🔴 [NO AR] TOUROS E URSOS: COMO FLÁVIO BOLSONARO MEXE COM A BOLSA E AS ELEIÇÕES – ASSISTA AGORA

Monique Lima

Monique Lima

Repórter de finanças pessoais e investimentos no Seu Dinheiro. Formada em Jornalismo, também escreve sobre mercados, economia e negócios. Já passou por redações de VOCÊ S/A, Forbes e InfoMoney.

SD ENTREVISTA

Copom não tem pressa para cortar a Selic e não deve antecipar seus próximos passos, diz economista do Itaú

Fernando Gonçalves acredita que o corte só deve vir em 2026 e que atividade e inflação não melhoraram o suficiente

Monique Lima
Monique Lima
17 de setembro de 2025
7:10 - atualizado às 11:04
Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco - Imagem: Divulgação/Itaú

A mensagem que vem do Banco Central é clara: não há pressa para cortar os juros. Apesar da melhora recente no câmbio e de uma inflação um pouco mais comportada, a taxa Selic deve continuar em nível elevado até que o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha sinais concretos de desaceleração da economia brasileira. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É isso o que explica Fernando Gonçalves, superintendente de Pesquisa Econômica do Itaú, em entrevista ao Seu Dinheiro. Segundo o economista, para que o BC ganhe confiança em reduzir a Selic, será preciso ver mais do que sinais apontando um ritmo mais fraco da economia.  

O economista afirma que a atividade brasileira está apresentando sinais dúbios no momento. De um lado, a operação segue acima da capacidade, com o mercado de trabalho aquecido e criando vagas. Do outro, pesquisas mensais e o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre reforçam a leitura de desaceleração gradual.  

  • LEIA TAMBÉM: Quer investir melhor? Receba as notícias mais relevantes do mercado financeiro com o Seu Dinheiro; cadastre-se aqui

O problema é que mercado de trabalho resiliente tem impacto em outro indicador importante para o BC: a inflação.

“Desemprego baixo pressiona salários, porque o empregador precisa pagar mais para conseguir o funcionário. Isso afeta principalmente a inflação de serviços, que é o componente mais alto do IPCA no momento”, diz Gonçalves.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A inflação de serviços é responsável por mais de um terço do índice oficial de preços, cerca de 36%, e é o componente que mais demora a ceder. “É inercial, não se resolve apenas com uma desaceleração pontual da atividade.” 

Leia Também

Mas o câmbio melhorou a inflação...  

As demais “faces” da inflação o câmbio tem ajudado a ceder. A recente valorização do real trouxe algum alívio ao bolso do consumidor ao baratear importados e conter o preço de alimentos. Mas essa melhora veio de fatores externos, basicamente o enfraquecimento do dólar no mundo.

Acontece que essa perda de valor é uma resposta às políticas socioeconômicas de Donald Trump. Tarifas de importação e a tentativa de interferir no Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) geraram uma crise institucional. E a expectativa por corte de juros nos EUA acentuou essa percepção de perda de valor do dólar como moeda de reserva.

O Brasil surfou essa onda, mas isso não significa que o real seguirá em trajetória contínua de valorização — basta uma mudança no apetite global por risco para inverter a direção. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda assim, Gonçalves acredita que existe um risco de antecipação indevida de corte na Selic se o real se apreciar ainda mais. “Não está no nosso cenário-base, mas é um risco. Principalmente se a atividade surpreender com uma desaceleração mais intensa no terceiro trimestre”, diz o economista.  

Mas a visão geral é que o câmbio ajuda na margem em termos inflacionários, mas não muda o quadro para o Copom.

Pedras no caminho do corte da Selic: eleições 2026 

Pesam a favor da Selic elevada por tempo prolongado o cenário eleitoral de 2026 e a incerteza que se avoluma sobre 2027.

Parte da dificuldade é que, até lá, existe um risco em 2026 de maior gasto público. O governo pode criar mais programas para melhorar a campanha eleitoral, o que pode gerar pressão inflacionária.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Outra dificuldade é a volatilidade do câmbio. As apostas dos investidores estrangeiros e locais sobre quem será o próximo presidente e qual será sua postura diante das contas públicas podem pressionar o real.

