enrolou. Não quis falar. Adiou sua declaração para o dia seguinte. Era tarde demais... Todos os jornais já estavam nas bancas com o calote em letras garrafais. Menos o “nosso jornal”.
Estou fazendo essa confidência porque toda discussão acerca da reforma da Previdência, que será retomada na comissão especial na terça-feira (7), contempla dois cenários: de reforma bem-sucedida e de fracasso total. E essa segunda opção poderá levar o governo a um calote. É isso o que acontece quando um governo não paga o que deve. E o governo Bolsonaro afirma e reafirma que, sem reforma, não terá como pagar aposentadorias no futuro. O ministro Paulo Guedes (Economia) não disse exatamente isso, mas já sugeriu que, sem reforma, estaríamos embarcando num trem fantasma com nossos filhos e netos...
Pense bem! Se você é jovem, um dia ficará velhinho e vai querer e precisar de sua aposentadoria. Se você já tem sua vida financeira estabelecida (e isso pode acontecer em qualquer idade...), um governo com despesas menores precisa de menos dinheiro para financiar suas dívidas. Com o tempo, haveria menos pressão sobre as taxas de juros. E, no mercado financeiro, quando o juro se move (para cima ou para baixo) ele provoca um rebalanceamento das taxas de retorno de todas as aplicações.
Sem que a Previdência tome uma nova direção, qualquer avanço no Brasil – e penso em inflação e taxa de juro instantaneamente – perde a validade. Nossa economia não sairá do buraco. E bater carteira de velhinho é imperdoável, vamos combinar!
Leia Também
Na semana passada, os economistas Armando Armenta, Fabio Ramos e Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central do Brasil, do banco UBS, divulgaram um relatório que chama atenção para o alto e volátil prêmio de risco associado aos ativos brasileiros que, afirmam, está relacionado à preocupação com a sustentabilidade da dívida pública.
Os economistas fazem projeções para um indicador examinado com lupa por governos, instituições e investidores quando avaliam os riscos de países darem um calote em seus credores.
Esse indicador (Dívida/PIB) mostra quanto do total das riquezas de um país (o Produto Interno Bruto) está comprometido com dívidas a pagar. Em outra leitura, quanto as dívidas de um governo consomem das riquezas totais de um país. Quanto mais elevado o resultado dessa divisão, maior é a dificuldade terá o governo para pagar sua dívida.
O UBS acredita que, quanto maior a probabilidade de a relação Dívida/PIB sofrer uma redução, também maior será a confiança que o Brasil despertará nos investidores no curto e médio prazo. Nesse ambiente positivo, diz o relatório do UBS, aumenta também a perspectiva de crescimento da nossa economia.
Mas o contrário também é verdadeiro, avisam os especialistas.
E se a reforma azedar?
Caso a reforma não seja aprovada, as consequências possíveis serão crescimento baixo, inflação e juros mais altos e o real mais desvalorizado na comparação com o dólar. Os investidores reduziriam seu interesse pelos títulos emitidos pelo governo e comprariam dólares.
Você concorda que, nessa situação, é improvável que o desemprego diminua? Pior, poderá até aumentar? Você se lembra que o Brasil encolheu 7,5% em dois anos (2015 e 2016)? Lembra também que, em 2017 e 2018, o crescimento foi baixinho? E um dos resultados terríveis dessa perda de potência da atividade foi o aumento do desemprego?
Hoje, a taxa de desocupação cola em 13%, mas, em 2014, era a metade, de 6,5% da população economicamente ativa. Em 2015, porém, quando a economia brasileira deu o primeiro mergulho da história recente, a taxa de desocupação saltou a 9%, avançando a 12% em 2016 - o segundo ano perdido para o Brasil.
O UBS trabalha com o cenário-base de que a Nova Previdência vai trazer uma economia entre R$ 800 bilhões e R$ 600 bilhões em 10 anos. E defende que o governo resista firmemente a um resultado menor porque, nesse caso, aquele indicador Dívida/PIB embarcaria numa espiral de alta.
O estudo mostra que, confirmada a economia estimada como ideal pelo ministro Paulo Guedes, de pouco mais de R$ 1,1 trilhão em 10 anos, e com o PIB crescendo 2,5% ao ano a longo prazo, é elevada a probabilidade de a relação Dívida/PIB cair num primeiro momento. Ficará mantida, contudo, a probabilidade de elevação da dívida (em proporção do PIB) futuramente.
No cenário de diluição da proposta original -- e perspectiva de economia do governo com despesas previdenciárias em torno de R$ 400 bilhões também em 10 anos -- haveria um risco, mais que provável, de um aumento crescente da Dívida/PIB que chegaria a 100% da soma das riquezas do país, ainda que o ritmo de crescimento permanecesse em 2,5% ao ano, em uma década.
Nos cenários de não aprovação da reforma, a trajetória da relação Dívida/PIB torna-se muito ruim, alerta o UBS. Mesmo com o teto de gastos para o setor público desgastado, sem a reforma em 98% dos cenários, simulados pela instituição, a Dívida/PIB ficaria acima de 70% durante anos. E a chance de ultrapassar 100% do PIB aumentaria consideravelmente.
O pior cenário possível
Agora, pense em um cenário ainda mais negativo ou extremo: aquele em que a reforma das aposentadorias não passa no Congresso e o teto de gastos fixado para o setor público deixa de ser cumprido...
Nessas condições, alertam os economistas do UBS, a dívida aumentaria ainda mais rapidamente e atingira 105% do PIB. Isso significa dizer que, mesmo juntando tudo o que o Brasil produz em todas as áreas, o resultado financeiro apurado (equivalente a alguns trilhões de reais) seria insuficiente para cobrir nossa dívida. O Brasil entregaria os anéis e alguns dedos...
