Fora, isentão! Um fundo “long biased” para compor a sua carteira em renda variável
Fundos “long biased” ganham com a alta da bolsa, mas podem se proteger em momentos de maior incerteza no mercado de ações. Desafio é não perder uma onda de alta nem ser pego no meio do mar durante uma tempestade

Na faculdade de jornalismo, aprendi que um bom repórter precisa ser imparcial. Isso significa que os fatos precisam ser apresentados sem nenhum tipo de juízo de valor.
Mas eu sempre achei a tal neutralidade no mínimo uma utopia, ainda que me esforce para contemplar os dois lados nas minhas reportagens.
Como você sabe, aqui no Seu Dinheiro não fazemos parte do time dos “isentões”: o nosso lado é o do investidor. A transparência e a independência, sim, são valores dos quais não abrimos mão.
No mundo dos fundos de investimento, também preferimos os gestores que assumem uma posição. Não por obrigação, mas por convicção.
A seleção de um bom gestor, que já era importante, se tornou crucial com a queda da taxa básica de juros (Selic). Afinal, se é para pagar taxa de administração, que seja para delegar aos profissionais a capacidade de navegar nos diferentes momentos do mercado.
Para quem busca uma rentabilidade adicional nesse cenário, ficou quase impossível não manter uma parcela da carteira em renda variável.
Leia Também
Ataque hacker e criptomoedas: por que boa parte do dinheiro levado no “roubo do século” pode ter se perdido para sempre
Eve, subsidiária da Embraer (EMBR3), lança programa de BDRs na B3; saiba como vai funcionar
É aqui que entram os fundos conhecidos como “long biased”. A expressão representa a estratégia dos gestores de manterem uma tendência ou viés (bias) de compra (long) no mercado de ações.
Essa tendência não significa uma obrigação, como acontece nos fundos de ações tradicionais, que precisam manter pelo menos 67% da carteira comprada em bolsa.
Se o gestor de um long biased considerar que a maré dos mercados pode virar, ele também tem liberdade para mudar a mão e incluir posições vendidas na carteira.
Por isso eles são capazes de reunir as duas características que eu citei acima: ganhar com a alta da bolsa ao mesmo tempo em que podem se proteger em momentos de maior incerteza.
Como costuma acontecer, o bom desempenho da bolsa fez o número de fundos long biased se multiplicar nos últimos anos. Mas não se trata de um trabalho trivial.
Como um bom surfista, o gestor não pode perder uma onda de alta nem ser pego no meio do mar durante uma tempestade. Isso significa escolher as melhores ações para comprar, ao mesmo tempo em que acerta o grau de exposição à bolsa.
Quase duas décadas na selva
Tudo isso nos leva ao fundo desta edição da Lupa. Procurei no mercado gestores que já possuem um histórico de longo prazo com a estratégia e estão há bastante tempo na selva do mercado financeiro.
À primeira vista, a Safari Capital parecia não se encaixar nesse perfil. Com um total de R$ 2 bilhões em patrimônio, a gestora foi criada apenas em 2015. Mas Elsom Yassuda e Marcelo Cavalheiro, os sócios fundadores da casa, já trabalham frente a frente um para outro há quase duas décadas.
Os dois se conheceram na Hedging-Griffo, onde Yassuda atuou como economista e Cavalheiro como responsável pelos fundos de ações. Eles se tornaram sócios da corretora, que foi vendida para o Credit Suisse em 2007, e decidiram deixar o banco no ano seguinte.
O acordo de não-competição previsto no contrato com os suíços durou até 2014, mas nesse período eles permaneceram juntos preparando a criação da Safari.
A gestora atua exclusivamente com ações usando a estratégia long biased, segundo me contou Natalie Fusco, responsável pela área de relações com investidores.
A única diferença entre os fundos é a carência para resgate, de 30 e 45 dias. Mas apenas o segundo está aberto para captação. O que já deixa claro que não se trata daquele tipo de produto para você investir recursos da sua reserva de emergência ou com foco no curto prazo. Você confere no fim desta reportagem os detalhes e onde encontrar o produto.
Dois testes
Nesses quatro anos e meio, a estratégia pôde ser testada em vários cenários, e até agora vem se mostrando vencedora. Quando o fundo começou, em 2015, a exposição líquida do fundo em bolsa chegou a ser negativa em meio ao olho do furacão da crise política e econômica.
