Campos Neto entre acertos e erros: um balanço da primeira presidência autônoma do Banco Central do Brasil
Depois de assumir o BC com a Selic a 6,50% ao ano, Roberto Campos Neto entrega o cargo para Gabriel Galípolo com juros a 12,25% ao ano
O mandato de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central (BC) termina formalmente em 31 de dezembro.
No entanto, ele aproveitou o recesso de fim de ano para passar o bastão para Gabriel Galípolo no último dia 20.
Galípolo assume a função primeiro interinamente. A partir de 1º de janeiro de 2025, ele será efetivamente o novo presidente do Banco Central.
O cargo cresceu em importância durante a gestão de Campos Neto. Indicado por Jair Bolsonaro, ele sucedeu Ilan Goldfajn em 28 de fevereiro de 2019.
No início de 2021, o neto de Roberto Campos tornou-se o primeiro presidente do BC brasileiro com autonomia formal para o exercício do cargo.
Autonomia do Banco Central
Se antes Campos Neto precisava somente se preocupar com o controle da inflação, a autonomia do Banco Central aumentou seus deveres.
Leia Também
“O objetivo fundamental do BC é assegurar a estabilidade de preços, além de, acessoriamente, zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”, determina a lei complementar 179/2021.
Para Fabio Kanczuk, ex-diretor de política econômica do Banco Central, a autonomia da entidade pode ser tratada como um mérito de Campos Neto.
Campos Neto desperta paixões
Ao longo de seu mandato, Campos Neto acabou acirrando paixões. A partir da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022, ele passou a ser visto como um aliado de Bolsonaro no Banco Central.
O fato de ter ido votar com a camisa da seleção brasileira em 2022 e sua presença em um grupo de WhatsApp de “ministros de Bolsonaro” já depois da posse de Lula reforçaram a pecha.
Ao longo dos últimos dois anos, a política monetária executada por Campos Neto tornou-se um dos principais alvos de Lula e seus aliados, uma vez que os juros altos são um entrave ao consumo, ao crédito e aos investimentos — bem como à atividade econômica como um todo.
A reportagem do Seu Dinheiro procurou outros ex-diretores do Banco Central para avaliar o mandato de Campos Neto, mas nenhum deles quis conversar abertamente sobre o tema.
E se no mercado financeiro é difícil achar quem não se derreta em elogios por Campos Neto, entre os economistas alinhados com o governo Lula é praticamente impossível encontrar quem não o enxergue como um sabotador.
Nem tanto ao céu nem tanto ao mar.
Como contraponto, é possível recorrer aos comentários feitos por Gabriel Galípolo na entrevista coletiva conjunta concedida ao lado de RCN em 19 de dezembro, quando o BC apresentou o Relatório Trimestral de Inflação.
Muitas vezes apontado como uma espécie de antagonista de Campos Neto, Galípolo agradeceu ao antecessor pela “generosidade” durante a transição e deixou as portas abertas para ele.
“Foi uma transição entre amigos”, disse Galípolo.
- LEIA TAMBÉM: Galípolo não vai ‘chutar o balde’ e é o nome certo para comandar o Banco Central, diz Belluzzo
Os altos e baixos de Campos Neto à frente do BC
O fato é que a passagem de Campos Neto pelo Banco Central teve altos e baixos marcantes.
O controle da inflação, principal atribuição do BC, é um dos pontos fracos.
Em fevereiro de 2019, quando ele assumiu o cargo, a inflação acumulada em 12 meses encontrava-se em 3,89%. Em novembro de 2024, último mês com dados disponíveis no momento, a inflação em 12 meses marcou 4,87%, acima do teto da meta de 4,50% para o ano.
Economistas de mercado consideram improvável que a inflação volte para a meta em dezembro. Confirmando-se esse cenário, Campos Neto terá descumprido a meta de inflação em três dos seis anos durante os quais presidiu o Banco Central.
A inflação ficou dentro do escopo da meta em 2019, 2020 e 2023 e fechou acima do teto em 2021, 2022 e, muito provavelmente, agora em 2024.
