Acabou a magia? Ir pra Disney está mais caro, mas o ‘vilão’ dessa história não é Donald Trump
Estudos mostram que preços dos ingressos para os parques temáticos subiram mais do que a inflação americana; somado a isso, empresa passou a cobrar por serviços que antes eram gratuitos
Uma história da Disney só funciona se existir um vilão. Nem sempre este vilão é personificado em uma bruxa má, leão com aspirações monárquicas ou uma fashionista com obsessão por estampas de dálmata.
Como as últimas produções do estúdio têm mostrado, o “mal” é cheio de nuances: um sentimento descontrolado de ansiedade, as expectativas da vida adulta, o trauma geracional e mais…
E, porque estas nuances borram as linhas entre o preto e o branco e deixam tudo cinza, reconhecer o vilão nem sempre é fácil.
À primeira vista, o protecionismo mais acentuado do segundo governo de Donald Trump e os discursos inflamados anti-imigrantes aparentavam ser o vilão que ia atrapalhar a ida dos brasileiros aos parques temáticos mais famosos do mundo.
Até o momento, no entanto, são o dólar alto e a própria Disney, com a escalada dos preços dos ingressos, que impõem desafios para que os turistas do Brasil mantenham o fluxo de visitação tão intenso quanto antes.
O câmbio tem impactado muito mais as viagens para os Estados Unidos do que as reações ao presidente, diz Guilherme Dietze, economista e presidente do conselho de turismo da FecomercioSP.
Leia Também
Faria Lima estreia no ranking das ruas mais caras das Américas; veja as outras brasileiras na lista
Vale lembrar: embora a alta da moeda americana tenha, sim, relação com as políticas de Trump, ela não pode ser atribuída a um só agente do mercado.
Ana Carolina Medeiros, presidente da Abav, associação que representa as agências de viagem brasileiras, reforça que os associados não perceberam mudanças no comportamento dos clientes depois da posse de Trump, nem nos fornecedores americanos que fazem turismo receptivo.
O fato de Trump já ter sido presidente e não ter causado grandes complicações para os turistas brasileiros contribuiu para essa maior “tranquilidade” agora no segundo mandato.
A demanda pelo turismo internacional segue em patamares elevados, com leve alta em relação ao mesmo período de 2024, afirma Medeiros.
Os preços dos serviços em dólar também seguem estáveis, diz a presidente da associação.
Porém, a mesma estabilidade não é sentida no bolso dos viajantes brasileiros, que precisam lidar com as oscilações do câmbio.
Trump não é o ‘vilão’, mas também não é o ‘mocinho’
Apesar do cenário de relativa calmaria para os brasileiros no momento, o turismo nos Estados Unidos não é imune às políticas de Donald Trump, sobretudo às tarifas recém-anunciadas.
Embora não tenham foco no setor turístico em si, a nova dinâmica comercial deve impactar as cadeias de produção que envolvem a indústria de viagens e encarecer os custos para os fornecedores — como as companhias aéreas —, que consequentemente repassarão essa alta para os consumidores, segundo Guilherme Dietze, da FecomercioSP.
A boa notícia é que esse impacto não deve ser imediato, ainda mais depois da pausa de 90 dias anunciada por Trump nesta semana, que contempla quase todos os países, com exceção da China.
A empresa de pesquisas Tourism Economics prevê uma queda de mais de 12% no turismo internacional para os Estados Unidos. Não só menos pessoas vão viajar para o país, como os viajantes vão gastar menos: os gastos podem diminuir 12,3%, resultando uma perda anual de US$ 22 bilhões para a economia americana.
O estremecimento nas relações diplomáticas com grandes mercados, como Canadá, México e União Europeia, podem reduzir o interesse dos viajantes estrangeiros pelo país. Na verdade, esse afastamento já está sendo notado e reportado em matérias de jornais estrangeiros, como BBC e The New York Times.
A Tourism Economics também cita o fortalecimento do dólar como uma barreira para os turistas internacionais, que precisarão gastar mais dinheiro para visitar os EUA.
Por fim, a postura mais protecionista do republicano deve ter impacto no turismo corporativo, que é o grande motor da indústria e já não estava nos melhores momentos depois da pandemia.
“Você reduz as conexões [comerciais] e, com isso, reduz também a demanda por hotéis, transporte e assim por diante. Toda cadeia de turismo acaba sendo impactada”, diz Dietze.
O Brasil se destaca como o sexto maior mercado de turistas para os Estados Unidos, segundo a International Trade Administration. Embora mantenha relações amigáveis com a atual Casa Branca, é importante lembrar que, em um mundo globalizado, o efeito cascata atinge a todos.

Disney não precisou de tarifas para ficar mais cara
Falar de viagens de brasileiros para os EUA é falar do estado da Flórida, imperativamente.
Os dados não deixam dúvida: em 2023, as cidades de Miami e Orlando receberam 475 mil e 279 mil turistas do Brasil, respectivamente, segundo o Escritório Nacional de Turismo e Viagens do país.
Por esse motivo, o encarecimento da Disney é um fenômeno que interessa diretamente muitos dos viajantes.
Em outubro do ano passado, a empresa anunciou o aumento do preço de alguns tipos de ingressos para os parques da Califórnia. A notícia foi a “gota d’água” para desencadear mais críticas à inflação do “lugar mais feliz do mundo”.
Um estudo feito pela empresa Touring Plans, encomendado pelo The Wall Street Journal, mostra que uma viagem de quatro dias aos parques de Orlando, para uma família de quatro pessoas, foi de US$ 3.230 (R$ 19.000) em 2019 para US$ 4.266 (R$ 25,1 mil)em 2024, considerando hospedagem em um hotel intermediário da Disney.
Os dados também mostraram que os ingressos subiram de preço em uma taxa acima da inflação americana.
Além disso, a Disney passou a cobrar por serviços que antes eram gratuitos, como os “Fast Pass”, que permitem que os turistas cortem filas, e os transfers do aeroporto aos hotéis.
Em resposta, a empresa afirmou que os preços foram exagerados e que o valor mais fiel seria de US$ 3.026 (R$ 17,8 mil). Em comunicado, os executivos reforçaram que existem várias promoções e pacotes que tornam a visita mais acessível.
Apesar das críticas e das altas, Ana Carolina Medeiros, da Abav, explica que a busca por esse roteiro ainda é alta.
- Ela relembra que a relação dos brasileiros e dos americanos com os parques temáticos é diferente, já que os turistas do Brasil sempre precisaram de mais planejamento e dinheiro para ir até o destino, ao passo que os estadunidenses tratam a Disney como um passeio local, para “dar um pulo no feriado”.
Uma vantagem adicional é que os clientes também podem parcelar os pacotes de viagem aqui, o que deixa o planejamento financeiro mais confortável. O valor, no entanto, segue dependente da cotação do dólar no dia em que a compra é realizada.

Quanto custa uma viagem para a Disney na era Trump?
Considerando um período fora da alta temporada, em setembro, fizemos o cálculo, junto à Abav, de quanto custa uma viagem para Disney para uma família de quatro pessoas, sendo duas crianças.
As passagens aéreas de ida e volta para Orlando, saindo de São Paulo, saem por, no mínimo, R$ 13.500, segundo o Google Flights.
Ingressos de parques temáticos da Disney para dois dias custam R$ 9.560 para toda a família. Lembrando que a Disney tem 4 parques temáticos e 2 parques aquáticos em Orlando, portanto, esse valor não contempla todos os principais passeios.
As hospedagens saem por volta de R$ 7.000 em um hotel intermediário, sem café da manhã.
O ponto forte indiscutível da empresa de entretenimento é que ela tem a paixão jogando a seu favor.
“O sonho da Disney, você paga”, diz a presidente da Abav.