Para aumentar ainda mais a incerteza, o próximo governo terá em mãos a tarefa de enfrentar um ajuste fiscal inevitável, e a falta de clareza sobre como isso será feito adiciona mais um ruído nas apostas sobre o candidato vitorioso.

Para o Banco Central, esse quadro torna mais arriscado reduzir juros agora, já que uma guinada de política fiscal no futuro pode reacender pressões inflacionárias. “Sem clareza sobre as contas públicas, o espaço para reduzir a Selic fica mais incerto. Vemos cortes pequenos no futuro, até 12,75% ao fim de 2026”, diz o economista do Itaú.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista do Seu Dinheiro com Fernando Gonçalves: 

Seu Dinheiro: Quais as expectativas para a decisão do Fed e como isso se desdobra em implicações para a nossa política monetária? 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Fernando Gonçalves: O mercado trabalha hoje com a expectativa de um corte de 25 pontos-base nos juros dos EUA, embora existam várias possibilidades em aberto: alguns diretores podem discordar, e o ritmo/tamanho do corte pode variar. Uma eventual dissidência interna, com os diretores divergindo sobre um corte de 50 pontos ou nenhum corte, é que vai moldar a resposta do mercado, porque também indica quais devem ser os passos futuros.   

A consequência prática para o Brasil é que cortes pelo Fed vão aumentar o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA e favorecer a apreciação do real, algo que já se vem observando. O dólar caiu frente ao real para R$ 5,30, e toda essa depreciação tem a ver com essa percepção de cortes nos juros e desaceleração econômica. Isso nos ajuda na margem em termos inflacionários, mas não muda o quadro para o Copom.

Então juros menores nos EUA não facilitam uma redução da Selic aqui? 

Não necessariamente. A apreciação do real traz alívio marginal para a inflação por conta da queda dos preços de importados e de alimentos, principalmente, mas o Copom exige evidências mais claras de indicadores locais antes de iniciar cortes.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Esses sinais passam por uma abertura do hiato do produto [quando a economia deixa de produzir acima da sua capacidade, o que diminui a pressão sobre os preços], afrouxamento consistente do mercado de trabalho e queda na utilização da capacidade [menor produção industrial também diminui pressão sobre preços] — sem isso, a autoridade tende a manter a postura cautelosa.  

O risco de um corte antecipado aumentou recentemente com a depreciação do câmbio e dados de atividade mais fracos. Esse não é o nosso cenário-base, porque acreditamos que precisa de uma desaceleração maior no mercado de trabalho e na atividade. Mas se vier uma surpresa na atividade e uma depreciação ainda maior no câmbio, esse risco existe.  

O que um corte antecipado nos juros significa em termos de risco para a economia?

A discussão que envolve a Selic e o Copom agora é de quando e quanto: quando cortar e quanto cortar.  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As condições podem convergir para um corte nesse ano, mas seria um corte pequeno, de 25 pontos-base. O quanto é mais importante. Vemos um ciclo pequeno à frente, mesmo que os cortes comecem em 2026. No cenário-base, vemos a Selic fechando 2026 em 12,75%, estamos falando de 225 pontos de corte em um ano, é pouca coisa.  

Esse ajuste incorpora os riscos de 2026: um ano de bastante volatilidade devido ao cenário eleitoral, com a possibilidade de estímulos financeiros e um nível de gastos maior por parte do governo. Entendemos que o arcabouço fiscal limita esse gasto e deverá ser respeitado, mas ainda mantemos essa perspectiva de corte menor na Selic para manter o ambiente restritivo.

A inflação tem melhorado nos últimos meses. Esse é um fator mais benigno para o Copom avaliar na decisão de corte dos juros?  

A última leitura de inflação, o IPCA de agosto, registrou deflação impulsionada pelos bônus nas tarifas de energia elétrica, mas os indicadores subjacentes continuam muito pressionados, principalmente a inflação de serviços.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Taxa de desemprego baixa pressiona salários, porque o empregador precisa pagar um valor maior para atrair um funcionário que está na concorrência. Isso gera pressões inflacionárias, e o setor de serviços é o mais impactado. Se você contrata pessoas por valores altos, vai repassar isso nos preços dos serviços.    

Um ponto muito relevante disso é: a inflação de serviços representa mais de um terço da composição do IPCA, cerca de 36%. É um grupo muito pesado e muito relevante, que puxa o índice para cima.