Apesar dos resultados sombrios para as contas públicas caso o governo não consiga fazer uma reforma mais robusta da Previdência, o banco suíço não vê o Brasil caminhando para uma crise financeira decorrente de desequilíbrios fiscais.
Mas, advertem os economistas, dificilmente o governo conseguiria evitar alguma fuga de capitais do país, a despeito de nossas defesas importantes para momentos críticos, como elevado nível de reservas internacionais e um déficit em conta corrente modesto.
O Congresso tem, portanto, uma responsabilidade e tanto pela frente!
Acordo sobre terras raras, crítica ao Fed, investimentos bilionários: como está a visita de Trump à Ásia
Depois da Malásia, Trump chegou ao Japão, onde firmou acordos sobre terras raras e anunciou investimentos bilionários do Japão nos EUA; agora, parte para a Coreia do Sul
Maracanã à venda? Por que os deputados do Rio de Janeiro querem privatizar um dos maiores palcos do futebol mundial
Governo do Rio de Janeiro planeja privatizar o Maracanã para reduzir a dívida estadual de mais de R$ 190 bilhões com a União
Alta dos preços de imóveis comerciais começa a esfriar e desacelera em setembro, mostra FipeZAP
Entre as 10 localidades monitoradas, Curitiba e Salvador lideraram as altas nos preços de venda de imóveis
Lotofácil vacila e Dupla Sena rouba a cena na primeira noite de sorteios da semana nas loterias da Caixa
Enquanto a Dupla Sena brilhou sozinha na segunda-feira (27), hoje uma loteria promete prêmio mais de 10 vezes maior que o da Mega-Sena
Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS final 7
Valor mínimo é de R$ 600, mas adicionais do Bolsa Família elevam o benefício médio para R$ 683,42
O município brasileiro com maior número de etnias indígenas é uma selva… de pedra
Censo 2022 do IBGE revela qual é a cidade com a maior diversidade de povos indígenas em todo o Brasil
Do tarifaço ao feliz aniversário: como um breve encontro entre Lula e Trump desviou Brasil de rota de colisão com os EUA
Em julho, a Casa Branca aplicou um tarifaço de até 50% e elevou a tensão ao rotular o processo contra Bolsonaro de “caça às bruxas”. Três meses depois, um cumprimento relâmpago, e um “parabéns”, abriu uma fresta para um acerto comercial
Como saber se você teve sua senha do Gmail vazada em ataque a mais de 183 milhões de contas — e o que fazer
Um dos maiores vazamentos de dados da história expôs mais de 183 milhões de contas de e-mail, incluindo endereços do Gmail; veja como saber se a sua senha foi comprometida e o que fazer.
Depois de conversa entre Lula e Trump, tarifaço se mantém, e negociações entre Brasil e EUA ainda podem levar semanas
Presidentes do Brasil e dos EUA saíram otimistas de encontro no domingo, mas tarifaço foi mantido, e acordo deve demorar semanas para sair
Decisões de juros dominam a agenda econômica em semana de balanços e de Pnad no Brasil
Os bancos centrais dos EUA, Japão e da Zona do Euro vão decidir sobre a política monetária nos países. Além disso, bancos, big techs norte-americanas e a Vale são destaques da temporada de balanços nesta semana
É dia de pagamento: Caixa libera Bolsa Família de outubro para NIS final 6
Programa do governo federal alcança 18,9 milhões de famílias em outubro, com desembolso de R$ 12,88 bilhões
Embraer (EMBR3) sente o peso do tarifaço de Trump e vê riscos de atrasos e cancelamentos entrarem no radar
O CEO da fabricante de aeronaves afirmou que nenhum cancelamento ocorreu até o momento, mas, no atual cenário, pode ocorrer no médio prazo
Empresa de saída da B3, Tesouro IPCA+ com taxa de 8% e Oi (OIBR3) de cara com a falência: veja o que bombou no Seu Dinheiro esta semana
Entenda as matérias de maior audiência de segunda-feira passada (20) para cá e fique por dentro dos principais assuntos da semana
Fim do tarifaço contra o Brasil? Lula se reúne com Trump, que fala em ‘negociação rápida’; equipes econômicas vão debater soluções ainda hoje
Além do tarifaço, Lula também discutiu sobre crise na Venezuela e sanções contra autoridades brasileiras
João Fonseca na final do ATP 500 da Basileia: veja o horário e onde assistir
João Fonseca derrotou o espanhol Jaume Munar neste sábado (25) na semifinal do ATP 500 da Basileia e agora enfrenta Alejandro Davidovich Fokina na disputa pelo título
Menos é mais: Ganhador da Mega-Sena 2932 embolsa prêmio de mais de R$ 96 milhões com aposta simples
Não foi só a Mega-Sena que contou com ganhadores na categoria principal: a Lotofácil teve três vencedores, mas nenhum deles ficou milionário
Vai fazer a prova do docente? Veja tudo o que precisa saber antes de fazer a prova
Avaliação será aplicada neste domingo (26), em todo o país; entenda a estrutura da prova e quem pode participar
Bet da Caixa ameaçada? Lula cobra explicações do presidente do banco
Com o incômodo de Lula, o andamento da nova plataforma de apostas online do banco pode ser cancelado
Trump confirma encontro com Lula e diz que avalia reduzir tarifas ao Brasil “sob certas circunstâncias”
O republicano também lembrou da breve conversa com o presidente brasileiro nos bastidores da ONU, em Nova York
Mega-Sena sorteia quase R$ 100 milhões hoje — mas não é a única com prêmio milionário; confira os sorteios deste sábado
A Mega-Sena está encalhada há sete sorteios. Timemania, Lotofácil, Quina, Dia de Sorte e +Milionária também voltam a correr hoje