Brasil sobe no ranking global de relatórios ESG, mas risco climático é abordado de forma superficial
Estudo da KPMG mostra que 93% das grandes empresas brasileiras publicam práticas e resultados ESG, mas enfrentam desafios em termos qualitativos

As empresas brasileiras têm avançado na divulgação de relatórios de sustentabilidade em termos quantitativos, impulsionadas por novas regulamentações e pelo crescente interesse de investidores e consumidores. No entanto, ainda enfrentam desafios na transparência sobre riscos climáticos, conforme aponta o estudo Rumo à Obrigatoriedade dos Relatórios de Sustentabilidade, da KPMG, divulgado nesta semana.
O Brasil subiu do 27º para o 19º lugar no ranking global de países com maior percentual de empresas publicando relatórios de sustentabilidade. Atualmente, 93% das grandes companhias brasileiras divulgam suas práticas e resultados ESG, um aumento de 7 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.
Esse crescimento coloca o Brasil como o segundo país da América Latina, atrás apenas do Chile (96%), e à frente de nações desenvolvidas como Nova Zelândia, Portugal e Suíça. O estudo da KPMG mostra ainda que 89% das empresas brasileiras analisadas publicam metas de redução de emissões de carbono.
A pesquisa da KPMG, realizada a cada 2 anos, analisa as 250 maiores empresas por receita no mundo, de acordo com o ranking da Global Fortune 500, e as 100 maiores companhias de seus respectivos países, territórios e jurisdições. Os relatórios publicados entre julho de 2023 e junho de 2024 foram a principal fonte de dados utilizada no estudo mais recente.
Regulamentação impulsiona transparência
De acordo com o estudo, a crescente adoção de relatórios de sustentabilidade no Brasil está diretamente ligada às novas diretrizes regulatórias, tais como:
- Resolução 193/2023 da CVM: Exige que empresas listadas divulguem relatórios financeiros sobre sustentabilidade alinhados ao padrão internacional do International Sustainability Standards Board (ISSB).
- Circular 666 da SUSEP: Obriga seguradoras, empresas de previdência complementar e resseguradoras a adotar exigências de sustentabilidade.
O relatório cita ainda a criação da TNFD (Força-tarefa sobre divulgações financeiras relacionadas à natureza) em 2023 como outro fator impulsionador desse progresso, fornecendo diretrizes específicas para a identificação, avaliação e relato de riscos e oportunidades relacionados à natureza.
Leia Também
“À medida que o reporte obrigatório de relatórios de sustentabilidade se expande e se intensifica, o mesmo acontece com a gama de produtos e soluções de sustentabilidade, incentivos, meios de financiamento climático e tecnologias de ponta que nos ajudarão a descarbonizar e a modernizar”, afirma John McCalla-Leacy, sócio-líder global de ESG na KPMG.
Risco climático ainda é abordado de forma superficial
Apesar dos avanços, a qualidade das informações compartilhadas sobre riscos climáticos ainda é um desafio. O estudo da KPMG mostra que o número de empresas no Brasil que reconhecem as mudanças climáticas como um risco para os negócios caiu 23 pontos percentuais desde o último levantamento, passando de 75% para 52%.
Esse recuo no reconhecimento dos riscos climáticos foi o maior entre os países da América Latina, seguido pelo Uruguai (-15%), Peru (-4%) e Colômbia (-2%). No topo do ranking da KPMG estão Venezuela (90%) e Chile (79%).
De acordo com o relatório, a falta de uma compreensão clara dos riscos das mudanças climáticas é evidente nesse cenário. Uma análise detalhada revela que algumas empresas que reportaram informações sobre riscos climáticos em 2022, por exemplo, não o fizeram em 2024. Além disso, a análise de 2024 foi expandida para incluir se os riscos estão integrados nas metas e métricas da matriz de riscos.
- LEIA MAIS: Entregar a declaração do Imposto de Renda no fim do prazo pode aumentar a sua restituição em mais de 4%; entenda
Materialidade e biodiversidade ganham relevância
A adoção da dupla materialidade, conceito da Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) da União Europeia, está crescendo entre as empresas brasileiras. O estudo da KPMG mostra que 92% das companhias já utilizam uma matriz de materialidade, superando a média global de 80%.
Outro ponto de destaque na pesquisa é a crescente percepção sobre a perda de biodiversidade como um risco significativo para os negócios: 76% das empresas brasileiras analisadas já reconhecem esse impacto, um aumento de 8% em relação ao estudo anterior. No entanto, poucas adotam ações concretas para mitigar esses riscos.
O estudo pontua que a COP15, realizada em 2022, aumentou a relevância da questão da biodiversidade ao estabelecer metas globais para a proteção de ecossistemas. Com o crescente reconhecimento da perda de biodiversidade como um risco material para os negócios e os investimentos, as empresas são incentivadas a incorporar a biodiversidade em suas estratégias ESG e relatórios de sustentabilidade.