Outro problema é que é uma inflação muito inercial e cíclica. Para a inflação de serviços cair, é preciso que a taxa de desemprego suba, que os salários diminuam e que essa queda seja repassada nos preços. Não estamos nem no primeiro estágio deste ciclo.

Você acredita que o Copom pode mudar o seu balanço de riscos na decisão de hoje? Isso teria impacto no mercado?  

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Não vejo motivo para mudar o balanço de riscos ou o seu viés, que deve continuar descrito como equilibrado. Faz parte da estratégia de comunicação do Banco Central essa ponderação entre os riscos altistas e baixistas, e acredito que deva continuar sem grandes alterações.   

Dentro da análise do Itaú, vemos mais riscos baixistas agora. O câmbio e a tendência de queda nos preços de alimentos e proteínas por causa das tarifas de Donald Trump devem ajudar a trazer a inflação para baixo. Mas, por outro lado, uma crise hídrica pode colocar a bandeira tarifária em vermelho e equilibrar os fatores.  

Nosso cenário é o IPCA fechando o ano em 5,1%, mas estamos avaliando revisar essa projeção para 4,9%.

Para o investidor que acompanha a Selic, quais indicadores devem ficar no radar para entender quando o Copom vai começar a cortar os juros? 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A desaceleração da economia é o mais importante: ampliação do hiato do produto, sinais de afrouxamento do mercado de trabalho (dados de emprego formal pelo Caged, taxa de desemprego e pressões salariais) e recuo na utilização da capacidade industrial. Também é crucial observar leituras trimestrais do PIB e indicadores subjacentes de inflação, especialmente os serviços.  

No campo das expectativas e dos riscos, acompanhar a evolução das expectativas de inflação, se começam a convergir de forma consistente para a meta. Sem sinais claros nesses vetores, a tendência é de manutenção da taxa até que o quadro total comprove espaço seguro para cortes na Selic. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
TETO ESTOURADO

MEI: ultrapassou o limite de faturamento em 2025? Veja o que fazer para se manter regularizado

18 de dezembro de 2025 - 14:00

Microempreendedores individuais podem ter uma receita anual de até R$ 81 mil

NOVAS REGRAS

Entre o relógio e as malas: o que dizem as novas regras de check-in e check-out em hotéis

18 de dezembro de 2025 - 13:42

Portaria do Ministério do Turismo já está em vigor; norma fixa tempo mínimo de estadia, critérios de limpeza e exige clareza nos horários

ESQUECIDOS?

Esses números nunca deram as caras na Mega da Virada; veja quais são

18 de dezembro de 2025 - 9:13

Histórico da Mega da Virada revela números que não apareceram em nenhuma edição do concurso especial da Caixa

MÁQUINA DE MILIONÁRIOS

Bola dividida na Lotofácil termina com 4 novos milionários; Mega-Sena e Timemania disputam quem paga mais

18 de dezembro de 2025 - 7:31

Prêmio principal da Lotofácil será dividido entre 4 apostadores; Timemania e Mega-Sena sorteiam nesta quinta-feira R$ 68 milhões e R$ 58 milhões, respectivamente

CAI HOJE

Caixa libera Bolsa Família para NIS final 7 nesta quinta-feira (18)

18 de dezembro de 2025 - 6:01

Benefício cai na conta hoje para milhões de famílias; valor pode ser movimentado pelo Caixa Tem sem necessidade de saque

EM GREVE

Trabalhadores dos Correios entram em greve em 9 estados; entenda os motivos da paralisação

17 de dezembro de 2025 - 17:30

Após acordos prorrogados e negociações travadas, trabalhadores dos Correios entram em greve; Correios dizem que agências seguem abertas

SEGUNDA MAIOR PREMIAÇÃO DO CONTINENTE

Final da Copa do Brasil 2025: veja o horário e onde assistir a Corinthians x Vasco

17 de dezembro de 2025 - 17:11

Corinthians x Vasco iniciam nesta quarta-feira (17) a decisão da Copa do Brasil 2025, em duelo que vale uma das maiores premiações do futebol sul-americano

VAI POPULARIZAR?

Fim da patente do Ozempic: quando as canetas emagrecedoras vão ficar mais baratas?

