Índice de produção industrial cai para 47,4 pontos em março, diz CNI
A demanda fraca volta a preocupar os empresários industriais; CNI destaca que o índice é especialmente baixo para o mês, já que março costuma ter índices acima de 50 pontos

A demanda fraca volta a preocupar os empresários industriais. É o que aponta a Sondagem Industrial divulgada nesta quinta-feira, 25, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a pesquisa, o índice de evolução da produção ficou em 47,4 pontos em março, abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o que significa queda da produção na comparação com o mês anterior. Em fevereiro, o índice de produção tinha registrado 48,5 pontos. Mas, em março de 2018, o indicador era de 55,2 pontos.
A CNI destaca que o índice é especialmente baixo para o mês, já que março costuma ter índices acima de 50 pontos. A entidade ressalta, no entanto, que ao menos parcialmente, o resultado é influenciado pelo Carnaval, que neste ano foi celebrado no início de março.
O índice de evolução no número de empregados ficou em 48,5 pontos em março, o que também representa queda ante o mês de fevereiro. Essa fraca demanda da economia brasileira, que contribuiu para queda na produção e no emprego, também representou excesso de estoques nas fábricas.
A Sondagem Industrial revela que, em março, o índice de evolução de estoques dos industriais ficou em 50,5 pontos, um pouco acima da linha divisória dos 50 pontos. Esse resultado, segundo a CNI, reflete um pequeno aumento nos estoques das empresas. O índice que mede o nível de estoque efetivo em relação ao usual manteve-se praticamente constante, passando de 51,1 pontos em fevereiro para 51,2 pontos em março. "Ao permanecer acima dos 50 pontos, o índice revela que os estoques seguem acima do planejado pelas empresas", destaca a Sondagem.
Com relação à utilização média da capacidade instalada (UCI), a pesquisa mostra que ela se manteve inalterada pelo terceiro mês seguido em 2019, em 66%, um porcentual ainda baixo na avaliação da CNI. O índice de UCI efetiva em relação ao usual recuou 2,4 pontos e foi a 41 pontos, o menor índice desde maio de 2018, quando registrou 37,3 pontos. A Sondagem destaca que, como o índice permanece abaixo dos 50 pontos, indica que a atividade industrial segue abaixo do usual para o mês.
Expectativas
A elevada carga tributária continua como o principal problema enfrentado pela indústria, na avaliação dos empresários. A Sondagem apontou que esse é o principal problema apontado por 43,6% dos empresários. Em segundo lugar, aparece a demanda interna insuficiente, assinalada por 37,5% das empresas. Esse item aumentou 6,4 pontos porcentuais entre o 4º trimestre de 2018 e o 1º trimestre de 2019.
"A Sondagem de março, portanto, mostra que a falta de demanda, o grande problema que atingiu a indústria durante a crise recente, voltou a afetar mais o empresário. Mostra também suas consequências: estoques indesejados, produção e emprego caindo, máquinas paradas, condições financeiras fragilizadas, expectativas cada vez menos otimistas e intenção de investir em queda. É, portanto, um quadro preocupante", afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo.
Os empresários industriais também apontaram piora nas condições financeiras pelo segundo trimestre consecutivo. O índice de satisfação com o lucro operacional recuou de 42 pontos no quarto trimestre de 2018 para 40,3 pontos no primeiro trimestre de 2019. Já o índice de satisfação com a situação financeira caiu de 46,1 pontos para 45,3 pontos na mesma base de comparação. Segundo a CNI, como eles estão abaixo da linha divisória dos 50 pontos, significa insatisfação nos dois casos.
"A permanência de estoques indesejados, aliada à baixa demanda, prejudica as condições financeiras da indústria", ressalta Azevedo.
Com relação ao acesso ao crédito, a Sondagem revela uma leve melhora. O índice que mede a facilidade de acesso ao crédito aumentou 0,4 ponto entre o quarto trimestre de 2018 e o primeiro de 2019, alcançando 38,7 pontos. Apesar de ser o índice mais elevado desde o primeiro trimestre de 2014, ainda permanece muito abaixo dos 50 pontos, o que reflete dificuldade das empresas para conseguir recursos no mercado financeiro.
A Sondagem foi realizada com 1.888 empresas, entre os dias 1º e 12 de abril.
‘É a confiança do mercado’: Bolsonaro defende Guedes em encontro de empresários
Em evento organizado pela CNI, Paulo Guedes e Jair Bolsonaro garantem que o PIB crescerá em 2022 apesar do mau humor do mercado
Pandemia ainda afeta oferta e custo de matérias-primas, afirma CNI
O problema é mencionado por 68,3% das indústrias pesquisadas. Em seguida, a elevada carga tributária (34,9%) e a taxa de câmbio (23,2%)
Guedes sinaliza elevar isenção na taxação de lucros e dividendos
Durante evento promovido pela CNI e pela Febraban, ministro da Economia abriu a possibilidade de elevar o teto, previsto atualmente em R$ 20 mil
Previsão de alta do PIB em 2021 sobe de 3,00% para 4,90%, aponta CNI
Com a revisão, a estimativa da indústria se aproxima da expectativa do mercado que acredita, segundo boletim Focus, em um crescimento de 5,05%
Mais de 70% das indústrias têm dificuldades em obter insumo e matéria-prima
De acordo com a CNI, 65% das fábricas da indústria geral que usam matérias-primas importadas não conseguem tudo o que necessitam
Brasil deixou de exportar US$ 56,2 bi em dez anos para América do Sul
Participação do país nas importações dos demais países sul-americanos caiu para 10,7% em 2019, segundo CNI
Atividade industrial volta a crescer em novembro, mas em ritmo menor, diz CNI
A CNI destaca que novembro costuma ser um mês de redução da atividade industrial e a comparação com outubro geralmente é negativa.
Cerca de 60% da indústria trabalha com ociosidade, diz presidente da CNI
Segmentos como o de eletrodomésticos e o mobiliário têm enfrentado dificuldades
CNI: Indústria da construção teve nova queda em maio, mas menos intensa
De acordo com a pesquisa, os empresários continuam pessimistas, mas pouco a pouco vão aumentando a confiança
Abril foi um dos piores da história para a indústria, revela CNI
Para a CNI, o resultado de abril é o retrato dos danos causados à indústria pela redução intensa e duradoura na demanda em virtude da crise causada pela pandemia do novo coronavírus
Leia Também
-
A "fábrica de bilionários" da B3 vai trocar de CEO depois de 16 anos
-
IPVA 2024 em São Paulo: calendário começa em 11 de janeiro; veja quando vence o imposto do seu carro, de acordo com a placa
-
'Taxação dos super-ricos': Senado aprova nova tributação de fundos exclusivos e offshores e texto segue para sanção de Lula