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Bia Azevedo

Bia Azevedo

Jornalista pela Universidade de São Paulo (USP), já trabalhou como coordenadora e editora de conteúdo das redes sociais do Seu Dinheiro e Money Times. Além disso, é pós-graduada em Comunicação digital e Business intelligence pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

OS PLANOS PARA 2025

MRV (MRVE3) detalha planos para voltar a ser a ‘estrela do setor’, mas descarta a venda da Resia ou foco na faixa 4 do Minha Casa Minha Vida

Em conversa com os investidores no MRV Day, o CEO, Rafael Menin, reconheceu os resultados fracos nos últimos anos e mostrou como pretende mudar esse cenário

Bia Azevedo
Bia Azevedo
16 de abril de 2025
18:29 - atualizado às 18:30
Foto da sede da MRV (MRVE3) em Minas Gerais
Imagem: Rodrigo Gomes/Divulgação

“A MRV voltará a ser a estrela do mercado imobiliário”. Foi assim que Rafael Menin deu o pontapé inicial no MRV Day. Antes mesmo de qualquer pergunta, o próprio CEO fez uma mea culpa e admitiu que a companhia tem passado por um período sombrio nos últimos anos. 

“Parte foi culpa do cenário macro, mas nós também não fizemos um bom trabalho”, afirmou no evento que aconteceu nesta quarta-feira (16). E ele ainda prometeu: “em pouco tempo a empresa voltará a ser a estrela do setor”. 

Para tal, a companhia foca em três frentes: excelência operacional, alocação de capital e rentabilidade. Na véspera, a empresa divulgou os números da prévia operacional do primeiro trimestre de 2025 (1T25) que, abaixo, detalhamos. 

No evento, Menin também falou sobre a ampliação do Minha Casa Minha Vida (MCMV) e destacou que a companhia é uma das principais beneficiadas pelo programa e que uma parcela “irrisória” do portfólio ficará de fora dos incentivos. 

Durante o evento, os executivos da MRV também endereçaram uma das principais preocupações dos investidores em relação à companhia: a Resia, subsidiária da companhia nos EUA. Menin descartou a venda da operação ou a entrada de um novo sócio — pelo menos por enquanto. 

Abaixo, o Seu Dinheiro detalha os planos da incorporadora para o futuro. 

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As projeções da MRV (MRVE3) para 2025

Durante a apresentação, a companhia divulgou o guidance (projeções) para 2025, com um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 11 bilhões. Veja os números apresentados:  

IndicadorMRV IncorporaçãoResiaMRV & Co
ROL (Receita operacional líquida)R$ 9,5 a 10,5 bilhões
Margem Bruta29% a 30%
Geração de CaixaR$ 500 milhões a R$ 700 milhõesUS$ 270 milhõesR$ 2,1 bilhões*
Lucro LíquidoR$ 650 milhões a R$ 750 milhões
*Considera o câmbio PTAX de 24/02/2025 

Como a MRV quer voltar à “era de ouro”

Para reconquistar o coração dos investidores, a MRV está focada em melhorar a eficiência operacional e a alocação de recursos. Basicamente, gastar o dinheiro melhor. 

A intenção é reduzir imobilizações desnecessárias e direcionar investimentos para áreas com maior retorno e escalabilidade. 

Segundo apresentação divulgada pela companhia, a estratégia prevê a produção de 40 mil unidades habitacionais por ano com aproximadamente 200 canteiros de obras — uma redução de 22% — e cerca de 13,5 mil colaboradores, número 10% menor que o atual. 

O plano inclui forte padronização de projetos e materiais, além da linearização dos processos desde a prospecção de terrenos até o início das obras. O objetivo é reduzir custos, acelerar ciclos de produção e manter a qualidade.

Quando a MRV padroniza seus projetos — usando os mesmos tipos de plantas, materiais, processos e métodos construtivos — ela consegue repetir essas soluções em diferentes empreendimentos sem ter que redesenhar ou reinventar cada obra. 

É como montar um quebra-cabeça com peças já conhecidas, e isso ajuda a baixar o CPV (Custo do Produto Vendido) — ou seja, o custo para construir e entregar cada unidade habitacional.

A companhia também destacou um movimento de simplificação geográfica, concentrando suas operações em regiões onde possui maior escala e eficiência. 

A companhia, que atuava em 130 cidades, agora foca em 80 — dividindo-as em 28 núcleos regionais, estruturas organizacionais que agrupam operações da empresa por regiões geográficas específicas. 

Além disso, algo que vem tirando o sono dos executivos da MRV é o estoque pago de terreno não lançado. Em outras palavras, ativos que ainda não geram receita. O estoque chega a quase R$ 2,6 bilhões hoje. 

Isso é um problema porque, enquanto o terreno não é lançado e convertido em produto à venda, ele não gera receita nem lucro. Isso prejudica os indicadores de rentabilidade da empresa, como ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) e ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido).

A meta é fazer esse número cair para R$ 1 bilhão até 2029. Para isso, a companhia quer usar e abusar dos lançamentos, mas também apostará na venda de terrenos. 

A pedra no caminho dourado: Resia

Uma das grandes responsáveis pelo aumento da alavancagem e queima de caixa da companhia de uns anos para cá, a Resia ainda representa um desafio para a MRV. 

A operação multifamily na Terra do Tio Sam passou por um processo de reestruturação após ser impactada por um cenário macro ruim nos EUA — especialmente pelos juros significativamente mais altos que o esperado —, o que forçou desembolsos maiores do que o planejado para realização dos projetos. 

