Luxo sobre trilhos: 10 roteiros que redefinem as viagens de trem, da Europa ao Oriente Médio
Viagens ferroviárias têm ganhado espaço entre os turistas que querem aproveitar os destinos sem pressa
Se por nostalgia ou por uma tendência de slow travel, fato é que os trens deixaram de ser apenas um meio de transporte que levam de uma cidade a outra. Especialmente no segmento de luxo, as viagens de trem tornaram-se um destino por si só.
Em percursos de dois dias, com paradas estratégicas em vilarejos charmosos, ou em jornadas de semanas, com paisagens cênicas passando pela janela, o segredo não é a velocidade. Você provavelmente chegaria mais rápido de avião, de toda forma.
A magia está em aproveitar cada trecho dos trilhos, descansando nos aposentos luxuosos, saboreando os menus (alguns de chefs com estrela Michelin) e bebidas, e conhecendo o interior dos países de uma maneira que uma passagem aérea nunca seria capaz de proporcionar.
De uma ponta a outra do mundo, empresas de hotelaria têm investido no ramo ferroviário para oferecer experiências diferenciadas de hospedagem e turismo.
O empreendimento mais recente, que está causando um burburinho entre os viajantes e os players do setor turístico, é o La Dolce Vita Orient Express, resultado de uma parceria robusta entre a Accor e a LVMH, o maior grupo de luxo do mundo.
E se esse nome chamou sua atenção, a resposta é: sim, é o que você está pensando mesmo. O La Dolce é o “irmão” mais novo do clássico Venice Simplon-Orient-Express, o Expresso do Oriente mencionado no romance de Agatha Christie.
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La Dolce Vita Express: todos os caminhos levam a Roma
Se você já deu o “check” em todos os pontos turísticos clássicos de Roma, do Vaticano ao Coliseu, da Fontana di Trevi ao Pantheon, o próximo passo é seguir rumo à estação Ostiense para embarcar no La Dolce Vita Express.
Em comunicado à imprensa, a Accor, responsável pelo trem, reforça todos os princípios que estão por trás do “renascimento” das viagens ferroviárias. Os roteiros foram pensados segundo uma dinâmica de slow travel — esqueça o conceito da Eurotrip frenética de conhecer 10 países em 15 dias.
“O La Dolce Vita Orient Express convida os viajantes a redescobrirem a Itália lentamente, de forma elegante e com bastante atenção aos detalhes”, escreve a empresa.
São oito itinerários possíveis, que percorrem 14 regiões diferentes no país, da Toscana à Sicília, passando também por Portofino, destino que está sendo considerado a “nova Costa Amalfitana” pelos viajantes de alto padrão. Todas as rotas começam e terminam em Roma.
Dentro do vagão, o restaurante serve um menu idealizado por Heinz Beck, chef do restaurante romano com 3 estrelas Michelin, La Pergola.
Ao todo, o trem conta com 30 acomodações, sendo 18 Suite Cabins e 12 Deluxe Cabins. Todas têm banheiro privativo.
Os valores variam de 4.160 euros a 9.840 euros, por passageiro (R$ 27.657 a R$ 65.421, na cotação atual).
As datas de partida ainda são bem restritas, então toda antecedência é bem-vinda na hora de programar a viagem. Veja todos os detalhes no site oficial.
Spoiler: até o final do ano, serão abertos dois hotéis com a marca Orient Express, um em Roma e outro em Veneza. Espere um incremento nas viagens ferroviárias.

The Venice Simplon-Orient-Express: um (quase) roteiro de Agatha Christie
Já mais consolidado na malha ferroviária europeia, o Venice Simplon-Orient-Express leva Veneza no nome, mas tem itinerários muito mais amplos. A maioria, na verdade, nem passa pela cidade italiana.
No célebre romance de Agatha Christie, o detetive Hercule Poirot vai de Istambul, na Turquia, a Londres.
Embora esta jornada exata não esteja disponível para os fãs, o Expresso Oriente, operado pela rede Belmond, oferece uma infinidade de outras rotas, tanto de curto quanto longa duração.
Se você estiver fazendo uma Eurotrip, pode aproveitar para fazer um dos trajetos nos luxuosos e históricos vagões, ao invés de só pegar um avião ou trem regular. Há opções de Verona a Amsterdam, Paris a Budapeste, Lyon a Veneza e várias outras. Confira todas no site oficial.
Para tirar o máximo de proveito, no entanto, a recomendação é embarcar em uma jornada mais demorada.
O roteiro de Paris a Istambul é a pedida ideal. Com três noites a bordo do Expresso, uma noite em Bucareste e uma em Budapeste, a viagem é o suprassumo do luxo ferroviário. Nenhum almoço nem jantar terá menos de três pratos e os jeans são os proibidos no vagão. À noite, apenas trajes formais.
Com cinco dias de passeio, as cabines saem por, no mínimo, 17.500 libras (R$ 135,3 mil) por passageiro.

Seven Stars: o Japão fora das metrópoles
O Japão é conhecido pelos trens-bala, mas é na lentidão que mora uma das pérolas do país: o trem Seven Stars, que percorre a ilha de Kyushu, a terceira maior da região.
São poucas partidas durante o ano e todos os itinerários propostos têm uma carga cultural muito forte. Se você busca uma imersão na cultura japonesa tradicional, fora da dinamicidade das grandes metrópoles, esta é a escolha.
Dentro do vagão, os menus exploram o melhor da gastronomia local, mas também buscam inspiração nas cozinhas francesa e italiana. No jantar, apenas trajes formais são aceitos.
São apenas 10 suítes em todo o trem, com capacidade máxima de duas pessoas em cada. Para ter a chance de embarcar, os turistas precisam se candidatar através do site oficial. O embarque não é garantido: caso o número de interessados ultrapasse o número de vagas, é feito um sorteio.
Os preços vão de 680 mil ienes (R$ 27,8 mil) a 1,4 milhão ienes (R$ 57,4 mil) por pessoa.

Glacier Express: a Suíça (ainda mais) luxuosa
A malha ferroviária suíça é um assunto à parte. Com um Swiss Rail Pass, você percorre o pequeno país de norte a sul, leste a oeste, sem dor de cabeça alguma — e ainda tem como um grande bônus o cenário dos Alpes para apreciar em todo e qualquer trajeto.
Entre as várias rotas cênicas, uma tem se destacado pelo deleite que oferece aos passageiros: o Glacier Express, que vai de St. Moritz, cidade conhecida pelos resorts de luxo para prática de esportes de neve, a Zermatt.
É aqui que o conceito de slow travel convence até os mais céticos: o trajeto é feito em oito horas, mas as paisagens alpinas, vistas através de janelas panorâmicas, fazem os viajantes almejarem por mais tempo dentro do trem.
Nesse meio tempo, os viajantes da Excellence Class podem desfrutar de um menu de cinco pratos.
Para acessar a seção premium do vagão, o viajante precisa comprar um bilhete de primeira classe e pagar 490 francos suíços (R$ 3.465) a mais pelo assento da Excellence Class. Somando os dois valores, a média é de 762 francos suíços (R$ 5.380).
Por mais confortáveis que sejam as poltronas, a dica de ouro é: não durma no trajeto.

Golden Eagle Danube Express: o outro lado da Europa
Doze dias a bordo de um “hotel de luxo sob trilhos” vão te levar a 10 cidades diferentes do Leste Europeu, com algumas paradas bem aproveitadas em Budapeste, Cracóvia, Varsóvia, Berlim e Praga.
O roteiro é intenso, mas tem a vantagem de oferecer uma experiência única e luxuosa que engloba os principais pontos turísticos dessa região da Europa.
Os preços variam de US$ 19.395 (R$ 116,4 mil) a US$ 42.900 (R$ 257,4 mil) por pessoa.
Além da acomodação no trem em si, o valor também inclui hospedagem em hotéis cinco-estrelas, excursões turísticas nas paradas e um menu de alta gastronomia, acompanhado de bebidas alcóolicas e não-alcóolicas, para todos os dias da viagem.
Saiba mais detalhes no site oficial.

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Andean Explorer e Hiram Bingham: Peru sob trilhos
O investimento robusto da rede Belmond no turismo ferroviário trouxe à América do Sul o primeiro trem de luxo com vagões para pernoite e possibilitou que os turistas conhecessem o Peru sob outra ótica.
São dois os trens de luxo operados pela empresa no país: o Andean Explorer e o Hiram Bingham. Enquanto o primeiro permite jornadas de uma ou duas noites para descoberta dos chamados Andes peruanos, o segundo é focado especificamente em Machu Picchu.
No Andean Explorer, as saídas e chegadas são em Cusco ou na cidade de Puno, conhecida pelo lago Titicaca.
Já para quem embarca no Hiram Bingham, a experiência começa no hotel Rio Sagrado (também da rede Belmond, claro), onde está a estação de trem privativa de onde partem os passageiros.
Segundo dados do site Peru Rail, os valores médios do Hiram são de US$ 600 (R$ 3,6 mil) por pessoa, por trecho. Já para o Andean, o preço varia de acordo com o número de dias da rota escolhida. Espere algo entre US$ 3.200 (R$ 19,4 mil) e US$ 9.000 (R$ 54,5 mil), por pessoa.

