É o fim dos dividendos gordos? CEO da Taesa (TAEE11) revela motivo por trás da mudança na política de proventos
Além do balanço do primeiro trimestre de 2024, a empresa de transmissão de energia anunciou ontem uma proposta para alterar a distribuição de proventos; entenda

Os investidores que buscam retornos com dividendos tomaram um baque na noite da última quarta-feira (8) com a notícia de que uma das vacas leiteiras da bolsa brasileira, a Taesa (TAEE11), está prestes a mudar sua política de dividendos.
A empresa de transmissão de energia anunciou ontem, junto ao balanço do primeiro trimestre de 2024, uma proposta para alterar a base de cálculo da distribuição de proventos.
A partir deste ano, a companhia deixará de lado os padrões contábeis IFRS para mensurar as remunerações a investidores. Agora, o referencial usado será o lucro líquido regulatório — que desconsidera os impactos da inflação na receita.
Para o CEO Rinaldo Pecchio Junior, a nova política de proventos mostra o foco da companhia em gerar retorno ao acionista enquanto também prioriza a gestão do endividamento e o crescimento do negócio.
“Essa prática de dividendos sinaliza a postura da empresa atualmente. Não podemos nos esquecer que temos investimentos relevantes ainda por fazer, de mais de R$ 3 bilhões”, afirmou o executivo, em teleconferência de resultados. “Mas uma das questões que sempre temos que levar em consideração é a alavancagem.”
Atualmente, a alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida sobre Ebitda, encontra-se em 3,8 vezes — e deve atingir o pico ainda em 2024, nas contas do CEO, e começar a cair já a partir do próximo ano.
Leia Também
Veja os destaques do balanço da Taesa no 1T24:
- Lucro líquido regulatório: R$ 193,2 milhões (-10,3% a/a);
- Lucro líquido IFRS: R$ 374 milhões (-3,3% a/a);
- Ebitda regulatório: R$ 485 milhões (-7,1% a/a);
- Margem Ebitda regulatória: 83% (-4,2 p.p. a/a);
- Receita líquida regulatória: R$ 584 milhões (-2,4% a/a);
- Receita líquida IFRS: R$ 731,3 milhões (+5,5% a/a);
As units da Taesa (TAEE11) operaram em queda na bolsa brasileira nesta quinta-feira (9). Os papéis caíram 2,36%, e estavam sendo negociados a R$ 34,81. No ano, a desvalorização acumulada chega a 7%.
- Já sabe onde investir agora que as empresas estão divulgando seus balanços do 1T24? Veja análises completas da Empiricus Research e saiba se você deve comprar, vender ou se manter neutro em cada uma das principais ações da bolsa. Clique aqui para receber os relatórios GRATUITOS.
A nova política de dividendos da Taesa (TAEE11)
Para o exercício social de 2024, a proposta de distribuição de proventos da Taesa será de um payout de no mínimo 75% do lucro líquido regulatório.
Já a partir do ano que vem, a intenção da companhia é propor a distribuição de 90% a 100% do lucro líquido regulatório na forma de dividendos.
Vale destacar que a proposta não mexe na distribuição dos dividendos mínimos obrigatórios estipulada pelo estatuto social da companhia. Ou seja, os proventos anuais da Taesa devem sempre ser maiores ou iguais a 50% do lucro líquido IFRS do ano.
Na avaliação do CEO, a declaração dos dividendos de 75% do lucro líquido regulatório para 2024 é importante porque “indica que a empresa está preocupada com a alavancagem, já se preparando para um novo ciclo de crescimento”.
- Onde investir para poder receber dividendos direto na sua conta? Clique aqui para receber relatório gratuito com 5 recomendações em seu e-mail
“A gente quer preservar uma possibilidade de captações bastante competitivas. Então a gente precisa equilibrar a visão de captações competitivas para poder participar de leilões e ter um crescimento, mas também continuar sendo uma empresa que faz pagamentos de dividendos compatíveis com a sua geração de caixa.”
