Vale a pena investir em empresas de crescimento? Só quando não é o Coringa que toma as decisões
Isso é muito mais comum do que você imagina, e há grandes chances de você ser acionista de alguma empresa que tem um Coringa como CEO ou presidente do Conselho
Eu nunca fui um grande fã de filmes de super-heróis, e confesso que passei a gostar menos ainda nos últimos anos, quando a Marvel passou a lançar praticamente um por semana.
Ainda assim, existem alguns que eu gosto bastante. Um deles é Batman: O Cavaleiro das Trevas, com o Coringa interpretado brilhantemente por Heath Ledger.
Em uma das cenas mais memoráveis do filme, o vilão coloca fogo em bilhões de dólares de notas empilhadas e diz: "não é sobre dinheiro, é sobre passar uma mensagem", enquanto assiste com prazer as notas queimarem.

Pode parecer loucura, mas tem muita empresa por aí que deixaria o Coringa orgulhoso. Elas demoram anos para juntar uma pilha de dinheiro e, num piscar de olhos, fazem bilhões de reais virarem cinzas.
Sabe o que é pior? Isso é muito mais comum do que você imagina, e há grandes chances de você ser acionista de alguma empresa que tem um Coringa como CEO ou presidente do Conselho.
Leia Também
Por exemplo, olha só o que ocorreu com a Natura. Em 2017, a companhia anunciou a compra da The Body Shop (TBS), que era uma rede de cosméticos em decadência na Europa, mas que a gestão da Natura entendia que poderia trazer uma expertise em lojas físicas que ela não tinha.
A Natura pagou 1 bilhão de euros, R$ 3,6 bilhões na taxa de conversão da época. Os anos passaram, os resultados não chegaram, e no fim de 2023 a Natura, enfim, vendeu a TBS, por apenas R$ 1,25 bilhão. Só nessa "brincadeira", a Natura perdeu quase R$ 2,5 bilhões.
E você achando que empresas não queimam dinheiro…
ONDE INVESTIR EM FEVEREIRO: AÇÕES, DIVIDENDOS, FIIS, BDRS E CRIPTOMOEDAS - MELHORES INVESTIMENTOS
Alocação de capital é a escolha mais importante para uma empresa
Desde cedo no mundo dos investimentos, aprendemos que é importante buscar por empresas lucrativas e geradoras de caixa.
O que ninguém vai te ensinar é que não adianta nada gerar um caminhão de caixa, se no fim do dia a gestão vai transformá-lo em cinzas. Muito mais importante do que gerar caixa, é saber utilizá-lo de maneira inteligente, é aí que se encontra a verdadeira fonte de geração de valor para o acionista.
Vamos voltar ao caso da Natura. Já ficou claro que a decisão de investir na The Body Shop foi uma furada.
Mas será que ela tinha outra escolha? Será que ela poderia ter dado outro destino para o dinheiro que foi investido na TBS?
A resposta é sim!
Ao invés de ter comprado a TBS, ela poderia não ter feito nada com o dinheiro. Se tivesse guardado os R$ 3,6 bilhões debaixo do colchão, teria deixado de perder R$ 2,5 bilhões nessa aventura. Ou seja, fazer absolutamente nada já seria uma decisão muito melhor para os acionistas. Mas calma, porque essa comparação pode ficar ainda pior.
Imagine que, ao invés de ter comprado a TBS, os executivos da Natura decidissem distribuir a grana para os acionistas na forma de dividendos, e que todos esses acionistas juntos aplicassem o montante recebido em Tesouro Selic – a tabela abaixo mostra o valor corrigido pela taxa Selic do período.