O CEO da MRV negou qualquer movimento para a venda da Resia e também afastou a possibilidade de um novo sócio. 

Para ele, isso poderia ser um tiro no pé, dado que a companhia seria vendida por um valor menor do que ela efetivamente vale, dado o momento e as condições de mercado. 

Fora que ele ainda diz acreditar bastante na tese da companhia. Por isso, a aposta é uma Nova Resia. Em outras palavras, uma Resia menor. 

O foco é desalavancagem, com a venda de US$ 800 milhões, que deve gerar uma desalavancagem de US$ 480 milhões. Além disso, a nova Résia exige redução da operação — limitando os projetos para dois ao ano — e diminuição da estrutura.

Para 2025, a dívida líquida esperada é de US$ 369 milhões. Veja abaixo como está a situação de ocupação dos empreendimentos da Resia nos EUA.

Cabe lembrar que a valorização dos empreendimentos da Resia está diretamente ligada à taxa de ocupação: quanto mais unidades alugadas, maior o valor de mercado do ativo. 

Isso é crucial porque a MRV busca vender esses ativos em bloco (portfolio sales) para fundos ou investidores institucionais. Uma ocupação alta facilita e valoriza a venda. 

Fonte: MRV

A faixa 4 do Minha Casa Minha Vida

Sobre a Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, o CEO afirma que a empresa irá aproveitar, mas por meio de produtos que já estão em estoque e que seriam destinados para Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). 

O CFO, Ricardo Paixão, explica a decisão ao destacar que a empresa não pode mudar toda a estratégia que demora a ser maturada a cada nova notícia. 

“A linha de financiamento da Faixa 4, com juros de 10,5%, faz sentido hoje, com a Selic acima dos 14%. Mas talvez em dois anos as pessoas nem precisem disso, já os juros devem cair”, disse em conversa com os jornalistas. 

A empresa diz estar mais focada na ampliação das faixas 1, 2 e 3 do programa. “Nós somos a companhia com maior exposição ao Minha Casa Minha Vida, uma parcela mínima ficará de fora”, ressalta Rafael Menin. 

FaixaRenda Limite AtualNova Renda Limite
Faixa 1R$ 2.640R$ 2.850
Faixa 2R$ 4.400R$ 4.700
Faixa 3R$ 8.000R$ 8.600

A prévia do 1T25

Na véspera do evento, a MRV divulgou a prévia operacional do primeiro trimestre de 2025. Na visão do BTG Pactual, os números apresentados foram fracos — o que pode estar por trás do fato de que a ação abriu o dia em queda de 2,53%, mas virou para alta ainda pela manhã. No fechamento do dia, a alta foi de 3,02%. 

Apesar de a MRV ter acelerado os lançamentos — que somaram R$ 2,88 bilhões, alta de 81% na comparação anual e 30% acima do previsto —, o consumo de caixa veio maior do que o esperado. 

O desempenho nos lançamentos foi puxado pelo programa Minha Casa Minha Vida, com R$ 2,75 bilhões, e mais R$ 142 milhões no segmento de renda média. As vendas líquidas avançaram 2% em um ano, para R$ 2,19 bilhões, levemente abaixo das projeções. 

A companhia informou que as vendas poderiam ter sido cerca de R$ 320 milhões maiores, mas um revés com repasses para programas regionais no Amazonas e no Ceará afetaram essa linha do resultado — que deve se recuperar no 2º trimestre. A MRV afirma que cerca de 1.400 unidades não foram transferidas por esse motivo.

A velocidade de vendas (VSO) foi sólida, de 18%, frente aos 15% do mesmo período de 2024. O consumo de caixa chegou a R$ 94 milhões no 1T25, acima do esperado pelo mercado. 

A maior parte veio das operações de baixa renda, com uma saída de R$ 125 milhões — mesmo após o reforço de R$ 77 milhões com securitizações. Já a Luggo, braço de imóveis multifamiliares, gerou R$ 6 milhões em caixa, enquanto a Urba, de loteamentos, consumiu R$ 26 milhões.

Já a produção de unidades da MRV Incorporação alcançou 9.454 no 1T25, o que representa um crescimento de 17,5% em relação ao mesmo período de 2024. 

A Resia, subsidiária da MRV nos Estados Unidos, voltou a registrar queima de caixa no 1º trimestre: foram R$ 339 milhões negativos, revertendo a geração de R$ 74 milhões no 4T24. 

O desempenho da divisão foi impactado principalmente pela ausência de vendas de projetos no período e por um ritmo estável de investimentos em novos empreendimentos, em linha com o trimestre anterior.

Na visão do BTG, apesar dos resultados fracos da MRV, o programa Minha Casa Minha Vida vive um de seus melhores momentos, o que deve sustentar a recuperação da lucratividade da companhia ao longo do tempo. 

Os analistas reconhecem que reestruturações no setor costumam ser lentas. Com ações negociadas a 0,55 vez o valor patrimonial, o valuation de MRVE3 é considerado atrativo — embora faltem gatilhos de curto prazo para destravar valor.

Para a XP, os lançamentos acelerados da MRV no 1º trimestre mostram que a companhia mantém o apetite por crescimento, mas os desafios seguem no radar. 

Apesar do avanço, os analistas da corretora destacam três pontos de cautela: 

  1.  A velocidade de vendas (VSO) segue abaixo da média recente; 
  2. O cenário doméstico para geração de caixa continua instável; 
  3. A subsidiária Resia ainda consome caixa em ritmo elevado.

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