“Invasão brasileira” nos Guggenheims: Tarsila do Amaral e Beatriz Milhazes ganham individuais em Bilbao e Nova York
Com duas mostras individuais abertas em semanas dos dois lados do Atlântico, Guggenheim destaca importância de um novo olhar global sobre a arte de brasileiras como Tarsila e Beatriz

Duas protagonistas da arte brasileira separadas no tempo. Em comum, o talento, a inovação e a visão de Brasis diferentes, ricos e profundamente multifacetados: nos meses de fevereiro e março de 2025, os museus Guggenheim, em Bilbao e Nova York, tornam-se palcos das Tarsila do Amaral e Beatriz Milhazes.
Enquanto Tarsila marca presença no Guggenheim Bilbao desde o dia 21 de fevereiro com a exposição Tarsila do Amaral. Pintando el Brasil moderno, Beatriz Milhazes estreia no Guggenheim Nova York nesta sexta-feira (7) com Collection in Focus | Beatriz Milhazes: Rigor and Beauty.
Se Beatriz Milhazes surge no Guggenheim Nova York como a força vibrante e contemporânea da arte abstrata brasileira, Tarsila do Amaral no Guggenheim Bilbao reafirma a importância histórica e modernista do Brasil no cenário artístico global. Juntas, são pontes que conectam o Brasil a um público global profundamente interessado na arte complexa e pulsante do país.

O papel das mostras e esse olhar para o Brasil de duas de nossas maiores artistas foi tema de uma conversa de Seu Dinheiro com Geaninne Gutiérrez-Guimarães e Cecilia Braschi, as curadoras responsáveis por cada individual.
"Devemos continuar a promover as histórias e legados das artistas latino-americanas", diz Gutiérrez-Guimarães, que reforça a importância de expandir os cânones do modernismo e da arte contemporânea para incluir uma representação “global e mais diversa”. Cecilia Braschi complementa, defendendo que "é importante entender as condições históricas em que essas mulheres artistas trabalharam".
Beatriz Milhazes em NYC: um olhar do mundo para a abstração brasileira
A passagem pela Fifth Avenue, no Upper East Side de Nova York, ganha nesta sexta-feira (7) um pit stop para os amantes da arte brasileira, com a individual Collection in Focus | Beatriz Milhazes: Rigor and Beauty, em cartaz no Guggenheim de Nova York.
Leia Também

Parte da série Collection in Focus, inaugurada com outra mostra dedicada a Piet Mondrian (em exposição por lá até abril), a abertura marca a segunda etapa da celebração do acervo do museu, que lista cinco importantes obras da carioca.
Até setembro deste ano, o público poderá ver uma seleção impressionante de peças que abrangem quatro décadas de produção artística. O conjunto os cinco trabalhos disponíveis do acervo do Guggenheim – “Santa Cruz” (1995), “In albis” (1995-96), “As quatro estações” (1997), “O cravo e a rosa” (2000) e “Paisagem Carioca” (2000) –, além de empréstimos estratégicos que ajudam a contextualizar a evolução artística de Milhazes.
Para a curadora Geaninne Gutiérrez-Guimarães, responsável pela exposição de Beatriz Milhazes no Guggenheim Nova York, Beatriz cria uma estética que "combina motivos culturais brasileiros com influências modernistas", capturando uma fusão dinâmica entre estética global e local.
Ao todo, serão 15 pinturas e trabalhos em papel, produzidos entre 1995 e 2023, que expõem as influências da artista, da arte e da arquitetura coloniais até as artes decorativas e aplicadas, além da vibrante celebração do Carnaval, do movimento Tropicália e da bossa nova.

"Em sua arte, Milhazes reforça suas raízes cariocas e cria um elaborado repertório de significados, alusões e simbolismos dentro de um contexto vernacular brasileiro", explica Gutiérrez-Guimarães, que anteriormente já organizou outras mostras ligadas a artistas do Brasil e da América Latina, como Lygia Clark, Cecilia Vicuña e Gego.
Em resumo, trata-se do retrato da arte atualíssima e em constante renovação de um país que tem atraído ainda mais olhares do outro lado do Atlântico.
Tarsila do Amaral em Bilbao: reposicionando o modernismo brasileiro frente ao mundo
No Guggenheim Bilbao, o Brasil também aparece, mas de forma diferente: nas cores e formas que ajudaram o país a olhar para arte nacional no início do século XX. A exposição Tarsila do Amaral. Pintando el Brasil moderno (aberta desde 21 de fevereiro) é uma celebração à artista que ajudou a consolidar o modernismo no Brasil.
Sucesso no Musée du Luxembourg em Paris, para onde atraiu mais de 130 mil pessoas de outubro de 2024 até o início de fevereiro, Tarsila do Amaral chega à Espanha com o objetivo de apresentar sua obra desde os anos 1920 até os anos 1960 em toda a sua complexidade, diz a curadora Cecilia Braschi, responsável pela mostra.
“Para o público europeu, é interessante descobrir uma obra tão diferente que funciona como um contraponto, mas também como um espelho da Europa e de suas vanguardas, já que a artista conhece muito bem nossos códigos estéticos e sabe dialogar e brincar com eles até subvertê-los”, explica a curadora, lembrando de quando o projeto estético de Tarsila foi descrito como “infantil” ou “ingênua” pela crítica cultural europeia de sua época.
- CONFIRA AINDA: Polêmico leilão de arte com inteligência artificial (IA) da Christie’s arrecada mais do que o projetado; veja a obra mais cara

A exposição inclui algumas das obras mais icônicas da artista, como “Operários” (1933), além de outros trabalhos reconhecidos. Mais importante que isso, porém, foi o pensamento de uma mostra que ultrapassasse a compreensão do mais popular sobre a artista. "Quisemos mostrar Tarsila em sua integralidade", diz Cecilia Braschi.
Assim, a seleção priorizou não apenas os trabalhos mais conhecidos, mas também aqueles que foram esquecidos ou pouco explorados desde sua morte. Entre as obras raras e inéditas que podem ser vistas na mostra, estão peças de coleções privadas que não eram expostas há muito tempo, como “A Caipirinha” (1923), além de magníficos inéditos como “Terra” (1943), “A Metrópole” (1958) e “Calmaria III” (1960), que são valorizadas pela primeira vez agora.
O intuito é adicionar algo novo ao conhecimento da artista e ao estudo de sua obra. Para Braschi, essa é uma exposição que deseja destacar a mulher artista em um contexto de complexas transformações culturais, políticas e sociais, e não apenas exaltar as suas produções mais gloriosas:
“Optamos por fazer pela primeira vez uma verdadeira retrospectiva, para descobrir uma mulher artista nos diversos contextos culturais e políticos que ela atravessou, e não apenas os mais famosos e gloriosos. Isso exige um olhar mais atual, que não se limite a ‘mitificar’ a personagem e a obra, mas que também permita entender as condições históricas e materiais em que uma artista mulher e brasileira do século XX trabalhou, entre Brasil e França.”
Organizada cronologicamente, a exposição olha para cada fase sob uma lente temática que discute a construção de uma identidade brasileira por meio da arte, com destaque para a representação da paisagem e de nossa antropofagia cultural modernista como paradigma.
Serviço
Collection in Focus | Beatriz Milhazes: Rigor and Beauty
De 7 de março a 14 de setembro de 2025
Solomon R. Guggenheim Museum and Foundation
1071 Fifth Avenue, Nova York (na altura da 88th Street)
Informações e ingressos aqui
Tarsila do Amaral: Painting Modern Brazil
De 21 de fevereiro a 1º de junho de 2025
Museo Guggenheim Bilbao
Abandoibarra Etorb., 2, Abando, Bilbao
Ingressos e informações aqui
Em livro de memórias, Bill Gates resgata impacto da curiosidade na fonte de seu sucesso
De prodígio da computação a homem mais rico do mundo, Bill Gates revisita a infância e a juventude em Seattle em ‘Código-fonte: Como tudo começou’, um ensaio sobre o papel da família, da educação e da curiosidade no caminho do fundador da Microsoft
Quanto você pagaria por um sabre de luz original de Star Wars? Item alcança quase R$ 20 milhões em leilão
Sabre de luz leiloado essa semana foi usado por Darth Vader nas filmagens de ‘O Império Contra-Ataca’ e ‘O Retorno de Jedi’, da saga Star Wars
The Town 2025: curador e vice-presidente artístico do festival, Zé Ricardo dá dicas de shows imperdíveis
Até o dia 14, festival brasileiro conecta música nacional a circuito global; ao Seu Dinheiro, o curador do The Town dá a lista com as atrações imperdíveis entre mais de uma centena de shows
Bienal de São Paulo 2025: programação e os destaques da maior mostra de arte contemporânea da América Latina
O Pavilhão Ciccillo Matarazzo será ocupado com mostras de mais de 120 artistas de cerca de cinquenta países, além de experiências multissensoriais e com realidade aumentada
Da rua à editora, como Ponta de Lança prosperou na literatura paulistana (e quais os próximos capítulos)
Para Bruno Eliézer Martins, da Ponta de Lança, vender livros é vender magia; mas a paixão virou um dos epicentros da literatura paulistana; ao Seu Dinheiro, ele adianta os próximos capítulos
Arte ao ar livre: Inhotim e outros 5 museus que transformam a paisagem em galeria
Endereço brasileiro que transformou percepção sobre arte em espaço aberto completa 20 anos de abertura ao público em 2026; aqui, nos debruçamos sobre seis complexos onde o ambiente é a própria obra
Venda de ingressos para show de Marisa Monte abre ao público geral nesta quarta (20); veja como adquirir
Turnê aguardada de Marisa Monte com orquestra sinfônica causou frisson entre fãs em pré-venda nesta segunda-feira (18); veja como garantir o ingresso na venda geral
“Ovos de ouro” da Fabergé vão mudar de dono: joalheria icônica é vendida por R$ 272 milhões
Joalheria emblemática por seus luxuosos ovos ornamentais foi adquirida por firma americana de investimentos após mais de uma década sob controle de mineradora
7 museus internacionais com obras brasileiras para colocar no seu próximo roteiro de viagem
Arte brasileira de diversos períodos históricos pode ser encontrada em museus de renome, da Argentina ao Japão
Biblioteca brasileira está entre as 10 mais bonitas do mundo; saiba qual é e confira o ranking completo
A lista foi feita pela organização 1000 Libraries, que contabilizou os votos de mais de 200 mil pessoas em seu site
FLIP chega a 2025 com aposta em popularidade de Paulo Leminski para driblar críticas e concorrência
Com críticas nas redes e concorrência acirrada d’A Feira do Livro em São Paulo, a tradicional FLIP projeta o poeta curitibano Paulo Leminski no centro do debate contemporâneo
Lollapalooza Brasil anuncia datas da edição 2026 e abre primeiro lote de pré-venda nesta terça-feira (22)
Ainda sem atrações confirmadas, festival anunciou datas e criação de pré-venda exclusiva, que começa ainda hoje
Incêndio destrói o palco do Tomorrowland, marcado para esta sexta-feira; como fica o festival agora?
Ninguém ficou ferido, mas o palco principal do evento foi todo destruído pelas chamas
O que define o valor de uma obra de arte em leilão?
Aloisio Cravo, leiloeiro com mais de 40 anos de experiência, explica os bastidores de um leilão e como funciona a precificação das peças de arte
O Louvre do Brasil? Museu paulistano é patrocinado por joalheria e terá baile de gala com a Chanel
Com parceria de três anos, Pinacoteca vai alinhar iniciativas de conservação e restauro do acervo com os padrões internacionais
5 museus que inauguram ainda em 2025, incluindo o primeiro dedicado a inteligência artificial
Novidades em cidades efervescentes, estes museus têm o potencial de se tornarem os hotspots turísticos da vez
Complexo da Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, vai ganhar ampliação; conheça a Rua da Música
Projeto prevê renovação no Parque Jaime Lerner, que abriga, além da Pedreira, a Ópera de Arame em Curitiba; gastronomia, estúdio de gravação e até uma exposição permanente estão confirmados
Este autor escreveu todos os 5 livros mais vendidos da maior editora do país na Bienal do Rio
Companhia das Letras foi a única editora que teve o top 5 de livros mais vendidos ocupado por um só escritor
Cazuza será grande homenageado no Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira em 2026
Tributo ao rockstar brasileiro acontece nos palcos da premiação em 2026, mas não é a única homenagem rolando ao artista
Greve no Louvre: o que a paralisação de funcionários diz sobre a crise do turismo em massa na Europa?
Nesta segunda-feira (16), os funcionários do espaço decidiram fazer uma greve espontânea, deixando centenas de turistas em uma fila que nunca andava