17 de dezembro de 2025 - 16:14

Decisão do STJ abre caminho para concorrentes do Ozempic, mas especialistas dizem que a queda de preços das canetas emagrecedoras deve ser gradual

SEM CONDIÇÕES DE OPERAR

Enel fora de São Paulo? Empresa pode ter ‘carta na manga’ contra as acusações após Ministério pedir fim da concessão; veja

17 de dezembro de 2025 - 11:00

Segundo o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a concessionária não tem mais condições de operar no estado depois de diversas crises, mas processo de encerramento do contrato ainda demora

PARA FECHAR AS CONTAS

Câmara aprova texto-base do projeto que reduz benefícios tributários e aumenta impostos de bets, fintechs e JCP

17 de dezembro de 2025 - 9:45

Os deputados agora analisam um destaque que visa retirar da proposta o aumento de impostos sobre o juro sobre o capital próprio, de 15% para 17,5%

SEM SORTE?

Renegados? Veja os números que menos saíram na Mega da Virada 

17 de dezembro de 2025 - 9:09

Histórico da Mega da Virada mostra os números que menos saíram no sorteio especial da Caixa

INSISTÊNCIA RECOMPENSADA

Teimosia faz um novo milionário na Quina em dia de bola na trave na Lotofácil, na Mega-Sena e na Timemania

17 de dezembro de 2025 - 6:45

Quina foi a única loteria da Caixa a pagar um valor milionário ontem, mas os prêmios de consolação da Mega-Sena, da Timemania, da Lotofácil e da Dia de Sorte deixam pouca margem para reclamação

NIS 6

Bolsa Família paga parcela de dezembro hoje para NIS final 6; veja o calendário do programa

17 de dezembro de 2025 - 5:27

Depósito do bolsa família ajuda a reforçar o orçamento em um mês de despesas maiores.Veja quem recebe e como consultar o valor

PERSPECTIVAS DO ASA

Queda da Selic em janeiro e juros a 11,5% em 2026: Fábio Kanczuk, ex-BC, diz que Copom “tirou todas as amarras” para iniciar ciclo de cortes

16 de dezembro de 2025 - 16:00

Segundo ele, o afrouxamento deve acontecer em janeiro do ano que vem, momento no qual o dólar estará sendo negociado abaixo de R$ 5,40

AO INFINITO E ALÉM!

O primeiro foguete comercial brasileiro vai para o espaço — enquanto cometa 3I/ATLAS se aproxima da Terra

16 de dezembro de 2025 - 13:08

Brasil abre janela para o lançamento do primeiro foguete comercial a partir de Alcântara, em meio à passagem do cometa 3I/ATLAS

MÁXIMAS HISTÓRICAS

O que a Inteligência Artificial (IA) e a transição energética têm em comum? Ambas estão levando este metal a atingir preços jamais vistos

16 de dezembro de 2025 - 11:19

Ambos os temas, que podem nem sempre entrar em intersecção, têm exercido uma pressão quase simultânea nos preços do cobre, que vêm renovando máximas históricas em 2025

VAI CONTINUAR APERTADO

Ata do Copom: BC diz que manutenção da Selic em nível ‘contracionista por período bastante prolongado’ é a estratégia correta

16 de dezembro de 2025 - 9:45

Os membros do comitê concluíram que “a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”

MÁQUINA AZEITADA

Lotofácil abre semana com um novo milionário; Mega-Sena corre hoje valendo R$ 52 milhões, mas pode ser superada pela Timemania

16 de dezembro de 2025 - 6:56

Ganhador ou ganhadora do concurso 3563 da Lotofácil efetuou sua aposta por meio dos canais eletrônicos da Caixa Econômica Federal

CAI HOJE

Bolsa família de dezembro é pago hoje para NIS final 5

16 de dezembro de 2025 - 5:39

O programa segue o calendário escalonado e é feito conforme o final do NIS; depósito é realizado automaticamente em contas da Caixa

E NÃO É BC

Essa cidade brasileira tem mais apartamentos do que casas, fica no litoral e está entre as mais desenvolvidas

15 de dezembro de 2025 - 15:44

Dados do Censo 2022 mostram que mais de 60% da população de Santos vive em apartamentos, em um município que também se destaca em indicadores de desenvolvimento

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar