BCs embalam mercado, mas Irã pode atrapalhar ajuste
Volta do feriado nacional deve ser de ajuste positivo nos ativos locais, em meio à disposição dos bancos centrais em aumentar os estímulos monetários

A sexta-feira espremida entre o feriado nacional e o fim de semana deve ser de ajuste positivo no mercado financeiro doméstico, após os principais bancos centrais entoarem um coro de que estão dispostos em aumentar os estímulos monetários, caso os riscos à economia global piorem. E os ativos de risco pelo mundo vibram com essa harmonia uníssona, com os investidores acreditando no poder de reação dos BCs.
Após o Federal Reserve adotar tal postura, o S&P 500 fechou no topo histórico ontem, colado aos 3 mil pontos, o que deve renovar o fôlego de alta do Ibovespa hoje. O rali das commodities, com o petróleo subindo mais de 5% na véspera diante da escalada da tensão entre Estados Unidos e Irã e o minério de ferro atingindo máxima histórica em Dalian, tende a levar a Bolsa brasileira além dos 100 mil pontos, conquistados na última quarta-feira.
O dólar, por sua vez, se enfraquece em relação às moedas rivais, negociado nos menores níveis do ano, após o Fed perder a “paciência” e abrir a porta para o início do ciclo de cortes na taxa de juros norte-americana já em julho. O movimento da moeda dos Estados Unidos acompanhou o derretimento dos bônus do país, com o rendimento (yield) do título de 10 anos (T-note) vindo abaixo de 2% pela primeira vez desde novembro de 2016.
O rali de ontem refletiu o otimismo dos investidores em relação à possibilidade de o Fed cortar os juros nos EUA, em resposta à perda de tração da economia global, que tem trazido preocupação sobre o lucro das empresas. Esse temor direcionou parte dos recursos para ativos seguros, como os títulos norte-americanos e o ouro, que está nas máximas em seis anos. A fraqueza do dólar também ajuda nesse movimento clássico de busca por proteção, dando contornos de apetite por risco, em um momento de incerteza global.
Irã pode atrapalhar
Nesta manhã, porém, a dinâmica rápida e acentuada de recuperação dos ativos mais arriscados perde força, em meio às suspeitas da Casa Branca sobre o abatimento de um drone militar dos EUA pelo Irã. O presidente Donald Trump teria autorizado um ataque militar contra Teerã, mas depois cancelou a ordem, com Washington ainda sem saber se a derrubada de um drone norte-americano em águas internacionais foi ou não intencional.
Mesmo assim, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água, com pouco brilho para seguir em frente, após uma sessão de perdas na Ásia. Tóquio liderou a queda, com -1%, após dados fracos sobre a manufatura japonesa em meados deste mês. Hong Kong também caiu (-0,4%), à medida que manifestantes voltaram a se reunir em frente aos prédios do governo na ilha. Xangai teve alta de 0,5%.
Leia Também
No Ocidente, as principais bolsas europeias se ajustam aos ganhos da véspera em Wall Street, quando a alta foi ao redor de 1%. Nos demais mercados, o petróleo segue no terreno positivo, com o barril do tipo WTI cotado acima de US$ 57, ao passo que a T-note de 10 anos oscila acima de 2%. Já o dólar segue mais fraco, com o euro e o iene ganhando terreno, enquanto o xará australiano tem leves perdas.
Alerta...
Ainda assim, a expectativa dos investidores é de que, no curto prazo, o ambiente favorável aos ativos de risco tende a prevalecer. Porém, o mercado financeiro parece se escorar, mais uma vez, na armadilha da liquidez, relegando os desafios latentes à dinâmica da atividade, que podem não se solucionar apenas com os bancos centrais fazendo “mais do mesmo” que se viu há cerca de 10 anos, para conter os efeitos da crise de 2008.
Há dúvidas se uma ação coordenada entre os BCs será capaz de alterar a rota da economia global, levando a um crescimento com vigor e de forma sustentável, em meio à guerra comercial e à necessidade de reformas e ajustes nos países emergentes. Tal disposição dos BCs tende apenas a disponibilizar mais recursos no sistema financeiro - e não em direção aos investimentos ou à oferta de crédito aos consumidores e empresas.
