De Galípolo para Haddad (com amor?): a grande “vilã” do estouro da meta de inflação em 2024, segundo o BC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de +0,39% para +0,52% na passagem de novembro para dezembro, fechando o ano passado em 4,83%

Em carta endereçada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e à ministra do Planejamento, Simone Tebet, o Gabriel Galípolo explicou os motivos por trás do desvio da meta de inflação em 2024 — um de seus primeiros atos como presidente do Banco Central (BC).
De acordo com o novo chefe da autoridade monetária, a depreciação cambial foi a principal “vilã” que fez com que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado ao longo dos 12 meses de 2024 ficasse 4,83%, acima da meta de 3%.
Trata-se da oitava vez desde 1999 em que a meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) não é cumprida pelo Banco Central. Nos últimos quatro anos, ocorreram três descumprimentos da meta
Sempre que isso acontece, o presidente da autarquia é obrigado a prestar contas ao ministro da Fazenda, explicando as razões pelas quais não conseguiu atingir sua principal missão institucional.
Outras razões para o estouro da meta de inflação
Além da depreciação cambial, o BC também citou o forte crescimento da atividade econômica, condições climáticas adversas e a inércia da inflação do ano anterior.
Leia Também
“O grau de utilização dos fatores de produção foi crescente, com destaque para a mínima histórica alcançada pela taxa de desemprego. O mercado de trabalho apresentou resultados robustos em 2024. A taxa de desocupação continuou trajetória de rápido declínio, atingindo 6,5% em novembro (dados ajustados sazonalmente), menor valor da série histórica”, disse o BC.
O BC ressaltou que os desastres climáticos também tiveram um impacto significativo, com a seca que afetou parte do país elevando os preços de alimentos, especialmente carnes e leite, devido à deterioração das pastagens, além de produtos como café e laranja.
As enchentes no Rio Grande do Sul também influenciaram os preços de alimentos no segundo trimestre, principalmente no estado, mas a maior parte desse efeito foi revertida nos meses seguintes.
O Banco Central estima que as condições climáticas contribuíram diretamente com 0,38 pontos percentuais na variação do IPCA em 2024.
Pressão inflacionária em diversos segmentos em 2024
O IPCA acelerou de +0,39% para +0,52% na passagem de novembro para dezembro. Diante disso, a inflação acumulada ao longo dos 12 meses de 2024 ficou em 4,83%.
O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas contidas no último boletim Focus (+4,89%) e desacelerou levemente em relação a novembro (+4,87%).
Na carta endereçada ao ministro da Fazenda, o BC cita, entre os destaques, a alimentação no domicílio, que teve um aumento de 8,22% devido a fatores como a seca, o ciclo do boi, a depreciação cambial e o crescimento dos preços internacionais das commodities agrícolas.
Já os bens industriais tiveram uma inflação de 2,89%, influenciada pela depreciação cambial, pela alta dos preços das commodities metálicas e pela atividade econômica.
A inflação dos serviços caiu para 4,77%, mas excluindo passagens aéreas, o aumento foi de 5,53%.
No segmento de preços administrados, a maior alta foi da gasolina (9,70%), impactada pela depreciação cambial, aumento do etanol anidro e elevação do ICMS sobre o combustível.
Além disso, os planos de saúde e os produtos farmacêuticos também registraram altas significativas, de 7,88% e 5,96%, respectivamente.
Depreciação cambial, a grande “vilã” da inflação
Dentro da inflação importada, o aumento do valor do dólar em relação ao real teve um impacto mais expressivo para o estouro da meta, contribuindo com uma alta de 1,21 pontos percentuais na inflação.
No entanto, parte desse efeito foi atenuada pela queda do preço internacional do petróleo, que resultou em uma redução de 0,59 pontos percentuais, de acordo com o BC.
A carta ressalta que a taxa de câmbio passou de R$ 4,95 na média do último trimestre de 2023 para R$ 5,84 no mesmo período de 2024, uma variação de 18,0%.
Ao comparar as médias de dezembro de 2023 e 2024, a taxa de câmbio subiu de R$ 4,90 para R$ 6,10, uma alta de 24,5%, o que representa uma desvalorização de 19,7% do real.
“O fato de o real ter sido a moeda de maior depreciação em 2024, considerando seus pares ao nível internacional e os países avançados, sugere que fatores domésticos e específicos do Brasil tiveram papel expressivo nesse movimento cambial”, diz a carta.
“No âmbito doméstico, a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, afirma o BC.
Com isso, a carta destaca que “a significativa depreciação cambial decorreu principalmente de fatores domésticos, complementada pela apreciação global do dólar norte-americano”.
Vale destacar que, nesta sexta-feira (10), o dólar à vista fechou em alta de 0,99%, aos R$ 6,1031. Em dezembro, a moeda norte-americana chegou a maior cotação intradia desde a criação do Real, em 1994.
Meta de inflação para 2025 e 2026
Assim como em 2024, a meta de inflação para 2025 e 2026 será de 3,00%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
A partir deste mês, o BC deverá manter a inflação acumulada em 12 meses dentro da meta mensalmente, e a meta será considerada descumprida se ficar fora do intervalo por seis meses consecutivos.
