🔴TRÊS ROBÔS CRIADOS A PARTIR DE IA “TRABALHANDO” EM BUSCA DE GANHOS DIÁRIOS – ENTENDA AQUI

Tony Volpon: Buy the dip

Já que o pessimismo virou o consenso, vou aqui argumentar por que de fato uma recessão é ainda improvável (com uma importante qualificação final)

31 de março de 2025
20:00 - atualizado às 18:53
donald trump ação de saúde
Donald Trump - Imagem: Canva/Wikimedia Commons - Montagem: Giovanna Figueredo

Está fácil ser pessimista com os EUA e a bolsa americana. De várias maneiras, o governo Trump tem fugido do script esperado pelos mercados no período exuberante entre a eleição e a posse. A reversão do “Trump trade” tem sido quase que completa em vários mercados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As ações da Tesla, que tinham tido uma das maiores valorizações com a eleição de Trump, caíram ao redor de 50% do seu pico em um período de algumas semanas. A correção do S&P 500 foi uma das mais rápidas correções de preços da história do mercado.

Sobre “por que?” de tudo isso, já discutimos no mês passado mostrando as “três surpresas de Trump”. Hoje quero discutir as prováveis consequências, e especificamente por quê, a meu ver, o mercado está exagerando na dose de pessimismo.

Os riscos e o pessimismo

Não há o que discutir que a economia americana está desacelerando, e que vários indicadores de sentimento, o tal “soft data”, têm caído para níveis associados a recessões, e essa possibilidade está sendo debatida intensamente: a economia americana cairá em recessão?

Essa pergunta é de extrema (e óbvia) importância: cálculos da Goldman Sachs mostram que depois de uma correção de 10% no S&P 500, se isso acontecer em um período não recessivo, na grande maioria das vezes o mercado tem uma relativamente rápida correção da queda e retomada da tendência de alta, isto é, deve-se “buy the dip”. Se for acompanhado por uma recessão, a queda pode se estender para algo acima de 25%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Já que o pessimismo virou o consenso, vou aqui argumentar por que de fato uma recessão é ainda improvável (com uma importante qualificação final).

Leia Também

A combinação de aumento de tarifas, como a incerteza sobre as tarifas, sem dúvida representa um choque estagflacionário. Mas isso passa pelo mercado de bens/setor externo, quando 70% do PIB americano está concentrado no setor de serviços – a economia americana é uma gigante economia continental relativamente fechada, com a corrente de comércio não chegando a 25% do PIB.

Era esperado que a política tarifária de Trump elevaria o valor do dólar americano – como em 2018. Aqui o mercado também errou: o dólar apresenta queda de quase 4% no ano. Era também esperada uma alta nas taxas de juros, e no começo do ano a taxa das Treasuries de dez anos chegou a 4,80%, mas ela caiu para ao redor de 4,30%.

Ambos esses movimentos representam um afrouxamento expansivo das condições financeiras, neutralizando parte do aperto financeiro representado pela queda das bolsas. O índice de condições financeiras do Goldman Sachs, por exemplo, está hoje no mesmo nível do começo do ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nenhuma recessão americana nos últimos 40 anos tem ocorrido sem algum choque exógeno negativo – como foi a pandemia – ou com uma crise financeira – como foi o estouro da bolha Nasdaq em 2000 ou a crise bancária de 2008. Até agora, pelo menos, não temos nem um nem o outro.

O “script” de recessão tem outro ingrediente importante: altas de juros básico promovida pelo Fed antes da recessão. Foi assim em 1991, 2000 e 2008 (altas de juros não causaram recessões em 1994 e 2022). Neste momento o Fed está cortando juros, e se houver uma virada negativa no “hard data”, podem apostar que Powell vai agir muito rapidamente para tentar salvar seu “soft landing”.

O cenário global e a incerteza tarifária

As últimas recessões tiveram um caráter global, com o choque subjacente impactando negativamente vários países ao mesmo tempo.

Mas no caso atual a postura de Trump em relação tanto a seus aliados tradicionais como seu grande concorrente geopolítico, a China, tem feito esses países a anunciarem pacotes de estímulo fiscal. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No caso da Alemanha, maior economia da Europa, com um índice de endividamento de somente 63% do PIB, o pacote fiscal aprovado representará um gasto adicional de 20% do PIB.

Assim, diferente dos episódios recessivos recentes, não estamos vendo quedas sincronizadas de crescimento dos grandes blocos econômicos globais. O maior dispêndio fiscal europeu e chinês devem compensar, pelo menos em parte, qualquer queda de crescimento americano.

Corretamente muito da tese de recessão tem a ver com a alta da incerteza, e há estudos acadêmicos mostrando que alta de incerteza pode contribuir para a queda do crescimento econômico. E sem dúvida o vai-e-volta tarifário de Trump tem elevado o nível de incertezas.

