Por que o leilão desta bolsa usada pode entrar para a história como o mais caro da moda
A bolsa da atriz Jane Birkin será leiloada pela primeira vez em quase 25 anos nesta quinta-feira (10) na Sotheby’s
O que define o valor de uma obra de arte: o prestígio do artista, a técnica utilizada, o tempo de existência? É impossível dizer por que alguns quadros são vendidos por valores milionários, enquanto outros acumulam poeira nas galerias. Essa é a mesma lógica usada para a bolsa da atriz Jane Birkin, que será leiloada pela primeira vez em quase 25 anos nesta quinta-feira (10) na Sotheby’s.
“Quando a gente fala de moda, a gente tem o hábito de tratar os objetos como produtos. Mas comprar um ícone como a Birkin no leilão não é comprar um produto, é comprar a história, o savoir-faire, a exclusividade”, diz a especialista em luxo, Manu Berger.
Este item usado — muito bem usado, na verdade — pode entrar para a história como a bolsa Birkin mais cara já vendida no mundo.
Caso isso ocorra, o modelo vai ultrapassar o recorde da Diamond Himalaya Birkin 30, feita com a pele de um crocodilo-do-Nilo, pintada em tons de branco e cinza. Em 2022, a mesma Sotheby’s a leiloou por mais de US$ 450 mil (R$ 2,4 milhões).
Segundo Berger, a depender do entusiasmo dos compradores, não seria estranho ver este leilão histórico ficar marcado como o leilão mais caro da história da moda.
O que há por trás da Birkin original
Embora a percepção de valor seja semelhante ao que ocorre com as obras de arte, dá para fazer suposições de por que a Birkin original tem um valuation tão alto.
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Primeiramente, trata-se do modelo prototipado pelo próprio Jean-Louis Dumas, CEO da Hermès à época, especialmente para Jane. O encontro totalmente não planejado aconteceu por conta de uma troca de assentos no avião e acabou resultando em um desenho em um saquinho para enjoo. Nós contamos essa história em detalhes nesta reportagem especial.
Esse protótipo tem o seu valor histórico não só por ter sido o primeiro modelo daquele que seria tornaria o ícone da maison francesa, mas também porque possui alguns elementos de design únicos que nunca mais foram replicados em nenhuma Birkin — incluindo uma alça de ombro e uma inserção das iniciais da J.B no couro.
- Ao longo da vida, Jane recebeu outras 4 bolsas Birkin da Hermès. A cantora também recebia royalties pelo uso de seu nome, que eram destinados a instituições de caridade. O valor era estimado em US$ 40 mil (R$ 221 mil) por ano.
Veja a comparação entre uma Birkin moderna e a original (em cima do bloco branco):

Além disso, o modelo Birkin tem uma popularidade notável, que tem sido ainda mais potencializada pelas redes sociais.
Se, ainda nos anos 1990, a série Sex and The City cunhou a frase “não é uma bolsa, é uma Birkin”; agora, nos anos 2020, são as influenciadores, o TikTok e o clã Kardashian-Jenner que aumentam ainda mais o hype em torno do item.
Não por acaso, muitos lugares clandestinos têm se especializado em fazer falsificações de ultra-precisão de Birkins para vendê-las por cifras bem elevadas.
- Vale lembrar, no entanto, que o savoir-faire da Hermès é reconhecido e certificado pelo Comité Colbert, instituição francesa que resguarda os princípios do luxo. Todas as bolsas da marca são feitas em território francês, em cerca de doze fábricas espalhadas pelo país.
O fato de que a Hermès não vende o modelo para qualquer cliente, mesmo que a pessoa tenha dinheiro, é a cereja do bolo que contribui para consolidar a Birkin como a bolsa mais desejada do mundo.
Nesse contexto, o mercado de revenda (ou second-hand) da Hermès tornou-se, na verdade, um mercado first-hand, afirma Manu Berger. Ou seja: os vendedores vão atrás de itens nunca antes usados para revender para quem tem dinheiro, mas não possui relação com a marca francesa.
Em um mundo em que até uma banana colada na parede é capaz de arrematar R$ 33 milhões, o leilão de uma bolsa com a importância histórica da Birkin original causa a devida ansiedade — tanto entre os compradores com os meios para dar lances quanto entre os entusiastas que acompanham o universo da moda.
Quem levar para casa o item, terá também como brinde o cortador de unhas que Jane Birkin mantinha dentro da bolsa. Não só isso, mas o item carrega também as marcas dos adesivos ativistas colados pela atriz na parte externa. O couro preto de altíssima qualidade relembra as causas que Jane apoiava, como as instituições Médicos Sem Fronteiras e Unicef.
O que é um fato é, no mínimo, curioso. Hoje a Birkin é guardada e manejada com zelo extremo, quase como um item de colecionador (o que não deixa de ser). Mas a dona da primeira Birkin do mundo não tinha nenhuma ressalva em fazer da sua bolsa, também, um símbolo de seu ativismo.
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