Rovos Rail: um detox digital
Se a desconexão é o que você espera de uma viagem, então bem-vindo a bordo do Rovos Rail: um trem que percorre parte do continente africano em itinerários que podem durar de 2 a 15 dias — sem wi-fi e conexão de celular na maior parte do trajeto.
A proposta é clara, desde o início: fique offline. Para isso, os passageiros são encorajados a entregarem o celular no começo da viagem.
Durante o trajeto, você terá o que espera de uma viagem clássica para as savanas: girafas, elefantes e zebras são avistados com facilidade das janelas panorâmicas do trem. Como plano de fundo, os planaltos esverdeados ajudam ainda mais no processo de “detox digital”. Acredite: dificilmente o feed do seu Instagram vai se comparar a essas vistas.
A Rovos oferece diferentes passeios; veja os detalhes no site oficial.
Um dos mais completos é o que vai das cataratas de Victoria Falls, no Zimbábue, a Pretória, na África do Sul. Os valores começam em R$ 50,5 mil para 2026. Na cabine mais exclusiva, os bilhetes ultrapassam os R$ 95 mil por pessoa, para 11 dias de viagem.

Dream of the Desert: o primeiro trem de luxo na Arábia Saudita
A Arábia Saudita tem feito esforços colossais para se inserir no mercado de turismo de luxo. Megaprojetos no setor imobiliário — e, agora, um trem de alto padrão— são apenas uma parte do plano do país para se livrar da dependência do petróleo e diversificar sua economia.
Com 34 suítes, o trem foi feito pela empresa italiana de hospitalidade Arsenale Group, a mesma responsável pelo La Dolce Vita e que também está em negociação com os Emirados Árabes Unidos para o lançamento de um segundo trem de luxo no Oriente Médio.
O design de interiores foi feito pela arquiteta libanesa Aline Asmar d'Amman, que também assina o projeto do restaurante Jules Vernes, no segundo andar da Torre Eiffel.
Algumas obras de arte já estão sendo comissionadas para enfeitarem os corredores dos vagões.
A linha começa a operar no ano que vem. Os preços ainda não foram revelados.

Maharajas' Express: o ‘Expresso-Oriente’ no sul da Ásia
Quando o assunto é luxo na Índia, a riqueza de cores e detalhes deixa até os mais indiferentes maravilhados.
A jornada pelo Maharajas' Express busca unir o melhor das “duas Índias”: a herança histórica e cultural das cidades (destaque para Jaipur, a Cidade Rosa) com a extravagância da paisagem natural (incluindo tigres-de-bengala, se você tiver a sorte de avistar um durante o safári).
Entre os itinerários, o Indian Splendors dá a possibilidade de ir de Delhi a Mumbai em sete dias, passando pelo Taj Mahal e aproveitando algumas paradas estratégicas para apreciar o melhor da gastronomia e da arquitetura indiana.
Os valores por pessoa para essa rota vão de US$ 7.800 (R$ 47,2 mil), na cabine mais simples, a US$ 25.000 (R$ 151,5 mil), na suíte presidencial.

Extra: embarque em 7 trens de luxo em uma volta ao mundo
Em setembro, a empresa de viagens ferroviárias Rail Bookers vai fazer uma volta ao mundo de Vancouver a Singapura, oferecendo aos viajantes a possibilidade de embarcar em sete dos melhores trens de luxo do mundo (muitos deles, citados aqui nesta matéria).
São eles:
- Rocky Mountaineer, no Canadá;
- Belmond Royal Scotsman, na Escócia;
- La Dolce Vita Orient Express; na Itália;
- Venice Simplon-Orient-Express; de Paris a Istambul,
- Rovos Rail; de Pretória a Victoria Falls;
- The Maharajas' Express; na Índia;
- Eastern & Oriental Express; na Malásia.
Ao todo, são 21 noites a bordo dos trens, além das acomodações em hotéis de primeira linha em várias cidades. A proposta é passar por quatro continentes e 12 países em 59 dias.
Segundo apuração da CNBC, os valores começam em US$ 125 mil por pessoa (R$ 757 mil).
* Com informações do New York Times e da Condé Nast Traveller.
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