Mais cautela, menos risco: desafios macro devem fazer crescimento dos bancões desacelerar em 2025, aponta relatório do BTG
Analistas do BTG fazem projeção de lucro e crédito do Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) para o quarto trimestre e 2025
Com a grande deterioração do cenário macro, os grandes bancos provavelmente permanecerão mais cautelosos e com condições mais restritas para aumento de receita, reflexo também de uma maior concorrência (inclusive com fundos de renda fixa) e spreads mais apertados. É isso o que aponta um relatório recente do BTG sobre o setor financeiro.
O documento, assinado pelos analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, traz uma análise sobre como as condições para garantir bons spreads/garantias já eram desfavoráveis para o Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e todo mercado antes mesmo do atual ambiente de alta de juros.
De acordo com o relatório, dada a grande deterioração nas condições macro nos últimos meses, o risco-retorno de carteiras de crédito de rápido crescimento tornou-se ainda "mais difícil", para dizer o mínimo. “O que provavelmente será um dos tópicos quentes durante as teleconferências para discutir os resultados do quarto trimestre e a orientação para 2025 dos bancos brasileiros, no início de fevereiro”, aponta.
Conforme sinalizado no título de nossa nota recente sobre o NuBank de nossa viagem ao Rio com o CFO na semana passada, "até agora, tudo bem". O CEO da Inter Brasil também enviou uma mensagem construtiva ("Bastante construtivo sobre 2025, apesar do macro").
Para os analistas, NuBank (NUBR33) e Inter (INBR32) enviaram sinais positivos de que, por enquanto, tudo está sob controle. No entanto, o clima nos bancos tradicionais parece estar acompanhando o sentimento de apreensão do "Faria Lima".
Bradesco (BBDC4): estratégia de crédito mais segura
O Bradesco (BBDC4), acreditam os analistas, mandou uma mensagem mais "cautelosa". De fato, o CEO Marcelo Noronha deu uma entrevista recente, em Davos, reforçando a necessidade de uma abordagem mais cautelosa ao crédito no Brasil devido aos aumentos esperados nas taxas de juros em 2025.
Leia Também
Ele explicou que o apetite geral ao risco do sistema bancário deve diminuir, com o crescimento do crédito provavelmente caindo abaixo dos 9% previstos pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
“A maior preocupação hoje no Brasil é um cenário macroeconômico mais adverso para 2025 do que se imaginava há algum tempo. As preocupações são mais internas do que externas”, disse Noronha em entrevista ao Estadão.
De acordo com o relatório do BTG, o Bradesco já apontou para uma estratégia de risco mais controlada, focando em modalidades de crédito mais seguras, “e esperamos que ele aumente seu portfólio entre 6% e 7% este ano”.
Noronha também enfatizou que as PMEs enfrentam desafios maiores do que grandes corporações ou indivíduos. Ele observou que as empresas de médio porte podem ter mais dificuldades devido à menor alavancagem, enquanto as hipotecas também podem desacelerar à medida que as taxas de juros superam os custos de financiamento de longo prazo.
No entanto, o CEO destacou o cenário positivo para o agronegócio e os exportadores, impulsionado pelo câmbio favorável.
Itaú (ITUB4): BTG faz projeção de lucro de R$ 45 bi para 2025
Embora o discurso do Bradesco sobre o crescimento dos empréstimos ainda fosse um tanto otimista até meados do 3T24, o Santander Brasil mudou seu tom um pouco mais cedo, com o banco já crescendo menos em ativos de risco no segundo trimestre, o que levou à redução da carteira nos três meses seguintes, aponta o relatório do BTG.
E, para os analistas, Itaú e Santander devem seguir esse mesmo exemplo.
“Para o Itaú (ITUB4) projetamos R$ 45 bi de lucro líquido para 2025 (+9% na comparação ano a ano, com um ROE de 23%) que, mesmo com um desempenho claramente superior nos últimos anos, também está adotando um tom mais cauteloso, com o crescimento do portfólio de empréstimos neste ano provavelmente se aproximando do crescimento nominal do PIB, em torno de 7%”, afirmam.
Para a análise, é importante dizer que eles levaram em conta que o banco se beneficiou de uma reversão de provisão de aproximadamente R$ 500 milhões relacionada à Americanas no terceiro trimestre, maiores ganhos com operações estruturadas no segmento de atacado, distribuídos ao longo do ano de 2024.
“Mesmo com esses efeitos, ainda esperamos que o lucro líquido cresça 1,5% trimestre contra trimestre e 15% na comparação ano a ano para R$ 10,8 bilhões, com um ROE de 22,9%”, apontam os analistas. “Prevemos um crescimento sólido na carteira de empréstimos, mas com NIM ligeiramente menor, já que produtos de margem mais alta, como cheque especial e empréstimos pessoais, tendem a crescer menos devido à sazonalidade vinculada aos pagamentos do 13º salário”.
