Para o CFO da MRV (MRVE3), faixa 4 do MCMV veio para ficar: “Talvez este seja o melhor momento da história do programa”
O CFO da MRV, Ricardo Paixão, conversou com o Seu Dinheiro sobre as expectativas para a faixa 4, os planos de desalavancagem da empresa e a reestruturação da Resia, sua subsidiária nos EUA

“Talvez estejamos vivendo o melhor momento da história do Minha Casa Minha Vida, do ponto de vista da capacidade de compra do cliente”. Esta é a visão do CFO da MRV (MRVE3), Ricardo Paixão.
Com a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, a exposição da construtora ao programa habitacional agora é praticamente total. Como explica Paixão: "antes cerca de 17% dos nossos produtos ficavam fora do programa, mas agora quase tudo está dentro. Apenas 2% não se encaixam".
A nova faixa atende famílias com renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil e foi criada graças à liberação de recursos do Fundo Social do Pré-Sal para o programa.
Contudo, parte do mercado encara esse avanço com ceticismo, devido à incerteza quanto à continuidade do financiamento nos próximos anos. Apesar da aprovação dos recursos no Orçamento de 2025, ainda não há garantias para os anos seguintes, deixando um ponto de interrogação sobre a sustentabilidade do modelo a partir de 2026.
Sobre essas incertezas da faixa 4, Paixão se mostra confiante de que a ampliação veio para ficar e que os recursos do fundo do pré-sal continuarão sendo utilizados para financiar a iniciativa no futuro.
“Acho que todos estão vendo a importância do programa e desse funding, que surge em um momento importante, porque estamos vendo uma situação onde esse financiamento tem o potencial de suprir ou até substituir a falta da caderneta de poupança”, explica o CFO.
Leia Também
Isso porque a poupança, que também é uma fonte de financiamento para o setor de construção civil, se tornou um recurso escasso diante dos juros elevados no país, segundo o executivo.
“Com a queda do funding da poupança e o aumento da taxa de juros, a criação da faixa 4 surge como uma resposta a essa realidade, oferecendo um financiamento mais barato do que o disponível no mercado", explica Paixão.
Mas ele faz um alerta: “O que pode acontecer é, com um pouco de responsabilidade fiscal [do governo], os juros voltem a cair. Se a Selic ficar abaixo dos 10%, os recursos poderiam voltar para a poupança e o financiamento imobiliário voltaria para um patamar entre 9% e 10%, o que é oferecido pela faixa 4. Nesse caso, ela deixaria de ter tanta importância”.
- VEJA TAMBÉM: Quer ter acesso em primeira mão às informações mais quentes do mercado? Entre para o clube de investidores do Seu Dinheiro sem mexer no seu bolso
Confira abaixo os principais pontos da conversa do Seu Dinheiro com Ricardo Paixão, CFO da MRV.
Os planos para a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida
Quando questionado sobre novos projetos voltados para a faixa 4, o executivo diz: “o nosso negócio é de longo prazo. Agora, não estamos comprando terreno para desenvolver projetos na faixa 4 daqui a dois anos”.
No entanto, ele destaca que a empresa já possui um estoque com terrenos adequados para a nova faixa. "A gente tem bastante coisa no nosso landbank que já é aderente à faixa 4", explica Paixão.
A estratégia da MRV tem sido seguir o ritmo de lançamentos já planejados para o ano, mas com uma mudança importante: em vez de basear a contratação e o lançamento de imóveis nos recursos da caderneta de poupança — com o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) — , a empresa se sente ainda mais animada porque o potencial de compra dos clientes cresce com a nova faixa.
“Então, isso faz com que a gente tenha mais apetite para poder lançar os projetos", explica.
Ele também afirma que a novidade ganhou os holofotes, mas não é a única que anima o setor: “A gente vê um poder de compra muito bom nas faixas 1, 2 e 3, além da que foi lançada este ano”, diz. Inclusive, o CFO diz que, apesar da importância da ampliação do programa, o foco da empresa hoje está nas faixas 2 e 3.
O que esperar da MRV daqui para a frente
Sobre o que o investidor pode esperar da MRV daqui para frente, o CFO deixa claro que o objetivo da companhia hoje é retomar a rentabilidade. O guidance para 2025 divulgado pela empresa mostra uma série de iniciativas nesse sentido.
Esses planos vêm no sentido de recuperar a “era de ouro” da empresa, depois de uma severa crise no período pós-pandemia, marcada por uma aceleração da alavancagem e queima de caixa. Ela foi causada por uma combinação de fatores econômicos e operacionais.
Um deles foi o aumento dos custos de construção civil devido à inflação pós-pandemia — que atingiu um pico de 40% à época. A empresa foi mais conservadora do que deveria ao repassar os custos para os preços finais, o que afetou sua margem de lucro e fez com que tivesse uma rentabilidade menor do que sua média histórica.
A MRV também acumulou uma dívida líquida alta, que se tornou mais onerosa com a elevação das taxas de juros após o período de emergência sanitária.