*Com informações do Um Só Planeta/Globo
Sai WEG (WEGE3), entra Cosan (CSAN3): confira as mudanças na carteira ESG do BTG Pactual em maio
A carteira investe em ativos com valuation atrativo e é focada em empresas que se beneficiam ou abordam temas ambientais, sociais e de governança
De Maya Gabeira a Marina Grossi: conheça os 30 enviados especiais escolhidos para mobilizar os debates da COP30
Os enviados especiais devem ajudar a mobilizar atores importantes e levar suas ideias e demandas para a liderança da COP30
Fala, governador: as políticas de transição energética para atrair o capital gringo para o Brasil
Chefes de Executivo estaduais apresentaram projetos ligados à energia limpa, descarbonização e inovação, de olho em investidores internacionais
3 mudanças que podem levar a América Latina a liderar a transição energética global, segundo o presidente do BID, Ilan Goldfajn
Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento e ex-presidente do Banco Central brasileiro defende integração regional, investimentos verdes e soluções concretas para a transição energética até a Conferência do Clima em Belém
4 startups brasileiras são selecionadas para primeiro programa de aceleração do Google voltado para sustentabilidade
Além da gigante de tecnologia, conheça outros programas nacionais e internacionais que buscam alavancar iniciativas de impacto social e ambiental
Acordo com China prevê mais de US$ 2 bi de investimentos em combustível sustentável e carros elétricos no Brasil
China também planeja investir em centro de pesquisa e desenvolvimento na área de energia renovável em parceria com o SENAI CIMATEC
TIM (TIMS3) chega ao topo do ranking de sustentabilidade da B3; veja quem mais se destacou no ISE 2025
O índice da bolsa de valores agora reúne 82 empresas de 40 setores, mas nem todas elas se destacam
Energia solar no Brasil cresce 21% em 2024 e país se consolida como quarto maior mercado mundial
O mercado global de energia solar atingiu um novo recorde no ano passado, com a China liderando isolada e instalando mais do que a capacidade combinada dos outros 10 maiores mercados
Gestora brasileira GK Partners se funde com Just Climate, de Al Gore, para escalar financiamento climático na América Latina
Com apoio do BID, fusão visa ampliar soluções em setores críticos e de altas emissões no Brasil, Colômbia e México
Presidência da COP30 detalha ‘mobilização global inédita’, mas não menciona combustíveis fósseis em carta oficial
Embaixador André Corrêa do Lago propõe ação descentralizada e imediata para acelerar a implementação do Acordo de Paris, com apoio de lideranças como Marina Silva, Sônia Guajajara, Fernando Haddad e Laurent Fabius
Conselho de administração da Mobly (MBLY3) recomenda que acionistas não aceitem OPA dos fundadores da Tok&Stok
Conselheiros dizem que oferta não atende aos melhores interesses da companhia; apesar de queda da ação no ano, ela ainda é negociada a um preço superior ao ofertado, o que de fato não justifica a adesão do acionista individual à OPA
Agibank quer expandir crédito e refinanciar consignado a beneficiários do INSS com novo aporte de R$ 440 milhões em títulos sociais
A fintech recebeu um novo aporte de R$ 440,6 milhões na primeira emissão de títulos sociais com a International Finance Corporation (IFC)
Transição energética impulsiona corrida por minerais críticos, mas essa mineração gera novos problemas ambientais e sociais, aponta estudo
Estudo do Observatório da Mineração analisa impactos acumulados da mineração em quatro estados brasileiros — Pará, Minas Gerais, Bahia e Piauí — e revela riscos climáticos, hídricos e sociais associados à corrida por minerais críticos como lítio, cobre e níquel
Orçamento de Trump para 2026 propõe cortar mais de US$ 17 bilhões em energias renováveis e pesquisa climática
A proposta também impõe reduções severas em iniciativas ligadas à diversidade e inclusão, enquanto prevê aumento significativo nos investimentos em defesa e segurança interna.
Mais importante do que anunciar novos compromissos é apresentar resultados concretos, diz Dan Ioschpe, empresário escolhido para a cúpula da COP30
Presidente do conselho de administração da Iochpe-Maxion, executivo tem o papel de envolver o setor privado nas negociações e ações do evento climático da ONU, que acontece em Belém em novembro.
Fundos de ações ESG registram fuga de capitais no primeiro trimestre, enquanto fundos de renda fixa sustentáveis atraem investidores
Movimento reflete cautela dos investidores com volatilidade e busca por maior proteção em ativos de renda fixa sustentáveis, aponta pesquisa da Morningstar
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Governo federal lança segundo leilão para recuperar áreas degradadas e espera atrair até R$ 10 bilhões
Objetivo é mobilizar recursos para recuperar 1 milhão de hectares de cinco biomas diferentes e transformá-los em sistemas produtivos sustentáveis
Consórcio formado por grandes empresas investe R$ 55 milhões em projeto de restauração ecológica
A Biomas, empresa que tem como acionistas Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale, planeja restaurar 1,2 mil hectares de Mata Atlântica no sul da Bahia e gerar créditos de carbono
Startup franco-brasileira de remoção de carbono leva prêmio de R$ 85 milhões da fundação de Elon Musk
NetZero utiliza tecnologia circular para processar resíduos agrícolas que sequestram carbono e aumentam a resiliência das lavouras