Você já ouviu falar em boreout? Quando o trabalho é pouco demais: o outro lado do burnout
O boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave”, mas há uma armadilha emocional em estar confortável demais

A primeira vez que li esse termo foi num post do Adam Grant. Ele dizia algo como: “Burnout é estar sobrecarregado pelo trabalho. Boreout é estar subutilizado por ele. Ter muito a fazer é exaustivo, mas ter pouco a fazer é desmoralizante. No tempo ocioso, a motivação se esvai. Manter a energia depende de equilibrar o que é significativo com o que é gerenciável.”
Grant se baseava em um estudo de Andrew Brodsky e Teresa Amabile, publicado no Journal of Applied Psychology, que investiga o “tempo ocioso involuntário” — quando profissionais têm menos tarefas do que o necessário para preencher sua jornada.
A pesquisa revela que isso acontece com frequência em todas as categorias profissionais. Um dado gritante: estima-se que empregadores nos EUA gastem cerca de US$ 100 bilhões por ano pagando salários por horas não produtivas.
- VEJA MAIS: Quer receber outras tendências de comportamento e consumo em uma newsletter especial de sábado do Lifestyle do Seu Dinheiro? Clique aqui
O impacto é claro: quando se prevê um vazio após a tarefa, o ritmo desacelera, e o tempo de entrega aumenta. O estudo chama esse fenômeno de “efeito deadtime”.
Curiosamente, a possibilidade de usar o tempo livre com alguma atividade de lazer — como navegar na internet — pode atenuar essa queda de produtividade. Mas vamos combinar: é só um paliativo.
A armadilha do boreout
Do ponto de vista individual, o boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave” à primeira vista.
Leia Também
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
Há uma armadilha emocional em estar confortável demais. A rotina tranquila, sem pressões aparentes, pode dar a falsa sensação de estabilidade.
Mas, a longo prazo, o subaproveitamento constante mina a autoestima e o senso de propósito. Sentir-se desnecessário, ou perceber que suas habilidades não estão sendo convocadas, impacta silenciosamente o engajamento e, em última instância, o bem-estar.
Boreout vs burnout
Se o burnout virou o inimigo público em 2022, quando passou a ser oficialmente reconhecido pela OMS como uma doença ocupacional, o boreout é o vilão silencioso.
Não grita. Não arde. Mas corrói. Não é o excesso que adoece — é a falta. Falta de desafio, de perspectiva, de sentido.
E aí me peguei pensando nas grandes corporações. Processos arrastados, reuniões que giram em falso, decisões que se perdem em labirintos hierárquicos.
- LEIA TAMBÉM: Quer saber mais sobre viagens, gastronomia, moda e estilo? Cadastre-se para receber a newsletter gratuita do Lifestyle do Seu Dinheiro
Ambientes que não queimam o profissional de tanto trabalho, mas o fazem evaporar — consumidos, não pela pressão, mas pelo tédio. A criatividade morre na mesmice. E o potencial, quando não encontra espaço para se expandir, implode em silêncio.
O boreout é um grito calado: “minha mente está subaproveitada”. É a sensação de estar parado em um ambiente que, na teoria, é seguro e estável — mas que, na prática, já não provoca movimento.
Já escrevi aqui: estar em paz com nossas decisões é importante. Mas, quando essa paz se transforma em acomodação, é hora de levantar o sinal de alerta.
O antídoto para o boreout
Para que o boreout não vire o novo normal, empresas e profissionais precisam repensar a lógica do trabalho.
Para as organizações, o desafio é claro: menos burocracia, mais agilidade, mais conexão com o que realmente importa. Criar uma cultura que não só reconheça o talento — mas que o desafie, o provoque, o estimule.
O antídoto para o boreout talvez não seja fazer mais — mas fazer melhor. Mais alinhado aos talentos, mais próximo do propósito.
É preciso coragem para romper com a zona de conforto e responsabilidade das lideranças em cultivar ambientes vivos, que inspirem curiosidade, aprendizado e evolução.
Se o burnout exige pausas, o boreout exige movimento. E nenhum dos dois combina com a inércia.