Os R$ 3,6 bilhões teriam se transformado em R$ 5,86 bilhões! Ou seja, se os acionistas tivessem aplicado a grana no título mais seguro do mercado, ainda assim teriam conseguido um lucro de mais de R$ 2,2 bilhões, infinitamente melhor do que o prejuízo de mais de R$ 2 bilhões que a companhia teve com a aquisição da TBS.
E isso nos leva a uma conclusão que muitos CEOs, CFOs e até mesmo acionistas parecem não entender: crescer muitas vezes não é a melhor decisão para uma empresa.
A Natura é apenas um exemplo, mas existem incontáveis casos de companhias que teriam gerado retornos muito mais interessantes se tivessem apenas distribuído o dinheiro na forma de dividendos, ao invés de ter torrado o dinheiro dos acionistas em aquisições mirabolantes.
- Leia também: Os preços de energia estão subindo — e essas duas ações podem ajudar você a lucrar com isso
Até mesmo encolher pode ser uma boa estratégia
O problema é que, muitas vezes, investidores e executivos confundem crescimento com geração de valor, quando na verdade, até mesmo encolher pode ser a melhor estratégia para fazer as ações subirem.
A Alpargatas, dona das Havaianas, é outro exemplo de empresa que poderia apenas distribuir dividendos, mas teima em "queimar" o dinheiro dos acionistas.
No passado, a companhia pegava praticamente toda a ótima geração de caixa recebida com a venda de sandália Havaianas para fazer aquisições de marcas que não eram tão boas assim: Rainha, Topper, Osklen, Timberland, etc.
Todas elas trouxeram retornos ruins e, a partir de julho de 2017, quando o novo bloco de controle formado por Itaúsa e Cambuhy assumiu, o discurso mudou. Ao invés de gastar dinheiro comprando marcas que não geravam retorno, a companhia começaria a vender essas marcas e passaria a focar apenas nas Havaianas, sua galinha dos ovos de ouro.
O tamanho da companhia diminuiu com a venda dessas marcas, mas as ações subiram, e muito: elas saltaram de R$ 10 para R$ 60 desde a entrada da Itaúsa no controle até agosto de 2021.
Infelizmente, tem coisas que parecem não mudar. Na segunda metade de 2021, a companhia voltou a querer crescer. Anunciou um investimento de US$ 475 milhões na Rothy's, que nem lucro dava. O que o mercado achou da aquisição? Veja você mesmo o que aconteceu:

O que eu quero que você entenda é que investir em empresas de crescimento nem sempre será uma boa alternativa, especialmente quando os executivos não têm a diligência necessária para fazer aquisições apenas quando elas fazem sentido.
Na verdade, como vimos nos casos de Natura, Alpargatas e outros tantos por aí, crescer significa destruir bilhões de valor quando feito sem a disciplina necessária.
Não me entenda mal, existem boas empresas de crescimento, mas essa não é uma categoria tão fácil para investir. É preciso ter muita confiança na capacidade e disciplina da gestão.
Os riscos tendem a ser menores quando há dividendos
Muito provavelmente, se a Natura e a Alpargatas preferissem pagar dividendos ao invés de comprar qualquer ativo que aparecesse pela frente, elas estariam em uma situação muito melhor na bolsa hoje.
É por esse motivo que eu gosto tanto das boas pagadoras dividendos. Além da renda extra que proporcionam aos acionistas, elas normalmente são menos propensas a correr esses riscos de M&A.
Em alguns casos, essas empresas têm espaço para crescer, e fazem algumas aquisições vez ou outra, mas elas normalmente não precisam disso e só comprarão outra empresa ao invés de distribuir dividendos se isso realmente fizer sentido financeiro e estratégico.
Na série Vacas Leiteiras, buscamos exatamente esse tipo de empresa, uma estratégia que tem gerado bastante valor nos últimos anos.
Desde que Rodolfo, Richard e eu assumimos a série, nosso rebanho se valorizou 21%, ante uma alta de apenas 8% do Ibovespa.
Se quiser saber melhor sobre essa estratégia de investimento e conhecer a lista completa de ações da nossa carteira, deixo aqui o convite.
- Essas são as 5 melhores empresas para você investir em busca de dividendos agora, segundo Ruy Hungria: conheça as companhias sólidas, com capacidade de geração de caixa e que podem fazer bons pagamentos nos próximos meses. O relatório gratuito está aqui.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira