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Ricardo Archilha

Ricardo Archilha

Ricardo Archilha é jornalista pela Faculdade Cásper Líbero, especialista em cultura, entretenimento e mídias sociais. Já colaborou para veículos como Papel Pop, Hollywood Forever TV e CARAS Brasil.

DESTINO: IRLANDA

Por que morar em Dublin ficou (ainda mais) caro — e o que explica o caos imobiliário

Crise habitacional, “bidding” e o boom tecnológico: um guia para entender o complexo mercado imobiliário da capital irlandesa

Ricardo Archilha
Ricardo Archilha
14 de novembro de 2025
8:16 - atualizado às 11:25
Rio Liffey define o mercado imobiliário de Dublin
Rio Liffey define o mercado imobiliário de Dublin - Imagem: istock:espiegle

Dublin se equilibra, de forma charmosa e por vezes caótica, entre a imagem de cartão-postal, com pubs acolhedores, alguma música celta, e a realidade de uma capital em pleno boom imobiliário. Para quem considera a capital irlandesa como um novo endereço, o rio Liffey é mais que um marco geográfico: é a linha inicial de uma divisão urbana que molda a cidade em múltiplas camadas.

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Entender Dublin é decifrar seus códigos postais, o mercado de aluguel hipercompetitivo e as regras particulares de compra. Num cenário de alta demanda e oferta limitada, a cidade desafia recém-chegados, mas continua a ser um polo de oportunidades profissionais que atrai estrangeiros do mundo todo.

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Decifrando o mapa: norte, sul e os códigos postais

A primeira lição geográfica sobre Dublin é simples: o Liffey divide a cidade entre Northside (lado norte) e Southside (lado sul). Essa separação se reflete diretamente nos códigos postais: números ímpares identificam o norte (D1, D7), enquanto os pares ficam ao sul (D2, D4).

“Os números ímpares correspondem a um lado da cidade e os pares, ao outro”, explica o corretor de imóveis Alan Lima. Historicamente, essa divisão consolidou um estereótipo: o Southside, associado às classes mais abastadas, e o Northside, tradicionalmente operário.

Hoje, porém, as fronteiras socioeconômicas tornaram-se mais difusas. A gentrificação redesenhou o mapa. “Existe uma ideia de que quanto maior o número do código postal, mais barato é o imóvel, mas isso não é necessariamente verdade”, observa Lima. “O que mais pesa é a localização — especialmente a proximidade com a costa, que tende a valorizar o metro quadrado”.

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Northside de Dublin
Northside de Dublin

As áreas centrais, D1 e D2, continuam sendo as mais disputadas por quem chega à cidade. “Dublin 1 e Dublin 2 é onde a maioria dos estudantes estrangeiros prefere morar, justamente por estarem perto de tudo”, explica o corretor.

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Além da clássica divisão norte-sul, as últimas décadas assistiram à expansão do oeste da cidade, o chamado West Dublin, que abriga áreas suburbanas e cidades-satélite como Tallaght (D24) e Blanchardstown (D15).

O perfil dos bairros

Longe do circuito turístico, os bairros de Dublin revelam personalidades distintas. Dublin 4 (Ballsbridge, Donnybrook) é o distrito mais prestigiado — endereço de embaixadas, da emissora nacional RTÉ e da sede europeia do Google. “A região da Doca é uma das mais valorizadas da cidade, com o metro quadrado podendo chegar a 15 mil euros”, comenta Lima.

Dublin 6 (Rathmines, Ranelagh) combina charme histórico e atmosfera jovem. Conhecido no passado como Flatland, pelas antigas mansões vitorianas convertidas em apartamentos, hoje é um reduto de jovens profissionais e expatriados.

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O prédio do Google em Dublin
O prédio do Google em Dublin

Do outro lado do rio, Dublin 7 (Stoneybatter) ganhou fama de bairro hipster, misturando moradores antigos com uma nova geração de criativos. Já Dublin 8 (Portobello, The Liberties) preserva o espírito da Dublin tradicional, ao mesmo tempo em que passa por uma transformação acelerada — com novos empreendimentos surgindo ao redor da icônica cervejaria Guinness.

A crise da oferta e o labirinto do aluguel

Independentemente do bairro, entrar no mercado imobiliário de Dublin é um desafio. A chamada crise habitacional define bem o cenário: a procura é muito superior à oferta, e a competição é intensa.

“Se eu anuncio uma casa para alugar, em uma ou duas horas já recebo mais de 200 e-mails de interessados”, relata Lima. “O corretor precisa filtrar e selecionar apenas uma parte dessas pessoas para as visitas. É impossível responder a todos.”

Diante desse volume, a maioria das imobiliárias prioriza o contato por e-mail. “Os telefones raramente são atendidos, simplesmente porque não há tempo para isso”, acrescenta.

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Os preços refletem essa pressão. Um apartamento de dois quartos pode custar cerca de 2.500 euros por mês. Dados oficiais do RTB mostram que, no início de 2025, o aluguel médio de novos contratos em Dublin chegava a 2.186 euros.