...de uma onda global
Mas não foi apenas o Fed que se mostrou disposto em mudar a rota da política monetária, rumo à injeção de “dinheiro fácil” nos mercados. Ontem, os BCs da Inglaterra (BoE) e do Japão (BoJ) se uniram ao tom suave (“dovish”) na fala dos presidentes Jerome Powell (Fed) e Mario Draghi, do BC da zona do euro (BCE), deixando a sensação de que uma onda global de afrouxamento monetário está se formando.
E o BC brasileiro não deve ficar de fora. No comunicado que acompanhou a decisão de manter a taxa Selic estável em 6,50% pela décima vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) admitiu que houve uma “interrupção” do processo de recuperação da economia brasileira e avaliou que o cenário para a inflação evoluiu de maneira “favorável”, mas observou que o risco de eventual frustração com as reformas “é preponderante”.
Assim, caso as condições indicadas pelo Copom sejam atingidas nos próximos meses - a saber, a manutenção de um cenário benigno para a inflação e de um ambiente hostil ao crescimento combinada com o avanço da reforma da Previdência - parece haver espaço para uma queda total ao redor de 1 ponto porcentual (pp) no juro básico ainda neste ano, renovando o piso histórico da Selic em 5,50%.
Essa percepção tende a manter a retirada de prêmios dos juros futuros locais (DIs), seguindo o claro viés de achatamento (“flatenning”) das curvas de juros pelo mundo, que estão com taxas nominais cada vez mais baixas e até negativas. A grande dúvida é o que pode acontecer com o dólar por aqui. De um lado, a moeda norte-americana pode a vir abaixo da marca de R$ 3,80 já nesta sexta-feira, seguindo a fraqueza do dólar no mundo.
Por outro, a perda de atratividade no diferencial de juros (“carrego”) pago no Brasil em relação ao retorno dado por bônus em outros países mais arriscados tende a pressionar o dólar para cima. Ou seja, a trajetória cadente das taxas básicas de juros no mundo cria um ambiente mais desafiador e a abordagem dovish do Copom pode ser apenas uma desculpa para os investidores manterem posições de defesa (hedge), segurando o dólar em R$ 3,85.
Volume e agenda fracos
De qualquer forma, o volume de negócios no pregão brasileiro pode ser prejudicado hoje, com a pausa de ontem, por causa do feriado nacional, deixando muitos investidores ainda de fora da sessão. Além disso, a agenda econômica doméstica está esvaziada nesta sexta-feira, o que desloca as atenções para o calendário de divulgações no exterior.
Dados preliminares sobre a atividade nos setores industrial e de serviços na zona do euro e nos EUA em junho estão entre os destaques do dia. Também serão conhecidos números sobre o setor imobiliário norte-americano. Além disso, merecem atenção discursos de dirigentes do Fed, que podem avançar na mensagem deixada na última quarta-feira.
Vem casamento pela frente? Ações da Gol (GOLL4) chegam a disparar quase 20% e levam Azul (AZUL4) às alturas com expectativas de fusão
Na avaliação do mercado, parte do combustível para a performance robusta neste pregão é a expectativa de combinação de negócios entre as aéreas
Dinheiro na mão é solução: Medidas para cumprimento do arcabouço testam otimismo com o Ibovespa
Apesar da forte queda de ontem, bolsa brasileira segue flertando com novas máximas históricas
Bitcoin Pizza Day: como tudo começou com duas pizzas e chegou aos trilhões
No dia 22 de maio, o mercado de criptomoedas comemora a transação de 10 mil BTC por duas pizzas, que marcou o início do setor que já supera os US$ 3,5 trilhões
Fim de festa? Ibovespa volta aos 137 mil pontos com preocupações sobre dívida dos EUA; dólar vai a R$ 5,64 e NY cai mais de 1%
Os mercados reagiram às discussões sobre o Orçamento no Congresso norte-americano. A proposta pode fazer a dívida do país subir ainda mais
Sonegador de imposto é herói e contribuinte não tem talento, diz Javier Milei — que também considera a palavra “contribuinte” uma ofensa
Presidente defendeu em rede nacional uma proposta que visa o retorno dos dólares escondidos “no colchão” aos cofres argentinos, independentemente de sua origem
Recorde do Ibovespa impulsionou preços históricos de 16 ações — cinco empresas registraram valorização superior a 50% no ano
Levantamento da Elos Ayta mostrou que um grupo expressivo de ações acompanhou o rali do Ibovespa e um setor brilhou mais do que os outros
BNDES corta participação na JBS (JBSS3) antes de votação crucial sobre dupla listagem nos EUA — e mais vendas podem estar a caminho
A BNDESPar reduziu a participação no frigorífico para 18,18% do total de papéis JBSS3 e agência alerta que a venda de ações pode continuar
Nubank (ROXO34) anuncia saída de Youssef Lahrech da presidência e David Vélez deve ficar cada vez mais em cima da operação
Lahrech deixa as posições após cerca de cinco anos na diretoria da fintech. Com a saída, quem assumirá essas funções daqui para frente será o fundador e CEO do Nu
Só pra contrariar: Ibovespa parte dos 140 mil pontos pela primeira vez na história em dia de petróleo e minério de ferro em alta
Agenda vazia deixa o Ibovespa a reboque do noticiário, mas existe espaço para a bolsa subir ainda mais?