A expectativa inclui ainda a que a qualidade dos ativos continue melhorando para PMEs e indivíduos, enquanto as taxas e despesas operacionais sejam impulsionadas pela sazonalidade (vinculada a maiores volumes de cartões e ajustes salariais).
“Não é nenhuma surpresa que, junto com os resultados do quarto trimestre, esperamos que o Itaú anuncie dividendos extraordinários (nosso modelo aponta para R$ 13 bilhões). Embora isso aumente o ROE, também reduz naturalmente o capital gerando juros neste ano”, apontam os analistas do BTG.
O relatório aponta ainda que, embora o ambiente macro ainda não tenha atingido a qualidade dos ativos, os modelos de perdas esperadas já estão se ajustando à nova perspectiva, traduzindo-se em um apetite de risco reduzido.
“Além disso, à medida que a curva de juros sobe, o Itaú vem aumentando o custo de capital usado na tomada de decisões (atualmente em torno de 14,5%, mas espera-se que aumente um pouco após os recentes aumentos da curva de juros). Como resultado, fizemos ajustes marginais em nossas projeções para refletir um cenário de crescimento da receita líquida um pouco mais conservador em 2025”, afirmam.
As projeções do BTG para o Itaú incluem uma carteira de empréstimos crescendo 7% ano a ano, NIM estável e receita de taxas expandindo 4%. “No total, reduzimos nossa estimativa de receita com empréstimos recorrentes para 2025 em menos de 1%, prevendo agora R$ 45 bilhões em lucro líquido (crescimento de 9% na comparação anual e 23% ROE).
- VEJA TAMBÉM: Bitcoin teria que chegar a US$ 5,4 milhões em 2025 para bater o potencial dessa outra criptomoeda de IA; entenda
Santander: carteira de empréstimos deve crescer de 6% a 7%
No caso do Santander (SANB11), as questões são outras, na opinião dos analistas. Para eles, o banco adotou uma abordagem mais disciplinada desde o segundo semestre de 2024, com foco na lucratividade, devido ao cenário macro desafiador – algo que permanece inalterado.
No entanto, acreditam que para o quarto trimestre o mercado deve ver o saldo de empréstimos acelerar ligeiramente, impulsionado pelos impactos cambiais em empréstimos denominados em dólar americano e pela ausência de baixas contábeis da Americanas.
“Olhando para o futuro, também esperamos que a carteira de empréstimos cresça de 6% a 7% em 2025. Durante o quarto trimestre, a qualidade dos ativos deve permanecer sob controle, com o banco provavelmente continuando a reservar perto de R$ 6 bilhões em provisões”, comentam no relatório.
No entanto, assim como no Bradesco, uma taxa Selic mais alta também deve prejudicar o NII (resultado de intermediação financeira) do mercado como um todo e o Santander só começou a proteger sua exposição à taxa de juros em setembro, quando a curva de juros se alargou significativamente.
“Como resultado, esperamos que o quarto trimestre mostre uma contribuição menor do NII do mercado, que projetamos atingir uma perda de cerca de R$ 900 milhões em 2025”, projetam.
Por outro lado, o NIM do cliente deve se beneficiar de spreads de financiamento mais altos (impulsionados pela Selic mais alta) e uma ligeira mudança no mix do portfólio (mais empréstimos de cartão de crédito e PMEs).
No geral, para a divulgação do quarto trimestre de resultados do Santander, o BTG espera que o NII contábil total do banco no Brasil cresça 6% em 2025 e projeta um lucro líquido ajustado em linha com o consenso de R$ 3,7 bilhões, 2% acima trimestre contra trimestre e 70% maior na comparação ano a ano, um ROE de 16,4%.
“Para 2025, principalmente devido às expectativas mais fracas do mercado de NII, reduzimos nosso lucro líquido ajustado estimado em 1% para R$ 15,3 bilhões”, afirmam.
O BTG conclui a análise dizendo que, provavelmente, ainda veremos uma dinâmica saudável de qualidade de ativos. “Como a economia ainda está forte, é improvável que vejamos qualquer deterioração rápida nestes indicadores”, destacam.
E alertam sobre que, caso os dados piorem rapidamente, será natural o mercado caminhar para um cenário de menor apetite ao risco, onde haverá menos crédito disponível, o que pode agravar a situação macroeconômica.
“Até agora, tudo bem. Mas a nossa impressão é que o cenário já está se deteriorando, com o crescimento do portfólio desacelerando. Entre os grandes bancos, reiteramos nossa preferência pelo Itaú e BB em detrimento do Santander e Bradesco pelo quarto ano consecutivo”, concluem.
Fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes já impactou mais de 15 milhões de pessoas — e agora quer conceder crédito
Rede Mulher Empreendedora (RME) completou 15 anos de atuação em 2025
Localiza (RENT3) e outras empresas anunciam aumento de capital e bonificação em ações, mas locadora lança mão de ações PN temporárias
Medidas antecipam retorno aos acionistas antes de entrada em vigor da tributação sobre dividendos; Localiza opta por caminho semelhante ao da Axia Energia, ex-Eletrobras
CVM inicia julgamento de ex-diretor do IRB (IRBR3) por rumor sobre investimento da Berkshire Hathaway
Processo surgiu a partir da divulgação da falsa informação de que empresa de Warren Buffett deteria participação na resseguradora após revelação de fraude no balanço
Caso Banco Master: Banco Central responde ao TCU sobre questionamento que aponta ‘precipitação’ em liquidar instituição
Tribunal havia dado 72 horas para a autarquia se manifestar por ter optado por intervenção em vez de soluções de mercado para o banco de Daniel Vorcaro
Com carne cara e maior produção, 2026 será o ano do frango, diz Santander; veja o que isso significa para as ações da JBS (JBSS32) e MBRF (MBRF3)
A oferta de frango está prestes a crescer, e o preço elevado da carne bovina impulsiona as vendas da ave
Smart Fit (SMFT3) lucrou 40% em 2025, e pode ir além em 2026; entenda a recomendação de compra do Itaú BBA
Itaú BBA vê geração de caixa elevada, controle de custos e potencial de crescimento em 2026; preço-alvo para SMFT3 é de R$ 33
CSN (CSNA3) terá modernização de usina em Volta Redonda ‘reembolsada’ pelo BNDES com linha de crédito de R$ 1,13 bilhão
Banco de fomento anunciou a aprovação de um empréstimo para a siderúrgica, que pagará por adequações feitas em fábrica da cidade fluminense
De dividendos a ações resgatáveis: as estratégias das empresas para driblar a tributação são seguras e legais?
Formatos criativos de remuneração ao acionista ganham força para 2026, mas podem entrar na mira tributária do governo
Grupo Toky (TOKY3) mexe no coração da dívida e busca virar o jogo em acordo com a SPX — mas o preço é a diluição
Acordo prevê conversão de debêntures em ações, travas para venda em bolsa e corte de até R$ 227 milhões em dívidas
O ano do Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11): como cada banco terminou 2025
Os balanços até setembro revelam trajetórias muito diferentes entre os gigantes do setor financeiro; saiba quem conseguiu navegar bem pelo cenário adverso — e quem ficou à deriva
A derrocada da Ambipar (AMBP3) em 2025: a história por trás da crise que derrubou uma das ações mais quentes da bolsa
Uma disparada histórica, compras controversas de ações, questionamentos da CVM e uma crise de liquidez que levou à recuperação judicial: veja a retrospectiva do ano da Ambipar
Embraer (EMBR3) ainda pode ir além: a aposta ‘silenciosa’ da fabricante de aviões em um mercado de 1,5 bilhão de pessoas
O BTG Pactual avalia que a Índia pode adicionar bilhões ao backlog — e ainda está fora do radar de muitos investidores
O dia em que o caso do Banco Master será confrontado no STF: o que esperar da acareação que coloca as decisões do Banco Central na mira
A audiência discutirá supervisão bancária, segurança jurídica e a decisão que levou à liquidação do Banco Master. Entenda o que está em jogo
Bresco Logística (BRCO11) é negociado pelo mesmo valor do patrimônio, segundo a XP; saiba se ainda vale a pena comprar
De acordo com a corretora, o BRCO11 está sendo negociado praticamente pelo mesmo valor de seu patrimônio — múltiplo P/VP de 1,01 vez
Um final de ano desastroso para a Oracle: ações caminham para o pior trimestre desde a bolha da internet
Faltando quatro dias úteis para o fim do trimestre, os papéis da companhia devem registrar a maior queda desde 2001
Negócio desfeito: por que o BRB desistiu de vender 49% de sua financeira a um grupo investidor
A venda da fatia da Financeira BRB havia sido anunciada em 2024 por R$ 320 milhões
Fechadas com o BC: o que diz a carta que defende o Banco Central dias antes da acareação do caso Master
Quatro associações do setor financeiro defendem a atuação do BC e pedem a preservação da autoridade técnica da autarquia para evitar “cenário gravoso de instabilidade”
CSN Mineração (CMIN3) paga quase meio bilhão de reais entre dividendos e JCP; 135 empresas antecipam proventos no final do ano
Companhia distribui mais de R$ 423 milhões em dividendos e JCP; veja como 135 empresas anteciparam proventos no fim de 2025
STF redefine calendário dos dividendos: empresas terão até janeiro de 2026 para deliberar lucros sem imposto
O ministro Kassio Nunes Marques prorrogou até 31 de janeiro do ano que vem o prazo para deliberação de dividendos de 2025; decisão ainda precisa ser confirmada pelo plenário
BNDES lidera oferta de R$ 170 milhões em fundo de infraestrutura do Patria com foco no Nordeste; confira os detalhes
Oferta pública fortalece projetos de logística, saneamento e energia, com impacto direto na região