A confiança da Safari no mercado acionário voltou no ano seguinte, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas a tese ainda precisou passar por outros dois duros testes. O primeiro aconteceu em maio de 2017, no fatídico "Joesley Day".
É claro que os gestores não esperavam pela delação do dono da JBS. Mas os fundos contavam com uma put (opção de venda) de Ibovespa para o caso de não aprovação do projeto de reforma da Previdência que tramitava na época.
No ano seguinte, a Safari voltou a mirar no que viu e acabou acertando o que não viu. Pouco antes de estourar a greve dos caminhoneiros, os gestores compraram opções de venda de ações da Petrobras.
Eles nem desconfiavam da paralisação, mas se preocupavam com a possibilidade de a estatal não conseguir manter o repasse da alta das cotações do petróleo para os preços dos combustíveis.
Depois da eleição, a convicção da Safari na alta da bolsa aumentou. Hoje a exposição dos fundos supera os 100% – isso é possível graças ao uso de derivativos.
É claro que, em momentos de queda das ações, fundos long biased como o da Safari também tendem a sofrer. O trabalho do gestor é justamente atenuar esses movimentos, sem ficar muito longe do resto do mercado quando a bolsa subir.
Até agora quem investiu não tem do que reclamar. Desde o início, a Safari entregou uma rentabilidade de 208%, o equivalente a 419% do CDI no período – indicador de referência e sobre o qual é cobrada a taxa de performance.

Mas se o fundo é de ações, por que o "benchmark" é o CDI e não o Ibovespa? A gestora entende que o custo de oportunidade do investidor é a taxa de referência das aplicações de renda fixa, o que também dá maior liberdade para o fundo diminuir a exposição em bolsa quando considerar adequado.
De todo modo, quando a gestora começou, e a pergunta era a oposta. "Com o CDI em dois dígitos na época, a questão era por que o benchmark não era o Ibovespa", me disse a diretora da Safari.
Ainda que o fundo da gestora também tenha superado o principal índice da bolsa, a estratégia long biased está mais para um fundo multimercados do que para uma carteira de ações tradicionais.
Fundo na lupa
Safari 45 FIC FIM II - Long Bias
Aplicação mínima: R$ 5 mil
Taxa de administração: 2% ao ano mais 20% sobre o que superar o CDI
Patrimônio líquido: R$ 797 milhões (em novembro de 2019)
Resgate: 45 dias após o pedido
Data de início: 26/12/2018 (início da estratégia em julho de 2015)
Retorno da estratégia desde o início: 208% (contra 49,7% do CDI)
Por onde investir: Andbank, BS2, BTG Pactual, C6 Bank, Easynvest, Genial, Guide, Inter, Modal, Nova Futura, Órama, Pi, Portopar, Rico, Safra, Warren e XP
Smart Fit (SMFT3) falha na série: B3 questiona queda brusca das ações; papéis se recuperam com alta de 1,73%
Na quarta-feira (2), os ativos chegaram a cair 7% e a operadora da bolsa brasileira quis entender os gatilhos para a queda; descubra também o que aconteceu
Ibovespa vale a pena, mas vá com calma: por que o UBS recomenda aumento de posição gradual em ações brasileiras
Banco suíço acredita que a bolsa brasileira tem espaço para mais valorização, mas cita um risco como limitante para alta e adota cautela
Da B3 para as telinhas: Globo fecha o capital da Eletromidia (ELMD3) e companhia deixa a bolsa brasileira
Para investidores que ainda possuem ações da companhia, ainda é possível se desfazer delas antes que seja tarde; saiba como
Os gringos investiram pesado no Brasil no primeiro semestre e B3 tem a maior entrada de capital estrangeiro desde 2022
Entre janeiro e junho deste ano, os gringos aportaram cerca de R$ 26,5 bilhões na nossa bolsa — o que impulsionou o Ibovespa no período
As nove ações para comprar em busca de dividendos no segundo semestre — e o novo normal da Petrobras (PETR4). Veja onde investir
Bruno Henriques, analista sênior do BTG Pactual, e Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, contam quais são os papéis mais indicados para buscar dividendos no evento Onde Investir no Segundo Semestre, do Seu Dinheiro
Ibovespa faz história e chega aos 141 mil pontos pela primeira vez na esteira dos recordes em Nova York; dólar cai a R$ 5,4050
