Super Quarta é só o aquecimento — a pancada real vem na Super Sexta; o que esperar da Selic — e os trunfos do Brasil contra Trump
O ambiente internacional segue por um fio: uma vírgula fora do lugar ou um dado ligeiramente acima do esperado (impedindo corte de juros) basta para que a volatilidade reassuma o controle

Os mercados globais entram em uma das semanas mais carregadas do ano, com uma verdadeira avalanche de eventos capazes de mexer com o humor dos investidores. A temporada de resultados corporativos atinge o ponto alto: empresas que juntas representam cerca de 38% do valor de mercado do S&P 500 divulgarão seus balanços, incluindo pesos-pesados como Apple, Microsoft, Meta, Chevron e Exxon.
Paralelamente, os EUA trarão dados de primeira linha — PIB, inflação pelo PCE e o relatório de emprego (payroll) — tudo isso concentrado em cinco dias de pregão.
No Brasil, o noticiário corporativo também ganha força com os números de Vale, Bradesco e Santander, mas a pauta que realmente domina o humor local é a incerteza tarifária, que segue azedando o apetite ao risco.
- LEIA TAMBÉM: Quais as empresas mais promissoras para investir com a temporada de balanços do 2º trimestre de 2025 no radar? Veja como receber recomendações de onde investir de forma gratuita
E esse desconforto não poderia vir em pior hora: decisões de política monetária estão previstas nos EUA, no Brasil, no Japão e em outros países. A expectativa consensual é de manutenção das taxas brasileira e norte-americana, mas o foco estará nos sinais do presidente do Fed, Jerome Powell, especialmente sobre a possibilidade de cortes futuros — tudo isso em meio à crescente pressão política vinda de Donald Trump, que ameaça consolidar tarifas já na sexta-feira (1).
Aliás, no front comercial, o fim de semana trouxe algum alívio: EUA e União Europeia (UE) anunciaram um acordo que reduz o risco de uma escalada protecionista transatlântica. O pacto prevê uma tarifa de 15% sobre a maioria dos produtos europeus, em troca de promessas bilionárias de compras e investimentos em energia, defesa e infraestrutura nos EUA.
Embora aquém do que desejava a UE, o acordo foi lido como um “mal menor” diante da ameaça anterior de tarifas de até 30%.
Leia Também
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
Enquanto isso, o Brasil assiste a tudo da arquibancada, sem qualquer avanço nas negociações com Washington. O impasse em torno da tarifa de 50% anunciada por Trump permanece travado — e o silêncio a poucos dias da entrada em vigor da medida é, no mínimo, constrangedor. Ao passo que as grandes potências costuram acordos bilionários, seguimos à margem das decisões que moldam o comércio global.
A indiferença é explícita
Qualquer avanço concreto nas negociações depende diretamente do aval pessoal de Trump. Até agora, porém, a Casa Branca sequer ensaiou algum gesto de cortesia diplomática: a indiferença é explícita. O foco segue voltado para acordos com parceiros considerados estrategicamente mais relevantes — o que, convenhamos, diz muito sobre a atual posição do Brasil no tabuleiro internacional.
Para agravar, o discurso do presidente Lula segue inflamado, alimentando o atrito.
Há rumores, no entanto, de que o governo Trump pode recorrer a uma nova declaração de emergência, para enquadrar juridicamente o tarifaço sob um pretexto comercial — e não meramente político. Seria uma maneira de dar cobertura legal à medida, abrindo espaço para algum tipo de reacomodação negociada.
Por ora, porém, a escalada continua: Washington prepara uma nova rodada de sanções, desta vez mirando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) com base na Lei Magnitsky — um mecanismo tradicionalmente reservado a regimes autoritários e violações graves de direitos humanos.
- Leia também: sucesso argentino: o vizinho conserta a casa, enquanto o Brasil segue varrendo para debaixo do tapete
O Brasil tem trunfos, mas se não usar...
Apesar do isolamento, o Brasil ainda detém trunfos relevantes. Concentramos a maior reserva mundial de nióbio, a segunda maior de grafite e de terras raras, além da terceira maior de níquel — insumos críticos na transição energética e na indústria de defesa.
Posicionados com inteligência, esses ativos poderiam funcionar como moeda de troca em uma eventual reabertura das negociações com os EUA.
Se o confronto se aprofundar, o roteiro é conhecido: o dólar sobe, a inflação ganha fôlego e a popularidade do governo Lula deveria voltar a escorregar — é difícil terceirizar a responsabilidade por esse fracasso, especialmente quando o estopim foi uma escolha deliberada: a encenação antiamericana de Lula no Brics+ no Rio.
Uma nova rodada de pressão inflacionária — ainda que dentro de um quadro mais "comportado" — impõe obstáculos adicionais à flexibilização monetária (corte da Selic). Diante disso, o Copom deve manter nesta semana sua postura contracionista, sem abrir espaço para aventuras em cortes prematuros.
O cenário macroeconômico continua exigindo sobriedade, e cabe ao Banco Central comunicar essa limitação com a clareza que o momento exige. O risco de tropeçar na comunicação pode custar caro.
- LEIA MAIS: Ferramenta gratuita do Seu Dinheiro calcula quanto é preciso investir para conquistar a independência financeira; confira aqui
O risco apenas cochila, nunca dorme
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o mercado já dá como certo que a taxa será mantida — o que está em jogo, na prática, é o tom do comunicado e cada palavra da coletiva de Jerome Powell. O presidente do Fed enfrenta crescente pressão, tanto da Casa Branca quanto do próprio Trump, para iniciar o ciclo de cortes já em setembro.
A leitura dos dados de inflação (PCE) e do relatório de empregos (payroll) que também serão divulgados nesta semana servirá para calibrar o discurso.
Vale lembrar que, independentemente das nuances momentâneas, o que está se consolidando é um novo patamar tarifário mais alto. Ou seja, mesmo com o alívio recente, os Estados Unidos estão aplicando tarifas bem mais elevadas do que no passado. Só não tão drásticas quanto as inicialmente sugeridas em abril — quando a política comercial norte-americana ensaiou um mergulho em uma espiral protecionista de manual.
No cenário base, essas tarifas devem adicionar até 1,7 ponto percentual ao núcleo do PCE até 2027. Em cenários mais extremos, o impacto pode flertar com 3%.
O ambiente internacional ensaia alguma tranquilidade, mas segue por um fio: uma vírgula fora do lugar ou um dado ligeiramente acima do esperado (impedindo corte de juros) basta para que a volatilidade reassuma o controle — um lembrete de que, em semanas como esta, o risco apenas cochila, nunca dorme.
Seja como for, continuamos presos a um cenário nebuloso, com uma janela de oportunidade que se estreita aos poucos e um trajeto até 2026 que promete ser longo, estreito e sem atalhos.
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Investidores ainda repercutem demissão de diretora do Fed por Trump e aguardam balanço da Nvidia; aqui no Brasil, expectativa pelos dados do Caged e falas de Haddad