Fim dos 120% do CDI? Conselho Monetário aperta regras do FGC, e especialistas vislumbram impacto no retorno de CDBs, LCIs e LCAs
Novas normas visam mitigar riscos excessivos e fortalecer a estabilidade do sistema financeiro, mas trazem impactos para bancos e investidores
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, na sexta-feira (1º), uma série de alterações nas regras do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O objetivo é mitigar incentivos à tomada de riscos excessivos por parte das instituições associadas e, consequentemente, preservar a estabilidade do sistema financeiro.
As novas regras — que entram em vigor em 1º de junho de 2026 — estão sendo vistas como um recado claro do Banco Central para que instituições financeiras não repitam o modus operandi de usar o FGC como trampolim para alavancagem, como o Banco Master fez.
O FGC atua como uma espécie de seguro para o sistema financeiro, socorrendo clientes de bancos em caso de quebra ou problemas de liquidez. Para isso, as instituições financeiras associadas custeiam o fundo por meio de contribuições mensais.
O fundo garante saldos em conta e investimentos de pessoas físicas e jurídicas em até R$ 250 mil por instituição financeira, com um limite global de R$ 1 milhão em quatro anos. Essa proteção abrange diversos investimentos, como depósitos à vista, poupança, CDBs, LCIs, LCAs, entre outros.
Nada disso muda com as novas regras. Mas, na prática, as instituições de menor porte devem encontrar mais dificuldade em oferecer remunerações generosas, de acordo com especialistas. Lembrando que o Banco Master ficou conhecido dos investidores justamente pelos CDBs com taxas de 120% do CDI.
- SAIBA MAIS: Fique por dentro das principais notícias do mercado. Cadastre-se no clube de investidores do Seu Dinheiro e fique atualizado sobre economia diariamente
O Banco Master como exemplo (do que não fazer)
A necessidade de endurecer as regras do FGC ganhou força após a exposição do fundo ao Banco Master se tornar uma preocupação para o mercado.
Leia Também
O Master cresceu vendendo Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com taxas muito acima da média do mercado, prometendo retornos mais altos para atrair investidores.
No entanto, a instituição investiu os recursos captados em ativos de maior risco, como precatórios (dívidas judiciais de governos), dívidas e ações de empresas questionáveis.
Na prática, o Master usou a garantia do FGC para alavancar suas captações via CDBs e expôs o fundo a uma dívida de pelo menos metade do total, que prevê resguardar todas as instituições associadas.
Diante de problemas de liquidez para cumprir seus compromissos, o Banco Master anunciou a venda parcial para o Banco de Brasília, ainda em análise. Além disso, acionou um empréstimo emergencial de R$ 4 bilhões com o FGC.
Esse cenário levou a um aumento nos apelos do mercado por um endurecimento nas regras do fundo.
Segundo as regras antigas, as instituições com maior risco de acionar o FGC eram justamente as de menor porte, que contribuem menos para o fundo. No entanto, são as que oferecem as remunerações mais elevadas em seus títulos.
Novas regras para o FGC
As modificações do CMN nas regras do FGC se concentraram principalmente na contribuição das instituições ao fundo e nos limites de alavancagem permitidos. As instituições que possuem um perfil mais exposto a riscos ou se alavancam mais terão agora uma contribuição adicional.
E não é só. O conselho também determinou algumas mudanças no investimento que as instituições estão permitidas a fazer com o montante alavancado por captação elegíveis à garantia do FGC.
Aumento da Contribuição Adicional (CA):
A nova norma dobra o multiplicador da Contribuição Adicional (CA) devida pelas instituições garantidas, de 0,01% para 0,02%.
Além disso, o CMN alterou o critério para que um banco pague essa taxa extra. A partir de agora, se o Valor de Referência (VR), que representa o saldo dos depósitos cobertos pelo FGC, atingir 60% ou mais das Captações de Referência (CR), que é o total de depósitos que a instituição captou, ela automaticamente começa a pagar essa contribuição adicional. Antes, esse limite era de 75%.
Em outras palavras, bancos com um perfil de risco mais elevado ou que operam com maior alavancagem terão que arcar com uma taxa extra.