Questionado sobre uma potencial mudança da frequência de pagamento de proventos, o CEO afirmou que a Taesa pretende continuar a fazer trimestralmente indicações de propostas de distribuição de dividendos.
Vem captação pela frente
Além disso, segundo Rinaldo Pecchio Junior, o pagamento de 90% a 100% do lucro líquido regulatório a partir de 2025 não deve afetar a possibilidade de a Taesa participar de novos leilões regulatórios ou outras oportunidades de crescimento.
Afinal, diversas concessões da companhia vencerão em 2030 — por isso, será necessário compensar a perda da receita anual permitida (RAP) da transmissão.
“Hoje assumimos esse pagamento porque temos as condições necessárias para fazê-lo. Temos um compromisso de adequar as datas de pagamento para que consiga afetar o fluxo de caixa da menor forma possível, sempre prezando pela possibilidade de fazer pagamento com a disponibilidade do caixa. Havendo necessidade, a gente entende que ainda tem espaço para aumentar um pouco a alavancagem da companhia.”
Porém, o CEO afirmou que existe a possibilidade de novas captações daqui para frente, desde que sejam adequadas para a estrutura de capital e nível de retorno esperados para os projetos.
“Eu não consigo antecipar o que vai acontecer. É possível que a gente vá a mercado dependendo dessas necessidades e também do ritmo dos desembolsos, além dos impactos de paralisações de projetos por órgãos federais como o Ibama.”
Mais proventos da Taesa (TAEE11)
A Taesa ainda aprovou o pagamento de R$ 144,9 milhões em juros sobre o capital próprio (JCP), equivalente a 75% do lucro líquido regulatório do primeiro trimestre de 2024.
A cifra equivale ao valor de R$ 0,14019 por ações da Taesa (TAEE3;TAEE4) e a R$ 0,42059 por unit TAEE11.
Vale lembrar que os JCP estão sujeitos à mordida do Leão, com retenção da alíquota de 15% de imposto de renda na fonte.
O pagamento acontecerá em 27 de junho de 2024. Para ter direito aos proventos, é preciso possuir papéis da Taesa até 13 de maio. A partir do dia 14, os ativos da elétrica passam a ser negociados “ex-direitos” e tendem a sofrer ajustes na cotação.
Isso significa que o investidor pode optar por adquirir ações e units da Taesa antes da data de corte e ter direito aos proventos, ou esperar pelo dia 14 e comprar os papéis por um preço inferior, mas sem poder receber os JCP.
O pagamento dos JCP eleva a distribuição de proventos da Taesa para R$ 763 milhões no acumulado de 2024 — equivalente a R$ 2,20 por unit TAEE11.
O que dizem os analistas
Na avaliação da XP Investimentos, a mudança na política de dividendos da Taesa é uma “medida correta” por parte da administração da companhia, já que os números regulatórios estão mais próximos da geração de caixa do que o padrão contábil.
Porém, os analistas acreditam que a ação pode ser penalizada na bolsa, uma vez que os números regulatórios devem ser menores nos próximos trimestres do que o IFRS.
“Temos uma avaliação neutra do resultado da Taesa, uma vez que seus resultados operacionais vieram em linha com nossas expectativas. Não vemos nenhum gatilho para crescimento no curto prazo”, escreveram os analistas, em relatório.
A corretora possui recomendação neutra para a Taesa, com preço-alvo de R$ 36 por ação.
Segundo o JP Morgan, já que o banco já previa um pagamento de dividendos mais baixo para 2024, a diferença de base de cálculo dos proventos não será significativa.
Os analistas projetam um retorno com dividendos (dividend yield) de 8,3% para este ano, mas com risco de queda.
