A minha entrevista com Juliana Pentagna Guimarães foi adiada por duas vezes. Já estávamos no fim da tarde de ontem, bem na hora em que eu escrevo a newsletter que mandamos todas as noites para os leitores do Seu Dinheiro, quando a diretora-executiva do Banco BS2 conseguiu me atender.
O atraso é mais que compreensível. Afinal, foi o primeiro dia de operação em "mar aberto" da conta digital do banco, justamente a pauta da entrevista.
Até o momento da nossa conversa pelo telefone, 1.500 pessoas haviam passado pelo processo de baixar o aplicativo no celular, preencher os dados cadastrais e tirar foto dos documentos e uma "selfie" – os passos necessários para se tornarem correntistas do banco.
Faltavam, portanto, 198.500 contas para o BS2 atingir a meta de chegar aos 200 mil clientes no primeiro ano de operação.
Pode parecer muito, mas a diretora do BS2 está otimista. Digo isso porque o objetivo representa o dobro da projeção inicial que ela própria me deu quando falou pela primeira vez sobre a criação da plataforma digital, em novembro do ano passado.
O projeto levou a uma verdadeira transformação no banco mineiro. Inclusive no nome, que até o ano passado se chamava Bonsucesso. A nova marca faz uma referência à representação do coração (S2) em mensagens na internet. O aplicativo já estava em fase de testes desde julho e agora está disponível para download para o público em geral.
O que o banco oferece?
A plataforma do BS2 oferece hoje os principais produtos de conta corrente, como transferências, pagamentos e saques. O aplicativo também permite a emissão de boletos por pessoas físicas, uma solução que deve agradar aos clientes que são profissionais liberais.
O pacote gratuito permite duas TEDs e quatro saques por mês e uso sem restrições do cartão de débito, com bandeira Visa. Quem quiser serviços ilimitados tem três opções: pagar uma tarifa mensal de R$ 19,90, manter pelo menos R$ 25 mil aplicados ou fazer a portabilidade do salário (de qualquer valor) para o banco.
O aplicativo também contará com uma plataforma de investimentos, que entra no ar até o fim do ano. A ideia é oferecer até 40 produtos na prateleira, que será aberta para produtos de terceiros, inclusive certificados de depósito bancário (CDB) e letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA) de outros bancos. Em janeiro, o banco deve lançar o sistema de negociação de ações (home broker).
O projeto do BS2 prevê ainda o lançamento do cartão de crédito no fim do primeiro trimestre do ano que vem. Mas Juliana diz que o banco quer ser conservador na concessão de crédito.
'Open banking'
Até aí, trata-se de uma oferta não muito diferente de outros bancos digitais. Por isso, a diretora do BS2 aposta que o crescimento da plataforma virá de outra frente: os serviços oferecidos para pessoas jurídicas.
Um dos trunfos para atender as empresas é o modelo de "open banking" adotado pelo banco desde o nascimento. Essa tecnologia permite que sistemas de terceiros acessem os dados dos clientes, desde que com autorização. Juliana me deu um exemplo de aplicação prática do open banking:
"As empresas poderão oferecer produtos financeiros aos seus clientes com a marca delas, usando a plataforma do BS2", disse.
IPO?
Perguntei a Juliana se o BS2 pretende aproveitar o interesse dos investidores pelas novas empresas de tecnologia financeira, mais conhecidas como "fintechs", para fazer uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) do banco.
O Banco Inter abriu o caminho com a oferta realizada em abril deste ano, e o gaúcho Agibank também deve testar em breve as águas da bolsa.
A diretora do BS2 respondeu que o banco ainda vai precisar de tempo para conquistar os clientes e mostrar que tem um modelo consistente de negócios antes de buscar sócios no mercado.
"O IPO é uma consequência, não um projeto", ela disse.
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Ou seja, nada de S2 para o mercado, pelo menos por enquanto.