Obrigatoriedade de alocação em títulos públicos federais (MATPF):
A nova norma obriga a instituição associada que estiver excessivamente alavancada (Valor de Referência superior a dez vezes o Patrimônio Líquido Ajustado - PLA) a aplicar os recursos excedentes em títulos públicos federais.
A medida evita a tomada de risco excessivo por parte das instituições. Assim, os bancos não podem usar essa alavancagem que extrapola o limite para empréstimos ou ativos de risco.
Os dois ajustes ficaram aquém do solicitado por grandes bancos, segundo notícias anteriores. A expectativa era de que o multiplicador da Contribuição Adicional (CA) subisse de 0,01% para 0,10% e uma redução de 75% para 50% na proporção entre o VR e as CR.
Entretanto, Atahualpa Padilha, economista e advogado do escritório Benício Advogados, acredita que a versão final representa um meio-termo razoável para o mercado. Os números almejados pelos grandes bancos levantaram dúvidas sobre a perda de competitividade dos bancos digitais.
“O objetivo do CMN é reduzir os riscos do sistema, sem comprometer o crescimento sustentável das instituições participantes nem a concorrência no setor financeiro. Embora exista a possibilidade de a nova norma limitar, em certa medida, a expansão de bancos menores, ela também fortalece a segurança jurídica do setor, reforça a estrutura do FGC e, por consequência, eleva a confiança como um todo”, diz Padilha.
Impacto no rendimento e emissão dos investimentos
Ainda que as normas se tornem mais exigentes, o Banco Central assegura que não haverá prejuízos para o crescimento natural das instituições financeiras, nem para a concorrência no mercado. Os bancos podem continuar captando recursos via títulos cobertos pelo FGC.
Contudo, a garantia se mantém somente se a instituição apresentar um aumento do seu Patrimônio Líquido Ajustado (PLA) em linha com o volume captado nos títulos garantidos pelo FGC. Esse crescimento de PLA pode vir de resultados financeiros mais robustos ou da atração de novos investimentos e capital.
Outra forma de manter a expansão das emissões é a instituição diversificar suas fontes de captação, utilizando instrumentos e investimentos que não são sujeitos à garantia do FGC.
Gustavo Rabello, sócio de mercado de capitais do Souza Okawa Advogados, acredita que os bancos de menor porte, que faziam uso da estratégia mais arriscada de captação via CDBs, talvez tenham que reduzir emissões ou prêmios no futuro em razão dos custos adicionais.
Até mesmo a obrigatoriedade de alocação de parte do dinheiro em títulos públicos compromete a possibilidade de taxas maiores de remuneração.
Entretanto, ele avalia a mudança como necessária: “O FGC passa a contar com mais instrumentos e recursos para absorver a quebra de instituições sem perder seu oxigênio financeiro. Isso aumenta a confiança de que os depósitos que estejam cobertos continuem garantidos”, diz Rabello.
Padilha também vê ganhos do ponto de vista de segurança jurídica e econômica para os investimentos. “Os impactos tendem a ser mais positivos do que negativos, de um modo geral”, diz.