“O pagamento mais baixo em 2024 pode estar associado à elevada alavancagem e às necessidades de investimento no curto prazo. A empresa possui atualmente quatro linhas de transmissão em construção e reforços a serem feitos em outras quatro linhas, totalizando um capex estimado pela ANEEL de R$ 4,74 bilhões, mas já foram desembolsados R$ 1,87 bilhão”, afirmou o JP Morgan, em relatório.
O banco norte-americano possui recomendação “underweight” — equivalente à venda — para a Taesa.
Fim da linha para a Vale (VALE3)? Por que o BB BI deixou de recomendar a compra das ações e cortou o preço-alvo
O braço de investimentos do Banco do Brasil vai na contramão da maioria das indicações para o papel da mineradora
Dividendos e JCP: Vibra (VBBR3) aprova a distribuição de R$ 1,63 bilhão em proventos; confira os prazos
Empresa de energia não é a única a anunciar nesta quarta-feira (16) o pagamento de dividendos bilionários
Passou: acionistas da Petrobras (PETR4) aprovam R$ 9,1 bilhões em dividendos; veja quem tem direito
A estatal também colocou em votação da assembleia desta quarta-feira (16) a indicação de novo membros do conselho de administração
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia
EUA aprovam bolsa de valores focada em sustentabilidade, que pode começar a operar em 2026
A Green Impact Exchange pretende operar em um mercado estimado em US$ 35 trilhões
Ações da Brava Energia (BRAV3) sobem forte e lideram altas do Ibovespa — desta vez, o petróleo não é o único “culpado”
O desempenho forte acontece em uma sessão positiva para o setor de petróleo, mas a valorização da commodity no exterior não é o principal catalisador das ações BRAV3 hoje
Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora
A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço
Acionistas da Petrobras (PETR4) votam hoje a eleição de novos conselheiros e pagamento de dividendos bilionários. Saiba o que está em jogo
No centro da disputa pelas oito cadeiras disponíveis no conselho de administração está o governo federal, que tenta manter as posições do chairman Pietro Mendes e da CEO, Magda Chambriard
Deu ruim para Automob (AMOB3) e LWSA (LWSA3), e bom para SmartFit (SMFT3) e Direcional (DIRR3): quem entra e quem sai do Ibovespa na 2ª prévia
Antes da carteira definitiva entrar em vigor, a B3 divulga ainda mais uma prévia, em 1º de maio. A nova composição entra em vigor em 5 de maio e permanece até o fim de agosto
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Como declarar ações no imposto de renda 2025
Declarar ações no imposto de renda não é trivial, e não é na hora de declarar que você deve recolher o imposto sobre o investimento. Felizmente a pessoa física conta com um limite de isenção. Saiba todos os detalhes sobre como declarar a posse, compra, venda, lucros e prejuízos com ações no IR 2025
Mais de 55% em dividendos: veja as empresas que pagaram mais que a Petrobras (PETR4) em 12 meses e saiba se elas podem repetir a dose
Ranking da Quantum Finance destaca empresas que não aparecem tanto no noticiário financeiro, mas que pagaram bons proventos entre abril de 2024 e março de 2025
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Depois de derreter mais de 90% na bolsa, Espaçolaser (ESPA3) diz que virada chegou e aposta em mudança de fornecedor em nova estratégia
Em seu primeiro Investor Day no cargo, o CFO e diretor de RI Fabio Itikawa reforça resultados do 4T24 como ponto de virada e divulga plano de troca de fornecedor para reduzir custos
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA
Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
Bolsas perdem US$ 4 trilhões com Trump — e ninguém está a salvo
Presidente norte-americano insiste em dizer que não concedeu exceções na sexta-feira (11), quando “colocou em um balde diferente” as tarifas sobre produtos tecnológicos
Alívio na guerra comercial injeta ânimo em Wall Street e ações da Apple disparam; Ibovespa acompanha a alta
Bolsas globais reagem ao anúncio de isenção de tarifas recíprocas para smartphones, computadores e outros eletrônicos