Campos Neto assumiu o BC com juros a 6,50% ao ano
Já a taxa de juros, principal instrumento à disposição do Banco Central para lidar com a variação dos preços ao consumidor, estava em 6,50% ao ano quando RCN assumiu o cargo.
É verdade que a passagem de Campos Neto foi marcada pela pandemia. No período, depois de levá-la à mínima histórica de 2,00% ao ano, o Banco Central a subiu a 13,75%, nível no qual ficou por mais de um ano antes de começar a baixar.
Agora Campos Neto entrega o Banco Central com a taxa Selic a 12,25% ao ano, em um novo ciclo de alta — e a indicação pelo Comitê de Política Monetária (Copom) da autarquia de que ela estará acima dos 14% já em março de 2025.
Ainda no período em que Campos Neto foi presidente do BC, a taxa de desemprego saiu de 12,6% em fevereiro de 2019 para 6,2% em outubro de 2024 (último dado disponível e nível mais baixo da série histórica do IBGE). Apesar dele, afirmam os críticos.
Campos Neto e a Agenda BC#
Se na macroeconomia, a passagem de Campos Neto pelo Banco Central pode ter deixado a desejar, o mesmo não se pode dizer da microeconomia.
Foi durante a gestão de Campos Neto que o Banco Central aprofundou a Agenda BC#.
É por meio dela que estão sendo implementadas as principais inovações do setor financeiro no Brasil.
Ela abrange desde o open banking até o Pix.
Por meio do open banking e do open finance, o compartilhamento de dados entre instituições financeiras já vem facilitando e acelerando o acesso a serviços bancários.
No entanto, embora algumas fintechs tenham emergido nos últimos anos, o aumento da competição entre os bancos ainda está longe de baratear os custos de empréstimos, por exemplo.
Roberto Campos Neto também colocou o Brasil na vanguarda das CBDCs, sigla em inglês que identifica as moedas digitais emitidas por bancos centrais.
O projeto piloto do real digital, conhecido como Drex, ainda está em fase de testes. Quando entrar em vigor, no entanto, a expectativa é de que ele resulte em um ecossistema digital com aplicações práticas na vida financeira dos usuários.
Já o Pix é, de longe, o principal feito de Campos Neto à frente do Banco Central.
O meio de pagamentos instantâneos barateou os custos de transação e acelerou as operações financeiras tanto entre pessoas físicas quanto entre empresas.
Lançado em novembro de 2020, a implementação do Pix desencadeou uma revolução no sistema financeiro.
Em apenas quatro anos, o Pix tornou-se o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros, atingindo 76,4% da população, superando o dinheiro em espécie, ainda usado por 68,9% dos brasileiros, e os cartões de débito (69,1%) e crédito (51,6%).
Câmara aprova ampliação da licença-paternidade, que pode chegar a 35 dias e ser parcelada; saiba como
Texto original que previa 60 dias de licença-paternidade foi derrubado por causa de preocupações com o fiscal
Operação “Fábrica de PIX”: Polícia Federal investiga fraude em sistema de casas lotéricas
Esquema causou prejuízo estimado em R$ 3,7 milhões por meio da simulação de pagamentos; PF reforça que fraude não envolve sorteios nem resultados de jogos
Lendário carro da primeira vitória de Ayrton Senna no Brasil pode ser seu: McLaren MP4/6 é colocada em leilão; só que o lance inicial é um pouco salgado
Carro da primeira vitória de Ayrton Senna no Brasil, pela Fórmula 1, guardado por quase 30 anos, será leiloado em Dubai por até R$ 80 milhões
Lotofácil 3531 tem 34 ganhadores, mas só 4 ficam milionários; Mega-Sena e Timemania podem pagar mais de R$ 40 milhões hoje
Dois ganhadores da Lotofácil vão embolsar R$ 2 milhões. Outros dois ficarão com pouco mais de R$ 1 milhão. Os demais terão direito a valores mais baixos, mas nem por isso desprezíveis.