Apostador sortudo embolsa quase R$ 10 milhões sozinho na Quina; Lotofácil tem 4 vencedores, mas ninguém ficou milionário com a loteria
Após diversos sorteios acumulando, a Quina finalmente pagou quase R$ 10 milhões ao único vencedor do concurso 6775. Veja as dezenas sorteadas
Aumento do IOF volta a valer com decisão de Alexandre de Moraes, mas exclui risco sacado da cobrança; entenda os efeitos
O decreto havia sido suspenso após votação do Congresso Nacional para derrubar a alteração feita pelo presidente Lula
De olho na conta de luz: Aneel aprova orçamento bilionário da CDE para 2025 com alta de 32% — e cria novo encargo
Novo orçamento da agência regula impacto de R$ 49,2 bilhões no setor elétrico — quase tudo será pago pelos consumidores
Governo Trump apela até para a Rua 25 de março e o Pix na investigação contra o Brasil. Aqui estão as seis acusações dos EUA
O governo norte-americano anunciou, na noite da última terça-feira (15), investigações contra supostas práticas desleais do comércio brasileiro. Veja as seis alegações
Ganhador da Mega-Sena fatura prêmio de mais de R$ 45 milhões com aposta simples; Lotofácil também faz um novo milionário
Em uma verdadeira tacada de sorte, o ganhador foi o único a cravar todas as dezenas do concurso 2888 da Mega-Sena; confira os resultados das principais loterias da Caixa
Copom vai cortar juros ainda em 2025 para seguir o Fed, mas não vai conseguir controlar a inflação, diz Fabio Kanczuk, do ASA
O afrouxamento monetário deve começar devagar, em 25 pontos-base, mesmo diante da possível tarifação dos EUA
Lula tira do papel a Lei da Reciprocidade para enfrentar Trump, mas ainda aposta na diplomacia
Medida abre caminho para retaliação comercial, mas o governo brasileiro segue evitando o confronto direto com os Estados Unidos
Temporada de balanços 2T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
A temporada de balanços do 2T25 começa ainda em julho e promete mostrar quem realmente entregou resultado entre as principais empresas da B3
Tarifas de Trump jogam balde de água fria nas expectativas para a economia brasileira; confira os impactos da guerra tarifária no país, segundo o Itaú BBA
O banco ressalta que o impacto final é incerto e que ainda há fatores que podem impulsionar a atividade econômica do país
Agenda econômica: Inflação, Livro Bege, G20 e PIB chinês; confira os indicadores mais importantes da semana
Com o mercado ainda digerindo as tarifas de Trump, dados econômicos movimentam a agenda local e internacional
É improvável que tarifa de 50% dos EUA às importações brasileiras se torne permanente, diz UBS WM
Para estrategistas do banco, é difícil justificar taxação anunciada por Trump, mas impacto na economia brasileira deve ser limitado
Bolsonaro é a razão da tarifa mais alta para o Brasil, admite membro do governo dos EUA — mas ele foge da pergunta sobre déficit comercial
Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional dos Estados Unidos, falou em “frustração” de Trump em relação à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro ante a Justiça brasileira, mas evitou responder sobre o fato de os EUA terem superávit comercial com o Brasil
Sem milionários, só Lotofácil fez ganhadores neste sábado (12); Mega-Sena acumula em R$ 46 milhões. Veja resultados das loterias
Lotofácil fez quatro ganhadores, que levaram R$ 475 mil cada um. Prêmio da +Milionária agora chega a R$ 128 milhões
Banco do Brasil (BBAS3), ataque hacker, FII do mês e tarifas de 50% de Trump: confira as notícias mais lidas da semana
Temas da semana anterior continuaram emplacando matérias entre as mais lidas da semana, ao lado do anúncio da tarifa de 50% dos EUA ao Brasil
Tarifas de Trump podem afastar investimentos estrangeiros em países emergentes, como o Brasil
Taxação pode ter impacto indireto na economia de emergentes ao afastar investidor gringo, mas esse risco também é limitado
Lula afirma que pode taxar EUA após tarifa de 50%; Trump diz que não falará com brasileiro ‘agora’
Presidente brasileiro disse novamente que pode acionar Lei de Reciprocidade Econômica para retaliar taxação norte-americana
Moody’s vê estatais como chave para impulsionar a economia com eleições no horizonte — e isso não será bom no longo prazo
A agência avalia que, no curto prazo, crédito das empresas continua sólida, embora a crescente intervenção política aumenta riscos de distorções
O UBS WM reforça que tarifas de Trump contra o Brasil terão impacto limitado — aqui estão os 4 motivos para o otimismo
Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, que devem entrar em vigor em 1º de agosto
Governo vai abrir crédito de R$ 3 bilhões para ressarcir vítimas da fraude do INSS; confira como vai funcionar o reembolso
Entre os R$ 3 bilhões em crédito extraordinário, R$ 400 milhões vão servir para ressarcir as vítimas em situação de vulnerabilidade e que não tenham questionado os valores descontados
Trump é a maior fonte de imprevisibilidade geopolítica e econômica da atualidade — e quem diz isso pode surpreender
Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, falou com exclusividade ao Seu Dinheiro sobre a imposição, por Donald Trump, da sobretaxa de 50% às exportações brasileiras para os EUA