Gás do Povo entra em operação: veja onde o botijão gratuito já está sendo liberado
Primeiras recargas do Gás do Povo começaram nesta semana em dez capitais; programa deve alcançar 50 milhões de brasileiros até 2026
É dia de pagamento: Caixa libera Bolsa Família de novembro para NIS final 9
O pagamento do benefício ocorre entre os dias 14 e 28 deste mês e segue ordem definida pelo último número do NIS
Como é o foguete que o Brasil vai lançar em dezembro (se não atrasar de novo)
Primeira operação comercial no país vai levar ao espaço satélites brasileiros e tecnologias inéditas desenvolvidas por universidades e startups
Liquidação do Banco Master não traz risco sistêmico, avalia Comitê de Estabilidade Financeira do BC
A instituição do banqueiro Daniel Vorcaro cresceu emitindo certificados com remunerações muito acima da média do mercado e vinha enfrentando dificuldades nos últimos meses
Imposto de Renda: o que muda a partir de 2026 para quem ganha até R$ 5 mil e para a alta renda, a partir de R$ 50 mil por mês
Além da isenção para as faixas mais baixas, há uma taxa de até 10% para quem recebe acima de R$ 50 mil por mês
A cidade brasileira que é a capital nacional do arroz, tem a maior figueira do mundo — e é o lar do mais novo milionário da Mega-Sena
Cidade gaúcha une tradição agrícola, patrimônio histórico e curiosidades únicas — e agora entra no mapa das grandes premiações da Mega-Sena
Defesa de Vorcaro diz que venda do Banco Master e viagem a Dubai foram comunicadas ao BC
O banqueiro foi preso na semana anterior devido à Operação Compliance Zero da Polícia Federal, que investiga um esquema de emissão de títulos de crédito falsos
A proposta do FGC para impedir um novo caso ‘Banco Master’ sem precisar aumentar o colchão do fundo
Com maior resgate da história do FGC, o caso Banco Master acelera discussões sobre mudanças nas regras do fundo e transparência na venda de CDBs
Pagamentos do Bolsa Família e Gás do Povo chegam a beneficiários com NIS final 8 nesta quarta (26)
O pagamento do benefício ocorre entre os dias 14 e 28 deste mês e segue ordem definida pelo último número do NIS
Quanto vai ser o salário mínimo de 2026 e o que ainda falta para ele entrar em vigor
O novo piso salarial nacional para 2026 já foi proposto, mas ainda aguarda aprovação; saiba o que ainda falta
Mega-Sena paga prêmio de quase R$ 15 milhões na ‘capital nacional do arroz’; bola dividida deixa Lotofácil em segundo plano
Enquanto a Mega-Sena saiu para uma aposta simples, a Lotofácil premiou um total de 11 apostadores; as demais loterias da Caixa acumularam ontem (25).
2026 sem alívio: projeções do Itaú indicam juros altos, inflação resistente e dólar quase parado
Cenário deve repetir 2025, apesar de R$ 200 bilhões em impulsos fiscais que turbinam o PIB, mas mantêm pressão nos preços
Um problema para o sistema elétrico? Por que a Aneel quer cortar o excedente de energia renovável
Agência aprova plano emergencial para evitar instabilidade elétrica em a excesso de energia solar e eólica
Uma vaca de R$ 54 milhões? Entenda o que faz Donna valer mais que um avião a jato
Entenda como Donna FIV CIAV alcançou R$ 54 milhões e por que matrizes Nelore se tornaram os ativos mais disputados da pecuária de elite
Foi vítima de golpe no Pix? Nova regra do Banco Central aumenta suas chances de reembolso; entenda como funciona
Nova regra do Banco Central reforça o MED, acelera o processo de contestação e aumenta a recuperação de valores após fraudes
BRB no centro da crise do Master: B3 exige explicações sobre possíveis operações irregulares, e banco responde
Em março, o banco estatal de Brasília havia anunciado a compra do Master, mas a operação foi vetada pelo Banco Central
Nova lei do setor elétrico é sancionada, com 10 vetos do governo: veja o que muda agora
Governo vetou mudança na forma de averiguar o preço de referência do petróleo, pois a redefinição da base de cálculo “contraria o interesse público”
Um conto de Black Friday: como uma data que antes era restrita aos Estados Unidos transformou o varejo brasileiro
Data que nasceu no varejo norte-americano ganhou força no Brasil e moldou uma nova lógica de promoções, competição e transparência de preços.
Lotofácil tem 24 ganhadores, mas só 3 vão receber o dinheiro todo; Timemania pode pagar (bem) mais que a Mega-Sena hoje
Seis bilhetes cravaram as dezenas válidas pela Lotofácil 3545, sendo três apostas simples e três bolões; todas as demais loterias sorteadas ontem acumularam
13º salário atrasou? Saiba o que fazer se o empregador não realizar o pagamento da primeira parcela até sexta-feira (28)
O prazo limite da primeira parcela do 13° é até a próxima sexta-feira (28), veja o que fazer caso o empregador atrase o pagamento