Agora, a empresa está focada em virar o jogo, e divulgou ao mercado uma série de iniciativas para “enxugar o balanço” e retornar aos tempos áureos. Para tal, foca em três frentes: excelência operacional, alocação de capital e rentabilidade.
Nesta reportagem, você pode conferir mais detalhes sobre os planos da MRV para “enxugar o balanço”.
E o desempenho da Resia?
Uma das grandes responsáveis pelos problemas da MRV, a Resia ainda representa um grande desafio para a companhia. Trata-se de uma subsidiária nos EUA com foco na construção e venda de prédios residenciais para locação.
A Resia sofreu impactos significativos com o início da elevação das taxas de juros nas terras norte-americanas, o que afetou diretamente seus resultados — enquanto a MRV já vinha sofrendo com os problemas mencionados acima.
Isso forçou desembolsos maiores do que o planejado pelo conglomerado para realização dos projetos. No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, a subsidiária foi um dos grandes destaques negativos do balanço da MRV, na visão do mercado.
Sobre ela, Paixão é direto: “A visão que as pessoas terão da Resia daqui para a frente é bem mais confortável”. Para o executivo, isso deve acontecer por alguns motivos.
O primeiro deles é o foco na desalavancagem — você também pode conferir como a MRV pretende fazer isso no guidance para 2025 nesta reportagem.
“O segundo: temos um modelo bem mais asset light, baseado em algumas cobranças de fee [comissão]. Ou seja, a gente vai receber algumas taxas por incorporação e taxa por construção. Um modelo onde eu tenho menos capital empregado, onde as dívidas são garantidas pelo investidor, e não por nós”.
Assim, o financiamento das obras e projetos não ficará diretamente garantido pela Resia, mas, sim, pelos investidores externos que aplicam dinheiro nela. Isso reduz o risco financeiro para a empresa, que não precisa comprometer seu próprio balanço para garantir as dívidas, transferindo parte do risco para terceiros.
Quando questionado sobre o impacto dos juros elevados nos EUA — que hoje estão entre 4,25% e 4,50% ao ano —, Paixão diz esperar que a taxa básica caia na terra do Tio Sam.
“A gente tem a expectativa de que os juros caiam por lá. A grande dúvida é quando isso vai acontecer. Como priorizamos a desalavancagem, a gente precisa cumprir o plano de venda dos ativos, e isso vai acontecer independentemente da taxa de juros”, afirma.
Cabe destacar que o plano para reduzir o endividamento da subsidiária passa pela venda de US$ 800 milhões em ativos, que deve gerar uma desalavancagem da ordem de US$ 480 milhões.
“Quanto mais baixa a taxa de juros, melhor vai ser, né? Quanto mais a gente conseguir segurar para poder vender os ativos, melhora o valor pelo qual aquele ativo será vendido. Mas a preocupação principal é realmente a desalavancagem da operação norte-americana”, afirma.
Para 2025, a dívida líquida esperada é de US$ 369 milhões.
E as ações MRVE3?
Apesar da alta de cerca de 11% no ano, as ações da MRV acabaram ficando para trás no rali das construtoras populares — com empresas saltando até 100% em 2025 —, apesar da recomendação de compra por diversas casas.
Isso se dá justamente por causa dos pontos que levaram a empresa à crise no passado e que estão sendo trabalhados pela companhia ainda hoje.
Basicamente, segundo analistas, o mercado precisa ver uma continuidade na geração contínua de caixa recorrente do core business e a execução do plano de redução da operação da Resia dando resultados consistentes. Até lá, um certo ceticismo paira sobre a ação, o que explica por que ela está para trás no rali.
Para o CFO, o investidor precisa ver para crer. “O investidor brasileiro está muito focado no curto prazo. Por isso, é fundamental que ele veja os efeitos da nossa desalavancagem, o que já vem dando resultados positivos. Quanto à Resia, o que importa agora é observar a execução do nosso plano de desalavancagem, que está sendo seguido conforme o esperado”, afirma Paixão.
As recomendações para a ação
Instituição | Recomendações |
BTG Pactual | Compra |
Santander | Compra |
Itaú BBA | Compra |
XP | Compra |
Bradesco BBI | Compra |
Citi | Neutro |
Goldman Sachs | Neutro |
Morgan Stanley | Neutro |
Safra | Compra |
Raízen (RAIZ4): ações disparam com rumores de aportes; empresa não nega negociação
Na última semana, o Pipeline afirmou que a empresa conversa com os controladores da Suzano (SUZB3) e com o banqueiro André Esteves do BTG Pactual
Nubank (ROXO34) ensina, Mercado Livre (MELI34) aprende: analistas do Itaú BBA escolhem qual ação colocar na carteira agora
Relatório do Itaú BBA compara o desempenho do Mercado Livre e do Nubank e indica qual ação deve ter melhor performance no 3T25
Giant Steps e Dao Capital: o negócio na Faria Lima que chega a R$ 1,2 bilhão sob gestão
Processo de incorporação da Dao conclui o plano estratégico de três anos da Giant Steps e integra o pilar final da iniciativa “Foundation”, lançada em 2023, que busca otimizar a combinação de sinais de alpha, custos de execução e governança de risco
Ação da Azul (AZUL4) chega a saltar mais de 60% nesta segunda (8); o que explica a disparada?
O movimento forte das ações do setor aéreo hoje dá sequência ao fluxo de compra dos últimos dias em ativos de risco e papéis “baratos” da bolsa brasileira, segundo analista
Petrobras avalia aquisição no mercado de etanol de milho, diz jornal, mas Raízen (RAIZ4) não aparece no radar da estatal
Estatal mira o etanol de milho em meio à pressão por diversificação e sustentabilidade, mas opções de aquisição no mercado ainda levantam dúvidas entre analistas
MBRF: o que já se sabe sobre a ‘nova’ dona de Sadia, Perdigão e Montana — e por que copiar a JBS é o próximo passo
Nova gigante multiproteína une Sadia, Perdigão e Montana sob o guarda-chuva da MBRF e já mira o mercado internacional. Veja o que se sabe até agora
Sem BRB, fundos de pensão e banco público correm risco de calote de até R$ 3 bilhões com investimentos em títulos do Master
Segundo pessoas próximas à operação entre o Master e o BRB, o Banco de Brasília carregaria no negócio R$ 2,96 bilhões de letras financeiras do Master. Isso significa que, caso o BC tivesse aprovado o negócio, esses papéis seriam pagos pelo BRB
Reag Investimentos (REAG3): fundador João Carlos Mansur deixa a companhia, após operação Carbono Oculto
Os atuais controladores da Reag Investimentos (REAG3) fecharam acordo de venda de ações com a Arandu Partners — entidade detida pelos principais executivos da gestora — por cerca de R$ 100 milhões
IRB (IRBR3) tenta virar a página cinco anos após escândalo e queda de 96% na B3 — o que pensa o mercado
Após fraude bilionária e quase desaparecer da B3, o IRB tenta se reconstruir e começa a voltar ao radar dos analistas
Ataque hacker contra 2,5 bilhões de usuários do Gmail? Google nega e conta como identificou ‘fake news’, mas admite ação contra outro serviço
Google desmente ataque hacker ao Gmail, esclarecendo mal-entendido sobre vazamento; saiba como proteger sua conta de ameaças online
Raízen (RAIZ4): para o BTG, fim da parceria da Femsa na rede Oxxo representa foco em ativos-chave
O banco vê o anúncio como uma decisão razoável diante das dificuldades financeiras da Raízen
Guerra declarada na Zamp (ZAMP3): minoritários vão à CVM para barrar OPA do Mubadala e a disputa esquenta
Gestoras de investimento entram com contestação na CVM e podem melar os planos do fundo árabe controlador
Hora da lua de mel: Cade aprova fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) sem restrições
A aprovação consolida a MBRF Global Foods Company como uma das líderes globais na indústria alimentícia, com alcance em 117 países
Novo ‘vale-gás’ faz ações da Ultrapar (UGPA3) saltarem mais de 6%; BTG eleva recomendação para compra
Novo vale-gás faz ações da Ultrapar (UGPA3) saltarem e leva BTG a recomendar compra com potencial de alta de 32%
Salvação para o Banco do Brasil (BBAS3)? Governo anuncia pacote de socorro ao agro; ação do BB salta mais de 4%
Segundo Lula, o pequeno produtor terá acesso a até R$ 250 mil de crédito por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com taxa de juros de 6% ao ano
Casas Bahia (BHIA3) anuncia dois novos nomes para o conselho; veja o que muda no alto escalão da companhia
No início de agosto, a Mapa Capital passou a deter participação aproximada de 85,5% do capital social da Casas Bahia, se tornando a maior acionista da varejista
Oi (OIBR3) tem prejuízo líquido de R$ 835 milhões no 2T25; confira os resultados completos
A companhia teve uma reversão do lucro de R$ 15 bilhões em comparação ao ano anterior, quando houve ganho de natureza contábil
A emissão de US$ 2 bilhões em títulos globais da Petrobras (PETR4) é um risco para o investidor?
Os bonds com vencimento em 10 de setembro de 2030 terão taxa de retorno ao investidor é de 5,350% ao ano. Já para os bonds com vencimento em 10 de janeiro de 2036, a remuneração é de 6,550% ao ano.
Ambev (ABEV3) é pressionada por preço maior e produção menor; saiba o que fazer com a ação agora
Economia em desaceleração e aumento da competição estão entre os fatores que acendem o alerta para os próximos trimestres
Mounjaro: concorrente do Ozempic está em falta, mas algumas redes de farmácia estão mais bem posicionadas, segundo a XP
Corretora também monitorou a concorrência entre o varejo físico e online para produtos com e sem receita médica, incluindo cosméticos