Mas agora temos um horizonte, uma data, quando as incertezas tarifárias vão – pelo bem ou mal – diminuir (se não totalmente acabar): 2 de abril

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nesta data o governo Trump vai divulgar suas tarifas recíprocas. Dada a expectativa de que haverá rodadas de negociações depois da divulgação, Trump tem como método de fixar posições “maximalistas” no início de qualquer negociação, em 2 de abril devemos saber, pelo menos, qual a extensão máxima do choque tarifário. Vamos saber o "ponto de partida máximo" do choque tarifário.

Agora há ainda o risco (este é o “porém” da minha tese otimista sobre o risco de recessão) de haver uma imposição tão alta de tarifas recíprocas que isso causaria uma recessão: isto é, um choque tarifário representaria um choque exógeno negativo forte o suficiente para causar uma recessão, como foi a pandemia. 

Cálculos da Piper Sandler mostram que uma equalização completa de tarifas recíprocas elevariam a tarifa média americana para 15,5%, quando hoje está ao redor de 3%. Qualquer coisa perto de 15% causará, sem dúvida, uma recessão.

No início da semana os mercados subiram devido a uma matéria na Bloomberg citando fontes do governo que as tarifas recíprocas seriam mais “focadas” e seletivas. Apesar de essa notícia ser boa, a verdade é que a decisão será tomada somente por Trump, e provavelmente mais perto da data de 2 de abril.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sabemos que há um grupo mais pragmático e um mais radical na questão tarifária dentro do governo – não ficaria surpreendido que o vazamento veio de uma fonte perto dos pragmatistas para mostrar a Trump os ganhos de uma postura tarifária mais comedida; afinal, sabemos que Trump gosta de ver as bolsas subindo.

Mas não devemos por isso já concluir que os pragmatistas vão ganhar o argumento. Até saber essa decisão final, não podemos bater o martelo na questão se haverá ou não uma recessão nos EUA.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje

20 de agosto de 2025 - 8:16

Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje

19 de agosto de 2025 - 8:11

Em dia de agenda esvaziada, mercados aguardam negociações para a paz na Ucrânia

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um conto de duas cidades

18 de agosto de 2025 - 20:00

Na pujança da indústria de inteligência artificial e de seu entorno, raramente encontraremos na História uma excepcionalidade tão grande

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Investidores na encruzilhada: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil antes de cúpula Trump-Putin

15 de agosto de 2025 - 8:26

Além da temporada de balanços, o mercado monitora dados de emprego e reunião de diretores do BC com economistas

SEXTOU COM O RUY

A Petrobras (PETR4) despencou — oportunidade ou armadilha?

15 de agosto de 2025 - 6:01

A forte queda das ações tem menos relação com resultados e dividendos do segundo trimestre, e mais a ver com perspectivas de entrada em segmentos menos rentáveis no futuro, além de possíveis interferências políticas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil

14 de agosto de 2025 - 8:27

Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor

13 de agosto de 2025 - 20:00

Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço

13 de agosto de 2025 - 8:52

Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo

12 de agosto de 2025 - 8:13

Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?

12 de agosto de 2025 - 6:18

Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente

11 de agosto de 2025 - 19:58

Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar

11 de agosto de 2025 - 8:08

Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim

VISÃO 360

O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?

10 de agosto de 2025 - 8:00

Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias. 

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque

8 de agosto de 2025 - 8:22

Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin

SEXTOU COM O RUY

Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito

8 de agosto de 2025 - 7:01

Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras

7 de agosto de 2025 - 8:21

Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Como lucrar com o pegapacapá entre Hume e Descartes?

6 de agosto de 2025 - 19:59

A ocasião faz o ladrão, e também faz o filósofo. Há momentos convidativos para adotarmos uma ou outra visão de mundo e de mercado.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Complicar para depois descomplicar: Ibovespa repercute balanços e início do tarifaço enquanto monitora Brasília

6 de agosto de 2025 - 8:22

Ibovespa vem de duas leves altas consecutivas; balança comercial de julho é destaque entre indicadores

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Anjos e demônios na bolsa: Ibovespa reage a balanços, ata do Copom e possível impacto de prisão de Bolsonaro sobre tarifaço de Trump

5 de agosto de 2025 - 8:31

Investidores estão em compasso de espera quanto à reação da Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O Brasil entre o impulso de confrontar e a necessidade de negociar com Trump

5 de agosto de 2025 - 6:27

Guerra comercial com os EUA se mistura com cenário pré-eleitoral no Brasil e não deixa espaço para o tédio até a disputa pelo Planalto no ano que vem

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar