Quatro em dez segmentos da indústria fecharam 2018 em crise
Dos 93 subsetores industriais investigados, 37 enfrentavam uma crise de moderada a fulminante, ou seja, 40% dos segmentos industriais, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi)
Depois que a recessão ficou para trás, a recuperação gradual da atividade econômica em 2017 trouxe esperança de dias melhores no setor industrial. Mas 2018 revelou-se como uma sucessão de baldes de água fria.
Quatro em cada 10 segmentos da indústria de transformação encerraram o ano em crise, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) obtido com exclusividade para o Estadão/Broadcast.
Dos 93 subsetores industriais investigados, 37 enfrentavam uma crise de moderada a fulminante, ou seja, 40% dos segmentos industriais acumularam uma queda na produção maior que 1% no ano em relação a 2017. Outros 14 segmentos ficaram estagnados.
O levantamento foi feito com base na Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o Iedi, 2018 trouxe maior fragilidade para a recuperação industrial, com uma desaceleração bastante disseminada entre os segmentos pesquisados.
Segundo Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi, os segmentos que fecharam em queda (ver ao lado) são muito ligados aos fluxos de renda e à desaceleração do setor industrial como um todo. “Entre os que estão com melhor desempenho, há vários que tinham uma base de comparação muito baixa ou com perfil muito exportador, como fabricantes de papel e celulose, produtos de carnes, caminhões e ônibus, tratores e equipamentos agrícolas.”
Pelo menos cinco dos 37 subsetores em crise em 2018 pertenciam à indústria têxtil. “Os anos de 2015 e 2016 foram uma catástrofe. Em 2017, crescemos. Terminamos o ano numa trajetória positiva, e nosso prognóstico para 2018 era um PIB com crescimento em torno de 3%”, lembrou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel.
Segundo Pimentel, 2018 ia razoavelmente bem até abril. Em maio, a greve de caminhoneiros começou a mudar o rumo do setor. “Esse quadro foi muito frustrante”, definiu Pimentel.
A greve dos caminhoneiros provocou uma desorganização da produção industrial brasileira, reforçou Bernardo Almeida, analista da Coordenação de Indústria do IBGE. “Além disso, as incertezas eleitorais prejudicaram as decisões tanto de consumo quanto de investimentos.”, enumerou Almeida.
A indústria nacional cresceu 2,3% no primeiro semestre de 2018, em relação ao mesmo período do ano anterior. No segundo semestre, a conjuntura menos favorável se traduziu num freio na produção, houve apenas ligeira alta de 0,1%, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal, do IBGE.
Almeida lembra que a indústria encerrou o ano com avanço de 1,1%, mas ainda sustentada pelo desempenho positivo do início de 2018. “Nós corremos o risco de trocar um processo de recuperação por um processo de banho-maria, de andar de lado”, alertou Rafael Cagnin, do Iedi. “A contar pelo quarto trimestre de 2018, o primeiro trimestre de 2019 vai ser difícil, há um ajuste. Foi um freio muito forte ao longo do ano passado inteiro. O ano de 2019 vai depender muito de quais indicativos que a equipe econômica vai dar. Apesar dos indicadores econômicos mais favoráveis, ainda há incertezas no cenário doméstico”, acrescentou.
As perspectivas para este ano, porém, ainda são otimistas. Em 2019, o mercado externo deve atrapalhar menos a indústria, enquanto a demanda doméstica pode ajudar mais, prevê o superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo.
“O desempenho deve ser melhor do que no ano passado ao longo dos trimestres, mas não será exuberante, até porque a Pesquisa Industrial Mensal traz um carregamento estatístico negativo”, disse Campelo. “No segundo semestre, a indústria pode ganhar um pouco mais de ritmo, dependendo da aprovação das reformas que estão sendo apresentadas pelo governo”, reforçou.
*Com Estadão Conteúdo
Mais corte de imposto: governo corta em 35% IPI de produtos não produzidos na Zona Franca de Manaus
O corte de imposto deve ter efeito sobre 4 mil produtos. O texto ainda traz redução adicional do IPI incidente sobre automóveis, de 18% para 24,75%
Quatro setores da economia definem as profissões do futuro; confira quais são elas
As profissões do futuro estão nas áreas de tecnologia, indústria da transformação, agricultura e saúde. Ao todo, são quase 50 ocupações
Fique de olho: inflação é o destaque entre indicadores da semana no Brasil e lá fora; confira a agenda completa
Investidores começam a segunda-feira com a divulgação do IPC-Fipe de março, que busca estimar o custo de vida de famílias com renda de um a dez salários mínimos em São Paulo
Como a encrencada Evergrande pretende se inspirar em Elon Musk para sair da draga
Depois de depositar dinheiro devido a credores externos, fundador fala em deixar em segundo plano os empreendimentos imobiliários para investir em setores considerados mais promissores
Divergência entre gigantes: Comissão da Câmara quer ouvir Guedes, BB (BBAS3) e Caixa sobre saída da Febraban
As duas instituições discordaram da adesão da federação a um manifesto que será lançado pela Fiesp amanhã, que pede harmonia entre os Poderes
Demanda em alta: Energisa (ENGI11) registra alta na venda de energia em julho – Veja os números
Segundo boletim mensal da companhia, desempenho foi impulsionado principalmente pelos clientes dos segmentos de comércio e indústria
Com inflação em alta, Guedes questiona: “Qual o problema de a energia ficar um pouco mais cara?”
Ministro afirma que economia está e vai continuar crescendo, mas admite que existem “algumas nuvens no horizonte” para o próximo ano
Dragão pesado: Ipea revisa para cima projeção para inflação – Veja o que a instituição espera do IPCA
Instituto aponta combinação de aumento dos preços internacionais das commodities com o momento do clima, com período de secas e geadas
Dez de 13 setores da indústria já retomaram nível anterior à pandemia
A produção de cimento, por exemplo, está 22% superior ao que registrava em 2019; a expectativa é que o avanço da vacinação ajuda na recuperação
Falta de chips causa paralisação parcial em 12% das fábricas de eletroeletrônicos
Segundo sondagem feita no mês passado pela Abinee, 12% dos fabricantes do setor tiveram que parar parte da produção no mês passado por falta de componentes eletrônicos
Leia Também
-
Brasil retoma autossuficiência de alumínio e produção avança 24% em 2023; ainda existe espaço no mercado?
-
Uma notícia boa, duas ruins e uma ruim que pode ser boa sobre o PIB do Brasil em 2023
-
Por que o Brasil cresceu pouco nas últimas décadas? Geraldo Alckmin tem uma resposta — e uma receita para reverter esse cenário
Mais lidas
-
1
Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American
-
2
Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+
-
3
Como a “invasão” dos carros chineses impacta as locadoras como a Localiza (RENT3) e a Movida (MOVI3)