Até a próxima,
Thiago Veras
Por que o mercado erra ao apostar que Trump vai “amarelar”, segundo a Gavekal
Economista-chefe da consultoria avalia se o excepcionalismo norte-americano chegou ao fim e dá um conselho para os investidores neste momento
Vale (VALE3) se antecipa às normas globais e detalha metas climáticas em novo relatório de sustentabilidade
O padrão internacional, que se tornará obrigatório no Brasil a partir de 2027, abrange operações, governança e riscos relacionados às mudanças do clima
Café fake: Anvisa proíbe venda e distribuição de três marcas por contaminação e recomenda atenção dos consumidores
Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) encontrou resíduos de toxinas nos produtos, além de falhas na fabricação e rotulagem
Mês de comemoração: junho tem Corpus Christi, festas juninas e pausa na bolsa; confira quando o mercado tira folga
Além das tradicionais festas juninas, brasileiros devem aproveitar o ponto facultativo de 19 de junho para entrar no clima dos festejos
JBS (JBSS3): dupla listagem nos EUA deve desbloquear potencial do frigorífico brasileiro, de acordo com o Citi; saiba o que fazer com as ações
Na última sexta-feira (30), a companhia obteve aprovação da CVM para estrear na bolsa de Nova York e iniciar seu programa de BDRs na B3
Após o rali de quase 50% no ano, ação do Bradesco (BBDC4) ainda tem espaço para subir? UBS BB acredita que sim
Banco mantém recomendação de compra para BBDC4 e eleva preço-alvo para R$ 21. Saiba o que sustenta a visão otimista
URPR11 reduz dividendos com estratégia de retenção dos lucros e cai mais de 7% na bolsa hoje; entenda os planos do FII
A redução nos proventos já estava no radar do mercado desde o fim de março, mas os cotistas lidam com uma queda maior do que era esperado
Haddad fala em ‘sugestão estrutural’ como alternativa ao aumento do IOF após negociações com o Congresso
Alternativas ao aumento do IOF incluem a revisão de benefícios fiscais e a parceria com legislativo para fortalecer a arrecadação
De “venda” à compra: Ecorodovias (ECOR3) recebe duplo upgrade de recomendação pelo BofA. O que está por trás do otimismo?
Com a mudança, os papéis ECOR3 saem de uma recomendação underperform (equivalente à venda) e aceleram para classificação de compra
Financial Times divulga ranking das melhores escolas de educação executiva, e lista inclui três brasileiras
Fundação Dom Cabral, Insper e Fundação Getulio Vargas aparecem nas listas de cursos abertos e customizados
Petrobras reduz em 5,6% preços da gasolina para distribuidoras a partir da terça-feira (3)
O preço de venda da Petrobras para as distribuidoras passará a ser, em média, de R$ 2,85 por litro, uma redução de R$ 0,17 por litro
FII de hotéis lidera alta do Ifix: cotas sobem mais de 4% após anúncio de distribuição de dividendos
A animação dos investidores vem na esteira do anúncio de um aumento de 92% na distribuição de proventos em relação ao mês anterior
Yduqs (YUDQ3) é a favorita do Santander no setor de educação e ganha novo preço-alvo; saiba o que fazer com as ações agora
Apesar de novos desafios regulatórios, o papel da companhia continua atrativo devido à posição em que ela se encontra neste ano, de acordo com o banco
Conta de luz vai ficar mais cara em junho: Aneel aciona a bandeira vermelha e pede uso responsável de energia
Com a mudança, as contas de luz terão adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h consumidos
Nem só de aço vive a B3: Gerdau brilha, mas alta do petróleo puxa ações de petroleiras no Ibovespa
O petróleo ganhou força no exterior nesta manhã depois que a Opep+ manteve os aumentos de produção em julho no mesmo nível dos dois meses anteriores
Trump pode ter dado o empurrão que faltava para Gerdau (GGBR4) saltar na B3 — e mercado ainda não percebeu o potencial, diz BTG
Para os analistas, a ação da siderúrgica está barata e pode encontrar justamente nesse movimento de Trump e no balanço do 2T25 o “gatilho necessário” para valorizar na B3
Petrobras aprova emissão de R$ 3 bilhões em debêntures simples; confira as regras
A operação contará com até três séries, com vencimentos determinados para 2035, 2040 e 2045
San Francisco ou Los Angeles: qual cidade da Califórnia tem mais a ver com você?
As duas cidades mais proeminentes do estado são responsáveis por encantar os turistas, cada uma à sua maneira
Tem que aumentar mais: o que pensam os economistas que esperam mais uma elevação da Selic pelo Copom, para uma taxa terminal de 15% ao ano?
O comitê deixou o cenário em aberto na última reunião e agora o mercado está dividido entre os que esperam a manutenção dos juros e os que projetam um aumento residual de 0,25 p.p.
Caiu na malha fina do imposto de renda? Veja como regularizar a situação
Saiba como regularizar a sua situação junto à Receita Federal caso a sua declaração apresente informações inconsistentes e caia na malha fina do imposto de renda