O Ibovespa acabou terminando o dia aos 140.927,86 pontos depois de renovar recorde durante a sessão
Banco do Brasil (BBAS3): enquanto apostas contra as ações crescem no mercado, agência de risco dá novo voto de confiança para o banco
A aposta da S&P Global Ratings é que, dadas as atividades comerciais diversificadas, o BB conseguirá manter o ritmo de lucratividade e a estabilidade do balanço patrimonial
Na contramão do Ibovespa, Petrobras (PETR4), Prio (PRIO3) e Brava (BRAV3) garantem ganhos no dia; saiba o que ajudou
A commodity está em alta desde o início da semana, impulsionado por tensões no Oriente Médio — mas não é só isso que ajuda no avanço das petroleiras
S&P 500 e Nasdaq renovam máximas históricas, mas um dado impede a bolsa de Nova York de disparar; Ibovespa e dólar caem
No mercado de câmbio, o dólar à vista continuou operando em queda e renovando mínimas depois de se manter no zero a zero na manhã desta quarta-feira (2)
Onde investir: as 4 ações favoritas para enfrentar turbulências e lucrar com a bolsa no 2º semestre — e outras 3 teses fora do radar do mercado
Com volatilidade e emoção previstas para a segunda metade do ano, os especialistas Gustavo Heilberg, da HIX Capital, Larissa Quaresma, da Empiricus Research, e Lucas Stella, da Santander Asset Management, revelam as apostas em ações na bolsa brasileira
Bresco Logística (BRCO11) diz adeus a mais um inquilino, cotas reagem em queda, mas nem tudo está perdido
O contrato entre o FII e a WestRock tinha sete anos de vigência, que venceria apenas em setembro de 2029
Gestora lança na B3 ETF que replica o Bloomberg US Billionaires e acompanha o desempenho das 50 principais empresas listadas nos EUA
Fundo de índice gerido pela Buena Vista Capital tem aplicação inicial de R$ 30 e taxa de administração de 0,55% ao ano
Ibovespa em 150 mil: os gatilhos para o principal índice da bolsa brasileira chegar a essa marca, segundo a XP
A corretora começa o segundo semestre com novos nomes em carteira; confira quem entrou e as maiores exposições
Ibovespa fecha primeiro semestre de 2025 com extremos: ações de educação e consumo sobem, saúde e energia caem
Entre os destaques positivos estão a Cogna (COGN3), o Assaí (ASAI3) e a Yduqs (YDUQ3); Já na outra ponta estão RaiaDrogasil (RADL3), PetroRecôncavo (BRAV3) e São Martinho (SMTO3)
XP Log (XPLG11) vai às compras e adiciona oito ativos logísticos na carteira por até R$ 1,54 bilhão; FIIs envolvidos disparam na B3
Após a operação, o XPLG11 passará a ter R$ 8 bilhões em ativos logísticos e industriais no Brasil
É hoje! Onde Investir no Segundo Semestre traz a visão de grandes nomes do mercado para a bolsa, dólar, dividendos e bitcoin; veja como participar
Organizado pelo Seu Dinheiro, o evento totalmente online e gratuito, traz grandes nomes do mercado para falar de ações, criptomoedas, FIIs, renda fixa, investimentos no exterior e outros temas que mexem com o seu bolso
“Não é liderança só pela liderança”: Rodrigo Abbud, sócio do Patria Investimentos, conta como a gestora atingiu R$ 28 bilhões em FIIs — e o que está no radar a partir de agora
Com uma estratégia de expansão traçada ainda em 2021, a gestora voltou a chamar a atenção do mercado ao adicionar a Genial Investimentos e a Vectis Gestão no portfólio
Nada de ouro ou renda fixa: Ibovespa foi o melhor investimento do primeiro semestre; confira os outros que completam o pódio
Os primeiros seis meses do ano foram marcados pelo retorno dos estrangeiros à bolsa brasileira — movimento que levou o Ibovespa a se valorizar 15,44% no período
Bolsas nas máximas e dólar na mínima: Ibovespa consegue romper os 139 mil pontos e S&P 500 renova recorde
A esperança de que novos acordos comerciais com os EUA sejam fechados nos próximos dias ajudou a impulsionar os ganhos na última sessão do mês de junho e do semestre
É possível investir nas ações do Banco do Brasil (BBAS3) sem correr tanto risco de perdas estrondosas, diz CIO da Empiricus
Apesar das recomendações de cautela, muitos investidores se veem tentados a investir nas ações BBAS3 — e o especialista explica uma forma de capturar o potencial de alta das ações com menos riscos