Como funcionava o esquema do Grupo Refit, maior devedor de impostos do país, segundo a Receita Federal
Antiga Refinaria de Manguinhos foi alvo da Operação Poço de Lobato, acusada de um sofisticado esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis
O Grupo Refit, principal alvo da Operação Poço de Lobato, deflagrada nesta quinta (27), é acusado de fazer parte de um sofisticado esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. As fraudes envolvem criações de empresas de fachada, fundos de investimento e offshores.
O Seu Dinheiro entrou em contato com o grupo e aguarda o posicionamento da empresa.
A Refit já havia sido interditada em setembro, quando o nome da companhia apareceu entre as investigadas na megaoperação Carbono Oculto, realizada em agosto de 2025. A ofensiva identificou um esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
A investigação abrange todos os níveis da cadeia de combustíveis, da importação à comercialização ao consumidor final.
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Segundo a Receita Federal, a Refit é o maior devedor contumaz de impostos do Brasil. O prejuízo estimado é de R$ 26 bilhões aos cofres públicos. De acordo com o Fisco, distribuidoras e postos de combustíveis vinculados à organização sonegavam reiteradamente tributos em suas operações de venda.
Mais de R$ 10,2 bilhões em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos, já foram bloqueados para a garantia do crédito tributário pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira/SP).
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Quem é a Refit
Com núcleo no estado do Rio de Janeiro, o grupo Refit tem atuação em praticamente todo o território nacional. Segundo o site da própria companhia, a refinaria ocupa aproximadamente 600 mil metros quadrados, abrigando um dos maiores parques de armazenagem de líquidos do Brasil, com uma capacidade que ultrapassa os 200 milhões de litros.
Criada em 1954, a Refinaria de Manguinhos surgiu na onda da campanha "O Petróleo é Nosso", do presidente Getúlio Vargas. Foi a primeira refinaria privada do Rio de Janeiro, construída em 255 dias. Passou a abastecer a então capital do país.
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Em 2005, a Refinaria de Manguinhos paralisou suas operações, foi vendida para o Grupo Andrade Magro, passou por profundas mudanças internas e, em 2010, retomou as operações. Mudou de nome para Refit em 2017.
Recentemente, a empresa foi alvo da Operação Cadeia de Carbono. Na ocasião, foram retidos quatro navios contendo aproximadamente 180 milhões de litros de combustível, e a refinaria foi interditada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Entre as suspeitas de irregularidades identificadas pela ANP estão a importação com falsa declaração do conteúdo (gasolina importada declarada como derivados de petróleo para industrialização), ausência de evidências do processo de refino e indícios de uso de aditivos químicos não autorizados pela regulamentação, pois alteram as características do produto vendido ao consumidor.
Como funcionava o esquema de sonegação de impostos
Por meio de complexas operações financeiras, o grupo movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano, utilizando empresas próprias, fundos de investimento e offshores — incluindo uma exportadora fora do Brasil — para ocultar e blindar lucros, segundo a Receita.
Durante as apurações, a Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz/SP) identificou que empresas ligadas ao grupo investigado se colocavam como interpostas para evitar o pagamento do ICMS devido ao Estado de São Paulo.
Importadoras atuavam como interpostas pessoas, adquirindo do exterior nafta, hidrocarbonetos e diesel com recursos proveniente de formuladoras e distribuidoras vinculadas ao grupo. Apenas entre 2020 e 2025, foram importados mais de R$ 32 bilhões em combustíveis pelos investigados.
Os valores da Refit eram concentrados em empresas financeiras controladas pelo próprio grupo. A Receita Federal identificou que uma grande operadora financeira atuava como sócia de outras instituições que também prestavam serviços ao grupo.
Assim como na Carbono Oculto, foram exploradas brechas regulatórias, como as “contas-bolsão”, que impedem o rastreamento do fluxo dos recursos. A principal financeira tinha 47 contas bancárias em seu nome, vinculadas contabilmente às empresas do grupo.
O dinheiro ilícito era reinvestido em negócios, propriedades e outros ativos por meio de fundos de investimento, diz a Receita. O Leão já identificou 17 fundos ligados ao grupo, que somam patrimônio líquido de R$ 8 bilhões. Em sua maioria, são fundos fechados com um único cotista, geralmente outro fundo.
A análise dos fundos pela Receita identificou entidades estrangeiras como sócias e cotistas. Algumas offshore e fundos também têm os mesmos representantes legais. A Receita já identificou mais de 15 empresas nos Estados Unidos, que remetem recursos para aquisição de participações e imóveis no Brasil, além de envios de valores ao exterior.
Por meio de uma estrutura aberta nos EUA, que permite a criação de empresas com anonimato e sem tributação local, desde que não gerem renda em território norte-americano, as entidades deixam de ser tributadas tanto nos EUA quanto em território nacional.
Uma das principais operações internacionais envolveu a aquisição de uma exportadora em Houston, Texas, da qual foram importados combustíveis no valor de mais de R$ 12,5 bilhões entre 2020 e 2025.

O que aconteceu na Refit depois da Operação Carbono Oculto
A Operação Carbono Oculto foi uma megaoperação de combate ao crime organizado identificou um esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Entre as instituições financeiras estão nomes conhecidos da Faria Lima, como a empresa aberta em bolsa Reag Investimentos (REAG3), uma das maiores gestoras de recursos independentes do país.
Na ocasião, a Reag afirmou que estava “colaborando integralmente com as autoridades competentes”. Já a principal instituição de pagamentos investigada é a BK Bank.
Após a paralisação das distribuidoras ligadas à Carbono Oculto, o grupo alvo da Poço de Lobato alterou sua estrutura financeira.
A Refit substituiu o modelo usado desde 2018 por outro com novos operadores e empresas. Esses operadores, antes responsáveis por movimentações de cerca de R$ 500 milhões, passaram a movimentar mais de R$ 72 bilhões após 2024.
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