Dólar livre na Argentina: o que falta para o governo de Milei soltar as amarras do câmbio após acordo para ampliar reservas
O BTG Pactual diz o que ainda precisa acontecer para a fim do controle cambial no país depois que a Argentina fechou um acordo com cinco bancos na sexta-feira (4)

Assim como um tango, o fim do controle cambial na Argentina tem sua carga dramática. Embora os hermanos estejam cada vez mais próximos de comprar dólar sem amarras, esse momento ainda não chegou.
Depois de informar, no fim do ano, que o cepo — como são conhecidas as restrições ao câmbio por lá — deve acabar este ano, a Argentina anunciou uma operação de acordo de recompra de US$ 1 bilhão com cinco bancos internacionais para a ajudar a recompor as reservas estrangeiras do banco central.
Embora o acordo esteja sendo considerado uma vitória para o presidente Javier Milei, já que demonstra mais um voto de confiança dos investidores no governo argentino, ainda não é o suficiente para fazer com que os hermanos comprem dólar livremente no país.
- LEIA TAMBÉM: Dólar Quant - robô que busca até R$ 12 mil de renda extra investindo em minidólar será relançado
Como foi o acordo da Argentina com os bancos
O acordo fechado com os bancos envolve uma operação de recompra passiva (repo), com títulos Bopreal Série 1-D, que vence em dois anos e quatro meses.
Além disso, será paga uma taxa de referência aplicada em empréstimos garantidos com emissão em dólar (SOFR) mais uma sobretaxa (spread) de 4,75%, limitando a operação a uma taxa fixa de 8,8% ao ano.
Na ocasião do anúncio do acordo, na sexta-feira (4), não foram informados os bancos que participaram da operação.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Apesar dos detalhes não muito familiares, é importante saber que a repo é uma forma de o banco central da Argentina administrar liquidez em moeda estrangeira a um custo inferior às opções disponíveis no mercado.
Com a operação, a perspectiva é que o banco central da Argentina diminua os riscos que envolvem a implementação dos seus objetivos de política cambial e monetária, facilitando a ancoragem das expectativas econômicas.
Uma ARGENTINA FORTE pode PREJUDICAR os BRASILEIROS?
O que falta para a compra de dólar livre na Argentina?
Na avaliação do BTG Pactual, essa operação é uma boa notícia, mas não resolve os problemas de controle de câmbio na Argentina.
“Dado que as reservas já estão negativas e ficarão ainda mais negativas após o pagamento do título de 9 de janeiro, US$1 bilhão é uma quantia relativamente pequena, claramente insuficiente para suspender os controles cambiais sob a retórica do governo”, diz o banco.
A Argentina criou uma série de restrições cambiais nos últimos anos que limitam o acesso da pessoa física e das empresas ao dólar.
Com isso, os governos do país foram estabelecendo cotas para a compra da moeda norte-americana, que fariam de acordo com a finalidade da transação.
O problema é que cada finalidade tem uma cotação diferente para o dólar e compras em volumes maiores dependem de aprovação do governo.
Além de complicar a vida do cidadão argentino, que viu o poder de compra despencar, também dificultou a vida de empresas e do agronegócio do país.
Nem tudo está perdido
Mas, para o BTG, nem tudo está perdido para os hermanos.
“Se a Argentina puder concordar com o FMI [Fundo Monetário Internacional] sobre um programa que inclua dinheiro novo, isso provavelmente aceleraria o processo de suspensão dos controles cambiais”.
Do lado da Argentina, o governo está correndo para firmar um novo acordo com o FMI para garantir a possibilidade de recursos que possam dar ao país a possibilidade de pagar vencimentos de US$ 2,6 bilhões ao fundo — que devem ser pagos ao longo de 2025.
Segundo o canal de notícias argentino TN, o objetivo de Milei é fechar o acordo até março deste ano.
Ainda assim, o BTG diz que os mercados precisam de mais clareza sobre o futuro da compra livre de dólares pelos argentinos.
“Os mercados continuaram subindo nos dois primeiros dias do ano, mas acreditamos que os spreads podem se comprimir ainda mais nos próximos meses, particularmente quando houver maior clareza sobre o caminho para a suspensão dos controles cambiais”, diz o banco.
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Bitcoin engata alta e volta a superar os US$ 90 mil — enfraquecimento do dólar reforça tese de reserva de valor
Analistas veem sinais de desacoplamento entre bitcoin e o mercado de ações, com possível aproximação do comportamento do ouro
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)
A coisa está feia: poucas vezes nas últimas décadas os gestores estiveram com tanto medo pelo futuro da economia, segundo o BofA
Segundo um relatório do Bank of America (BofA), 42% dos gestores globais enxergam a possibilidade de uma recessão global
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
“Liquidem agora”, ordena Milei. A decisão da Argentina que deve favorecer o Brasil
A determinação do governo argentino pode impactar os preços globais de commodities agrícolas e beneficiar as exportações brasileiras no curto prazo
Malbec World Day: 10 rótulos para apreciar o vinho favorito dos brasileiros
De passaporte francês e alma argentina, a uva ainda é uma das mais cultivadas da Argentina e ganha cada vez mais adeptos por aqui
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump