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Tony Volpon: Bem-vindo, presidente Trump?

Sem dúvida o grande evento de risco para os mercados globais é a eleição americana

30 de outubro de 2024
20:01 - atualizado às 17:59
Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos (EUA).
Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos (EUA). - Imagem: Official White House/Shealah Craighead

Sem dúvida o grande evento de risco para os mercados globais é a eleição americana. Há (escrevo isso uma semana antes do pleito) uma forte divergência entre as pesquisas de opinião mostrando a corrida basicamente empatada e a precificação dos mercados – seja o mercado financeiro, seja as bolsas “preditivas”, ou de apostas em contratos digitais.  

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Na média de mercados preditivos coletados pelo site RealClear Politics, Trump aparece com 61,3% contra 37,3% para Harris. Tem havido muito debate sobre o motivo dessa divergência pró-Trump em relação às pesquisas, com apoiadores de Harris alegando manipulação intencional dos mercados de apostas para criar um falso clima positivo para o republicano.

Tal alegação não faz sentido. Olhando para um mercado de destaque, o Polymarket, que neste momento tem Trump com 66% e Harris com 34%, há US$ 2,6 bilhões de “value locked” (a Polymarket funciona em uma blockchain). É fácil verificar que há um grande número de participantes operando dos dois lados da aposta.

A fatura está liquidada para Trump?

Uma explicação menos conspiratória seria que, comparando com as últimas duas eleições, pesquisas empatadas são bastante favoráveis a Trump: nesse mesmo momento em 2016, Hillary Clinton liderava as pesquisas nacionais por 4,6% e em 2020 Biden liderava por 7,5%. Como sabemos, Trump ganhou em 2016 e perdeu por muito pouco em 2020.

Mas não devemos achar, somente por causa disso, que a fatura está liquidada para Trump. Pesquisas mostram que Trump tem ganhado muito mais apoio junto ao eleitorado afro-americano e latino, especialmente homens.

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Do outro lado, Harris (em relação a Biden em 2020) tem ganhado mais apoio junto às mulheres e ao eleitorado mais idoso. 

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No “frigir dos ovos” isso pode estar dando a Trump votos inúteis, em estados como Nova York e Califórnia, o que melhora sua pontuação nas pesquisas nacionais, mas não o ajuda na corrida pelo colégio eleitoral.

Assim, há analistas achando possível ter um resultado inusitado: Trump ganhando o voto popular, mas perdendo para Harris no colégio eleitoral. Isso seria uma das razões que Nate Silver, apesar da recente melhora de Trump nas pesquisas, ainda tem ele como leve favorito, 52,9% versus 46,8% para Harris.

O engajamento conta

Eu tenho defendido a tese de que a eleição será decidida pela razão entre eleitores de “baixo engajamento” – que, se votarem, tendem a apoiar Trump por larga maioria; e eleitores de “alto engajamento”, mais educados e com maior renda, que tendem a apoiar Harris também por larga maioria.

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O eleitorado de menor engajamento são numericamente maiores, mas tem um percentual de participação menor. Isso, não por acaso, explica o que pode parecer uma estratégia irracional dos dois candidatos de focar nesses últimos dias no seu próprio eleitorado “cativo” e não os indecisos.

Em um ambiente polarizado e quase que rachado ao meio, o importante é fazer o seu eleitorado votar, o que implica amplificar a retórica “nós contra eles”.  

Assim, não acho que neste momento podemos dizer algo com muita convicção sobre o resultado final. O tal “turnout”, a participação em uma votação não obrigatória, é a variável mais difícil de prever nas eleições americanas.

O erro dos institutos de pesquisa em 2016 foi, basicamente, de prever a maior participação do eleitorado menos engajado – equívoco repetido em 2020. Assim podemos ver de tudo daqui uma semana (lembrando que é bem possível uma demora de vários dias para cravar o resultado que pode facilmente ser judicializado).  

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Para não encerrar essa análise sem colocar a minha opinião, ainda acredito (como tenho acreditado há mais de dois anos) na vitória do Trump.

O mercados querem Trump?

E os mercados “tradicionais”? Eles também estão precificando uma vitória do Trump.

A combinação de alta das taxas de juros longas, com a Treasury de dez anos subindo de 3,60% em setembro para 4,30%; o índice do dólar DXY subindo 3,6%, o SP 500 subindo 8% e Bitcoin voltando perto de US$ 70 mil, sinaliza para uma aposta em uma economia americana com crescimento ainda mais forte do que estamos vivendo hoje, com maior inflação e menor espaço para o Fed cortar juros.

Não querendo ser totalmente óbvio, mas tal tendência, se confirmada e aprofundada com a vitória de Trump, não representa uma boa notícia para a economia ou os mercados brasileiros – ou para qualquer outro mercado emergente.

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Até pressupondo que Trump não deve executar as partes mais radicais de sua agenda, a combinação de corte de impostos, tarifas sobre importações, fortes restrições à imigração e desregulação da economia terá o efeito de elevar o crescimento e a inflação no curto prazo.

Jay Powell não deve estar vivendo seus melhores momentos. O mercado ainda precifica algum espaço para cortes adicionais (fed funds efetivo está ao redor de 4,80% com a Treasury de 2 anos em 4,15%), mas tanto a possibilidade de vitória de Trump, como os últimos dados da economia que surpreendem positivamente, agora fazem muitos pensar que o corte de 0,50 ponto percentual foi no mínimo um exagero, e talvez um erro.

A questão que fica, confirmando a vitória de Trump, será a reação do mercado de juros e como isso deve impactar as bolsas.

Por ora a esperança de crescimento de receita/lucro adicional tem permitido a bolsa ignorar a alta das taxas de juros, mas isso – a meu ver – não deve se sustentar se o dez anos varar para 5% e o mercado precificar um fim precoce do ciclo de queda de juros (se voltar a precificar alta de juros, aí obviamente "a casa cai").

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Mas será outro mundo se Harris ganhar. A curva de juros e o dólar devem sofrer fortes correções, com as bolsas ficando mais de lado.  Bitcoin deve voltar aos US$ 50 mil e tanto. Os emergentes – inclusive o Brasil – devem melhorar. Powell – como o nosso Banco Central – deve comemorar. O jogo ainda não acabou. 

*Tony Volpon é economista e ex-diretor do Banco Central

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