Senado aprova isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil; texto segue para sanção de Lula
Compensação por meio da taxação de dividendos e dos “super-ricos” também passou, junto com alterações feitas na Câmara
Copom mantém Selic em 15% ao ano e não dá sinais de corte no curto prazo
Trata-se da terceira decisão de manutenção da taxa básica de juros e reforça expectativa do mercado de que o primeiro corte deve ficar para 2026
Primeiro piloto brasileiro a correr F1 em Interlagos desde Massa é ‘filho do dono’ e ganha quase R$ 1 milhão por mês para fazer o que gosta
Gabriel Bortoleto estreia no GP de São Paulo e quebra um jejum de oito anos sem pilotos brasileiros nesta etapa da Fórmula 1
Belém será a sétima capital do Brasil — e de uma delas é provável que você nunca tenha ouvido falar
A Constituição permite a transferência temporária da sede do governo; Belém será a próxima a ocupar o posto.
‘Torre de Babel’ saudita? Construção do ‘The Line’ é paralisada justamente pelo que buscava eliminar
Projetada para ser livre de combustíveis fósseis, a construção da cidade futurística, na Arábia Saudita, foi interrompida por não “compreender a língua” do preço do petróleo
Selic em 15% ao ano ainda vai longe, acredita Roberto Padovani, economista-chefe do BV
Para o economista, tem um indicador em específico que está no radar do BC e esse dado deve definir o destino dos juros básicos nos próximos meses
Lotofácil atola junto com Mega-Sena, Quina e outras loterias, mas hoje pode pagar mais até que a +Milionária
Prêmio acumulado na Mega-Sena vai a R$ 48 milhões, mas ela só volta à cena amanhã; Lotofácil pode pagar R$ 10 milhões nesta quarta-feira (5).
Na próxima reunião, o Copom corta: gestora projeta Selic em 14,5% ao fim deste ano e espera queda brusca em 2026
Gestora avalia que números da economia sustentam um primeiro corte e que política restritiva pode diminuir aos poucos e ainda levar inflação à meta
Gás do Povo já está valendo: veja como funciona o programa que substituiu o vale-gás
Gás do Povo, programa do governo federal que substitui o vale-gás, promete atender 15,5 milhões de famílias de baixa renda com distribuição gratuita de botijões
Banco do Brasil (BBAS3) oferece até 70% de desconto na compra de imóveis em todo o país
A nova campanha reúne mais de 150 imóveis urbanos disponíveis para leilão e venda direta, com condições especiais até 15 de dezembro
Curiosos ou compradores? Mansão de Robinho, à venda por R$ 11 milhões, ‘viraliza’ em site de imobiliária; confira a cobertura
No mercado há pelo menos seis meses, o imóvel é negociado por um valor acima da média, mas tem um motivo
Este banco pode devolver R$ 7 milhões a 100 mil aposentados por erros no empréstimo consignado do INSS
Depois de identificar falhas e cobranças irregulares em operações de consignado, o INSS apertou o cerco contra as instituições financeiras; entenda
A decisão da Aneel que vai manter sua conta de luz mais cara em novembro
Com o nível dos reservatórios das hidrelétricas abaixo da média, a Aneel decidiu manter o custo extra de R$ 4,46 por 100 kWh, mas pequenas mudanças de hábito podem aliviar o impacto no bolso
Cosan (CSAN3) levanta R$ 9 bilhões em 1ª oferta de ações e já tem nova emissão no radar
Em paralelo, a companhia anunciou que fará uma segunda oferta de ações, com potencial de captar até R$ 1,44 bilhão
Lotofácil 3529 tem 16 ganhadores, mas só um deles fica mais perto do primeiro milhão
A Lotofácil tem sorteios diários e volta à cena nesta terça-feira (4) com um prêmio maior do que de costume. Isso porque o sorteio de hoje tem final zero, para o qual é feita uma reserva especial.
Laika vai para o espaço: a verdadeira história da ‘astronauta caramelo’
Há exatos 68 anos, a cadela Laika fazia história ao ser o primeiro ser vivo a deixar a órbita do planeta Terra rumo ao espaço