Sem espaço para bagunça: França pode multar em até R$ 124,5 mil passageiros que quebrarem as regras do voo
Violações sujeitas a multas de 10 mil a 20 mil euros incluem utilizar dispositivos eletrônicos quando proibidos, não cumprir as instruções da tripulação, além de agressões verbais ou físicas contra tripulantes ou outros passageiros
Férias de verão: como a Conta Jovem do BTG Pactual pode ajudar pais e filhos a aproveitarem o melhor da estação
A Conta Jovem do BTG Pactual oferece ferramentas para jovens planejarem gastos e desenvolverem autonomia financeira com a supervisão dos pais
48 horas em Marfa: um roteiro essencial pelo oásis artístico texano
Hotéis históricos, restaurantes premiados e obras monumentais no meio do nada: o que fazer e ver na cidade que virou ícone do deserto
Escapada com luxo: 5 hotéis que são refúgios exclusivos próximos do Rio de Janeiro
Cinco refúgios de luxo a menos de três horas do Rio, onde natureza, arquitetura e boa gastronomia transformam a escapada em experiência
Universal revela detalhes do novo parque infantil que será aberto em 2026 no Texas; confira as principais atrações
O Universal Kids Resort localizado na cidade de Frisco contará com sete áreas temáticas; entre os personagens que as inspiram estão Shrek, os Minions e o Gato de Botas
11 mercados de Natal autênticos que valem a visita na Europa
O final de ano é uma das épocas mais bonitas e encantadoras para viajar para o continente — e o motivo são os mercados de Natal
World Golf Awards 2025: por dentro dos melhores hotéis e campos de golfe do mundo e do Brasil
Na premiação deste ano, os vencedores se destacam por trazer desafios variados aos golfistas e cenários naturais deslumbrantes
Por que morar em Dublin ficou (ainda mais) caro — e o que explica o caos imobiliário
Crise habitacional, “bidding” e o boom tecnológico: um guia para entender o complexo mercado imobiliário da capital irlandesa
Como é o hotel dentro de Versalhes com diárias de até R$ 90 mil
Com apenas 13 suítes, o hotel Le Grand Contrôle é o único com permissão para operar nos domínios do castelo mais famoso da França
Black Friday e o viajante profissional: como garantir suas próximas passagens com o Programa de Fidelidade do BTG Pactual
Fechar uma viagem garantindo a próxima? Reunimos as dicas para expandir e rentabilizar suas compras de passagens e hotéis em 2025 usando as vantagens dos cartões de crédito BTG Pactual
Shutdown nos EUA: como a paralisação mais longa da história do país afeta o turismo em solo americano
Além dos diversos pontos turísticos fechados, haverá redução de 10% do tráfego aéreo em aeroportos de grande movimento; prejuízo para o setor de viagens dos Estados Unidos já supera os R$ 37,45 bilhões
Saúde nas Maldivas: arquipélago proíbe o consumo de tabaco para nascidos em ou após 2007
O país torna-se o primeiro no mundo a implementar tal proibição geracional; a medida impede que qualquer pessoa nascida em ou depois de 1º de janeiro de 2007 compre, use ou fume tabaco
Catalunha 2025: um guia de comida e luxo na Capital Mundial da Gastronomia
O luxo de azeite, arte e tempo ganha contornos saborosos, com a elevação da região ao título de Capital Mundial da Gastronomia; aqui, um guia de onde comer, dormir e viver bem
Quanto custa se hospedar em 7 dos melhores hotéis do mundo, segundo o 50 Best Hotels 2025
O Seu Dinheiro compilou preços em hospedagens na Ásia, Europa, África e América do Sul; a diária na suíte mais exclusiva pode chegar a R$ 428.400
Copacabana Palace é eleito o 11º melhor hotel do mundo; Rosewood São Paulo fica na 24ª posição
Hotéis carioca e paulista são destaques no The World’s 50 Best Hotels 2025 campeão é asiático
Cobrança por bagagem de mão: taxa abusiva? Entenda por que o preço disfarçado de economia não beneficia o consumidor
Após a aprovação no Senado do projeto de lei que proíbe tal cobrança, profissionais do direito e do turismo discutem sobre como a medida abre espaço para um futuro mais favorável aos passageiros
Lista elege as 20 cidades mais amigáveis do mundo – mas Brasil fica de fora; veja os destaques
Estudo da Time Out perguntou a mais de 18 mil habitantes locais o quão acolhedor é seu lar; as respostas destacam lugares da Europa, África, América do Norte e apenas um da América Latina
Lado asiático de Istambul é o mais cool da cidade (e também o mais barato)
Muitas vezes esquecida pelos viajantes, a parte oriental da cidade turca é muito mais eclética do que o lado europeu, e agrega boa parte da vida noturna local
Quais as 10 taxas mais abusivas cobradas por companhias aéreas? Ranking aponta as piores de 2025
Entre as políticas, está a restrição do direito à bagagem de mão tradicional, bem como cobranças para reclinar os assentos ou fazer check-in no balcão
Premiação elege os melhores aeroporto e companhia aérea internacional de 2025; veja quais são e confira os destaques
Entre as categorias de “Verified Air Travel Awards”, do Forbes Travel Guide, também estão primeira classe e executiva, bem como sala vip, lounge e inovação do ano