Ibovespa está batendo recordes por causa de ‘migalhas’? O que está por trás do desempenho do índice e o que esperar agora
O otimismo com emergentes e a desaceleração nos EUA puxam o Ibovespa para cima — mas até quando essa maré vai durar?
Ibovespa (IBOV) encerra o pregão com novo recorde, rompendo a barreira dos 140 mil pontos; dólar sobe a R$ 5,67
O principal índice de ações da B3 tem mais um dia de pontuação inédita, com EUA em baixa no mercado internacional e boas notícias locais
Robotáxis da Tesla já têm data de estreia; Elon Musk promete milhões de carros autônomos nas ruas até 2026
CEO da Tesla confirma entrega de mil robotáxis até o fim de junho e quer competir com os principais apps de transporte por meio de um modelo próprio
BTG corta preço-alvo da Petrobras (PETR4) em R$ 14 e mira nova petroleira; veja motivos e oportunidades
Queda no preço do petróleo pressiona Petrobras, mas analistas ainda enxergam potencial de valorização
Trump sem o apoio de Elon Musk em 2028? Bilionário diz que vai reduzir gastos com doações para campanhas eleitorais
O CEO da Tesla foi o principal apoiador da campanha eleitoral de Donald Trump em 2024, mas ele avalia que já fez “o suficiente”
Fusão de Petz (PETZ3) e Cobasi deve ser aprovada pelo Cade ainda nesta semana, e ações chegam a subir 6%
Autarquia antitruste considera fusão entre Petz e Cobasi como de baixa concentração do mercado voltados para animais de estimação, segundo site
Onde investir na bolsa em meio ao sobe e desce do dólar? XP revela duas carteiras de ações para lucrar com a volatilidade do câmbio
Confira as ações recomendadas pelos analistas para surfar as oscilações do dólar e proteger sua carteira em meio ao sobe e desce da moeda
Ação da Smart Fit (SMFT3) pode ficar ainda mais “bombada”: BTG eleva preço-alvo dos papéis e revela o que está por trás do otimismo
Os analistas mantiveram recomendação de compra e elevaram o preço-alvo de R$ 27,00 para R$ 28,00 para os próximos 12 meses
Uma questão de contexto: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca depois de corte de juros na China
Investidores repercutem avanço da Petrobras à última etapa prevista no processo de licenciamento da Margem Equatorial
Entre a frustração com o Banco do Brasil (BBAS3) e a surpresa com o Bradesco (BBDC4): quem brilhou e decepcionou nos resultados dos bancos do 1T25?
Depois dos resultados dos grandes bancos, chegou a hora de saber: o que os analistas estão recomendando para a carteira de ações?
Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, libera compra de bitcoin para clientes, mas se mantém crítico e compara BTC a cigarro
Com um longo histórico de ceticismo, Jamie Dimon afirmou que o JP Morgan permitirá a compra de bitcoin, mas sem custodiar os ativos: “Vamos apenas colocar nos extratos dos clientes”