Independentemente do bairro, entrar no mercado imobiliário de Dublin é um desafio: a procura é muito superior à oferta
Independentemente do bairro, entrar no mercado imobiliário de Dublin é um desafio: a procura é muito superior à oferta

A barreira das referências e a proteção ao inquilino

O maior obstáculo para recém-chegados é a documentação exigida pelos proprietários. O item mais importante é a carta de referência de um senhorio anterior.

“Os locadores costumam dar prioridade a quem já mora no país, tem emprego fixo e referências locais”, explica Lima. “Eles buscam garantir que o inquilino será confiável e terá condições de pagar o aluguel”.

Para quem ainda não tem esse histórico, existem alternativas. Alguns recorrem a um relocation agent (agente de relocação), que faz a intermediação com o proprietário. “Em alguns casos, eu mesmo presto esse tipo de serviço, porque o processo pode ser muito difícil para quem está chegando”, conta Lima. 

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Outra forma de compensar a falta de referências é apresentar comprovação financeira sólida. “Já atendi clientes que conseguiram visitas rapidamente porque tinham fundos suficientes para cobrir vários anos de aluguel. Isso transmite segurança.”

A exigência é alta porque a legislação irlandesa protege fortemente o inquilino. Após seis meses de contrato, o locatário adquire o direito de permanência de longo prazo — o que significa que o proprietário só pode rescindir o contrato por motivos legais específicos. “Por isso, a escolha do inquilino é feita com tanto rigor”, explica Lima.

Mesmo com o limite de aumento imposto pelas Rent Pressure Zones (RPZ) — de até 2% ao ano ou conforme a inflação —, o corretor aponta uma brecha: “Se o imóvel é novo e nunca foi alugado, o proprietário pode definir o valor inicial que desejar. Essa regra acabou levando muitos donos a venderem seus imóveis.”

Bidding: o jogo da compra

Para quem pensa em comprar, o cenário é igualmente competitivo. Os preços em Dublin subiram 5,3% nos 12 meses até agosto de 2025. “Recentemente vendi uma casa de 45 metros quadrados por 380 mil euros”, exemplifica Lima. O preço do metro quadrado pode variar de dois mil euros no interior, em Longford, a até 15 mil em áreas nobres como a Doca.

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Um dos fatores que mais influenciam o mercado é o chamado bidding — uma espécie de leilão informal. “Tecnicamente não é um leilão, mas funciona como um”, explica o corretor. “O imóvel é colocado à venda por um valor abaixo do esperado, para atrair interessados e estimular a disputa. Se eu sei que a casa vale 450 mil, posso anunciá-la por 370 ou 390 mil, esperando que as ofertas subam”.

Segundo Lima, esse processo ajuda a filtrar compradores realmente dispostos, mas também eleva a tensão da negociação.

A exigência de proprietários é alta porque a legislação irlandesa protege fortemente o inquilino
A exigência de proprietários é alta porque a legislação irlandesa protege fortemente o inquilino

O risco do gazumping: quando a venda não é definitiva

O principal risco para compradores desavisados é o gazumping. Mesmo após uma proposta ser aceita — status conhecido como Sale Agreed —, o vendedor pode desistir e aceitar uma oferta maior até a assinatura final dos contratos pelos advogados.

É uma prática frustrante, mas legalmente permitida até o fechamento da transação. O processo, que envolve a contratação de um advogado (solicitor) e o pagamento de impostos como o Stamp Duty, costuma levar cerca de 100 dias para ser concluído.

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O contraponto: por que Dublin ainda atrai?

Com preços tão altos e competição acirrada, por que tantos ainda escolhem Dublin? “Porque aqui há oportunidades de trabalho”, resume Lima. “Apesar do custo de vida elevado, a cidade continua atraindo profissionais qualificados. Muitos brasileiros que antes vinham para trabalhos temporários hoje chegam com formação em áreas como enfermagem e tecnologia.”

Os salários acompanham essa tendência. “Na área de TI, por exemplo, a média anual varia entre 60 mil e 80 mil euros”, afirma. “Com um bom planejamento, é possível até comprar um imóvel após um ou dois anos.”

A segurança também é um fator decisivo. “Mesmo com alguns problemas recentes, Dublin ainda é muito mais segura do que muitas cidades brasileiras”.

O corretor, porém, reconhece o paradoxo: “Para quem vem de fora, a cidade oferece qualidade de vida e boas oportunidades. Mas, para muitos irlandeses, tornou-se difícil permanecer aqui diante do custo de moradia”.

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Dicas para navegar no mercado

Para quem pretende enfrentar o mercado dublinense, Lima recomenda agilidade e preparo. “Tenha toda a documentação pronta e ative notificações no site Daft.ie para se candidatar assim que o anúncio for publicado”, orienta.

Ele alerta também para fraudes comuns em redes sociais: “É frequente ver golpistas dizendo que estão fora do país e pedindo pagamento antecipado. Jamais envie dinheiro antes de receber as chaves e confirmar o imóvel pessoalmente”.

Outro conselho importante diz respeito aos animais de estimação: “Alugar um imóvel com pets, especialmente cães grandes, é consideravelmente mais difícil. O ideal é avaliar isso antes da mudança”.

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